CARACAS - O presidente da Assembleia Nacional venezuelana, o chavista Diosdado Cabello, anunciou nesta terça-feira, 15, a instalação de um “Parlamento Comunal Nacional”, entidade que reunirá representantes chavistas e fará suas reuniões no próprio edifício da sede do Legislativo do país.
Os chavistas perderão a maioria dos assentos que hoje mantêm na Assembleia no início de janeiro, quando tomarão posse os deputados escolhidos na eleição realizada no dia 6. A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) conquistou, na ocasião, 112 das 167 cadeiras, alcançando uma maioria qualificada de dois terços, enquanto o bloco governista Grande Polo Patriótico ficou com as demais 55 vagas.
“Agora, teremos um Parlamento a serviço da burguesia. Da direita, não ouviremos nada que seja para favorecer o povo, pelo contrário”, afirmou Cabello durante o anúncio da criação do “poder paralelo”.
O chavista disse que o grupo “comunal” terá o próprio mecanismo legislativo, sem detalhar, no entanto, qual seria o real alcance das decisões de seus representantes. O Parlamento Comunal “permitirá ao povo dispor de recursos, autarquias, tomada de decisões, leis e permitirá que o povo mantenha seu modo de vida”.
O “Parlamento Comunal” poderá usar os espaços do edifício do Legislativo, afirmou Cabello. “Esses espaços, esse salão protocolar, ficam à disposição do Parlamento Comunal Nacional. Podem se reunir (aqui) nos dias que quiserem, quantas vezes quiserem.”
Desde a profunda derrota na eleição do início do mês, analistas e políticos opositores têm expressado o temor de que o presidente Nicolás Maduro e seus correligionários radicalizassem suas reações e adotassem manobras para limitar ou até mesmo anular o poder da nova Assembleia Nacional comandada pela MUD.
Há quatro dias, Maduro chegou a anunciar que “o povo está pronto para uma rebelião constitucional e popular diante das ameaças neoliberais.”
A oposição reagiu à instalação do “Parlamento paralelo” com indignação. Deputados eleitos pela MUD repetiram hoje que a criação da entidade não encontra respaldo na Constituição venezuelana.
Judiciário. O deputado eleito pela oposição Henry Ramos Allup, secretário-geral do partido Ação Democrática (AD), respondeu hoje a outra das medidas do chavismo, a determinação de que os deputados da legislatura atual indiquem até o fim do ano os integrantes do Tribunal Superior de Justiça (TSJ). Allup disse que é uma “péssima mensagem” e uma “declaração de guerra”. / EFE