Chefe da ONU negocia acordo com Rússia e Ucrânia para garantir segurança nuclear


António Guterres se reuniu com Volodmir Zelenski para tratar dos recentes combates perto da usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, onde tenta negociar uma inspeção da AIEA

Por Redação
Atualização:

LVIV - O secretário-geral da ONU, António Guterres, se reuniu nessa quinta-feira, 18, com os presidentes da Ucrânia e da Turquia para falar dos combates perto da maior usina nuclear da Europa em Zaporizhzhia e avaliar o estado das exportações de grãos em meio à guerra. A instalação nuclear foi tomada pelas forças russas no início do conflito e ataques recentes têm ocorrido na vizinhança, alertando o mundo para o risco de acidente nuclear que poderia ser pior que Chernobyl.

Na reunião, Guterres alertou que qualquer ataque à usina seria “suicídio” e voltou a falar em desmilitarização da região, uma proposta rechaçada pela Rússia. A Ucrânia, por outro lado, descartou qualquer acordo de paz enquanto houver tropas de Moscou em seu território. O encontro entre Guterres com Volodmir Zelenski e Recep Tayyip Erdogan na cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, parece ter tido poucos avanços.

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Zelenski pediu à ONU para “garantir a segurança” de Zaporizhzhia e voltou a pedir a desmilitarização da área, uma proposta que a Rússia já rechaçou como “inaceitável”. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia disse que o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aceitou um convite ucraniano para liderar uma delegação à usina, mas não se sabe se a Rússia aprovou a missão.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, se reúne com o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, em Lviv, no oeste da Ucrânia, nesta quinta-feira, 18 de agosto Foto: Presidência da Ucrânia via AFP

“A ONU deve garantir a segurança deste local estratégico, sua desmilitarização e sua completa libertação das tropas russas”, afirmou Zelenski em declaração pouco depois de sua reunião com Guterres. O presidente ucraniano denunciou o “terror deliberado” provocado pela Rússia, que “pode ter consequências catastróficas para todo o mundo”.

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Guterres pediu para que a usina não seja usada para operações militares. “Precisamos urgentemente de um acordo para restaurar Zaporizhzhia como uma infraestrutura unicamente civil e garantir a segurança da região”, disse ele.

Rússia e Ucrânia se acusam mutuamente de ter bombardeado a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa. As forças russas ocupam as instalações desde março, poucas semanas depois de ter invadido a ex-república soviética.

O governo ucraniano afirma que a Rússia armazena armas pesadas na usina e que bombardeia posições ucranianas. Também acusa as tropas russas de disparar contra setores da usina com o objetivo de atribuir esses bombardeios à Ucrânia. As autoridades russas negaram nesta quinta ter usado armas pesadas no local e afirmaram que ali há apenas unidades encarregadas de garantir a segurança das instalações.

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Moscou também acusou Kiev de preparar uma “provocação esmagadora” na usina por ocasião da visita do secretário-geral da ONU à Ucrânia. O Ministério da Defesa da Rússia sugeriu que poderia fechar a usina caso sofra mais ataques, informou a agência Reuters, o que Kiev acusa ser uma tentativa de roubar a sua produção. A Energoatom, empresa estatal de energia nuclear ucraniana, disse que o fechamento aumentaria o risco de um desastre de radiação, pois isso impediria o resfriamento do combustível nuclear, completou a agência.

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A troca de acusações sobre a ameaça de uma catástrofe nuclear evidencia que a guerra iniciada há mais de cinco meses continua causando estragos

Inspeções

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Os bombardeios ao redor de Zaporizhzhia nos últimos dias levantaram temores de um possível colapso na enorme instalação. Líderes mundiais expressaram esperança de que Guterres possa trabalhar com Kiev e Moscou para encontrar uma maneira de permitir que a AIEA realize inspeções de segurança na usina, que é ocupada por forças russas, mas operada por trabalhadores ucranianos. No início do mês, o diretor da agência nuclear da ONU alertou que a usina estava “completamente fora de controle”.

A Ucrânia indicou nesta quinta que estaria disposta a permitir as inspeções. O ministro das Relações Exteriores, Dmitro Kuleba, disse ter convidado a AIEA a enviar monitores internacionais para visitar a usina para garantir sua segurança. “Enfatizei a urgência da missão em lidar com as ameaças à segurança nuclear causadas pelas hostilidades da Rússia”, escreveu Kuleba.

No site oficial da presidência, Zelenski também afirmou que concordou com Guterres sobre os arranjos para uma missão da AIEA à usina, porém, não ficou imediatamente claro se o Kremlin concordaria com os termos propostos.

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A Rússia já havia expressado apoio para que monitores internacionais inspecionem o local, mas o governo ucraniano até recentemente havia indicado relutância, possivelmente por preocupação de que tal visita pudesse legitimar de alguma forma a ocupação russa da usina nuclear. Além disso, uma exigência de Zelenski é de que as tropas russas se retirem do local, o que os russos classificaram como “inaceitável”, pois deixaria a usina vulnerável, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Ivan Nechaev.

Autoridades da ONU disseram que podem ajudar com segurança e logística se os inspetores viajarem para a usina via Kiev, o que exigiria cruzar uma linha de frente para o território controlado pela Rússia. “Estamos dispostos e aptos a ajudar a AIEA da maneira que pudermos, e temos o aparato logístico e de segurança para fazer isso em Kiev”, disse Stéphane Dujarric, porta-voz de Guterres, nesta semana.

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Algumas autoridades ucranianas dizem que provocar o pânico pode ser precisamente o objetivo de Moscou, na esperança de que a pressão internacional force Kiev a fazer concessões territoriais. Outros dizem temer que a Rússia esteja preparando as bases para um ataque de “bandeira falsa” que culpará as forças ucranianas, semelhante à estratégia que usou para invadir a Ucrânia em fevereiro.

Ainda no encontro com Guterres e Erdogan, Zelenski disse que ficou “muito surpreso” ao ouvir o presidente turco dizer que a Rússia estava “pronta para algum tipo de paz”, dizendo: “Deixe-os primeiro sair de nosso território e depois veremos”. “Pessoas que matam, violentam, bombardeiam civis todos os dias em nossas cidades com mísseis de cruzeiro não podem querer a paz”, declarou Zelenski. “Não confio na Rússia”.

Depois de ter se reunido com Vladimir Putin e tentar manter uma posição estratégica de conversar com os dois lados, Erdogan expressou hoje apoio à Ucrânia. “Enquanto continuamos com nossos esforços para encontrar uma solução, nos mantemos do lado de nossos amigos ucranianos”, disse após o encontro.

E acrescentou: “Estamos preocupados. Não queremos outra Chernobyl”, disse ele, referindo-se ao acidente na usina ucraniana, o pior da história nuclear civil, ocorrido em 1986, quando a Ucrânia fazia parte da União Soviética.

Vista da usina nuclear de Zaporizhzhia, controlada por forças russas desde março Foto: ED JONES / AFP

Acordo de grãos

O encontro também serviu para revisar o progresso das exportações de grãos pelos portos ucranianos que foram retomadas recentemente após um bloqueio de meses devido à guerra. Na sexta-feira, Guterres viajará para Odessa, o maior porto da Ucrânia, para observar os resultados do acordo, que restabeleceu o fluxo de grãos de um dos celeiros do mundo.

Stéphane Dujarric, porta-voz da ONU, disse que Guterres verá em primeira mão os resultados de um acordo que é “criticamente importante para centenas de milhões de pessoas”.

A guerra agravou significativamente a crise alimentar global porque a Ucrânia e a Rússia são os principais fornecedores de grãos. Os países em desenvolvimento foram particularmente atingidos pela escassez e pelos altos preços, e a ONU declarou várias nações africanas como em risco de fome.

Antes do início da guerra, a Ucrânia fornecia cerca de 50 milhões de toneladas de grãos por ano ao mercado mundial, segundo as Nações Unidas. A ONU e a Turquia intermediaram o acordo no mês passado para retomar as exportações marítimas de grãos da Ucrânia, com o primeiro embarque saindo do porto em 1º de agosto.

No entanto, mesmo com o acordo, apenas uma pequena parcela das exportações de grãos ucranianos conseguiu sair. A Turquia disse que mais de 622.000 toneladas de grãos foram embarcadas dos portos ucranianos desde que o acordo foi fechado.

Em uma entrevista coletiva nesta, Guterres elogiou o sucesso dos acordos, mas acrescentou: “Há um longo caminho a percorrer antes que isso seja traduzido na vida cotidiana das pessoas em sua padaria local e em seus mercados”.

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Confirmado por autoridades locais, o episódio foi chamado de ataque 'desprezível e cínico' pelo presidente, Volodymyr Zelenski.

Guterres também falará sobre uma missão de apuração de fatos da ONU anunciada este mês sobre uma explosão em um campo de prisioneiros russo que matou dezenas de prisioneiros de guerra ucranianos. Cada lado culpou o outro, com autoridades russas alegando que os próprios ucranianos atacaram a prisão para deter os desertores, e as autoridades ucranianas rejeitando a narrativa como absurda e dizendo que as mortes foram uma atrocidade premeditada cometida pelas forças russas de dentro da prisão.

Enquanto isso, no campo de batalha, pelo menos 17 pessoas foram mortas e 42 ficaram feridas em ataques pesados com mísseis russos na região de Kharkiv, na Ucrânia, na noite de quarta-feira e na manhã de quinta-feira, disseram autoridades ucranianas. Os militares russos alegaram que atacaram uma base para mercenários estrangeiros em Kharkiv, matando 90. Não houve comentários imediatos do lado ucraniano.

Aumentando as tensões internacionais, a Rússia enviou aviões de guerra carregando mísseis hipersônicos de última geração para a região de Kaliningrado, um enclave cercado por dois países da Otan, Lituânia e Polônia./AFP, AP, NYT e W.POST

LVIV - O secretário-geral da ONU, António Guterres, se reuniu nessa quinta-feira, 18, com os presidentes da Ucrânia e da Turquia para falar dos combates perto da maior usina nuclear da Europa em Zaporizhzhia e avaliar o estado das exportações de grãos em meio à guerra. A instalação nuclear foi tomada pelas forças russas no início do conflito e ataques recentes têm ocorrido na vizinhança, alertando o mundo para o risco de acidente nuclear que poderia ser pior que Chernobyl.

Na reunião, Guterres alertou que qualquer ataque à usina seria “suicídio” e voltou a falar em desmilitarização da região, uma proposta rechaçada pela Rússia. A Ucrânia, por outro lado, descartou qualquer acordo de paz enquanto houver tropas de Moscou em seu território. O encontro entre Guterres com Volodmir Zelenski e Recep Tayyip Erdogan na cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, parece ter tido poucos avanços.

Zelenski pediu à ONU para “garantir a segurança” de Zaporizhzhia e voltou a pedir a desmilitarização da área, uma proposta que a Rússia já rechaçou como “inaceitável”. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia disse que o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aceitou um convite ucraniano para liderar uma delegação à usina, mas não se sabe se a Rússia aprovou a missão.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, se reúne com o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, em Lviv, no oeste da Ucrânia, nesta quinta-feira, 18 de agosto Foto: Presidência da Ucrânia via AFP

“A ONU deve garantir a segurança deste local estratégico, sua desmilitarização e sua completa libertação das tropas russas”, afirmou Zelenski em declaração pouco depois de sua reunião com Guterres. O presidente ucraniano denunciou o “terror deliberado” provocado pela Rússia, que “pode ter consequências catastróficas para todo o mundo”.

Guterres pediu para que a usina não seja usada para operações militares. “Precisamos urgentemente de um acordo para restaurar Zaporizhzhia como uma infraestrutura unicamente civil e garantir a segurança da região”, disse ele.

Rússia e Ucrânia se acusam mutuamente de ter bombardeado a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa. As forças russas ocupam as instalações desde março, poucas semanas depois de ter invadido a ex-república soviética.

O governo ucraniano afirma que a Rússia armazena armas pesadas na usina e que bombardeia posições ucranianas. Também acusa as tropas russas de disparar contra setores da usina com o objetivo de atribuir esses bombardeios à Ucrânia. As autoridades russas negaram nesta quinta ter usado armas pesadas no local e afirmaram que ali há apenas unidades encarregadas de garantir a segurança das instalações.

Moscou também acusou Kiev de preparar uma “provocação esmagadora” na usina por ocasião da visita do secretário-geral da ONU à Ucrânia. O Ministério da Defesa da Rússia sugeriu que poderia fechar a usina caso sofra mais ataques, informou a agência Reuters, o que Kiev acusa ser uma tentativa de roubar a sua produção. A Energoatom, empresa estatal de energia nuclear ucraniana, disse que o fechamento aumentaria o risco de um desastre de radiação, pois isso impediria o resfriamento do combustível nuclear, completou a agência.

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Inspeções

Os bombardeios ao redor de Zaporizhzhia nos últimos dias levantaram temores de um possível colapso na enorme instalação. Líderes mundiais expressaram esperança de que Guterres possa trabalhar com Kiev e Moscou para encontrar uma maneira de permitir que a AIEA realize inspeções de segurança na usina, que é ocupada por forças russas, mas operada por trabalhadores ucranianos. No início do mês, o diretor da agência nuclear da ONU alertou que a usina estava “completamente fora de controle”.

A Ucrânia indicou nesta quinta que estaria disposta a permitir as inspeções. O ministro das Relações Exteriores, Dmitro Kuleba, disse ter convidado a AIEA a enviar monitores internacionais para visitar a usina para garantir sua segurança. “Enfatizei a urgência da missão em lidar com as ameaças à segurança nuclear causadas pelas hostilidades da Rússia”, escreveu Kuleba.

No site oficial da presidência, Zelenski também afirmou que concordou com Guterres sobre os arranjos para uma missão da AIEA à usina, porém, não ficou imediatamente claro se o Kremlin concordaria com os termos propostos.

A Rússia já havia expressado apoio para que monitores internacionais inspecionem o local, mas o governo ucraniano até recentemente havia indicado relutância, possivelmente por preocupação de que tal visita pudesse legitimar de alguma forma a ocupação russa da usina nuclear. Além disso, uma exigência de Zelenski é de que as tropas russas se retirem do local, o que os russos classificaram como “inaceitável”, pois deixaria a usina vulnerável, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Ivan Nechaev.

Autoridades da ONU disseram que podem ajudar com segurança e logística se os inspetores viajarem para a usina via Kiev, o que exigiria cruzar uma linha de frente para o território controlado pela Rússia. “Estamos dispostos e aptos a ajudar a AIEA da maneira que pudermos, e temos o aparato logístico e de segurança para fazer isso em Kiev”, disse Stéphane Dujarric, porta-voz de Guterres, nesta semana.

Algumas autoridades ucranianas dizem que provocar o pânico pode ser precisamente o objetivo de Moscou, na esperança de que a pressão internacional force Kiev a fazer concessões territoriais. Outros dizem temer que a Rússia esteja preparando as bases para um ataque de “bandeira falsa” que culpará as forças ucranianas, semelhante à estratégia que usou para invadir a Ucrânia em fevereiro.

Ainda no encontro com Guterres e Erdogan, Zelenski disse que ficou “muito surpreso” ao ouvir o presidente turco dizer que a Rússia estava “pronta para algum tipo de paz”, dizendo: “Deixe-os primeiro sair de nosso território e depois veremos”. “Pessoas que matam, violentam, bombardeiam civis todos os dias em nossas cidades com mísseis de cruzeiro não podem querer a paz”, declarou Zelenski. “Não confio na Rússia”.

Depois de ter se reunido com Vladimir Putin e tentar manter uma posição estratégica de conversar com os dois lados, Erdogan expressou hoje apoio à Ucrânia. “Enquanto continuamos com nossos esforços para encontrar uma solução, nos mantemos do lado de nossos amigos ucranianos”, disse após o encontro.

E acrescentou: “Estamos preocupados. Não queremos outra Chernobyl”, disse ele, referindo-se ao acidente na usina ucraniana, o pior da história nuclear civil, ocorrido em 1986, quando a Ucrânia fazia parte da União Soviética.

Vista da usina nuclear de Zaporizhzhia, controlada por forças russas desde março Foto: ED JONES / AFP

Acordo de grãos

O encontro também serviu para revisar o progresso das exportações de grãos pelos portos ucranianos que foram retomadas recentemente após um bloqueio de meses devido à guerra. Na sexta-feira, Guterres viajará para Odessa, o maior porto da Ucrânia, para observar os resultados do acordo, que restabeleceu o fluxo de grãos de um dos celeiros do mundo.

Stéphane Dujarric, porta-voz da ONU, disse que Guterres verá em primeira mão os resultados de um acordo que é “criticamente importante para centenas de milhões de pessoas”.

A guerra agravou significativamente a crise alimentar global porque a Ucrânia e a Rússia são os principais fornecedores de grãos. Os países em desenvolvimento foram particularmente atingidos pela escassez e pelos altos preços, e a ONU declarou várias nações africanas como em risco de fome.

Antes do início da guerra, a Ucrânia fornecia cerca de 50 milhões de toneladas de grãos por ano ao mercado mundial, segundo as Nações Unidas. A ONU e a Turquia intermediaram o acordo no mês passado para retomar as exportações marítimas de grãos da Ucrânia, com o primeiro embarque saindo do porto em 1º de agosto.

No entanto, mesmo com o acordo, apenas uma pequena parcela das exportações de grãos ucranianos conseguiu sair. A Turquia disse que mais de 622.000 toneladas de grãos foram embarcadas dos portos ucranianos desde que o acordo foi fechado.

Em uma entrevista coletiva nesta, Guterres elogiou o sucesso dos acordos, mas acrescentou: “Há um longo caminho a percorrer antes que isso seja traduzido na vida cotidiana das pessoas em sua padaria local e em seus mercados”.

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Confirmado por autoridades locais, o episódio foi chamado de ataque 'desprezível e cínico' pelo presidente, Volodymyr Zelenski.

Guterres também falará sobre uma missão de apuração de fatos da ONU anunciada este mês sobre uma explosão em um campo de prisioneiros russo que matou dezenas de prisioneiros de guerra ucranianos. Cada lado culpou o outro, com autoridades russas alegando que os próprios ucranianos atacaram a prisão para deter os desertores, e as autoridades ucranianas rejeitando a narrativa como absurda e dizendo que as mortes foram uma atrocidade premeditada cometida pelas forças russas de dentro da prisão.

Enquanto isso, no campo de batalha, pelo menos 17 pessoas foram mortas e 42 ficaram feridas em ataques pesados com mísseis russos na região de Kharkiv, na Ucrânia, na noite de quarta-feira e na manhã de quinta-feira, disseram autoridades ucranianas. Os militares russos alegaram que atacaram uma base para mercenários estrangeiros em Kharkiv, matando 90. Não houve comentários imediatos do lado ucraniano.

Aumentando as tensões internacionais, a Rússia enviou aviões de guerra carregando mísseis hipersônicos de última geração para a região de Kaliningrado, um enclave cercado por dois países da Otan, Lituânia e Polônia./AFP, AP, NYT e W.POST

LVIV - O secretário-geral da ONU, António Guterres, se reuniu nessa quinta-feira, 18, com os presidentes da Ucrânia e da Turquia para falar dos combates perto da maior usina nuclear da Europa em Zaporizhzhia e avaliar o estado das exportações de grãos em meio à guerra. A instalação nuclear foi tomada pelas forças russas no início do conflito e ataques recentes têm ocorrido na vizinhança, alertando o mundo para o risco de acidente nuclear que poderia ser pior que Chernobyl.

Na reunião, Guterres alertou que qualquer ataque à usina seria “suicídio” e voltou a falar em desmilitarização da região, uma proposta rechaçada pela Rússia. A Ucrânia, por outro lado, descartou qualquer acordo de paz enquanto houver tropas de Moscou em seu território. O encontro entre Guterres com Volodmir Zelenski e Recep Tayyip Erdogan na cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, parece ter tido poucos avanços.

Zelenski pediu à ONU para “garantir a segurança” de Zaporizhzhia e voltou a pedir a desmilitarização da área, uma proposta que a Rússia já rechaçou como “inaceitável”. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia disse que o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aceitou um convite ucraniano para liderar uma delegação à usina, mas não se sabe se a Rússia aprovou a missão.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, se reúne com o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, em Lviv, no oeste da Ucrânia, nesta quinta-feira, 18 de agosto Foto: Presidência da Ucrânia via AFP

“A ONU deve garantir a segurança deste local estratégico, sua desmilitarização e sua completa libertação das tropas russas”, afirmou Zelenski em declaração pouco depois de sua reunião com Guterres. O presidente ucraniano denunciou o “terror deliberado” provocado pela Rússia, que “pode ter consequências catastróficas para todo o mundo”.

Guterres pediu para que a usina não seja usada para operações militares. “Precisamos urgentemente de um acordo para restaurar Zaporizhzhia como uma infraestrutura unicamente civil e garantir a segurança da região”, disse ele.

Rússia e Ucrânia se acusam mutuamente de ter bombardeado a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa. As forças russas ocupam as instalações desde março, poucas semanas depois de ter invadido a ex-república soviética.

O governo ucraniano afirma que a Rússia armazena armas pesadas na usina e que bombardeia posições ucranianas. Também acusa as tropas russas de disparar contra setores da usina com o objetivo de atribuir esses bombardeios à Ucrânia. As autoridades russas negaram nesta quinta ter usado armas pesadas no local e afirmaram que ali há apenas unidades encarregadas de garantir a segurança das instalações.

Moscou também acusou Kiev de preparar uma “provocação esmagadora” na usina por ocasião da visita do secretário-geral da ONU à Ucrânia. O Ministério da Defesa da Rússia sugeriu que poderia fechar a usina caso sofra mais ataques, informou a agência Reuters, o que Kiev acusa ser uma tentativa de roubar a sua produção. A Energoatom, empresa estatal de energia nuclear ucraniana, disse que o fechamento aumentaria o risco de um desastre de radiação, pois isso impediria o resfriamento do combustível nuclear, completou a agência.

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A troca de acusações sobre a ameaça de uma catástrofe nuclear evidencia que a guerra iniciada há mais de cinco meses continua causando estragos

Inspeções

Os bombardeios ao redor de Zaporizhzhia nos últimos dias levantaram temores de um possível colapso na enorme instalação. Líderes mundiais expressaram esperança de que Guterres possa trabalhar com Kiev e Moscou para encontrar uma maneira de permitir que a AIEA realize inspeções de segurança na usina, que é ocupada por forças russas, mas operada por trabalhadores ucranianos. No início do mês, o diretor da agência nuclear da ONU alertou que a usina estava “completamente fora de controle”.

A Ucrânia indicou nesta quinta que estaria disposta a permitir as inspeções. O ministro das Relações Exteriores, Dmitro Kuleba, disse ter convidado a AIEA a enviar monitores internacionais para visitar a usina para garantir sua segurança. “Enfatizei a urgência da missão em lidar com as ameaças à segurança nuclear causadas pelas hostilidades da Rússia”, escreveu Kuleba.

No site oficial da presidência, Zelenski também afirmou que concordou com Guterres sobre os arranjos para uma missão da AIEA à usina, porém, não ficou imediatamente claro se o Kremlin concordaria com os termos propostos.

A Rússia já havia expressado apoio para que monitores internacionais inspecionem o local, mas o governo ucraniano até recentemente havia indicado relutância, possivelmente por preocupação de que tal visita pudesse legitimar de alguma forma a ocupação russa da usina nuclear. Além disso, uma exigência de Zelenski é de que as tropas russas se retirem do local, o que os russos classificaram como “inaceitável”, pois deixaria a usina vulnerável, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Ivan Nechaev.

Autoridades da ONU disseram que podem ajudar com segurança e logística se os inspetores viajarem para a usina via Kiev, o que exigiria cruzar uma linha de frente para o território controlado pela Rússia. “Estamos dispostos e aptos a ajudar a AIEA da maneira que pudermos, e temos o aparato logístico e de segurança para fazer isso em Kiev”, disse Stéphane Dujarric, porta-voz de Guterres, nesta semana.

Algumas autoridades ucranianas dizem que provocar o pânico pode ser precisamente o objetivo de Moscou, na esperança de que a pressão internacional force Kiev a fazer concessões territoriais. Outros dizem temer que a Rússia esteja preparando as bases para um ataque de “bandeira falsa” que culpará as forças ucranianas, semelhante à estratégia que usou para invadir a Ucrânia em fevereiro.

Ainda no encontro com Guterres e Erdogan, Zelenski disse que ficou “muito surpreso” ao ouvir o presidente turco dizer que a Rússia estava “pronta para algum tipo de paz”, dizendo: “Deixe-os primeiro sair de nosso território e depois veremos”. “Pessoas que matam, violentam, bombardeiam civis todos os dias em nossas cidades com mísseis de cruzeiro não podem querer a paz”, declarou Zelenski. “Não confio na Rússia”.

Depois de ter se reunido com Vladimir Putin e tentar manter uma posição estratégica de conversar com os dois lados, Erdogan expressou hoje apoio à Ucrânia. “Enquanto continuamos com nossos esforços para encontrar uma solução, nos mantemos do lado de nossos amigos ucranianos”, disse após o encontro.

E acrescentou: “Estamos preocupados. Não queremos outra Chernobyl”, disse ele, referindo-se ao acidente na usina ucraniana, o pior da história nuclear civil, ocorrido em 1986, quando a Ucrânia fazia parte da União Soviética.

Vista da usina nuclear de Zaporizhzhia, controlada por forças russas desde março Foto: ED JONES / AFP

Acordo de grãos

O encontro também serviu para revisar o progresso das exportações de grãos pelos portos ucranianos que foram retomadas recentemente após um bloqueio de meses devido à guerra. Na sexta-feira, Guterres viajará para Odessa, o maior porto da Ucrânia, para observar os resultados do acordo, que restabeleceu o fluxo de grãos de um dos celeiros do mundo.

Stéphane Dujarric, porta-voz da ONU, disse que Guterres verá em primeira mão os resultados de um acordo que é “criticamente importante para centenas de milhões de pessoas”.

A guerra agravou significativamente a crise alimentar global porque a Ucrânia e a Rússia são os principais fornecedores de grãos. Os países em desenvolvimento foram particularmente atingidos pela escassez e pelos altos preços, e a ONU declarou várias nações africanas como em risco de fome.

Antes do início da guerra, a Ucrânia fornecia cerca de 50 milhões de toneladas de grãos por ano ao mercado mundial, segundo as Nações Unidas. A ONU e a Turquia intermediaram o acordo no mês passado para retomar as exportações marítimas de grãos da Ucrânia, com o primeiro embarque saindo do porto em 1º de agosto.

No entanto, mesmo com o acordo, apenas uma pequena parcela das exportações de grãos ucranianos conseguiu sair. A Turquia disse que mais de 622.000 toneladas de grãos foram embarcadas dos portos ucranianos desde que o acordo foi fechado.

Em uma entrevista coletiva nesta, Guterres elogiou o sucesso dos acordos, mas acrescentou: “Há um longo caminho a percorrer antes que isso seja traduzido na vida cotidiana das pessoas em sua padaria local e em seus mercados”.

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Confirmado por autoridades locais, o episódio foi chamado de ataque 'desprezível e cínico' pelo presidente, Volodymyr Zelenski.

Guterres também falará sobre uma missão de apuração de fatos da ONU anunciada este mês sobre uma explosão em um campo de prisioneiros russo que matou dezenas de prisioneiros de guerra ucranianos. Cada lado culpou o outro, com autoridades russas alegando que os próprios ucranianos atacaram a prisão para deter os desertores, e as autoridades ucranianas rejeitando a narrativa como absurda e dizendo que as mortes foram uma atrocidade premeditada cometida pelas forças russas de dentro da prisão.

Enquanto isso, no campo de batalha, pelo menos 17 pessoas foram mortas e 42 ficaram feridas em ataques pesados com mísseis russos na região de Kharkiv, na Ucrânia, na noite de quarta-feira e na manhã de quinta-feira, disseram autoridades ucranianas. Os militares russos alegaram que atacaram uma base para mercenários estrangeiros em Kharkiv, matando 90. Não houve comentários imediatos do lado ucraniano.

Aumentando as tensões internacionais, a Rússia enviou aviões de guerra carregando mísseis hipersônicos de última geração para a região de Kaliningrado, um enclave cercado por dois países da Otan, Lituânia e Polônia./AFP, AP, NYT e W.POST

LVIV - O secretário-geral da ONU, António Guterres, se reuniu nessa quinta-feira, 18, com os presidentes da Ucrânia e da Turquia para falar dos combates perto da maior usina nuclear da Europa em Zaporizhzhia e avaliar o estado das exportações de grãos em meio à guerra. A instalação nuclear foi tomada pelas forças russas no início do conflito e ataques recentes têm ocorrido na vizinhança, alertando o mundo para o risco de acidente nuclear que poderia ser pior que Chernobyl.

Na reunião, Guterres alertou que qualquer ataque à usina seria “suicídio” e voltou a falar em desmilitarização da região, uma proposta rechaçada pela Rússia. A Ucrânia, por outro lado, descartou qualquer acordo de paz enquanto houver tropas de Moscou em seu território. O encontro entre Guterres com Volodmir Zelenski e Recep Tayyip Erdogan na cidade de Lviv, no oeste da Ucrânia, parece ter tido poucos avanços.

Zelenski pediu à ONU para “garantir a segurança” de Zaporizhzhia e voltou a pedir a desmilitarização da área, uma proposta que a Rússia já rechaçou como “inaceitável”. O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia disse que o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) aceitou um convite ucraniano para liderar uma delegação à usina, mas não se sabe se a Rússia aprovou a missão.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, se reúne com o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, em Lviv, no oeste da Ucrânia, nesta quinta-feira, 18 de agosto Foto: Presidência da Ucrânia via AFP

“A ONU deve garantir a segurança deste local estratégico, sua desmilitarização e sua completa libertação das tropas russas”, afirmou Zelenski em declaração pouco depois de sua reunião com Guterres. O presidente ucraniano denunciou o “terror deliberado” provocado pela Rússia, que “pode ter consequências catastróficas para todo o mundo”.

Guterres pediu para que a usina não seja usada para operações militares. “Precisamos urgentemente de um acordo para restaurar Zaporizhzhia como uma infraestrutura unicamente civil e garantir a segurança da região”, disse ele.

Rússia e Ucrânia se acusam mutuamente de ter bombardeado a usina nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa. As forças russas ocupam as instalações desde março, poucas semanas depois de ter invadido a ex-república soviética.

O governo ucraniano afirma que a Rússia armazena armas pesadas na usina e que bombardeia posições ucranianas. Também acusa as tropas russas de disparar contra setores da usina com o objetivo de atribuir esses bombardeios à Ucrânia. As autoridades russas negaram nesta quinta ter usado armas pesadas no local e afirmaram que ali há apenas unidades encarregadas de garantir a segurança das instalações.

Moscou também acusou Kiev de preparar uma “provocação esmagadora” na usina por ocasião da visita do secretário-geral da ONU à Ucrânia. O Ministério da Defesa da Rússia sugeriu que poderia fechar a usina caso sofra mais ataques, informou a agência Reuters, o que Kiev acusa ser uma tentativa de roubar a sua produção. A Energoatom, empresa estatal de energia nuclear ucraniana, disse que o fechamento aumentaria o risco de um desastre de radiação, pois isso impediria o resfriamento do combustível nuclear, completou a agência.

Seu navegador não suporta esse video.

A troca de acusações sobre a ameaça de uma catástrofe nuclear evidencia que a guerra iniciada há mais de cinco meses continua causando estragos

Inspeções

Os bombardeios ao redor de Zaporizhzhia nos últimos dias levantaram temores de um possível colapso na enorme instalação. Líderes mundiais expressaram esperança de que Guterres possa trabalhar com Kiev e Moscou para encontrar uma maneira de permitir que a AIEA realize inspeções de segurança na usina, que é ocupada por forças russas, mas operada por trabalhadores ucranianos. No início do mês, o diretor da agência nuclear da ONU alertou que a usina estava “completamente fora de controle”.

A Ucrânia indicou nesta quinta que estaria disposta a permitir as inspeções. O ministro das Relações Exteriores, Dmitro Kuleba, disse ter convidado a AIEA a enviar monitores internacionais para visitar a usina para garantir sua segurança. “Enfatizei a urgência da missão em lidar com as ameaças à segurança nuclear causadas pelas hostilidades da Rússia”, escreveu Kuleba.

No site oficial da presidência, Zelenski também afirmou que concordou com Guterres sobre os arranjos para uma missão da AIEA à usina, porém, não ficou imediatamente claro se o Kremlin concordaria com os termos propostos.

A Rússia já havia expressado apoio para que monitores internacionais inspecionem o local, mas o governo ucraniano até recentemente havia indicado relutância, possivelmente por preocupação de que tal visita pudesse legitimar de alguma forma a ocupação russa da usina nuclear. Além disso, uma exigência de Zelenski é de que as tropas russas se retirem do local, o que os russos classificaram como “inaceitável”, pois deixaria a usina vulnerável, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Ivan Nechaev.

Autoridades da ONU disseram que podem ajudar com segurança e logística se os inspetores viajarem para a usina via Kiev, o que exigiria cruzar uma linha de frente para o território controlado pela Rússia. “Estamos dispostos e aptos a ajudar a AIEA da maneira que pudermos, e temos o aparato logístico e de segurança para fazer isso em Kiev”, disse Stéphane Dujarric, porta-voz de Guterres, nesta semana.

Algumas autoridades ucranianas dizem que provocar o pânico pode ser precisamente o objetivo de Moscou, na esperança de que a pressão internacional force Kiev a fazer concessões territoriais. Outros dizem temer que a Rússia esteja preparando as bases para um ataque de “bandeira falsa” que culpará as forças ucranianas, semelhante à estratégia que usou para invadir a Ucrânia em fevereiro.

Ainda no encontro com Guterres e Erdogan, Zelenski disse que ficou “muito surpreso” ao ouvir o presidente turco dizer que a Rússia estava “pronta para algum tipo de paz”, dizendo: “Deixe-os primeiro sair de nosso território e depois veremos”. “Pessoas que matam, violentam, bombardeiam civis todos os dias em nossas cidades com mísseis de cruzeiro não podem querer a paz”, declarou Zelenski. “Não confio na Rússia”.

Depois de ter se reunido com Vladimir Putin e tentar manter uma posição estratégica de conversar com os dois lados, Erdogan expressou hoje apoio à Ucrânia. “Enquanto continuamos com nossos esforços para encontrar uma solução, nos mantemos do lado de nossos amigos ucranianos”, disse após o encontro.

E acrescentou: “Estamos preocupados. Não queremos outra Chernobyl”, disse ele, referindo-se ao acidente na usina ucraniana, o pior da história nuclear civil, ocorrido em 1986, quando a Ucrânia fazia parte da União Soviética.

Vista da usina nuclear de Zaporizhzhia, controlada por forças russas desde março Foto: ED JONES / AFP

Acordo de grãos

O encontro também serviu para revisar o progresso das exportações de grãos pelos portos ucranianos que foram retomadas recentemente após um bloqueio de meses devido à guerra. Na sexta-feira, Guterres viajará para Odessa, o maior porto da Ucrânia, para observar os resultados do acordo, que restabeleceu o fluxo de grãos de um dos celeiros do mundo.

Stéphane Dujarric, porta-voz da ONU, disse que Guterres verá em primeira mão os resultados de um acordo que é “criticamente importante para centenas de milhões de pessoas”.

A guerra agravou significativamente a crise alimentar global porque a Ucrânia e a Rússia são os principais fornecedores de grãos. Os países em desenvolvimento foram particularmente atingidos pela escassez e pelos altos preços, e a ONU declarou várias nações africanas como em risco de fome.

Antes do início da guerra, a Ucrânia fornecia cerca de 50 milhões de toneladas de grãos por ano ao mercado mundial, segundo as Nações Unidas. A ONU e a Turquia intermediaram o acordo no mês passado para retomar as exportações marítimas de grãos da Ucrânia, com o primeiro embarque saindo do porto em 1º de agosto.

No entanto, mesmo com o acordo, apenas uma pequena parcela das exportações de grãos ucranianos conseguiu sair. A Turquia disse que mais de 622.000 toneladas de grãos foram embarcadas dos portos ucranianos desde que o acordo foi fechado.

Em uma entrevista coletiva nesta, Guterres elogiou o sucesso dos acordos, mas acrescentou: “Há um longo caminho a percorrer antes que isso seja traduzido na vida cotidiana das pessoas em sua padaria local e em seus mercados”.

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Confirmado por autoridades locais, o episódio foi chamado de ataque 'desprezível e cínico' pelo presidente, Volodymyr Zelenski.

Guterres também falará sobre uma missão de apuração de fatos da ONU anunciada este mês sobre uma explosão em um campo de prisioneiros russo que matou dezenas de prisioneiros de guerra ucranianos. Cada lado culpou o outro, com autoridades russas alegando que os próprios ucranianos atacaram a prisão para deter os desertores, e as autoridades ucranianas rejeitando a narrativa como absurda e dizendo que as mortes foram uma atrocidade premeditada cometida pelas forças russas de dentro da prisão.

Enquanto isso, no campo de batalha, pelo menos 17 pessoas foram mortas e 42 ficaram feridas em ataques pesados com mísseis russos na região de Kharkiv, na Ucrânia, na noite de quarta-feira e na manhã de quinta-feira, disseram autoridades ucranianas. Os militares russos alegaram que atacaram uma base para mercenários estrangeiros em Kharkiv, matando 90. Não houve comentários imediatos do lado ucraniano.

Aumentando as tensões internacionais, a Rússia enviou aviões de guerra carregando mísseis hipersônicos de última geração para a região de Kaliningrado, um enclave cercado por dois países da Otan, Lituânia e Polônia./AFP, AP, NYT e W.POST

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