WASHINGTON - Recebido pelo presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca, o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, agiu com cautela diante das críticas relacionadas aos gastos com defesa dos países-membros da aliança.
Desde seu primeiro mandato, o republicano tem sido um crítico contumaz da Otan e pressiona constantemente para que seus integrantes elevem seus gastos.
O ex-primeiro-ministro da Holanda tinha como missão convencer um cético Trump a manter o apoio à Otan. O republicano começou elogiando Rutte – que ganhou a reputação de ser capaz de manobrar o volúvel presidente – por seu “trabalho fantástico” na chefia da aliança transatlântica, cargo que assumiu há poucos meses.

Mas o republicano passou dos elogios para o descumprimento das metas de gastos. Em seguida, embarcou em um novo: seu plano de anexar a Groenlândia, um território autônomo da Dinamarca, membro fundador da Otan.
“Acho que vai acontecer”, disse Trump, antes de apontar para Rutte com o polegar e acrescentar: “Não tinha pensado muito nisto antes, mas estou sentado com um homem que poderia ser bastante decisivo” na questão. “Você sabe, Mark? Precisamos disso para a segurança internacional temos muitos de nossos atores favoritos rondando a costa e devemos ser cautelosos”, referindo-se, aparentemente, ao interesse crescente de China e Rússia pelo Ártico.
O secretário-geral da Otan esboçou um sorriso e se acomodou em sua poltrona, com as pernas cruzadas. Respondeu que queria se manter à margem do tema. “Não quero envolver a Otan nisso”, disse.
Mas o sempre diplomático Rutte respaldou o argumento de Trump sobre o interesse de russos e chineses na região do Ártico. “No que diz respeita ao extremo norte e ao Ártico, tem toda a razão”, afirmou Rutte. “Os chineses utilizam estas rotas. Sabemos que os russos estão se rearmando. Sabemos que carecemos de navios quebra-gelo”, explicou.
“Portanto, o fato de que os sete países árticos, além da Rússia, colaborem nisto sob a liderança dos EUA é fundamental para garantir a segurança dessa região”, declarou.
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Mas manter Trump comprometido com a Otan não será uma tarefa fácil para Rutte. O presidente americano deixou no ar a dúvida sobre se Washington defenderia os aliados que não aumentarem seus gastos em defesa.
Trump pediu anteriormente a seus parceiros que aumentassem o gasto anual em defesa para 5% do PIB, partindo da meta atual de 2%, um nível que a Otan esperava que apenas 23 dos 32 membros seriam capazes de cumprir no ano passado. Rutte destacou que países como Reino Unido e Alemanha estão se comprometendo a aumentar as despesas./COM AFP