A tensão entre Estados Unidos e China, que já vinha aumentando desde a semana passada, após um balão chinês entrar no espaço aéreo americano e ser derrubado, ganha mais um capítulo. O Ministério das Relações Exteriores chinês afirmou nesta segunda-feira, 13, que Washington enviou ao menos 10 balões não autorizados ao seu território desde 2022.
O governo americano nega as afirmações chinesas. Mas a troca de acusações começou logo na semana passada, quando os EUA abateram o primeiro balão e afirmaram se tratar de um aparelho de espionagem chinês. Pequim admitiu que o objeto era procedente do país, mas disse ser um dispositivo civil.
Desde então, outros três artefatos do mesmo tipo foram derrubados nos EUA e no Canadá, levantando preocupações de segurança na América do Norte. No domingo, Washington confirmou que todos os objetos eram balões, mas menores do que o primeiro.
Em reação às acusações americanas, o governo chinês se pronunciou. Durante o fim de semana, a imprensa estatal chinesa informou que um objeto voador não identificado foi observado na costa leste do país e o exército se preparava para derrubar o dispositivo.
Pequim se negou a comentar a informação e limitou a pedir que os jornalistas procurassem o ministério da Defesa, que não respondeu aos pedidos de comentários da agência France-Press. Mas o governo acusou Washington de enviar mais de 10 balões ao seu espaço aéreo desde janeiro de 2022.
“Não é raro que os Estados Unidos entrem ilegalmente no espaço aéreo de outros países”, afirmou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, nesta segunda. “Apenas no último ano, balões americanos sobrevoaram a China mais de 10 vezes sem qualquer autorização”, acrescentou.
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Questionado sobre como a China respondeu às supostas incursões, Wang respondeu que a “gestão (dos incidentes) por parte de Pequim foi responsável e profissional”. “Se querem saber mais sobre balões de grande altitude americanos que entram ilegalmente no espaço aéreo da China, eu sugiro que procurem a parte americana”, acrescentou.
A AFP entrou em contato com o Departamento de Estado e o Pentágono para pedir comentários sobre as acusações de Pequim, mas não recebeu respostas.
Vigilância
O governo americano reforçou a vigilância do espaço aéreo, ao mesmo tempo que aumenta o número de incursões aéreas, das quais a China nega ter conhecimento. EUA e Canadá começaram as buscas pelos destroços dos objetos derrubados no fim da semana passada para determinar a finalidade e a origem dos balões.
O general Glen VanHerck, chefe do Comando Norte dos EUA, disse que depois de enviar aviões para inspecionar o objeto derrubado mais recente, as Forças Armadas concluíram que não havia indícios de qualquer ameaça, assim como nos objetos anteriores.
“O que estamos vendo são objetos muito, muito pequenos que produzem uma seção transversal de radar muito, muito baixa”, disse. / AFP e WASHINGTON POST