BERLIM- A Justiça da Alemanha anunciou, nesta terça-feira, 23, a detenção de um homem que trabalha para um proeminente legislador alemão de extrema direita no Parlamento Europeu, acusado de espionar para a China. A detenção ocorreu menos de 24 horas depois de três pessoas terem sido detidas por uma acusação semelhante, em um caso separado no país.
O último detido, identificado como Jian G., é acusado de espionar opositores chineses e de ter compartilhado informações sobre o Parlamento Europeu com um serviço de inteligência chinês, segundo o comunicado do Ministério Público federal alemão. Os promotores alegam que ele também espionou dissidentes chineses na Alemanha.
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Segundo o site do Parlamento Europeu, Jian Guo faz parte da lista de assistentes credenciados do eurodeputado Maximilian Krah, cabeça de lista do partido alemão de extrema direita AfD nas próximas eleições europeias, em 9 de junho.
“Não tenho mais informações”, disse Krah. Acrescentou que “a atividade de espionagem para um Estado estrangeiro é uma alegação grave” que, se comprovada, levaria ao despedimento imediato do funcionário.
A ministra do Interior alemã, Nancy Faeser, classificou a prisão como “extremamente grave”. “Se for confirmado que os serviços de inteligência chineses espionaram o Parlamento Europeu de dentro, seria um ataque contra a democracia europeia”, disse.
“Qualquer pessoa que empregue tal funcionário também tem responsabilidade”, acrescentou ela. “Este caso deve ser esclarecido com precisão. … Todas as conexões e fundo devem ser iluminados.”
China nega
Questionado em Pequim sobre a última detenção na Alemanha, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Wenbin, disse que “os relatórios recentes na Europa sobre a espionagem chinesa são todos exagerados com o objectivo de difamar e reprimir a China”.
Segundo a Justiça alemã, “o acusado forneceu informações em diversas ocasiões em janeiro de 2024 sobre as negociações e decisões do Parlamento Europeu ao seu cliente do serviço de inteligência”. O suspeito, que vive entre Bruxelas e Dresden, foi detido na segunda-feira, 22. Sua casa foi revistada.
A detenção representa um novo revés para o AfD, um partido antieuropeu e anti-imigração, atualmente na segunda posição depois dos conservadores, segundo várias pesquisas, mas cuja popularidade foi abalada por outras polêmicas.
O deputado controverso Krah também esteve no centro de outro escândalo, segundo o qual vários legisladores europeus aceitaram dinheiro para divulgar posições pró-Rússia em um site de informação financiado por Moscou.
A notícia da prisão chegou um dia depois de três alemães suspeitos de espionar para a China e de organizar a transferência de informações sobre tecnologia com potencial uso militar terem sido presos em um caso separado.
No Reino Unido, a polícia anunciou também na segunda-feira a acusação de dois homens, de 29 e 32 anos, suspeitos de espionagem para a China entre o final de 2021 e fevereiro de 2023. Christopher Cash e Christopher Berry são acusados de obter, coletar, registrar, publicar e comunicar documentos ou informações “que se acredita serem direta ou indiretamente úteis a um inimigo”, segundo a Scotland Yard.
Segundo a imprensa alemã, os dois casos não estão ligados./AFP e Associated Press.