China pede cessar-fogo e apresenta plano para fim da Guerra na Ucrânia


No dia em que conflito completa um ano, Pequim divulga um documento com 12 propostas para a paz e busca reafirmar sua neutralidade apesar da proximidade com Putin

Por Redação
Atualização:

PEQUIM - Depois de prometer estreitar seus laços com a Rússia, a China apresentou nesta sexta-feira, 24, dia em que a guerra na Ucrânia completa um ano, uma proposta de solução para o conflito. No documento, que traz 12 pontos de “solução política”, Pequim pediu para que as negociações de paz sejam retomadas e voltou a alertar contra o uso de armas nucleares. A China se coloca como neutra na guerra, embora esteja sustentando a economia de Moscou em meio às sanções e haja suspeitas por parte dos Estados Unidos de que o país poderia enviar armas para o conflito.

continua após a publicidade

”Todas as partes devem apoiar a Rússia e a Ucrânia a trabalhar na mesma direção e retomar o diálogo direto o mais rápido possível”, afirmou o ministério das Relações Exteriores chinês na proposta. Espera-se que Pequim leve o documento para discussão na reunião do Conselho de Segurança da ONU hoje, mas diplomatas europeus já adiantaram que a proposta era inaceitável. Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, rejeitaram a proposta dizendo que Pequim já havia tomado partido na guerra.

A proposta segue o recente anúncio da China de que está tentando atuar como mediadora na guerra que revitalizou as alianças ocidentais vistas como rivais tanto por Pequim e quanto por Moscou. O principal diplomata da China, Wang Yi, indicou que seus país estava preparando um plano de paz durante a conferência de segurança de Munique, na Alemanha, esta semana. Moscou saudou a proposta, mas avisou que não vai ceder aos avanços territoriais que já fez.

Guerra na Ucrânia completa um ano com cidades destruídas, como Irpin, perto da capital Kiev Foto: Dimitar DILKOFF / AFP
continua após a publicidade

Com sua publicação, o governo do presidente Xi Jinping reitera a afirmação da China de ser neutra, apesar de bloquear os esforços da ONU para condenar a invasão. O documento ecoa as alegações russas de que os governos ocidentais são os culpados pela invasão de 24 de fevereiro de 2022 e critica as sanções contra a Rússia.

Pequim também rejeitou o uso de armas nucleares, poucos dias depois de o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar a suspensão de sua participação em um tratado de desarmamento nuclear com os Estados Unidos. ”As armas nucleares não devem ser usadas e as guerras nucleares nunca devem ser travadas. A ameaça ou uso de armas nucleares deve ser combatida”, acrescenta o documento.

O texto também enfatiza a necessidade de proteger os civis: “As partes no conflito devem respeitar estritamente o direito humanitário internacional e evitar atacar civis ou instalações civis”.

continua após a publicidade

O que diz o plano

A proposta da China pede um cessar-fogo e negociações de paz, além do fim das sanções contra a Rússia. A China atribuiu a responsabilidade pelas sanções a outros “países relevantes” sem nomeá-los. Esses países, diz, “devem parar de abusar das sanções unilaterais e fazer sua parte na redução da crise na Ucrânia”. Muitos dos 12 pontos eram muito gerais e não continham propostas específicas.

Sem mencionar a Rússia ou a Ucrânia, diz que a soberania de todos os países deve ser mantida. A China, porém, nunca afirmou que a Rússia violou a soberania ucraniana - da mesma forma que não usa o termo guerra - o que deixa em aberto a interpretação do termo, já que o líder russo diz defender “a soberania e integridade territorial” de seu país ao invadir a Ucrânia. O documento não especifica como isso seria para a Ucrânia e as terras tomadas de territórios desde que a Rússia tomou a Crimeia em 2014.

continua após a publicidade

A Rússia disse que valoriza os esforços da China, mas insistiu na necessidade de que se reconheça seu controle sobre as quatro regiões ucranianas anexadas: Donetsk, Luhanks, Zaporizhzhia e Kherson. “Compartilhamos as considerações de Pequim”, declarou o Ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado, porém, diz que “Kiev deve reconhecer as novas realidades territoriais”.

A proposta também condena a “mentalidade da Guerra Fria”, um termo que frequentemente se refere aos Estados Unidos e à aliança militar EUA-Europa, a Otan. “A segurança de uma região não deve ser alcançada pelo fortalecimento ou expansão de blocos militares”, diz a proposta. Putin exigiu uma promessa de que a Ucrânia não se juntaria ao bloco antes da invasão.

Outros pontos pedem proteção para prisioneiros de guerra e fim de ataques a civis, sem dar mais detalhes, além de manter as usinas nucleares seguras e facilitar a exportação de grãos.

continua após a publicidade

“O tom básico e a mensagem fundamental da política são bastante pró-Rússia”, disse Li Mingjiang, professor de política externa chinesa e segurança internacional na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura.

Posição chinesa

continua após a publicidade

A China tenta se colocar em uma posição de neutralidade adotada por muitos países não envolvidos no conflito - incluindo o Brasil - apesar de ter relações muito próximas com Moscou, adotar partes de sua narrativa para justificar a guerra e estar em uma escalada de tensões com os Estados Unidos, que vão desde balões espiões à possibilidade de incursões territoriais em Taiwan.

Antes do ataque da Rússia, Xi e Putin compareceram à abertura das Olimpíadas de Inverno do ano passado em Pequim e divulgaram uma declaração de que seus governos tinham uma amizade “sem limites”. Desde então, a China ignorou as críticas ocidentais e reafirmou essa promessa.

Depois de receber o chanceler chinês, Putin disse que espera que Xi visite a Rússia nos próximos meses. A China ainda não confirmou a viagem.

A China está “tentando ter as duas coisas”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken no domingo. “Publicamente, eles se apresentam como um país lutando pela paz na Ucrânia, mas em particular, como eu disse, já vimos nos últimos meses o fornecimento de assistência não letal que vai diretamente para ajudar e encorajar o esforço de guerra da Rússia”. Ele também revelou que os EUA suspeitam que Pequim cogita enviar armas para a Rússia, uma afirmação que a China nega.

O governo dos Estados Unidos criticou a proposta apesentada hoje. Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional do presidente Joe Biden, afirmou que a guerra poderia acabar amanhã se a Rússia parasse de atacar a Ucrânia e retirasse suas forças. ”Minha primeira reação é que [o documento] poderia parar no ponto um, que é respeitar a soberania das nações”, declarou Sullivan à rede CNN.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, considerar necessário trabalhar com a China para resolver o conflito com a Rússia. “Nesse documento, parece-me que há respeito por nossa integridade territorial, temas de segurança. Devemos trabalhar com a China nesse ponto”, declarou em entrevista coletiva.

Novas sanções

Em oposição ao que pedido feito por Pequim, os Estados Unidos anunciaram novas sanções econômicas nesta sexta contra mais de 200 indivíduos e entidades na Rússia e em outros países que estão ajudando financeiramente Moscou.

As novas sanções terão como alvo uma dúzia de bancos russos, bem como pessoas ligadas às indústrias militar e de tecnologia do país que tentam escapar das sanções existentes, disseram autoridades da Casa Branca em um comunicado. Também haverá novas sanções impostas ao setor de metais e mineração da Rússia e às empresas de energia.

Funcionários da Casa Branca disseram que o anúncio, no primeiro aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia, estava sendo coordenado com outros aliados que planejavam fazer anúncios semelhantes na sexta-feira.

Tentativas anteriores de usar sanções para impedir ou punir a invasão não funcionaram, e as já significativas penalidades impostas pelos Estados Unidos e seus aliados durante a guerra não levaram o líder russo à mesa de negociações.

Juntamente com aliados, os Estados Unidos impuseram restrições amplas no ano passado à capacidade da Rússia de importar produtos de tecnologia que também poderiam apoiar suas forças armadas, como semicondutores, lasers e peças de aviões. China, Turquia e outros países intervieram para enviar mais mercadorias à Rússia.

O presidente Joe Biden e os líderes do G-7 se reúnem uma reunião virtual nesta sexta com o presidente Volodmir Zelenski, para o que funcionários da Casa Branca disseram que seria uma discussão sobre como “continuar coordenando nossos esforços para apoiar a Ucrânia e manter a responsabilizar a Rússia por sua guerra.”/AFP, AP e NYT

PEQUIM - Depois de prometer estreitar seus laços com a Rússia, a China apresentou nesta sexta-feira, 24, dia em que a guerra na Ucrânia completa um ano, uma proposta de solução para o conflito. No documento, que traz 12 pontos de “solução política”, Pequim pediu para que as negociações de paz sejam retomadas e voltou a alertar contra o uso de armas nucleares. A China se coloca como neutra na guerra, embora esteja sustentando a economia de Moscou em meio às sanções e haja suspeitas por parte dos Estados Unidos de que o país poderia enviar armas para o conflito.

”Todas as partes devem apoiar a Rússia e a Ucrânia a trabalhar na mesma direção e retomar o diálogo direto o mais rápido possível”, afirmou o ministério das Relações Exteriores chinês na proposta. Espera-se que Pequim leve o documento para discussão na reunião do Conselho de Segurança da ONU hoje, mas diplomatas europeus já adiantaram que a proposta era inaceitável. Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, rejeitaram a proposta dizendo que Pequim já havia tomado partido na guerra.

A proposta segue o recente anúncio da China de que está tentando atuar como mediadora na guerra que revitalizou as alianças ocidentais vistas como rivais tanto por Pequim e quanto por Moscou. O principal diplomata da China, Wang Yi, indicou que seus país estava preparando um plano de paz durante a conferência de segurança de Munique, na Alemanha, esta semana. Moscou saudou a proposta, mas avisou que não vai ceder aos avanços territoriais que já fez.

Guerra na Ucrânia completa um ano com cidades destruídas, como Irpin, perto da capital Kiev Foto: Dimitar DILKOFF / AFP

Com sua publicação, o governo do presidente Xi Jinping reitera a afirmação da China de ser neutra, apesar de bloquear os esforços da ONU para condenar a invasão. O documento ecoa as alegações russas de que os governos ocidentais são os culpados pela invasão de 24 de fevereiro de 2022 e critica as sanções contra a Rússia.

Pequim também rejeitou o uso de armas nucleares, poucos dias depois de o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar a suspensão de sua participação em um tratado de desarmamento nuclear com os Estados Unidos. ”As armas nucleares não devem ser usadas e as guerras nucleares nunca devem ser travadas. A ameaça ou uso de armas nucleares deve ser combatida”, acrescenta o documento.

O texto também enfatiza a necessidade de proteger os civis: “As partes no conflito devem respeitar estritamente o direito humanitário internacional e evitar atacar civis ou instalações civis”.

O que diz o plano

A proposta da China pede um cessar-fogo e negociações de paz, além do fim das sanções contra a Rússia. A China atribuiu a responsabilidade pelas sanções a outros “países relevantes” sem nomeá-los. Esses países, diz, “devem parar de abusar das sanções unilaterais e fazer sua parte na redução da crise na Ucrânia”. Muitos dos 12 pontos eram muito gerais e não continham propostas específicas.

Sem mencionar a Rússia ou a Ucrânia, diz que a soberania de todos os países deve ser mantida. A China, porém, nunca afirmou que a Rússia violou a soberania ucraniana - da mesma forma que não usa o termo guerra - o que deixa em aberto a interpretação do termo, já que o líder russo diz defender “a soberania e integridade territorial” de seu país ao invadir a Ucrânia. O documento não especifica como isso seria para a Ucrânia e as terras tomadas de territórios desde que a Rússia tomou a Crimeia em 2014.

A Rússia disse que valoriza os esforços da China, mas insistiu na necessidade de que se reconheça seu controle sobre as quatro regiões ucranianas anexadas: Donetsk, Luhanks, Zaporizhzhia e Kherson. “Compartilhamos as considerações de Pequim”, declarou o Ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado, porém, diz que “Kiev deve reconhecer as novas realidades territoriais”.

A proposta também condena a “mentalidade da Guerra Fria”, um termo que frequentemente se refere aos Estados Unidos e à aliança militar EUA-Europa, a Otan. “A segurança de uma região não deve ser alcançada pelo fortalecimento ou expansão de blocos militares”, diz a proposta. Putin exigiu uma promessa de que a Ucrânia não se juntaria ao bloco antes da invasão.

Outros pontos pedem proteção para prisioneiros de guerra e fim de ataques a civis, sem dar mais detalhes, além de manter as usinas nucleares seguras e facilitar a exportação de grãos.

“O tom básico e a mensagem fundamental da política são bastante pró-Rússia”, disse Li Mingjiang, professor de política externa chinesa e segurança internacional na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura.

Posição chinesa

A China tenta se colocar em uma posição de neutralidade adotada por muitos países não envolvidos no conflito - incluindo o Brasil - apesar de ter relações muito próximas com Moscou, adotar partes de sua narrativa para justificar a guerra e estar em uma escalada de tensões com os Estados Unidos, que vão desde balões espiões à possibilidade de incursões territoriais em Taiwan.

Antes do ataque da Rússia, Xi e Putin compareceram à abertura das Olimpíadas de Inverno do ano passado em Pequim e divulgaram uma declaração de que seus governos tinham uma amizade “sem limites”. Desde então, a China ignorou as críticas ocidentais e reafirmou essa promessa.

Depois de receber o chanceler chinês, Putin disse que espera que Xi visite a Rússia nos próximos meses. A China ainda não confirmou a viagem.

A China está “tentando ter as duas coisas”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken no domingo. “Publicamente, eles se apresentam como um país lutando pela paz na Ucrânia, mas em particular, como eu disse, já vimos nos últimos meses o fornecimento de assistência não letal que vai diretamente para ajudar e encorajar o esforço de guerra da Rússia”. Ele também revelou que os EUA suspeitam que Pequim cogita enviar armas para a Rússia, uma afirmação que a China nega.

O governo dos Estados Unidos criticou a proposta apesentada hoje. Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional do presidente Joe Biden, afirmou que a guerra poderia acabar amanhã se a Rússia parasse de atacar a Ucrânia e retirasse suas forças. ”Minha primeira reação é que [o documento] poderia parar no ponto um, que é respeitar a soberania das nações”, declarou Sullivan à rede CNN.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, considerar necessário trabalhar com a China para resolver o conflito com a Rússia. “Nesse documento, parece-me que há respeito por nossa integridade territorial, temas de segurança. Devemos trabalhar com a China nesse ponto”, declarou em entrevista coletiva.

Novas sanções

Em oposição ao que pedido feito por Pequim, os Estados Unidos anunciaram novas sanções econômicas nesta sexta contra mais de 200 indivíduos e entidades na Rússia e em outros países que estão ajudando financeiramente Moscou.

As novas sanções terão como alvo uma dúzia de bancos russos, bem como pessoas ligadas às indústrias militar e de tecnologia do país que tentam escapar das sanções existentes, disseram autoridades da Casa Branca em um comunicado. Também haverá novas sanções impostas ao setor de metais e mineração da Rússia e às empresas de energia.

Funcionários da Casa Branca disseram que o anúncio, no primeiro aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia, estava sendo coordenado com outros aliados que planejavam fazer anúncios semelhantes na sexta-feira.

Tentativas anteriores de usar sanções para impedir ou punir a invasão não funcionaram, e as já significativas penalidades impostas pelos Estados Unidos e seus aliados durante a guerra não levaram o líder russo à mesa de negociações.

Juntamente com aliados, os Estados Unidos impuseram restrições amplas no ano passado à capacidade da Rússia de importar produtos de tecnologia que também poderiam apoiar suas forças armadas, como semicondutores, lasers e peças de aviões. China, Turquia e outros países intervieram para enviar mais mercadorias à Rússia.

O presidente Joe Biden e os líderes do G-7 se reúnem uma reunião virtual nesta sexta com o presidente Volodmir Zelenski, para o que funcionários da Casa Branca disseram que seria uma discussão sobre como “continuar coordenando nossos esforços para apoiar a Ucrânia e manter a responsabilizar a Rússia por sua guerra.”/AFP, AP e NYT

PEQUIM - Depois de prometer estreitar seus laços com a Rússia, a China apresentou nesta sexta-feira, 24, dia em que a guerra na Ucrânia completa um ano, uma proposta de solução para o conflito. No documento, que traz 12 pontos de “solução política”, Pequim pediu para que as negociações de paz sejam retomadas e voltou a alertar contra o uso de armas nucleares. A China se coloca como neutra na guerra, embora esteja sustentando a economia de Moscou em meio às sanções e haja suspeitas por parte dos Estados Unidos de que o país poderia enviar armas para o conflito.

”Todas as partes devem apoiar a Rússia e a Ucrânia a trabalhar na mesma direção e retomar o diálogo direto o mais rápido possível”, afirmou o ministério das Relações Exteriores chinês na proposta. Espera-se que Pequim leve o documento para discussão na reunião do Conselho de Segurança da ONU hoje, mas diplomatas europeus já adiantaram que a proposta era inaceitável. Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, rejeitaram a proposta dizendo que Pequim já havia tomado partido na guerra.

A proposta segue o recente anúncio da China de que está tentando atuar como mediadora na guerra que revitalizou as alianças ocidentais vistas como rivais tanto por Pequim e quanto por Moscou. O principal diplomata da China, Wang Yi, indicou que seus país estava preparando um plano de paz durante a conferência de segurança de Munique, na Alemanha, esta semana. Moscou saudou a proposta, mas avisou que não vai ceder aos avanços territoriais que já fez.

Guerra na Ucrânia completa um ano com cidades destruídas, como Irpin, perto da capital Kiev Foto: Dimitar DILKOFF / AFP

Com sua publicação, o governo do presidente Xi Jinping reitera a afirmação da China de ser neutra, apesar de bloquear os esforços da ONU para condenar a invasão. O documento ecoa as alegações russas de que os governos ocidentais são os culpados pela invasão de 24 de fevereiro de 2022 e critica as sanções contra a Rússia.

Pequim também rejeitou o uso de armas nucleares, poucos dias depois de o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar a suspensão de sua participação em um tratado de desarmamento nuclear com os Estados Unidos. ”As armas nucleares não devem ser usadas e as guerras nucleares nunca devem ser travadas. A ameaça ou uso de armas nucleares deve ser combatida”, acrescenta o documento.

O texto também enfatiza a necessidade de proteger os civis: “As partes no conflito devem respeitar estritamente o direito humanitário internacional e evitar atacar civis ou instalações civis”.

O que diz o plano

A proposta da China pede um cessar-fogo e negociações de paz, além do fim das sanções contra a Rússia. A China atribuiu a responsabilidade pelas sanções a outros “países relevantes” sem nomeá-los. Esses países, diz, “devem parar de abusar das sanções unilaterais e fazer sua parte na redução da crise na Ucrânia”. Muitos dos 12 pontos eram muito gerais e não continham propostas específicas.

Sem mencionar a Rússia ou a Ucrânia, diz que a soberania de todos os países deve ser mantida. A China, porém, nunca afirmou que a Rússia violou a soberania ucraniana - da mesma forma que não usa o termo guerra - o que deixa em aberto a interpretação do termo, já que o líder russo diz defender “a soberania e integridade territorial” de seu país ao invadir a Ucrânia. O documento não especifica como isso seria para a Ucrânia e as terras tomadas de territórios desde que a Rússia tomou a Crimeia em 2014.

A Rússia disse que valoriza os esforços da China, mas insistiu na necessidade de que se reconheça seu controle sobre as quatro regiões ucranianas anexadas: Donetsk, Luhanks, Zaporizhzhia e Kherson. “Compartilhamos as considerações de Pequim”, declarou o Ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado, porém, diz que “Kiev deve reconhecer as novas realidades territoriais”.

A proposta também condena a “mentalidade da Guerra Fria”, um termo que frequentemente se refere aos Estados Unidos e à aliança militar EUA-Europa, a Otan. “A segurança de uma região não deve ser alcançada pelo fortalecimento ou expansão de blocos militares”, diz a proposta. Putin exigiu uma promessa de que a Ucrânia não se juntaria ao bloco antes da invasão.

Outros pontos pedem proteção para prisioneiros de guerra e fim de ataques a civis, sem dar mais detalhes, além de manter as usinas nucleares seguras e facilitar a exportação de grãos.

“O tom básico e a mensagem fundamental da política são bastante pró-Rússia”, disse Li Mingjiang, professor de política externa chinesa e segurança internacional na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura.

Posição chinesa

A China tenta se colocar em uma posição de neutralidade adotada por muitos países não envolvidos no conflito - incluindo o Brasil - apesar de ter relações muito próximas com Moscou, adotar partes de sua narrativa para justificar a guerra e estar em uma escalada de tensões com os Estados Unidos, que vão desde balões espiões à possibilidade de incursões territoriais em Taiwan.

Antes do ataque da Rússia, Xi e Putin compareceram à abertura das Olimpíadas de Inverno do ano passado em Pequim e divulgaram uma declaração de que seus governos tinham uma amizade “sem limites”. Desde então, a China ignorou as críticas ocidentais e reafirmou essa promessa.

Depois de receber o chanceler chinês, Putin disse que espera que Xi visite a Rússia nos próximos meses. A China ainda não confirmou a viagem.

A China está “tentando ter as duas coisas”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken no domingo. “Publicamente, eles se apresentam como um país lutando pela paz na Ucrânia, mas em particular, como eu disse, já vimos nos últimos meses o fornecimento de assistência não letal que vai diretamente para ajudar e encorajar o esforço de guerra da Rússia”. Ele também revelou que os EUA suspeitam que Pequim cogita enviar armas para a Rússia, uma afirmação que a China nega.

O governo dos Estados Unidos criticou a proposta apesentada hoje. Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional do presidente Joe Biden, afirmou que a guerra poderia acabar amanhã se a Rússia parasse de atacar a Ucrânia e retirasse suas forças. ”Minha primeira reação é que [o documento] poderia parar no ponto um, que é respeitar a soberania das nações”, declarou Sullivan à rede CNN.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, considerar necessário trabalhar com a China para resolver o conflito com a Rússia. “Nesse documento, parece-me que há respeito por nossa integridade territorial, temas de segurança. Devemos trabalhar com a China nesse ponto”, declarou em entrevista coletiva.

Novas sanções

Em oposição ao que pedido feito por Pequim, os Estados Unidos anunciaram novas sanções econômicas nesta sexta contra mais de 200 indivíduos e entidades na Rússia e em outros países que estão ajudando financeiramente Moscou.

As novas sanções terão como alvo uma dúzia de bancos russos, bem como pessoas ligadas às indústrias militar e de tecnologia do país que tentam escapar das sanções existentes, disseram autoridades da Casa Branca em um comunicado. Também haverá novas sanções impostas ao setor de metais e mineração da Rússia e às empresas de energia.

Funcionários da Casa Branca disseram que o anúncio, no primeiro aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia, estava sendo coordenado com outros aliados que planejavam fazer anúncios semelhantes na sexta-feira.

Tentativas anteriores de usar sanções para impedir ou punir a invasão não funcionaram, e as já significativas penalidades impostas pelos Estados Unidos e seus aliados durante a guerra não levaram o líder russo à mesa de negociações.

Juntamente com aliados, os Estados Unidos impuseram restrições amplas no ano passado à capacidade da Rússia de importar produtos de tecnologia que também poderiam apoiar suas forças armadas, como semicondutores, lasers e peças de aviões. China, Turquia e outros países intervieram para enviar mais mercadorias à Rússia.

O presidente Joe Biden e os líderes do G-7 se reúnem uma reunião virtual nesta sexta com o presidente Volodmir Zelenski, para o que funcionários da Casa Branca disseram que seria uma discussão sobre como “continuar coordenando nossos esforços para apoiar a Ucrânia e manter a responsabilizar a Rússia por sua guerra.”/AFP, AP e NYT

PEQUIM - Depois de prometer estreitar seus laços com a Rússia, a China apresentou nesta sexta-feira, 24, dia em que a guerra na Ucrânia completa um ano, uma proposta de solução para o conflito. No documento, que traz 12 pontos de “solução política”, Pequim pediu para que as negociações de paz sejam retomadas e voltou a alertar contra o uso de armas nucleares. A China se coloca como neutra na guerra, embora esteja sustentando a economia de Moscou em meio às sanções e haja suspeitas por parte dos Estados Unidos de que o país poderia enviar armas para o conflito.

”Todas as partes devem apoiar a Rússia e a Ucrânia a trabalhar na mesma direção e retomar o diálogo direto o mais rápido possível”, afirmou o ministério das Relações Exteriores chinês na proposta. Espera-se que Pequim leve o documento para discussão na reunião do Conselho de Segurança da ONU hoje, mas diplomatas europeus já adiantaram que a proposta era inaceitável. Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, rejeitaram a proposta dizendo que Pequim já havia tomado partido na guerra.

A proposta segue o recente anúncio da China de que está tentando atuar como mediadora na guerra que revitalizou as alianças ocidentais vistas como rivais tanto por Pequim e quanto por Moscou. O principal diplomata da China, Wang Yi, indicou que seus país estava preparando um plano de paz durante a conferência de segurança de Munique, na Alemanha, esta semana. Moscou saudou a proposta, mas avisou que não vai ceder aos avanços territoriais que já fez.

Guerra na Ucrânia completa um ano com cidades destruídas, como Irpin, perto da capital Kiev Foto: Dimitar DILKOFF / AFP

Com sua publicação, o governo do presidente Xi Jinping reitera a afirmação da China de ser neutra, apesar de bloquear os esforços da ONU para condenar a invasão. O documento ecoa as alegações russas de que os governos ocidentais são os culpados pela invasão de 24 de fevereiro de 2022 e critica as sanções contra a Rússia.

Pequim também rejeitou o uso de armas nucleares, poucos dias depois de o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar a suspensão de sua participação em um tratado de desarmamento nuclear com os Estados Unidos. ”As armas nucleares não devem ser usadas e as guerras nucleares nunca devem ser travadas. A ameaça ou uso de armas nucleares deve ser combatida”, acrescenta o documento.

O texto também enfatiza a necessidade de proteger os civis: “As partes no conflito devem respeitar estritamente o direito humanitário internacional e evitar atacar civis ou instalações civis”.

O que diz o plano

A proposta da China pede um cessar-fogo e negociações de paz, além do fim das sanções contra a Rússia. A China atribuiu a responsabilidade pelas sanções a outros “países relevantes” sem nomeá-los. Esses países, diz, “devem parar de abusar das sanções unilaterais e fazer sua parte na redução da crise na Ucrânia”. Muitos dos 12 pontos eram muito gerais e não continham propostas específicas.

Sem mencionar a Rússia ou a Ucrânia, diz que a soberania de todos os países deve ser mantida. A China, porém, nunca afirmou que a Rússia violou a soberania ucraniana - da mesma forma que não usa o termo guerra - o que deixa em aberto a interpretação do termo, já que o líder russo diz defender “a soberania e integridade territorial” de seu país ao invadir a Ucrânia. O documento não especifica como isso seria para a Ucrânia e as terras tomadas de territórios desde que a Rússia tomou a Crimeia em 2014.

A Rússia disse que valoriza os esforços da China, mas insistiu na necessidade de que se reconheça seu controle sobre as quatro regiões ucranianas anexadas: Donetsk, Luhanks, Zaporizhzhia e Kherson. “Compartilhamos as considerações de Pequim”, declarou o Ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado, porém, diz que “Kiev deve reconhecer as novas realidades territoriais”.

A proposta também condena a “mentalidade da Guerra Fria”, um termo que frequentemente se refere aos Estados Unidos e à aliança militar EUA-Europa, a Otan. “A segurança de uma região não deve ser alcançada pelo fortalecimento ou expansão de blocos militares”, diz a proposta. Putin exigiu uma promessa de que a Ucrânia não se juntaria ao bloco antes da invasão.

Outros pontos pedem proteção para prisioneiros de guerra e fim de ataques a civis, sem dar mais detalhes, além de manter as usinas nucleares seguras e facilitar a exportação de grãos.

“O tom básico e a mensagem fundamental da política são bastante pró-Rússia”, disse Li Mingjiang, professor de política externa chinesa e segurança internacional na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura.

Posição chinesa

A China tenta se colocar em uma posição de neutralidade adotada por muitos países não envolvidos no conflito - incluindo o Brasil - apesar de ter relações muito próximas com Moscou, adotar partes de sua narrativa para justificar a guerra e estar em uma escalada de tensões com os Estados Unidos, que vão desde balões espiões à possibilidade de incursões territoriais em Taiwan.

Antes do ataque da Rússia, Xi e Putin compareceram à abertura das Olimpíadas de Inverno do ano passado em Pequim e divulgaram uma declaração de que seus governos tinham uma amizade “sem limites”. Desde então, a China ignorou as críticas ocidentais e reafirmou essa promessa.

Depois de receber o chanceler chinês, Putin disse que espera que Xi visite a Rússia nos próximos meses. A China ainda não confirmou a viagem.

A China está “tentando ter as duas coisas”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken no domingo. “Publicamente, eles se apresentam como um país lutando pela paz na Ucrânia, mas em particular, como eu disse, já vimos nos últimos meses o fornecimento de assistência não letal que vai diretamente para ajudar e encorajar o esforço de guerra da Rússia”. Ele também revelou que os EUA suspeitam que Pequim cogita enviar armas para a Rússia, uma afirmação que a China nega.

O governo dos Estados Unidos criticou a proposta apesentada hoje. Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional do presidente Joe Biden, afirmou que a guerra poderia acabar amanhã se a Rússia parasse de atacar a Ucrânia e retirasse suas forças. ”Minha primeira reação é que [o documento] poderia parar no ponto um, que é respeitar a soberania das nações”, declarou Sullivan à rede CNN.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, considerar necessário trabalhar com a China para resolver o conflito com a Rússia. “Nesse documento, parece-me que há respeito por nossa integridade territorial, temas de segurança. Devemos trabalhar com a China nesse ponto”, declarou em entrevista coletiva.

Novas sanções

Em oposição ao que pedido feito por Pequim, os Estados Unidos anunciaram novas sanções econômicas nesta sexta contra mais de 200 indivíduos e entidades na Rússia e em outros países que estão ajudando financeiramente Moscou.

As novas sanções terão como alvo uma dúzia de bancos russos, bem como pessoas ligadas às indústrias militar e de tecnologia do país que tentam escapar das sanções existentes, disseram autoridades da Casa Branca em um comunicado. Também haverá novas sanções impostas ao setor de metais e mineração da Rússia e às empresas de energia.

Funcionários da Casa Branca disseram que o anúncio, no primeiro aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia, estava sendo coordenado com outros aliados que planejavam fazer anúncios semelhantes na sexta-feira.

Tentativas anteriores de usar sanções para impedir ou punir a invasão não funcionaram, e as já significativas penalidades impostas pelos Estados Unidos e seus aliados durante a guerra não levaram o líder russo à mesa de negociações.

Juntamente com aliados, os Estados Unidos impuseram restrições amplas no ano passado à capacidade da Rússia de importar produtos de tecnologia que também poderiam apoiar suas forças armadas, como semicondutores, lasers e peças de aviões. China, Turquia e outros países intervieram para enviar mais mercadorias à Rússia.

O presidente Joe Biden e os líderes do G-7 se reúnem uma reunião virtual nesta sexta com o presidente Volodmir Zelenski, para o que funcionários da Casa Branca disseram que seria uma discussão sobre como “continuar coordenando nossos esforços para apoiar a Ucrânia e manter a responsabilizar a Rússia por sua guerra.”/AFP, AP e NYT

PEQUIM - Depois de prometer estreitar seus laços com a Rússia, a China apresentou nesta sexta-feira, 24, dia em que a guerra na Ucrânia completa um ano, uma proposta de solução para o conflito. No documento, que traz 12 pontos de “solução política”, Pequim pediu para que as negociações de paz sejam retomadas e voltou a alertar contra o uso de armas nucleares. A China se coloca como neutra na guerra, embora esteja sustentando a economia de Moscou em meio às sanções e haja suspeitas por parte dos Estados Unidos de que o país poderia enviar armas para o conflito.

”Todas as partes devem apoiar a Rússia e a Ucrânia a trabalhar na mesma direção e retomar o diálogo direto o mais rápido possível”, afirmou o ministério das Relações Exteriores chinês na proposta. Espera-se que Pequim leve o documento para discussão na reunião do Conselho de Segurança da ONU hoje, mas diplomatas europeus já adiantaram que a proposta era inaceitável. Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan, e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, rejeitaram a proposta dizendo que Pequim já havia tomado partido na guerra.

A proposta segue o recente anúncio da China de que está tentando atuar como mediadora na guerra que revitalizou as alianças ocidentais vistas como rivais tanto por Pequim e quanto por Moscou. O principal diplomata da China, Wang Yi, indicou que seus país estava preparando um plano de paz durante a conferência de segurança de Munique, na Alemanha, esta semana. Moscou saudou a proposta, mas avisou que não vai ceder aos avanços territoriais que já fez.

Guerra na Ucrânia completa um ano com cidades destruídas, como Irpin, perto da capital Kiev Foto: Dimitar DILKOFF / AFP

Com sua publicação, o governo do presidente Xi Jinping reitera a afirmação da China de ser neutra, apesar de bloquear os esforços da ONU para condenar a invasão. O documento ecoa as alegações russas de que os governos ocidentais são os culpados pela invasão de 24 de fevereiro de 2022 e critica as sanções contra a Rússia.

Pequim também rejeitou o uso de armas nucleares, poucos dias depois de o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar a suspensão de sua participação em um tratado de desarmamento nuclear com os Estados Unidos. ”As armas nucleares não devem ser usadas e as guerras nucleares nunca devem ser travadas. A ameaça ou uso de armas nucleares deve ser combatida”, acrescenta o documento.

O texto também enfatiza a necessidade de proteger os civis: “As partes no conflito devem respeitar estritamente o direito humanitário internacional e evitar atacar civis ou instalações civis”.

O que diz o plano

A proposta da China pede um cessar-fogo e negociações de paz, além do fim das sanções contra a Rússia. A China atribuiu a responsabilidade pelas sanções a outros “países relevantes” sem nomeá-los. Esses países, diz, “devem parar de abusar das sanções unilaterais e fazer sua parte na redução da crise na Ucrânia”. Muitos dos 12 pontos eram muito gerais e não continham propostas específicas.

Sem mencionar a Rússia ou a Ucrânia, diz que a soberania de todos os países deve ser mantida. A China, porém, nunca afirmou que a Rússia violou a soberania ucraniana - da mesma forma que não usa o termo guerra - o que deixa em aberto a interpretação do termo, já que o líder russo diz defender “a soberania e integridade territorial” de seu país ao invadir a Ucrânia. O documento não especifica como isso seria para a Ucrânia e as terras tomadas de territórios desde que a Rússia tomou a Crimeia em 2014.

A Rússia disse que valoriza os esforços da China, mas insistiu na necessidade de que se reconheça seu controle sobre as quatro regiões ucranianas anexadas: Donetsk, Luhanks, Zaporizhzhia e Kherson. “Compartilhamos as considerações de Pequim”, declarou o Ministério russo das Relações Exteriores em um comunicado, porém, diz que “Kiev deve reconhecer as novas realidades territoriais”.

A proposta também condena a “mentalidade da Guerra Fria”, um termo que frequentemente se refere aos Estados Unidos e à aliança militar EUA-Europa, a Otan. “A segurança de uma região não deve ser alcançada pelo fortalecimento ou expansão de blocos militares”, diz a proposta. Putin exigiu uma promessa de que a Ucrânia não se juntaria ao bloco antes da invasão.

Outros pontos pedem proteção para prisioneiros de guerra e fim de ataques a civis, sem dar mais detalhes, além de manter as usinas nucleares seguras e facilitar a exportação de grãos.

“O tom básico e a mensagem fundamental da política são bastante pró-Rússia”, disse Li Mingjiang, professor de política externa chinesa e segurança internacional na Universidade Tecnológica de Nanyang, em Cingapura.

Posição chinesa

A China tenta se colocar em uma posição de neutralidade adotada por muitos países não envolvidos no conflito - incluindo o Brasil - apesar de ter relações muito próximas com Moscou, adotar partes de sua narrativa para justificar a guerra e estar em uma escalada de tensões com os Estados Unidos, que vão desde balões espiões à possibilidade de incursões territoriais em Taiwan.

Antes do ataque da Rússia, Xi e Putin compareceram à abertura das Olimpíadas de Inverno do ano passado em Pequim e divulgaram uma declaração de que seus governos tinham uma amizade “sem limites”. Desde então, a China ignorou as críticas ocidentais e reafirmou essa promessa.

Depois de receber o chanceler chinês, Putin disse que espera que Xi visite a Rússia nos próximos meses. A China ainda não confirmou a viagem.

A China está “tentando ter as duas coisas”, disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken no domingo. “Publicamente, eles se apresentam como um país lutando pela paz na Ucrânia, mas em particular, como eu disse, já vimos nos últimos meses o fornecimento de assistência não letal que vai diretamente para ajudar e encorajar o esforço de guerra da Rússia”. Ele também revelou que os EUA suspeitam que Pequim cogita enviar armas para a Rússia, uma afirmação que a China nega.

O governo dos Estados Unidos criticou a proposta apesentada hoje. Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional do presidente Joe Biden, afirmou que a guerra poderia acabar amanhã se a Rússia parasse de atacar a Ucrânia e retirasse suas forças. ”Minha primeira reação é que [o documento] poderia parar no ponto um, que é respeitar a soberania das nações”, declarou Sullivan à rede CNN.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, considerar necessário trabalhar com a China para resolver o conflito com a Rússia. “Nesse documento, parece-me que há respeito por nossa integridade territorial, temas de segurança. Devemos trabalhar com a China nesse ponto”, declarou em entrevista coletiva.

Novas sanções

Em oposição ao que pedido feito por Pequim, os Estados Unidos anunciaram novas sanções econômicas nesta sexta contra mais de 200 indivíduos e entidades na Rússia e em outros países que estão ajudando financeiramente Moscou.

As novas sanções terão como alvo uma dúzia de bancos russos, bem como pessoas ligadas às indústrias militar e de tecnologia do país que tentam escapar das sanções existentes, disseram autoridades da Casa Branca em um comunicado. Também haverá novas sanções impostas ao setor de metais e mineração da Rússia e às empresas de energia.

Funcionários da Casa Branca disseram que o anúncio, no primeiro aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia, estava sendo coordenado com outros aliados que planejavam fazer anúncios semelhantes na sexta-feira.

Tentativas anteriores de usar sanções para impedir ou punir a invasão não funcionaram, e as já significativas penalidades impostas pelos Estados Unidos e seus aliados durante a guerra não levaram o líder russo à mesa de negociações.

Juntamente com aliados, os Estados Unidos impuseram restrições amplas no ano passado à capacidade da Rússia de importar produtos de tecnologia que também poderiam apoiar suas forças armadas, como semicondutores, lasers e peças de aviões. China, Turquia e outros países intervieram para enviar mais mercadorias à Rússia.

O presidente Joe Biden e os líderes do G-7 se reúnem uma reunião virtual nesta sexta com o presidente Volodmir Zelenski, para o que funcionários da Casa Branca disseram que seria uma discussão sobre como “continuar coordenando nossos esforços para apoiar a Ucrânia e manter a responsabilizar a Rússia por sua guerra.”/AFP, AP e NYT

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.