China rebate Biden: acusações americanas sobre investimentos no Brasil são ‘infundadas e ridículas’


Em entrevista exclusiva ao ‘Estadão’, Brian A. Nichols, secretário de Estado adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, afirmou que os projetos de infraestrutura chineses são “enganosos”, apresentam baixa qualidade e não influenciam o crescimento econômico dos países parceiros

Por Felipe Frazão

BRASÍLIA - O governo da China reagiu às críticas dos Estados Unidos a seus negócios no Brasil e na América Latina, vocalizadas na semana passada por Brian A. Nichols, secretário de Estado adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, em entrevista exclusiva ao Estadão. Em tom diplomático duro, Pequim protestou contra as declarações de Nichols e afirmou que as considerações dele são “infundadas e ridículas”. Segundo os chineses, o norte-americano quis difamar a parceria e minar as relações sino-brasileiras.

Na entrevista, Nichols afirmou que os projetos de infraestrutura chineses são “enganosos”, apresentam baixa qualidade e, a longo prazo, não influenciam positivamente o crescimento econômico dos países parceiros, que deveriam ser beneficiados. Ainda segundo o diplomata despachado a Brasília pelo presidente Joe Biden, os projetos envolvem casos de corrupção.

Nos últimos meses, os Estados Unidos e aliados europeus têm tentado se contrapor aos interesses chineses na América Latina, África e Ásia, replicando a estratégia chinesa de oferecer financiamento em projetos de infraestrutura. O secretário de Estado Anthony Blinken, esteve recentemente na África e na Ásia Central. A própria visita de Nichols ao Brasil, na qual ele sinalizou que a iniciativa privada americana poderia financiar empreendimentos e energia limpa no País, é um indicativo disso.

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“As declarações dos altos funcionários dos EUA são infundadas e ridículas, tendo como objetivo difamar a cooperação econômica externa da China e minar as relações amistosas e cooperativas entre a China e o Brasil e outros países da América Latina. Manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a essas declarações”, afirmou o porta voz da embaixada chinesa em Brasília, ministro-conselheiro Li Qi, em documento oficial enviado ao Estadão.

'Algumas pessoas dos EUA estão empenhadas em difamar a cooperação da China com o Brasil e outros países da América Latina apenas com base em especulações subjetivas, sem conseguir trazer nenhuma evidência convincente', diz o porta-voz da China em Brasília, Li Qi Foto: Ricardo Stuckert/PR

O embaixador Brian Nichols é a principal autoridade no Departamento de Estado dos EUA para tratar de temas relacionados às Américas. Ele foi o segundo diplomata de alto escalão enviado por Biden em missão ao País, desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornou de uma ampla visita de Estado à China, em abril, na qual relançou as relações com Pequim e buscou investimentos.

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Na ocasião, Lula assinou 20 acordos governamentais, fez duras críticas ao domínio do dólar e celebrou o entendimento entre os bancos centrais do Brasil e da China para realizar transações diretas entre moedas próprias, o real e o yuan. A viagem ficou marcada por deferências de Xi Jinping a Lula e declarações do petista culpando os EUA pelo prolongamento da guerra na Ucrânia. Lula desagradou a Casa Branca.

Na semana passada, Nichols recebeu o Estadão na embaixada norte-americana. Ele disse que os Estados Unidos têm o dever de responder à ofensiva chinesa em países emergentes, o chamado Sul Global, onde buscam influência econômica e geopolítica. Segundo ele, setores econômicos, empresas e o Estado, por meio de agências governamentais voltadas para financiamento e desenvolvimento, precisam oferecer alternativas concretas aos governantes, para que deixassem de buscar parcerias com o Partido Comunista Chinês.

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A principal oferta da China é a Belt and Road, conhecida como Iniciativa Cinturão e Rota ou ainda Nova Rota da Seda. O projeto completa dez anos em 2023 e é um dos focos de expansão da influência chinesa, lançado por Xi Jinping. A iniciativa consiste em uma série de projetos de infraestrutura, financiados pela China ao redor do mundo, criando uma rede de escoamento de produtos, integrada por portos, pontes, hidrovias, rodovias, ferrovias, entre outros.

Mais de 20 países na América Latina já participam. Embora os chineses cortejem o Brasil, há divergências de perspectiva sobre o projeto no governo, e o presidente não assinou adesão participação brasileira quando realizou visita de Estado a Pequim e Xangai, em abril. Mesmo assim, autoridades do governo brasileiro, como presidente da Apex-Brasil, Jorge Viana, afirmaram que o Brasil tem preferência por parcerias com a China para a reindustrialização.

No comunicado diplomático, a embaixada afirmou que a Belt and Road resultou em “quase US$1 trilhão em investimentos, implantou mais de 3 mil projetos de cooperação, criou 420 mil empregos para os países parceiros e tirou cerca de 40 milhões de pessoas da pobreza nesses países”.

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“A Iniciativa Cinturão e Rota é uma iniciativa de cooperação internacional aberta e inclusiva, sem quaisquer intenções militares ou geoestratégicas. A cooperação entre a China e os países parceiros baseia-se nos princípios da participação voluntária, igualdade, benefício mútuo, abertura e transparência. Nenhum dos países parceiros concorda com a alegação de que a Iniciativa Cinturão e Rota causa a chamada ‘armadilha da dívida’”, afirmou a chancelaria de Pequim.

“A parceria entre a China e os países da América Latina, incluindo o Brasil, se baseia em respeito mútuo, igualdade, benefício recíproco, abertura e transparência. Foi implantado um grande número de projetos de alto padrão, sustentáveis e centrados no bem-estar do povo em áreas como comunicação, logística, transporte, agricultura, energia, eletricidade, habitação e construção urbana, o que tem estimulado o desenvolvimento econômico local e melhorado a qualidade de vida das pessoas, trazendo benefícios tangíveis para os países da região e seus povos”, disse a embaixada.

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Além disso, o governo comunista afirmou que o governo adota “atitude de tolerância zero em relação à corrupção, exigindo que as empresas chinesas cumpram rigorosamente as leis e regulamentos locais durante os processos de licitação, construção, operação e gerenciamento de projetos”.

Brian Nichols fez campanha contra investimentos chineses nas Américas, durante entrevista exclusiva ao 'Estadão' Foto: WILTON JUNIOR

Reações desse tipo ocorrem somente seguindo instruções diretas de Pequim. A nota da embaixada chinesa em Brasília é mais um exemplo da nova postura assertiva adotada pela diplomacia, sob orientação do presidente Xi Jinping, recém-eleito para um terceiro mandato inédito e secretário-geral do Partido Comunista Chinês. Os EUA e a China protagonizam uma disputam global que acirrou os embates diplomáticos.

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“Algumas pessoas dos EUA estão empenhadas em difamar a cooperação da China com o Brasil e outros países da América Latina apenas com base em especulações subjetivas, sem conseguir trazer nenhuma evidência convincente. A justiça e a verdade prevalecerão. A China continuará trabalhando com os países latino-americanos, incluindo o Brasil, para aumentar a confiança mútua e expandir a cooperação, de modo a beneficiar os dois povos com resultados mutuamente benéficos e vantajosos para todos”, expressou o porta-voz chinês.

BRASÍLIA - O governo da China reagiu às críticas dos Estados Unidos a seus negócios no Brasil e na América Latina, vocalizadas na semana passada por Brian A. Nichols, secretário de Estado adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, em entrevista exclusiva ao Estadão. Em tom diplomático duro, Pequim protestou contra as declarações de Nichols e afirmou que as considerações dele são “infundadas e ridículas”. Segundo os chineses, o norte-americano quis difamar a parceria e minar as relações sino-brasileiras.

Na entrevista, Nichols afirmou que os projetos de infraestrutura chineses são “enganosos”, apresentam baixa qualidade e, a longo prazo, não influenciam positivamente o crescimento econômico dos países parceiros, que deveriam ser beneficiados. Ainda segundo o diplomata despachado a Brasília pelo presidente Joe Biden, os projetos envolvem casos de corrupção.

Nos últimos meses, os Estados Unidos e aliados europeus têm tentado se contrapor aos interesses chineses na América Latina, África e Ásia, replicando a estratégia chinesa de oferecer financiamento em projetos de infraestrutura. O secretário de Estado Anthony Blinken, esteve recentemente na África e na Ásia Central. A própria visita de Nichols ao Brasil, na qual ele sinalizou que a iniciativa privada americana poderia financiar empreendimentos e energia limpa no País, é um indicativo disso.

“As declarações dos altos funcionários dos EUA são infundadas e ridículas, tendo como objetivo difamar a cooperação econômica externa da China e minar as relações amistosas e cooperativas entre a China e o Brasil e outros países da América Latina. Manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a essas declarações”, afirmou o porta voz da embaixada chinesa em Brasília, ministro-conselheiro Li Qi, em documento oficial enviado ao Estadão.

'Algumas pessoas dos EUA estão empenhadas em difamar a cooperação da China com o Brasil e outros países da América Latina apenas com base em especulações subjetivas, sem conseguir trazer nenhuma evidência convincente', diz o porta-voz da China em Brasília, Li Qi Foto: Ricardo Stuckert/PR

O embaixador Brian Nichols é a principal autoridade no Departamento de Estado dos EUA para tratar de temas relacionados às Américas. Ele foi o segundo diplomata de alto escalão enviado por Biden em missão ao País, desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornou de uma ampla visita de Estado à China, em abril, na qual relançou as relações com Pequim e buscou investimentos.

Na ocasião, Lula assinou 20 acordos governamentais, fez duras críticas ao domínio do dólar e celebrou o entendimento entre os bancos centrais do Brasil e da China para realizar transações diretas entre moedas próprias, o real e o yuan. A viagem ficou marcada por deferências de Xi Jinping a Lula e declarações do petista culpando os EUA pelo prolongamento da guerra na Ucrânia. Lula desagradou a Casa Branca.

Na semana passada, Nichols recebeu o Estadão na embaixada norte-americana. Ele disse que os Estados Unidos têm o dever de responder à ofensiva chinesa em países emergentes, o chamado Sul Global, onde buscam influência econômica e geopolítica. Segundo ele, setores econômicos, empresas e o Estado, por meio de agências governamentais voltadas para financiamento e desenvolvimento, precisam oferecer alternativas concretas aos governantes, para que deixassem de buscar parcerias com o Partido Comunista Chinês.

A principal oferta da China é a Belt and Road, conhecida como Iniciativa Cinturão e Rota ou ainda Nova Rota da Seda. O projeto completa dez anos em 2023 e é um dos focos de expansão da influência chinesa, lançado por Xi Jinping. A iniciativa consiste em uma série de projetos de infraestrutura, financiados pela China ao redor do mundo, criando uma rede de escoamento de produtos, integrada por portos, pontes, hidrovias, rodovias, ferrovias, entre outros.

Mais de 20 países na América Latina já participam. Embora os chineses cortejem o Brasil, há divergências de perspectiva sobre o projeto no governo, e o presidente não assinou adesão participação brasileira quando realizou visita de Estado a Pequim e Xangai, em abril. Mesmo assim, autoridades do governo brasileiro, como presidente da Apex-Brasil, Jorge Viana, afirmaram que o Brasil tem preferência por parcerias com a China para a reindustrialização.

No comunicado diplomático, a embaixada afirmou que a Belt and Road resultou em “quase US$1 trilhão em investimentos, implantou mais de 3 mil projetos de cooperação, criou 420 mil empregos para os países parceiros e tirou cerca de 40 milhões de pessoas da pobreza nesses países”.

“A Iniciativa Cinturão e Rota é uma iniciativa de cooperação internacional aberta e inclusiva, sem quaisquer intenções militares ou geoestratégicas. A cooperação entre a China e os países parceiros baseia-se nos princípios da participação voluntária, igualdade, benefício mútuo, abertura e transparência. Nenhum dos países parceiros concorda com a alegação de que a Iniciativa Cinturão e Rota causa a chamada ‘armadilha da dívida’”, afirmou a chancelaria de Pequim.

“A parceria entre a China e os países da América Latina, incluindo o Brasil, se baseia em respeito mútuo, igualdade, benefício recíproco, abertura e transparência. Foi implantado um grande número de projetos de alto padrão, sustentáveis e centrados no bem-estar do povo em áreas como comunicação, logística, transporte, agricultura, energia, eletricidade, habitação e construção urbana, o que tem estimulado o desenvolvimento econômico local e melhorado a qualidade de vida das pessoas, trazendo benefícios tangíveis para os países da região e seus povos”, disse a embaixada.

Além disso, o governo comunista afirmou que o governo adota “atitude de tolerância zero em relação à corrupção, exigindo que as empresas chinesas cumpram rigorosamente as leis e regulamentos locais durante os processos de licitação, construção, operação e gerenciamento de projetos”.

Brian Nichols fez campanha contra investimentos chineses nas Américas, durante entrevista exclusiva ao 'Estadão' Foto: WILTON JUNIOR

Reações desse tipo ocorrem somente seguindo instruções diretas de Pequim. A nota da embaixada chinesa em Brasília é mais um exemplo da nova postura assertiva adotada pela diplomacia, sob orientação do presidente Xi Jinping, recém-eleito para um terceiro mandato inédito e secretário-geral do Partido Comunista Chinês. Os EUA e a China protagonizam uma disputam global que acirrou os embates diplomáticos.

“Algumas pessoas dos EUA estão empenhadas em difamar a cooperação da China com o Brasil e outros países da América Latina apenas com base em especulações subjetivas, sem conseguir trazer nenhuma evidência convincente. A justiça e a verdade prevalecerão. A China continuará trabalhando com os países latino-americanos, incluindo o Brasil, para aumentar a confiança mútua e expandir a cooperação, de modo a beneficiar os dois povos com resultados mutuamente benéficos e vantajosos para todos”, expressou o porta-voz chinês.

BRASÍLIA - O governo da China reagiu às críticas dos Estados Unidos a seus negócios no Brasil e na América Latina, vocalizadas na semana passada por Brian A. Nichols, secretário de Estado adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, em entrevista exclusiva ao Estadão. Em tom diplomático duro, Pequim protestou contra as declarações de Nichols e afirmou que as considerações dele são “infundadas e ridículas”. Segundo os chineses, o norte-americano quis difamar a parceria e minar as relações sino-brasileiras.

Na entrevista, Nichols afirmou que os projetos de infraestrutura chineses são “enganosos”, apresentam baixa qualidade e, a longo prazo, não influenciam positivamente o crescimento econômico dos países parceiros, que deveriam ser beneficiados. Ainda segundo o diplomata despachado a Brasília pelo presidente Joe Biden, os projetos envolvem casos de corrupção.

Nos últimos meses, os Estados Unidos e aliados europeus têm tentado se contrapor aos interesses chineses na América Latina, África e Ásia, replicando a estratégia chinesa de oferecer financiamento em projetos de infraestrutura. O secretário de Estado Anthony Blinken, esteve recentemente na África e na Ásia Central. A própria visita de Nichols ao Brasil, na qual ele sinalizou que a iniciativa privada americana poderia financiar empreendimentos e energia limpa no País, é um indicativo disso.

“As declarações dos altos funcionários dos EUA são infundadas e ridículas, tendo como objetivo difamar a cooperação econômica externa da China e minar as relações amistosas e cooperativas entre a China e o Brasil e outros países da América Latina. Manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a essas declarações”, afirmou o porta voz da embaixada chinesa em Brasília, ministro-conselheiro Li Qi, em documento oficial enviado ao Estadão.

'Algumas pessoas dos EUA estão empenhadas em difamar a cooperação da China com o Brasil e outros países da América Latina apenas com base em especulações subjetivas, sem conseguir trazer nenhuma evidência convincente', diz o porta-voz da China em Brasília, Li Qi Foto: Ricardo Stuckert/PR

O embaixador Brian Nichols é a principal autoridade no Departamento de Estado dos EUA para tratar de temas relacionados às Américas. Ele foi o segundo diplomata de alto escalão enviado por Biden em missão ao País, desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornou de uma ampla visita de Estado à China, em abril, na qual relançou as relações com Pequim e buscou investimentos.

Na ocasião, Lula assinou 20 acordos governamentais, fez duras críticas ao domínio do dólar e celebrou o entendimento entre os bancos centrais do Brasil e da China para realizar transações diretas entre moedas próprias, o real e o yuan. A viagem ficou marcada por deferências de Xi Jinping a Lula e declarações do petista culpando os EUA pelo prolongamento da guerra na Ucrânia. Lula desagradou a Casa Branca.

Na semana passada, Nichols recebeu o Estadão na embaixada norte-americana. Ele disse que os Estados Unidos têm o dever de responder à ofensiva chinesa em países emergentes, o chamado Sul Global, onde buscam influência econômica e geopolítica. Segundo ele, setores econômicos, empresas e o Estado, por meio de agências governamentais voltadas para financiamento e desenvolvimento, precisam oferecer alternativas concretas aos governantes, para que deixassem de buscar parcerias com o Partido Comunista Chinês.

A principal oferta da China é a Belt and Road, conhecida como Iniciativa Cinturão e Rota ou ainda Nova Rota da Seda. O projeto completa dez anos em 2023 e é um dos focos de expansão da influência chinesa, lançado por Xi Jinping. A iniciativa consiste em uma série de projetos de infraestrutura, financiados pela China ao redor do mundo, criando uma rede de escoamento de produtos, integrada por portos, pontes, hidrovias, rodovias, ferrovias, entre outros.

Mais de 20 países na América Latina já participam. Embora os chineses cortejem o Brasil, há divergências de perspectiva sobre o projeto no governo, e o presidente não assinou adesão participação brasileira quando realizou visita de Estado a Pequim e Xangai, em abril. Mesmo assim, autoridades do governo brasileiro, como presidente da Apex-Brasil, Jorge Viana, afirmaram que o Brasil tem preferência por parcerias com a China para a reindustrialização.

No comunicado diplomático, a embaixada afirmou que a Belt and Road resultou em “quase US$1 trilhão em investimentos, implantou mais de 3 mil projetos de cooperação, criou 420 mil empregos para os países parceiros e tirou cerca de 40 milhões de pessoas da pobreza nesses países”.

“A Iniciativa Cinturão e Rota é uma iniciativa de cooperação internacional aberta e inclusiva, sem quaisquer intenções militares ou geoestratégicas. A cooperação entre a China e os países parceiros baseia-se nos princípios da participação voluntária, igualdade, benefício mútuo, abertura e transparência. Nenhum dos países parceiros concorda com a alegação de que a Iniciativa Cinturão e Rota causa a chamada ‘armadilha da dívida’”, afirmou a chancelaria de Pequim.

“A parceria entre a China e os países da América Latina, incluindo o Brasil, se baseia em respeito mútuo, igualdade, benefício recíproco, abertura e transparência. Foi implantado um grande número de projetos de alto padrão, sustentáveis e centrados no bem-estar do povo em áreas como comunicação, logística, transporte, agricultura, energia, eletricidade, habitação e construção urbana, o que tem estimulado o desenvolvimento econômico local e melhorado a qualidade de vida das pessoas, trazendo benefícios tangíveis para os países da região e seus povos”, disse a embaixada.

Além disso, o governo comunista afirmou que o governo adota “atitude de tolerância zero em relação à corrupção, exigindo que as empresas chinesas cumpram rigorosamente as leis e regulamentos locais durante os processos de licitação, construção, operação e gerenciamento de projetos”.

Brian Nichols fez campanha contra investimentos chineses nas Américas, durante entrevista exclusiva ao 'Estadão' Foto: WILTON JUNIOR

Reações desse tipo ocorrem somente seguindo instruções diretas de Pequim. A nota da embaixada chinesa em Brasília é mais um exemplo da nova postura assertiva adotada pela diplomacia, sob orientação do presidente Xi Jinping, recém-eleito para um terceiro mandato inédito e secretário-geral do Partido Comunista Chinês. Os EUA e a China protagonizam uma disputam global que acirrou os embates diplomáticos.

“Algumas pessoas dos EUA estão empenhadas em difamar a cooperação da China com o Brasil e outros países da América Latina apenas com base em especulações subjetivas, sem conseguir trazer nenhuma evidência convincente. A justiça e a verdade prevalecerão. A China continuará trabalhando com os países latino-americanos, incluindo o Brasil, para aumentar a confiança mútua e expandir a cooperação, de modo a beneficiar os dois povos com resultados mutuamente benéficos e vantajosos para todos”, expressou o porta-voz chinês.

BRASÍLIA - O governo da China reagiu às críticas dos Estados Unidos a seus negócios no Brasil e na América Latina, vocalizadas na semana passada por Brian A. Nichols, secretário de Estado adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, em entrevista exclusiva ao Estadão. Em tom diplomático duro, Pequim protestou contra as declarações de Nichols e afirmou que as considerações dele são “infundadas e ridículas”. Segundo os chineses, o norte-americano quis difamar a parceria e minar as relações sino-brasileiras.

Na entrevista, Nichols afirmou que os projetos de infraestrutura chineses são “enganosos”, apresentam baixa qualidade e, a longo prazo, não influenciam positivamente o crescimento econômico dos países parceiros, que deveriam ser beneficiados. Ainda segundo o diplomata despachado a Brasília pelo presidente Joe Biden, os projetos envolvem casos de corrupção.

Nos últimos meses, os Estados Unidos e aliados europeus têm tentado se contrapor aos interesses chineses na América Latina, África e Ásia, replicando a estratégia chinesa de oferecer financiamento em projetos de infraestrutura. O secretário de Estado Anthony Blinken, esteve recentemente na África e na Ásia Central. A própria visita de Nichols ao Brasil, na qual ele sinalizou que a iniciativa privada americana poderia financiar empreendimentos e energia limpa no País, é um indicativo disso.

“As declarações dos altos funcionários dos EUA são infundadas e ridículas, tendo como objetivo difamar a cooperação econômica externa da China e minar as relações amistosas e cooperativas entre a China e o Brasil e outros países da América Latina. Manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a essas declarações”, afirmou o porta voz da embaixada chinesa em Brasília, ministro-conselheiro Li Qi, em documento oficial enviado ao Estadão.

'Algumas pessoas dos EUA estão empenhadas em difamar a cooperação da China com o Brasil e outros países da América Latina apenas com base em especulações subjetivas, sem conseguir trazer nenhuma evidência convincente', diz o porta-voz da China em Brasília, Li Qi Foto: Ricardo Stuckert/PR

O embaixador Brian Nichols é a principal autoridade no Departamento de Estado dos EUA para tratar de temas relacionados às Américas. Ele foi o segundo diplomata de alto escalão enviado por Biden em missão ao País, desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornou de uma ampla visita de Estado à China, em abril, na qual relançou as relações com Pequim e buscou investimentos.

Na ocasião, Lula assinou 20 acordos governamentais, fez duras críticas ao domínio do dólar e celebrou o entendimento entre os bancos centrais do Brasil e da China para realizar transações diretas entre moedas próprias, o real e o yuan. A viagem ficou marcada por deferências de Xi Jinping a Lula e declarações do petista culpando os EUA pelo prolongamento da guerra na Ucrânia. Lula desagradou a Casa Branca.

Na semana passada, Nichols recebeu o Estadão na embaixada norte-americana. Ele disse que os Estados Unidos têm o dever de responder à ofensiva chinesa em países emergentes, o chamado Sul Global, onde buscam influência econômica e geopolítica. Segundo ele, setores econômicos, empresas e o Estado, por meio de agências governamentais voltadas para financiamento e desenvolvimento, precisam oferecer alternativas concretas aos governantes, para que deixassem de buscar parcerias com o Partido Comunista Chinês.

A principal oferta da China é a Belt and Road, conhecida como Iniciativa Cinturão e Rota ou ainda Nova Rota da Seda. O projeto completa dez anos em 2023 e é um dos focos de expansão da influência chinesa, lançado por Xi Jinping. A iniciativa consiste em uma série de projetos de infraestrutura, financiados pela China ao redor do mundo, criando uma rede de escoamento de produtos, integrada por portos, pontes, hidrovias, rodovias, ferrovias, entre outros.

Mais de 20 países na América Latina já participam. Embora os chineses cortejem o Brasil, há divergências de perspectiva sobre o projeto no governo, e o presidente não assinou adesão participação brasileira quando realizou visita de Estado a Pequim e Xangai, em abril. Mesmo assim, autoridades do governo brasileiro, como presidente da Apex-Brasil, Jorge Viana, afirmaram que o Brasil tem preferência por parcerias com a China para a reindustrialização.

No comunicado diplomático, a embaixada afirmou que a Belt and Road resultou em “quase US$1 trilhão em investimentos, implantou mais de 3 mil projetos de cooperação, criou 420 mil empregos para os países parceiros e tirou cerca de 40 milhões de pessoas da pobreza nesses países”.

“A Iniciativa Cinturão e Rota é uma iniciativa de cooperação internacional aberta e inclusiva, sem quaisquer intenções militares ou geoestratégicas. A cooperação entre a China e os países parceiros baseia-se nos princípios da participação voluntária, igualdade, benefício mútuo, abertura e transparência. Nenhum dos países parceiros concorda com a alegação de que a Iniciativa Cinturão e Rota causa a chamada ‘armadilha da dívida’”, afirmou a chancelaria de Pequim.

“A parceria entre a China e os países da América Latina, incluindo o Brasil, se baseia em respeito mútuo, igualdade, benefício recíproco, abertura e transparência. Foi implantado um grande número de projetos de alto padrão, sustentáveis e centrados no bem-estar do povo em áreas como comunicação, logística, transporte, agricultura, energia, eletricidade, habitação e construção urbana, o que tem estimulado o desenvolvimento econômico local e melhorado a qualidade de vida das pessoas, trazendo benefícios tangíveis para os países da região e seus povos”, disse a embaixada.

Além disso, o governo comunista afirmou que o governo adota “atitude de tolerância zero em relação à corrupção, exigindo que as empresas chinesas cumpram rigorosamente as leis e regulamentos locais durante os processos de licitação, construção, operação e gerenciamento de projetos”.

Brian Nichols fez campanha contra investimentos chineses nas Américas, durante entrevista exclusiva ao 'Estadão' Foto: WILTON JUNIOR

Reações desse tipo ocorrem somente seguindo instruções diretas de Pequim. A nota da embaixada chinesa em Brasília é mais um exemplo da nova postura assertiva adotada pela diplomacia, sob orientação do presidente Xi Jinping, recém-eleito para um terceiro mandato inédito e secretário-geral do Partido Comunista Chinês. Os EUA e a China protagonizam uma disputam global que acirrou os embates diplomáticos.

“Algumas pessoas dos EUA estão empenhadas em difamar a cooperação da China com o Brasil e outros países da América Latina apenas com base em especulações subjetivas, sem conseguir trazer nenhuma evidência convincente. A justiça e a verdade prevalecerão. A China continuará trabalhando com os países latino-americanos, incluindo o Brasil, para aumentar a confiança mútua e expandir a cooperação, de modo a beneficiar os dois povos com resultados mutuamente benéficos e vantajosos para todos”, expressou o porta-voz chinês.

BRASÍLIA - O governo da China reagiu às críticas dos Estados Unidos a seus negócios no Brasil e na América Latina, vocalizadas na semana passada por Brian A. Nichols, secretário de Estado adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, em entrevista exclusiva ao Estadão. Em tom diplomático duro, Pequim protestou contra as declarações de Nichols e afirmou que as considerações dele são “infundadas e ridículas”. Segundo os chineses, o norte-americano quis difamar a parceria e minar as relações sino-brasileiras.

Na entrevista, Nichols afirmou que os projetos de infraestrutura chineses são “enganosos”, apresentam baixa qualidade e, a longo prazo, não influenciam positivamente o crescimento econômico dos países parceiros, que deveriam ser beneficiados. Ainda segundo o diplomata despachado a Brasília pelo presidente Joe Biden, os projetos envolvem casos de corrupção.

Nos últimos meses, os Estados Unidos e aliados europeus têm tentado se contrapor aos interesses chineses na América Latina, África e Ásia, replicando a estratégia chinesa de oferecer financiamento em projetos de infraestrutura. O secretário de Estado Anthony Blinken, esteve recentemente na África e na Ásia Central. A própria visita de Nichols ao Brasil, na qual ele sinalizou que a iniciativa privada americana poderia financiar empreendimentos e energia limpa no País, é um indicativo disso.

“As declarações dos altos funcionários dos EUA são infundadas e ridículas, tendo como objetivo difamar a cooperação econômica externa da China e minar as relações amistosas e cooperativas entre a China e o Brasil e outros países da América Latina. Manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a essas declarações”, afirmou o porta voz da embaixada chinesa em Brasília, ministro-conselheiro Li Qi, em documento oficial enviado ao Estadão.

'Algumas pessoas dos EUA estão empenhadas em difamar a cooperação da China com o Brasil e outros países da América Latina apenas com base em especulações subjetivas, sem conseguir trazer nenhuma evidência convincente', diz o porta-voz da China em Brasília, Li Qi Foto: Ricardo Stuckert/PR

O embaixador Brian Nichols é a principal autoridade no Departamento de Estado dos EUA para tratar de temas relacionados às Américas. Ele foi o segundo diplomata de alto escalão enviado por Biden em missão ao País, desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retornou de uma ampla visita de Estado à China, em abril, na qual relançou as relações com Pequim e buscou investimentos.

Na ocasião, Lula assinou 20 acordos governamentais, fez duras críticas ao domínio do dólar e celebrou o entendimento entre os bancos centrais do Brasil e da China para realizar transações diretas entre moedas próprias, o real e o yuan. A viagem ficou marcada por deferências de Xi Jinping a Lula e declarações do petista culpando os EUA pelo prolongamento da guerra na Ucrânia. Lula desagradou a Casa Branca.

Na semana passada, Nichols recebeu o Estadão na embaixada norte-americana. Ele disse que os Estados Unidos têm o dever de responder à ofensiva chinesa em países emergentes, o chamado Sul Global, onde buscam influência econômica e geopolítica. Segundo ele, setores econômicos, empresas e o Estado, por meio de agências governamentais voltadas para financiamento e desenvolvimento, precisam oferecer alternativas concretas aos governantes, para que deixassem de buscar parcerias com o Partido Comunista Chinês.

A principal oferta da China é a Belt and Road, conhecida como Iniciativa Cinturão e Rota ou ainda Nova Rota da Seda. O projeto completa dez anos em 2023 e é um dos focos de expansão da influência chinesa, lançado por Xi Jinping. A iniciativa consiste em uma série de projetos de infraestrutura, financiados pela China ao redor do mundo, criando uma rede de escoamento de produtos, integrada por portos, pontes, hidrovias, rodovias, ferrovias, entre outros.

Mais de 20 países na América Latina já participam. Embora os chineses cortejem o Brasil, há divergências de perspectiva sobre o projeto no governo, e o presidente não assinou adesão participação brasileira quando realizou visita de Estado a Pequim e Xangai, em abril. Mesmo assim, autoridades do governo brasileiro, como presidente da Apex-Brasil, Jorge Viana, afirmaram que o Brasil tem preferência por parcerias com a China para a reindustrialização.

No comunicado diplomático, a embaixada afirmou que a Belt and Road resultou em “quase US$1 trilhão em investimentos, implantou mais de 3 mil projetos de cooperação, criou 420 mil empregos para os países parceiros e tirou cerca de 40 milhões de pessoas da pobreza nesses países”.

“A Iniciativa Cinturão e Rota é uma iniciativa de cooperação internacional aberta e inclusiva, sem quaisquer intenções militares ou geoestratégicas. A cooperação entre a China e os países parceiros baseia-se nos princípios da participação voluntária, igualdade, benefício mútuo, abertura e transparência. Nenhum dos países parceiros concorda com a alegação de que a Iniciativa Cinturão e Rota causa a chamada ‘armadilha da dívida’”, afirmou a chancelaria de Pequim.

“A parceria entre a China e os países da América Latina, incluindo o Brasil, se baseia em respeito mútuo, igualdade, benefício recíproco, abertura e transparência. Foi implantado um grande número de projetos de alto padrão, sustentáveis e centrados no bem-estar do povo em áreas como comunicação, logística, transporte, agricultura, energia, eletricidade, habitação e construção urbana, o que tem estimulado o desenvolvimento econômico local e melhorado a qualidade de vida das pessoas, trazendo benefícios tangíveis para os países da região e seus povos”, disse a embaixada.

Além disso, o governo comunista afirmou que o governo adota “atitude de tolerância zero em relação à corrupção, exigindo que as empresas chinesas cumpram rigorosamente as leis e regulamentos locais durante os processos de licitação, construção, operação e gerenciamento de projetos”.

Brian Nichols fez campanha contra investimentos chineses nas Américas, durante entrevista exclusiva ao 'Estadão' Foto: WILTON JUNIOR

Reações desse tipo ocorrem somente seguindo instruções diretas de Pequim. A nota da embaixada chinesa em Brasília é mais um exemplo da nova postura assertiva adotada pela diplomacia, sob orientação do presidente Xi Jinping, recém-eleito para um terceiro mandato inédito e secretário-geral do Partido Comunista Chinês. Os EUA e a China protagonizam uma disputam global que acirrou os embates diplomáticos.

“Algumas pessoas dos EUA estão empenhadas em difamar a cooperação da China com o Brasil e outros países da América Latina apenas com base em especulações subjetivas, sem conseguir trazer nenhuma evidência convincente. A justiça e a verdade prevalecerão. A China continuará trabalhando com os países latino-americanos, incluindo o Brasil, para aumentar a confiança mútua e expandir a cooperação, de modo a beneficiar os dois povos com resultados mutuamente benéficos e vantajosos para todos”, expressou o porta-voz chinês.

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