China tem aumento drástico de casos de covid após mudança da política contra a doença


Governo minimizou medidas sanitárias para a covid-19 após protestos nas principais cidades do país

Por Redação

Os protestos contra a política de tolerância zero contra a covid na China surtiram efeito e as pessoas não têm mais medo de dizer que contraíram a doença, o que antes era tabu no país. No entanto, o número de casos disparou e a verdadeira dimensão desse aumento é “impossível” de rastrear, segundo as autoridades de saúde, por conta do fim das políticas contra a covid.

Pequim, com seus 22 milhões de habitantes, é particularmente afetada pela atual onda de contágios, que se propagou a uma grande velocidade nos últimos dias. A situação provoca um choque na China, pois apenas uma parcela mínima dos 1,4 bilhão de habitantes do país testaram positivo para covid-19 desde o início da pandemia no final de 2019.

O país flexibilizou na semana passada as restrições drásticas, após quase três anos de tentativa de erradicar o vírus por completo. O governo decretou o fim da internação automática em centros de quarentena para pessoas que testam positivo para o vírus e interrompeu as campanhas em larga escala de testes PCR, que eram quase obrigatórios.

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Imagem mostra paciente na sala de espera de um hospital em Pequim, nesta quarta-feira, 14. Número de casos suspeitos de covid cresceu na China após flexibilização de medidas Foto: Dake Kang / AP

Como consequência, o número de pessoas que fazem testes diminuiu consideravelmente e a notificação de novos casos caiu, o que dá a falsa impressão de uma situação melhor.

A Comissão Nacional de Saúde afirmou, no entanto, que os dados não refletem mais a realidade. “Muitas pessoas assintomáticas não fazem mais exames PCR, o que torna impossível determinar com precisão o número real de pessoas assintomáticas infectadas”, afirma um comunicado.

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A grande maioria dos chineses agora opta por testes de farmácia e muitos casos não são registrados pelas autoridades.

Plano de abertura continua

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Mas o governo chinês parece determinado a seguir adiante com a abertura. As autoridades turísticas de Pequim anunciaram na terça-feira, 13, a retomada das visitas em grupo dentro e fora da capital.

O país enfrenta um aumento de casos sem estar completamente preparado para administrar a situação, com milhões de idosos ainda sem esquema de vacinação completo e hospitais sem recursos para lidar com um fluxo inesperado de pacientes infectados.

Das pessoas com mais de 80 anos, apenas 66,4% estão com a vacinação (três doses) completa, segundo as autoridades de saúde. Alguns grupos de risco, especialmente as pessoas com mais de 60 anos, podem receber uma quarta dose.

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Com o país seguindo o caminho da convivência com o vírus, muitas pessoas com sintomas optam por permanecer em casa em um momento em que as temperaturas chegam a - 5ºC.

Muitas lojas interromperam as atividades porque vários funcionários estão doentes. Os moradores de Pequim afirmam que os remédios para resfriados estão esgotados nas farmácias, onde são observadas longas filas.

Vários estabelecimentos da capital, como restaurantes, continuam exigindo um teste de PCR negativo de menos de 48 horas. Nesta quarta-feira, 14, um hospital de Pequim registrava fila de 50 pacientes com febre aguardando por uma consulta.

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A demanda por testes de antígenos e medicamentos gerou um mercado paralelo com preços astronômicos. Alguns compradores tentam encontrar os produtos por meio de “traficantes” cujos contatos circulam nos grupos do aplicativo de mensagens WeChat.

Fim do tabu

Com a mudança radical no tratamento dado ao combate à covid, os cidadãos agora não hesitam em publicar nas redes sociais que testaram positivo e explicar a evolução da doença. “Ressuscitei!”, escreveu uma pessoa na rede social Xiaohongshu, a versão chinesa do Instagram, com uma foto de cinco testes de antígenos positivos e um negativo.

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Durante muito tempo, as pessoas escondiam ter contraído o coronavírus. Mesmo os pacientes que se recuperaram por completo se viam isolados socialmente e discriminados em sua busca por emprego.

“No terceiro dia do meu retorno ao escritório, testei positivo”, contou uma moradora de Pequim no Xiaohongshu, publicando uma foto de seu teste antigênico marcado com duas barras vermelhas.

“Estou com febre”, escreve outro, enquanto publicações parecidas nas redes sociais chegam aos milhares em uma semana.

Também no Xiaohongshu, a influenciadora “Mm”, de Pequim, conhecida por compartilhar suas compras de luxo, não hesitou em avisar seus seguidores que ela também estava com covid. “Não dá muito medo. Você só tem que se adaptar e beber mais água”, aconselha, listando todos os seus sintomas, junto com a foto de um buquê de rosas.

Receitas de tratamentos caseiros, de eficácia científica duvidosa, também viralizaram nas redes. Um deles recomenda laranjas cozidas no vapor com sal para aliviar a dor de garganta, enquanto outro sugere comer pêssegos amarelos enlatados, um tratamento tradicional para crianças chinesas doentes.

A mudança de tom on-line reflete o novo discurso dos últimos dias das autoridades e dos veículos de comunicação estatais, que garantem que o vírus é seguro, depois de terem afirmado o contrário por quase três anos. /AFP e NYT

Os protestos contra a política de tolerância zero contra a covid na China surtiram efeito e as pessoas não têm mais medo de dizer que contraíram a doença, o que antes era tabu no país. No entanto, o número de casos disparou e a verdadeira dimensão desse aumento é “impossível” de rastrear, segundo as autoridades de saúde, por conta do fim das políticas contra a covid.

Pequim, com seus 22 milhões de habitantes, é particularmente afetada pela atual onda de contágios, que se propagou a uma grande velocidade nos últimos dias. A situação provoca um choque na China, pois apenas uma parcela mínima dos 1,4 bilhão de habitantes do país testaram positivo para covid-19 desde o início da pandemia no final de 2019.

O país flexibilizou na semana passada as restrições drásticas, após quase três anos de tentativa de erradicar o vírus por completo. O governo decretou o fim da internação automática em centros de quarentena para pessoas que testam positivo para o vírus e interrompeu as campanhas em larga escala de testes PCR, que eram quase obrigatórios.

Imagem mostra paciente na sala de espera de um hospital em Pequim, nesta quarta-feira, 14. Número de casos suspeitos de covid cresceu na China após flexibilização de medidas Foto: Dake Kang / AP

Como consequência, o número de pessoas que fazem testes diminuiu consideravelmente e a notificação de novos casos caiu, o que dá a falsa impressão de uma situação melhor.

A Comissão Nacional de Saúde afirmou, no entanto, que os dados não refletem mais a realidade. “Muitas pessoas assintomáticas não fazem mais exames PCR, o que torna impossível determinar com precisão o número real de pessoas assintomáticas infectadas”, afirma um comunicado.

A grande maioria dos chineses agora opta por testes de farmácia e muitos casos não são registrados pelas autoridades.

Plano de abertura continua

Mas o governo chinês parece determinado a seguir adiante com a abertura. As autoridades turísticas de Pequim anunciaram na terça-feira, 13, a retomada das visitas em grupo dentro e fora da capital.

O país enfrenta um aumento de casos sem estar completamente preparado para administrar a situação, com milhões de idosos ainda sem esquema de vacinação completo e hospitais sem recursos para lidar com um fluxo inesperado de pacientes infectados.

Das pessoas com mais de 80 anos, apenas 66,4% estão com a vacinação (três doses) completa, segundo as autoridades de saúde. Alguns grupos de risco, especialmente as pessoas com mais de 60 anos, podem receber uma quarta dose.

Com o país seguindo o caminho da convivência com o vírus, muitas pessoas com sintomas optam por permanecer em casa em um momento em que as temperaturas chegam a - 5ºC.

Muitas lojas interromperam as atividades porque vários funcionários estão doentes. Os moradores de Pequim afirmam que os remédios para resfriados estão esgotados nas farmácias, onde são observadas longas filas.

Vários estabelecimentos da capital, como restaurantes, continuam exigindo um teste de PCR negativo de menos de 48 horas. Nesta quarta-feira, 14, um hospital de Pequim registrava fila de 50 pacientes com febre aguardando por uma consulta.

A demanda por testes de antígenos e medicamentos gerou um mercado paralelo com preços astronômicos. Alguns compradores tentam encontrar os produtos por meio de “traficantes” cujos contatos circulam nos grupos do aplicativo de mensagens WeChat.

Fim do tabu

Com a mudança radical no tratamento dado ao combate à covid, os cidadãos agora não hesitam em publicar nas redes sociais que testaram positivo e explicar a evolução da doença. “Ressuscitei!”, escreveu uma pessoa na rede social Xiaohongshu, a versão chinesa do Instagram, com uma foto de cinco testes de antígenos positivos e um negativo.

Durante muito tempo, as pessoas escondiam ter contraído o coronavírus. Mesmo os pacientes que se recuperaram por completo se viam isolados socialmente e discriminados em sua busca por emprego.

“No terceiro dia do meu retorno ao escritório, testei positivo”, contou uma moradora de Pequim no Xiaohongshu, publicando uma foto de seu teste antigênico marcado com duas barras vermelhas.

“Estou com febre”, escreve outro, enquanto publicações parecidas nas redes sociais chegam aos milhares em uma semana.

Também no Xiaohongshu, a influenciadora “Mm”, de Pequim, conhecida por compartilhar suas compras de luxo, não hesitou em avisar seus seguidores que ela também estava com covid. “Não dá muito medo. Você só tem que se adaptar e beber mais água”, aconselha, listando todos os seus sintomas, junto com a foto de um buquê de rosas.

Receitas de tratamentos caseiros, de eficácia científica duvidosa, também viralizaram nas redes. Um deles recomenda laranjas cozidas no vapor com sal para aliviar a dor de garganta, enquanto outro sugere comer pêssegos amarelos enlatados, um tratamento tradicional para crianças chinesas doentes.

A mudança de tom on-line reflete o novo discurso dos últimos dias das autoridades e dos veículos de comunicação estatais, que garantem que o vírus é seguro, depois de terem afirmado o contrário por quase três anos. /AFP e NYT

Os protestos contra a política de tolerância zero contra a covid na China surtiram efeito e as pessoas não têm mais medo de dizer que contraíram a doença, o que antes era tabu no país. No entanto, o número de casos disparou e a verdadeira dimensão desse aumento é “impossível” de rastrear, segundo as autoridades de saúde, por conta do fim das políticas contra a covid.

Pequim, com seus 22 milhões de habitantes, é particularmente afetada pela atual onda de contágios, que se propagou a uma grande velocidade nos últimos dias. A situação provoca um choque na China, pois apenas uma parcela mínima dos 1,4 bilhão de habitantes do país testaram positivo para covid-19 desde o início da pandemia no final de 2019.

O país flexibilizou na semana passada as restrições drásticas, após quase três anos de tentativa de erradicar o vírus por completo. O governo decretou o fim da internação automática em centros de quarentena para pessoas que testam positivo para o vírus e interrompeu as campanhas em larga escala de testes PCR, que eram quase obrigatórios.

Imagem mostra paciente na sala de espera de um hospital em Pequim, nesta quarta-feira, 14. Número de casos suspeitos de covid cresceu na China após flexibilização de medidas Foto: Dake Kang / AP

Como consequência, o número de pessoas que fazem testes diminuiu consideravelmente e a notificação de novos casos caiu, o que dá a falsa impressão de uma situação melhor.

A Comissão Nacional de Saúde afirmou, no entanto, que os dados não refletem mais a realidade. “Muitas pessoas assintomáticas não fazem mais exames PCR, o que torna impossível determinar com precisão o número real de pessoas assintomáticas infectadas”, afirma um comunicado.

A grande maioria dos chineses agora opta por testes de farmácia e muitos casos não são registrados pelas autoridades.

Plano de abertura continua

Mas o governo chinês parece determinado a seguir adiante com a abertura. As autoridades turísticas de Pequim anunciaram na terça-feira, 13, a retomada das visitas em grupo dentro e fora da capital.

O país enfrenta um aumento de casos sem estar completamente preparado para administrar a situação, com milhões de idosos ainda sem esquema de vacinação completo e hospitais sem recursos para lidar com um fluxo inesperado de pacientes infectados.

Das pessoas com mais de 80 anos, apenas 66,4% estão com a vacinação (três doses) completa, segundo as autoridades de saúde. Alguns grupos de risco, especialmente as pessoas com mais de 60 anos, podem receber uma quarta dose.

Com o país seguindo o caminho da convivência com o vírus, muitas pessoas com sintomas optam por permanecer em casa em um momento em que as temperaturas chegam a - 5ºC.

Muitas lojas interromperam as atividades porque vários funcionários estão doentes. Os moradores de Pequim afirmam que os remédios para resfriados estão esgotados nas farmácias, onde são observadas longas filas.

Vários estabelecimentos da capital, como restaurantes, continuam exigindo um teste de PCR negativo de menos de 48 horas. Nesta quarta-feira, 14, um hospital de Pequim registrava fila de 50 pacientes com febre aguardando por uma consulta.

A demanda por testes de antígenos e medicamentos gerou um mercado paralelo com preços astronômicos. Alguns compradores tentam encontrar os produtos por meio de “traficantes” cujos contatos circulam nos grupos do aplicativo de mensagens WeChat.

Fim do tabu

Com a mudança radical no tratamento dado ao combate à covid, os cidadãos agora não hesitam em publicar nas redes sociais que testaram positivo e explicar a evolução da doença. “Ressuscitei!”, escreveu uma pessoa na rede social Xiaohongshu, a versão chinesa do Instagram, com uma foto de cinco testes de antígenos positivos e um negativo.

Durante muito tempo, as pessoas escondiam ter contraído o coronavírus. Mesmo os pacientes que se recuperaram por completo se viam isolados socialmente e discriminados em sua busca por emprego.

“No terceiro dia do meu retorno ao escritório, testei positivo”, contou uma moradora de Pequim no Xiaohongshu, publicando uma foto de seu teste antigênico marcado com duas barras vermelhas.

“Estou com febre”, escreve outro, enquanto publicações parecidas nas redes sociais chegam aos milhares em uma semana.

Também no Xiaohongshu, a influenciadora “Mm”, de Pequim, conhecida por compartilhar suas compras de luxo, não hesitou em avisar seus seguidores que ela também estava com covid. “Não dá muito medo. Você só tem que se adaptar e beber mais água”, aconselha, listando todos os seus sintomas, junto com a foto de um buquê de rosas.

Receitas de tratamentos caseiros, de eficácia científica duvidosa, também viralizaram nas redes. Um deles recomenda laranjas cozidas no vapor com sal para aliviar a dor de garganta, enquanto outro sugere comer pêssegos amarelos enlatados, um tratamento tradicional para crianças chinesas doentes.

A mudança de tom on-line reflete o novo discurso dos últimos dias das autoridades e dos veículos de comunicação estatais, que garantem que o vírus é seguro, depois de terem afirmado o contrário por quase três anos. /AFP e NYT

Os protestos contra a política de tolerância zero contra a covid na China surtiram efeito e as pessoas não têm mais medo de dizer que contraíram a doença, o que antes era tabu no país. No entanto, o número de casos disparou e a verdadeira dimensão desse aumento é “impossível” de rastrear, segundo as autoridades de saúde, por conta do fim das políticas contra a covid.

Pequim, com seus 22 milhões de habitantes, é particularmente afetada pela atual onda de contágios, que se propagou a uma grande velocidade nos últimos dias. A situação provoca um choque na China, pois apenas uma parcela mínima dos 1,4 bilhão de habitantes do país testaram positivo para covid-19 desde o início da pandemia no final de 2019.

O país flexibilizou na semana passada as restrições drásticas, após quase três anos de tentativa de erradicar o vírus por completo. O governo decretou o fim da internação automática em centros de quarentena para pessoas que testam positivo para o vírus e interrompeu as campanhas em larga escala de testes PCR, que eram quase obrigatórios.

Imagem mostra paciente na sala de espera de um hospital em Pequim, nesta quarta-feira, 14. Número de casos suspeitos de covid cresceu na China após flexibilização de medidas Foto: Dake Kang / AP

Como consequência, o número de pessoas que fazem testes diminuiu consideravelmente e a notificação de novos casos caiu, o que dá a falsa impressão de uma situação melhor.

A Comissão Nacional de Saúde afirmou, no entanto, que os dados não refletem mais a realidade. “Muitas pessoas assintomáticas não fazem mais exames PCR, o que torna impossível determinar com precisão o número real de pessoas assintomáticas infectadas”, afirma um comunicado.

A grande maioria dos chineses agora opta por testes de farmácia e muitos casos não são registrados pelas autoridades.

Plano de abertura continua

Mas o governo chinês parece determinado a seguir adiante com a abertura. As autoridades turísticas de Pequim anunciaram na terça-feira, 13, a retomada das visitas em grupo dentro e fora da capital.

O país enfrenta um aumento de casos sem estar completamente preparado para administrar a situação, com milhões de idosos ainda sem esquema de vacinação completo e hospitais sem recursos para lidar com um fluxo inesperado de pacientes infectados.

Das pessoas com mais de 80 anos, apenas 66,4% estão com a vacinação (três doses) completa, segundo as autoridades de saúde. Alguns grupos de risco, especialmente as pessoas com mais de 60 anos, podem receber uma quarta dose.

Com o país seguindo o caminho da convivência com o vírus, muitas pessoas com sintomas optam por permanecer em casa em um momento em que as temperaturas chegam a - 5ºC.

Muitas lojas interromperam as atividades porque vários funcionários estão doentes. Os moradores de Pequim afirmam que os remédios para resfriados estão esgotados nas farmácias, onde são observadas longas filas.

Vários estabelecimentos da capital, como restaurantes, continuam exigindo um teste de PCR negativo de menos de 48 horas. Nesta quarta-feira, 14, um hospital de Pequim registrava fila de 50 pacientes com febre aguardando por uma consulta.

A demanda por testes de antígenos e medicamentos gerou um mercado paralelo com preços astronômicos. Alguns compradores tentam encontrar os produtos por meio de “traficantes” cujos contatos circulam nos grupos do aplicativo de mensagens WeChat.

Fim do tabu

Com a mudança radical no tratamento dado ao combate à covid, os cidadãos agora não hesitam em publicar nas redes sociais que testaram positivo e explicar a evolução da doença. “Ressuscitei!”, escreveu uma pessoa na rede social Xiaohongshu, a versão chinesa do Instagram, com uma foto de cinco testes de antígenos positivos e um negativo.

Durante muito tempo, as pessoas escondiam ter contraído o coronavírus. Mesmo os pacientes que se recuperaram por completo se viam isolados socialmente e discriminados em sua busca por emprego.

“No terceiro dia do meu retorno ao escritório, testei positivo”, contou uma moradora de Pequim no Xiaohongshu, publicando uma foto de seu teste antigênico marcado com duas barras vermelhas.

“Estou com febre”, escreve outro, enquanto publicações parecidas nas redes sociais chegam aos milhares em uma semana.

Também no Xiaohongshu, a influenciadora “Mm”, de Pequim, conhecida por compartilhar suas compras de luxo, não hesitou em avisar seus seguidores que ela também estava com covid. “Não dá muito medo. Você só tem que se adaptar e beber mais água”, aconselha, listando todos os seus sintomas, junto com a foto de um buquê de rosas.

Receitas de tratamentos caseiros, de eficácia científica duvidosa, também viralizaram nas redes. Um deles recomenda laranjas cozidas no vapor com sal para aliviar a dor de garganta, enquanto outro sugere comer pêssegos amarelos enlatados, um tratamento tradicional para crianças chinesas doentes.

A mudança de tom on-line reflete o novo discurso dos últimos dias das autoridades e dos veículos de comunicação estatais, que garantem que o vírus é seguro, depois de terem afirmado o contrário por quase três anos. /AFP e NYT

Os protestos contra a política de tolerância zero contra a covid na China surtiram efeito e as pessoas não têm mais medo de dizer que contraíram a doença, o que antes era tabu no país. No entanto, o número de casos disparou e a verdadeira dimensão desse aumento é “impossível” de rastrear, segundo as autoridades de saúde, por conta do fim das políticas contra a covid.

Pequim, com seus 22 milhões de habitantes, é particularmente afetada pela atual onda de contágios, que se propagou a uma grande velocidade nos últimos dias. A situação provoca um choque na China, pois apenas uma parcela mínima dos 1,4 bilhão de habitantes do país testaram positivo para covid-19 desde o início da pandemia no final de 2019.

O país flexibilizou na semana passada as restrições drásticas, após quase três anos de tentativa de erradicar o vírus por completo. O governo decretou o fim da internação automática em centros de quarentena para pessoas que testam positivo para o vírus e interrompeu as campanhas em larga escala de testes PCR, que eram quase obrigatórios.

Imagem mostra paciente na sala de espera de um hospital em Pequim, nesta quarta-feira, 14. Número de casos suspeitos de covid cresceu na China após flexibilização de medidas Foto: Dake Kang / AP

Como consequência, o número de pessoas que fazem testes diminuiu consideravelmente e a notificação de novos casos caiu, o que dá a falsa impressão de uma situação melhor.

A Comissão Nacional de Saúde afirmou, no entanto, que os dados não refletem mais a realidade. “Muitas pessoas assintomáticas não fazem mais exames PCR, o que torna impossível determinar com precisão o número real de pessoas assintomáticas infectadas”, afirma um comunicado.

A grande maioria dos chineses agora opta por testes de farmácia e muitos casos não são registrados pelas autoridades.

Plano de abertura continua

Mas o governo chinês parece determinado a seguir adiante com a abertura. As autoridades turísticas de Pequim anunciaram na terça-feira, 13, a retomada das visitas em grupo dentro e fora da capital.

O país enfrenta um aumento de casos sem estar completamente preparado para administrar a situação, com milhões de idosos ainda sem esquema de vacinação completo e hospitais sem recursos para lidar com um fluxo inesperado de pacientes infectados.

Das pessoas com mais de 80 anos, apenas 66,4% estão com a vacinação (três doses) completa, segundo as autoridades de saúde. Alguns grupos de risco, especialmente as pessoas com mais de 60 anos, podem receber uma quarta dose.

Com o país seguindo o caminho da convivência com o vírus, muitas pessoas com sintomas optam por permanecer em casa em um momento em que as temperaturas chegam a - 5ºC.

Muitas lojas interromperam as atividades porque vários funcionários estão doentes. Os moradores de Pequim afirmam que os remédios para resfriados estão esgotados nas farmácias, onde são observadas longas filas.

Vários estabelecimentos da capital, como restaurantes, continuam exigindo um teste de PCR negativo de menos de 48 horas. Nesta quarta-feira, 14, um hospital de Pequim registrava fila de 50 pacientes com febre aguardando por uma consulta.

A demanda por testes de antígenos e medicamentos gerou um mercado paralelo com preços astronômicos. Alguns compradores tentam encontrar os produtos por meio de “traficantes” cujos contatos circulam nos grupos do aplicativo de mensagens WeChat.

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Durante muito tempo, as pessoas escondiam ter contraído o coronavírus. Mesmo os pacientes que se recuperaram por completo se viam isolados socialmente e discriminados em sua busca por emprego.

“No terceiro dia do meu retorno ao escritório, testei positivo”, contou uma moradora de Pequim no Xiaohongshu, publicando uma foto de seu teste antigênico marcado com duas barras vermelhas.

“Estou com febre”, escreve outro, enquanto publicações parecidas nas redes sociais chegam aos milhares em uma semana.

Também no Xiaohongshu, a influenciadora “Mm”, de Pequim, conhecida por compartilhar suas compras de luxo, não hesitou em avisar seus seguidores que ela também estava com covid. “Não dá muito medo. Você só tem que se adaptar e beber mais água”, aconselha, listando todos os seus sintomas, junto com a foto de um buquê de rosas.

Receitas de tratamentos caseiros, de eficácia científica duvidosa, também viralizaram nas redes. Um deles recomenda laranjas cozidas no vapor com sal para aliviar a dor de garganta, enquanto outro sugere comer pêssegos amarelos enlatados, um tratamento tradicional para crianças chinesas doentes.

A mudança de tom on-line reflete o novo discurso dos últimos dias das autoridades e dos veículos de comunicação estatais, que garantem que o vírus é seguro, depois de terem afirmado o contrário por quase três anos. /AFP e NYT

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