CIA admite ter perdido dezenas de informantes


Autoridades reconhecem que muitos espiões recrutados pelos EUA foram capturados, mortos ou já não podem ser acionados 

Por Julian E. Barnes e Adam Goldman
Atualização:

WASHINGTON - Autoridades americanas alertaram a todos os postos da CIA (Agência de Inteligência Americana), na semana passada, que informantes recrutados pelos Estados Unidos estão sendo capturados, mortos ou já não podem ser acionados. Além da habilidade dos rivais em transformar espiões em agentes duplos, a tecnologia – inteligência artificial, leitura biométrica e reconhecimento facial – facilitou a identificação de agentes dos EUA.

Segundo pessoas que leram a mensagem, enviada por meio de um telegrama secreto, na semana passada, o centro de missões de contrainteligência da CIA analisou dezenas de casos envolvendo informantes estrangeiros. Apesar de breve, o telegrama informou o número específico de agentes assassinados por agências rivais – um segredo mantido a sete chaves, que autoridades não costumam compartilhar.

O telegrama ressaltou a luta da CIA para recrutar espiões em ambientes difíceis de operar. Nos anos recentes, serviços de inteligência rivais, de Rússia, China, Irã e Paquistão, têm caçado informantes americanos e, em alguns casos, transformando-os em agentes duplos.

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Combatentes do Taleban caminham sobre o que restou de base da CIA em Cabul: americanos subestimaram agências de países rivais Foto: Victor J. Blue/The New York Times

Reconhecendo que recrutar espiões é um negócio de alto risco, o telegrama levantou questões que têm assombrado a agência, incluindo métodos clandestinos; confiar demais em informantes; subestimar agências estrangeiras e acionar informantes rápido demais, sem atentar para riscos de contrainteligência.

O grande número de informantes comprometidos também demonstrou a crescente habilidade de outros países em empregar inovações tecnológicas como escaneamentos biométricos, reconhecimento facial, inteligência artificial e hackers para seguir agentes americanos.

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Enquanto a CIA possui diversas maneiras de coletar informações de inteligência, sua rede de informantes espalhados pelo mundo continua no centro de seus esforços, um tipo de inteligência pelo qual a agência é reconhecida como a melhor do mundo, em termos de coleta e análise.

Assunto urgente

A perda de informantes não é um problema novo, mas o telegrama demonstra que o assunto é mais urgente do que se imaginava. O alerta foi destinado aos investigadores na linha de frente da agência, pessoas envolvidas diretamente com o recrutamento e a verificação dos informantes.

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Uma das razões para o telegrama, afirmaram fontes familiarizadas com o documento, foi estimular os investigadores da CIA a pensar a respeito dos passos que podem tomar por conta própria para gerenciar melhor a rede. “Ninguém está sendo responsabilizado quando as coisas vão mal”, afirmou Douglas London, ex-agente da CIA. “Às vezes, as coisas fogem do nosso controle, mas também há ocasiões em que desleixos, negligências e pessoas que ocupam cargos graduados não são responsabilizados.”

O telegrama indica que a agência subestimou seus rivais, habilidosos na caça a espiões. Às vezes, informantes identificados por serviços rivais são convertidos em agentes duplos, em lugar de presos, passando então a repassar desinformação à CIA, o que pode ter um efeito devastador na coleta e análise de informações sigilosas. Os paquistaneses têm sido eficazes nisso, disseram ex-funcionários.

O colapso do governo afegão significa que será mais importante do que nunca saber mais a respeito do elos entre Paquistão e Taleban, assim como com as organizações extremistas na região. Como resultado, a CIA se vê novamente pressionada a criar e manter redes de informantes no Paquistão, um país especialista em romper tais redes.

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Uma invasão do sistema de comunicação confidencial, ou “covcom”, usado pela CIA ajudou a desmascarar as redes da agência americana na China e no Irã, de acordo com ex-funcionários. Em ambos os casos, informantes foram executados. Outros tiveram de ser tirados dos países em que operavam.

Monica Elfriede Witt, ex-sargento da Força Aérea que desertou para o Irã, foi acusada de passar informações aos iranianos, em 2019. No mesmo ano, Jerry Chun Shing Lee, ex-agente da CIA, foi sentenciado a 19 anos de prisão por fornecer informações secretas ao governo chinês.

Ex-funcionários dizem que não faltam exemplos de casos em que a CIA estava tão concentrada na própria missão que não deu a devida atenção às medidas de segurança. E, em certos momentos, a traição de um agente pode ter consequências letais. 

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O atentado a bomba contra uma base da CIA, em 2009, em Khost, no Afeganistão, que matou sete funcionários da agência, foi um exemplo de que o foco na missão afetou a segurança. No ataque suicida, um médico jordaniano que os americanos acreditavam ter se infiltrado na Al-Qaeda havia, na verdade, virado um agente duplo. Questionada, a CIA recusou-se a comentar a mensagem. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

WASHINGTON - Autoridades americanas alertaram a todos os postos da CIA (Agência de Inteligência Americana), na semana passada, que informantes recrutados pelos Estados Unidos estão sendo capturados, mortos ou já não podem ser acionados. Além da habilidade dos rivais em transformar espiões em agentes duplos, a tecnologia – inteligência artificial, leitura biométrica e reconhecimento facial – facilitou a identificação de agentes dos EUA.

Segundo pessoas que leram a mensagem, enviada por meio de um telegrama secreto, na semana passada, o centro de missões de contrainteligência da CIA analisou dezenas de casos envolvendo informantes estrangeiros. Apesar de breve, o telegrama informou o número específico de agentes assassinados por agências rivais – um segredo mantido a sete chaves, que autoridades não costumam compartilhar.

O telegrama ressaltou a luta da CIA para recrutar espiões em ambientes difíceis de operar. Nos anos recentes, serviços de inteligência rivais, de Rússia, China, Irã e Paquistão, têm caçado informantes americanos e, em alguns casos, transformando-os em agentes duplos.

Combatentes do Taleban caminham sobre o que restou de base da CIA em Cabul: americanos subestimaram agências de países rivais Foto: Victor J. Blue/The New York Times

Reconhecendo que recrutar espiões é um negócio de alto risco, o telegrama levantou questões que têm assombrado a agência, incluindo métodos clandestinos; confiar demais em informantes; subestimar agências estrangeiras e acionar informantes rápido demais, sem atentar para riscos de contrainteligência.

O grande número de informantes comprometidos também demonstrou a crescente habilidade de outros países em empregar inovações tecnológicas como escaneamentos biométricos, reconhecimento facial, inteligência artificial e hackers para seguir agentes americanos.

Enquanto a CIA possui diversas maneiras de coletar informações de inteligência, sua rede de informantes espalhados pelo mundo continua no centro de seus esforços, um tipo de inteligência pelo qual a agência é reconhecida como a melhor do mundo, em termos de coleta e análise.

Assunto urgente

A perda de informantes não é um problema novo, mas o telegrama demonstra que o assunto é mais urgente do que se imaginava. O alerta foi destinado aos investigadores na linha de frente da agência, pessoas envolvidas diretamente com o recrutamento e a verificação dos informantes.

Uma das razões para o telegrama, afirmaram fontes familiarizadas com o documento, foi estimular os investigadores da CIA a pensar a respeito dos passos que podem tomar por conta própria para gerenciar melhor a rede. “Ninguém está sendo responsabilizado quando as coisas vão mal”, afirmou Douglas London, ex-agente da CIA. “Às vezes, as coisas fogem do nosso controle, mas também há ocasiões em que desleixos, negligências e pessoas que ocupam cargos graduados não são responsabilizados.”

O telegrama indica que a agência subestimou seus rivais, habilidosos na caça a espiões. Às vezes, informantes identificados por serviços rivais são convertidos em agentes duplos, em lugar de presos, passando então a repassar desinformação à CIA, o que pode ter um efeito devastador na coleta e análise de informações sigilosas. Os paquistaneses têm sido eficazes nisso, disseram ex-funcionários.

O colapso do governo afegão significa que será mais importante do que nunca saber mais a respeito do elos entre Paquistão e Taleban, assim como com as organizações extremistas na região. Como resultado, a CIA se vê novamente pressionada a criar e manter redes de informantes no Paquistão, um país especialista em romper tais redes.

Uma invasão do sistema de comunicação confidencial, ou “covcom”, usado pela CIA ajudou a desmascarar as redes da agência americana na China e no Irã, de acordo com ex-funcionários. Em ambos os casos, informantes foram executados. Outros tiveram de ser tirados dos países em que operavam.

Monica Elfriede Witt, ex-sargento da Força Aérea que desertou para o Irã, foi acusada de passar informações aos iranianos, em 2019. No mesmo ano, Jerry Chun Shing Lee, ex-agente da CIA, foi sentenciado a 19 anos de prisão por fornecer informações secretas ao governo chinês.

Ex-funcionários dizem que não faltam exemplos de casos em que a CIA estava tão concentrada na própria missão que não deu a devida atenção às medidas de segurança. E, em certos momentos, a traição de um agente pode ter consequências letais. 

O atentado a bomba contra uma base da CIA, em 2009, em Khost, no Afeganistão, que matou sete funcionários da agência, foi um exemplo de que o foco na missão afetou a segurança. No ataque suicida, um médico jordaniano que os americanos acreditavam ter se infiltrado na Al-Qaeda havia, na verdade, virado um agente duplo. Questionada, a CIA recusou-se a comentar a mensagem. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

WASHINGTON - Autoridades americanas alertaram a todos os postos da CIA (Agência de Inteligência Americana), na semana passada, que informantes recrutados pelos Estados Unidos estão sendo capturados, mortos ou já não podem ser acionados. Além da habilidade dos rivais em transformar espiões em agentes duplos, a tecnologia – inteligência artificial, leitura biométrica e reconhecimento facial – facilitou a identificação de agentes dos EUA.

Segundo pessoas que leram a mensagem, enviada por meio de um telegrama secreto, na semana passada, o centro de missões de contrainteligência da CIA analisou dezenas de casos envolvendo informantes estrangeiros. Apesar de breve, o telegrama informou o número específico de agentes assassinados por agências rivais – um segredo mantido a sete chaves, que autoridades não costumam compartilhar.

O telegrama ressaltou a luta da CIA para recrutar espiões em ambientes difíceis de operar. Nos anos recentes, serviços de inteligência rivais, de Rússia, China, Irã e Paquistão, têm caçado informantes americanos e, em alguns casos, transformando-os em agentes duplos.

Combatentes do Taleban caminham sobre o que restou de base da CIA em Cabul: americanos subestimaram agências de países rivais Foto: Victor J. Blue/The New York Times

Reconhecendo que recrutar espiões é um negócio de alto risco, o telegrama levantou questões que têm assombrado a agência, incluindo métodos clandestinos; confiar demais em informantes; subestimar agências estrangeiras e acionar informantes rápido demais, sem atentar para riscos de contrainteligência.

O grande número de informantes comprometidos também demonstrou a crescente habilidade de outros países em empregar inovações tecnológicas como escaneamentos biométricos, reconhecimento facial, inteligência artificial e hackers para seguir agentes americanos.

Enquanto a CIA possui diversas maneiras de coletar informações de inteligência, sua rede de informantes espalhados pelo mundo continua no centro de seus esforços, um tipo de inteligência pelo qual a agência é reconhecida como a melhor do mundo, em termos de coleta e análise.

Assunto urgente

A perda de informantes não é um problema novo, mas o telegrama demonstra que o assunto é mais urgente do que se imaginava. O alerta foi destinado aos investigadores na linha de frente da agência, pessoas envolvidas diretamente com o recrutamento e a verificação dos informantes.

Uma das razões para o telegrama, afirmaram fontes familiarizadas com o documento, foi estimular os investigadores da CIA a pensar a respeito dos passos que podem tomar por conta própria para gerenciar melhor a rede. “Ninguém está sendo responsabilizado quando as coisas vão mal”, afirmou Douglas London, ex-agente da CIA. “Às vezes, as coisas fogem do nosso controle, mas também há ocasiões em que desleixos, negligências e pessoas que ocupam cargos graduados não são responsabilizados.”

O telegrama indica que a agência subestimou seus rivais, habilidosos na caça a espiões. Às vezes, informantes identificados por serviços rivais são convertidos em agentes duplos, em lugar de presos, passando então a repassar desinformação à CIA, o que pode ter um efeito devastador na coleta e análise de informações sigilosas. Os paquistaneses têm sido eficazes nisso, disseram ex-funcionários.

O colapso do governo afegão significa que será mais importante do que nunca saber mais a respeito do elos entre Paquistão e Taleban, assim como com as organizações extremistas na região. Como resultado, a CIA se vê novamente pressionada a criar e manter redes de informantes no Paquistão, um país especialista em romper tais redes.

Uma invasão do sistema de comunicação confidencial, ou “covcom”, usado pela CIA ajudou a desmascarar as redes da agência americana na China e no Irã, de acordo com ex-funcionários. Em ambos os casos, informantes foram executados. Outros tiveram de ser tirados dos países em que operavam.

Monica Elfriede Witt, ex-sargento da Força Aérea que desertou para o Irã, foi acusada de passar informações aos iranianos, em 2019. No mesmo ano, Jerry Chun Shing Lee, ex-agente da CIA, foi sentenciado a 19 anos de prisão por fornecer informações secretas ao governo chinês.

Ex-funcionários dizem que não faltam exemplos de casos em que a CIA estava tão concentrada na própria missão que não deu a devida atenção às medidas de segurança. E, em certos momentos, a traição de um agente pode ter consequências letais. 

O atentado a bomba contra uma base da CIA, em 2009, em Khost, no Afeganistão, que matou sete funcionários da agência, foi um exemplo de que o foco na missão afetou a segurança. No ataque suicida, um médico jordaniano que os americanos acreditavam ter se infiltrado na Al-Qaeda havia, na verdade, virado um agente duplo. Questionada, a CIA recusou-se a comentar a mensagem. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

WASHINGTON - Autoridades americanas alertaram a todos os postos da CIA (Agência de Inteligência Americana), na semana passada, que informantes recrutados pelos Estados Unidos estão sendo capturados, mortos ou já não podem ser acionados. Além da habilidade dos rivais em transformar espiões em agentes duplos, a tecnologia – inteligência artificial, leitura biométrica e reconhecimento facial – facilitou a identificação de agentes dos EUA.

Segundo pessoas que leram a mensagem, enviada por meio de um telegrama secreto, na semana passada, o centro de missões de contrainteligência da CIA analisou dezenas de casos envolvendo informantes estrangeiros. Apesar de breve, o telegrama informou o número específico de agentes assassinados por agências rivais – um segredo mantido a sete chaves, que autoridades não costumam compartilhar.

O telegrama ressaltou a luta da CIA para recrutar espiões em ambientes difíceis de operar. Nos anos recentes, serviços de inteligência rivais, de Rússia, China, Irã e Paquistão, têm caçado informantes americanos e, em alguns casos, transformando-os em agentes duplos.

Combatentes do Taleban caminham sobre o que restou de base da CIA em Cabul: americanos subestimaram agências de países rivais Foto: Victor J. Blue/The New York Times

Reconhecendo que recrutar espiões é um negócio de alto risco, o telegrama levantou questões que têm assombrado a agência, incluindo métodos clandestinos; confiar demais em informantes; subestimar agências estrangeiras e acionar informantes rápido demais, sem atentar para riscos de contrainteligência.

O grande número de informantes comprometidos também demonstrou a crescente habilidade de outros países em empregar inovações tecnológicas como escaneamentos biométricos, reconhecimento facial, inteligência artificial e hackers para seguir agentes americanos.

Enquanto a CIA possui diversas maneiras de coletar informações de inteligência, sua rede de informantes espalhados pelo mundo continua no centro de seus esforços, um tipo de inteligência pelo qual a agência é reconhecida como a melhor do mundo, em termos de coleta e análise.

Assunto urgente

A perda de informantes não é um problema novo, mas o telegrama demonstra que o assunto é mais urgente do que se imaginava. O alerta foi destinado aos investigadores na linha de frente da agência, pessoas envolvidas diretamente com o recrutamento e a verificação dos informantes.

Uma das razões para o telegrama, afirmaram fontes familiarizadas com o documento, foi estimular os investigadores da CIA a pensar a respeito dos passos que podem tomar por conta própria para gerenciar melhor a rede. “Ninguém está sendo responsabilizado quando as coisas vão mal”, afirmou Douglas London, ex-agente da CIA. “Às vezes, as coisas fogem do nosso controle, mas também há ocasiões em que desleixos, negligências e pessoas que ocupam cargos graduados não são responsabilizados.”

O telegrama indica que a agência subestimou seus rivais, habilidosos na caça a espiões. Às vezes, informantes identificados por serviços rivais são convertidos em agentes duplos, em lugar de presos, passando então a repassar desinformação à CIA, o que pode ter um efeito devastador na coleta e análise de informações sigilosas. Os paquistaneses têm sido eficazes nisso, disseram ex-funcionários.

O colapso do governo afegão significa que será mais importante do que nunca saber mais a respeito do elos entre Paquistão e Taleban, assim como com as organizações extremistas na região. Como resultado, a CIA se vê novamente pressionada a criar e manter redes de informantes no Paquistão, um país especialista em romper tais redes.

Uma invasão do sistema de comunicação confidencial, ou “covcom”, usado pela CIA ajudou a desmascarar as redes da agência americana na China e no Irã, de acordo com ex-funcionários. Em ambos os casos, informantes foram executados. Outros tiveram de ser tirados dos países em que operavam.

Monica Elfriede Witt, ex-sargento da Força Aérea que desertou para o Irã, foi acusada de passar informações aos iranianos, em 2019. No mesmo ano, Jerry Chun Shing Lee, ex-agente da CIA, foi sentenciado a 19 anos de prisão por fornecer informações secretas ao governo chinês.

Ex-funcionários dizem que não faltam exemplos de casos em que a CIA estava tão concentrada na própria missão que não deu a devida atenção às medidas de segurança. E, em certos momentos, a traição de um agente pode ter consequências letais. 

O atentado a bomba contra uma base da CIA, em 2009, em Khost, no Afeganistão, que matou sete funcionários da agência, foi um exemplo de que o foco na missão afetou a segurança. No ataque suicida, um médico jordaniano que os americanos acreditavam ter se infiltrado na Al-Qaeda havia, na verdade, virado um agente duplo. Questionada, a CIA recusou-se a comentar a mensagem. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

WASHINGTON - Autoridades americanas alertaram a todos os postos da CIA (Agência de Inteligência Americana), na semana passada, que informantes recrutados pelos Estados Unidos estão sendo capturados, mortos ou já não podem ser acionados. Além da habilidade dos rivais em transformar espiões em agentes duplos, a tecnologia – inteligência artificial, leitura biométrica e reconhecimento facial – facilitou a identificação de agentes dos EUA.

Segundo pessoas que leram a mensagem, enviada por meio de um telegrama secreto, na semana passada, o centro de missões de contrainteligência da CIA analisou dezenas de casos envolvendo informantes estrangeiros. Apesar de breve, o telegrama informou o número específico de agentes assassinados por agências rivais – um segredo mantido a sete chaves, que autoridades não costumam compartilhar.

O telegrama ressaltou a luta da CIA para recrutar espiões em ambientes difíceis de operar. Nos anos recentes, serviços de inteligência rivais, de Rússia, China, Irã e Paquistão, têm caçado informantes americanos e, em alguns casos, transformando-os em agentes duplos.

Combatentes do Taleban caminham sobre o que restou de base da CIA em Cabul: americanos subestimaram agências de países rivais Foto: Victor J. Blue/The New York Times

Reconhecendo que recrutar espiões é um negócio de alto risco, o telegrama levantou questões que têm assombrado a agência, incluindo métodos clandestinos; confiar demais em informantes; subestimar agências estrangeiras e acionar informantes rápido demais, sem atentar para riscos de contrainteligência.

O grande número de informantes comprometidos também demonstrou a crescente habilidade de outros países em empregar inovações tecnológicas como escaneamentos biométricos, reconhecimento facial, inteligência artificial e hackers para seguir agentes americanos.

Enquanto a CIA possui diversas maneiras de coletar informações de inteligência, sua rede de informantes espalhados pelo mundo continua no centro de seus esforços, um tipo de inteligência pelo qual a agência é reconhecida como a melhor do mundo, em termos de coleta e análise.

Assunto urgente

A perda de informantes não é um problema novo, mas o telegrama demonstra que o assunto é mais urgente do que se imaginava. O alerta foi destinado aos investigadores na linha de frente da agência, pessoas envolvidas diretamente com o recrutamento e a verificação dos informantes.

Uma das razões para o telegrama, afirmaram fontes familiarizadas com o documento, foi estimular os investigadores da CIA a pensar a respeito dos passos que podem tomar por conta própria para gerenciar melhor a rede. “Ninguém está sendo responsabilizado quando as coisas vão mal”, afirmou Douglas London, ex-agente da CIA. “Às vezes, as coisas fogem do nosso controle, mas também há ocasiões em que desleixos, negligências e pessoas que ocupam cargos graduados não são responsabilizados.”

O telegrama indica que a agência subestimou seus rivais, habilidosos na caça a espiões. Às vezes, informantes identificados por serviços rivais são convertidos em agentes duplos, em lugar de presos, passando então a repassar desinformação à CIA, o que pode ter um efeito devastador na coleta e análise de informações sigilosas. Os paquistaneses têm sido eficazes nisso, disseram ex-funcionários.

O colapso do governo afegão significa que será mais importante do que nunca saber mais a respeito do elos entre Paquistão e Taleban, assim como com as organizações extremistas na região. Como resultado, a CIA se vê novamente pressionada a criar e manter redes de informantes no Paquistão, um país especialista em romper tais redes.

Uma invasão do sistema de comunicação confidencial, ou “covcom”, usado pela CIA ajudou a desmascarar as redes da agência americana na China e no Irã, de acordo com ex-funcionários. Em ambos os casos, informantes foram executados. Outros tiveram de ser tirados dos países em que operavam.

Monica Elfriede Witt, ex-sargento da Força Aérea que desertou para o Irã, foi acusada de passar informações aos iranianos, em 2019. No mesmo ano, Jerry Chun Shing Lee, ex-agente da CIA, foi sentenciado a 19 anos de prisão por fornecer informações secretas ao governo chinês.

Ex-funcionários dizem que não faltam exemplos de casos em que a CIA estava tão concentrada na própria missão que não deu a devida atenção às medidas de segurança. E, em certos momentos, a traição de um agente pode ter consequências letais. 

O atentado a bomba contra uma base da CIA, em 2009, em Khost, no Afeganistão, que matou sete funcionários da agência, foi um exemplo de que o foco na missão afetou a segurança. No ataque suicida, um médico jordaniano que os americanos acreditavam ter se infiltrado na Al-Qaeda havia, na verdade, virado um agente duplo. Questionada, a CIA recusou-se a comentar a mensagem. /TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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