Cientistas são novo alvo em teoria sobre vazamento do coronavírus de laboratório de Wuhan


Vídeo de equipe em cavernas caçando morcegos e procurando por novas doenças e base para novas vacinas é mais um capítulo que surge sobre a origem do vírus

Por Eva Dou e Lily Kuo

No vídeo, os pesquisadores escalam paredes da caverna, iluminadas pela luz azul-clara de seus capacetes. “Se nossa pele ficar exposta, pode facilmente entrar em contato com excremento de morcego e matéria contaminada, o que significa que isso é bem arriscado”, afirma Tian Junhua, um dos caçadores de morcegos. “Temos de passar vários dias dentro da caverna…” continua ele, enquanto a trilha sonora amplifica o drama. “Não há sinal de celular, não há mantimentos. É verdadeiramente assustador.” O vídeo foi publicado por autoridades nacionais de ciência e pela emissora estatal chinesa CCTV, em 10 de dezembro de 2019, e circulou em redes sociais. Foi ao ar aproximadamente ao mesmo tempo em que moradores de Wuhan começaram a aparecer nos hospitais com misteriosos problemas respiratórios - e também oferece um raro olhar sobre as condições de campo logo antes do início da pandemia.

Seguranças se posicionam na entrada do Instituto de Virologia de Wuhan durante visita de equipe da Organização Mundial de Saúde (OMS) em fevereiro. Foto: REUTERS/Thomas Peter
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Tian e sua equipe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CCPD) de Wuhan são filmados capturando morcegos-ferradura (Rhinolophidae) e morcegos-anões (Pipistrellus pipistrellus) e coletando amostras de fezes dos animais, em busca de novas doenças transmitidas por morcegos e pela base de novas vacinas. Tian fala a respeito da necessidade de cuidado. “Ao tentar descobrir novos vírus, ficamos sob o maior risco de infecção”, afirma ele, apesar de aparecer nas imagens manuseando frascos com amostras sem usar equipamento de proteção completo. O vídeo é talvez mais notável ainda pelo que não revela. Nada é conhecido fora da China a respeito das descobertas daquela expedição do CCPD de Wuhan - a mesma agência que coordenou as primeiras respostas da China à pandemia. A equipe não revelou quais vírus foram encontrados - nem se algum vírus foi encontrado - na caverna, nem mesmo quando a missão ocorreu. De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado em março, o CCPD de Wuhan negou que tenha guardado de qualquer maneira ou analisado em seus laboratórios vírus relacionados a morcegos antes do surto de coronavírus - uma versão difícil de conciliar com as afirmações de Tian no vídeo a respeito de ter visitado dezenas de cavernas de morcegos e estudado 300 tipos de vetores de vírus. Tian não fala publicamente há mais de um ano. Silenciamento de cientistas, desmentidos indiscriminados, proteção cuidadosa de dados brutos e análises biológicas - esses elementos são marcantes em relação ao tratamento das autoridades chinesas a cada estágio do surto de coronavírus. E continuam a obstruir a capacidade do mundo em obter respostas. Não há evidência direta ligando a equipe de Tian - ou um grupo rival de especialistas em doenças ligadas aos morcegos, do Instituto de Virologia de Wuhan - ao surto de coronavírus. Também não há nada além de evidências circunstanciais para fundamentar qualquer teoria a respeito do início da origem da pandemia. Muitos cientistas afirmam que o caminho mais provável foi o vírus ter se espalhado na natureza e depois ter saltado de animais para humanos. Mas essa hipótese tem base na maneira como outros coronavírus se originaram, não no que é conhecido a respeito do caso atual. A ausência de clareza não é em si alarmante neste momento, em uma investigação a respeito das origens do vírus - no caso da síndrome respiratória aguda grave (Sars), os cientistas identificaram rapidamente as civetas como hospedeiros intermediários, apesar de ter levado anos para descobrir a população de morcegos na qual os vírus se constituíram geneticamente. Mas o diretor da OMS, o governo de Joe Biden e outros governos e cientistas de todo o mundo censuraram a China por não facilitar essa investigação. Na semana passada, o presidente Biden ordenou às agências de inteligência americanas que redobrem esforços para determinar a origem da pandemia, incluindo a hipótese de o vírus ter emergido “de um acidente em laboratório”. As autoridades chinesas não foram muito mais receptivas ao time internacional comissionado pela OMS. Sua visita ao Instituto de Virologia de Wuhan durou três horas. Em geral, a equipe teve de se satisfazer com dados em grande parte coletados por cientistas chineses anteriormente à visita. O resultado foi um relatório que não avançou significativamente em relação ao entendimento do mundo a respeito de como a pandemia começou. O relatório fortaleceu a teoria preferida da China, de que o vírus poderia ter vindo de outros países, possivelmente por meio da importação de comidas congeladas - apesar de Pequim ter apresentado pouco fundamento para a versão. A respeito da hipótese de um vazamento de laboratório, o relatório concluiu que esse caminho era “extremamente improvável”. “Não podemos nem começar a falar em um consenso, a não ser em um consenso a respeito do que não sabemos”, afirmou David Relman, microbiologista da Universidade Stanford. “Não estamos nem perto de ter a quantidade de dados que precisamos.” Relman é um dos 18 cientistas que escreveram uma carta aberta no mês passado, pedindo que a hipótese a respeito da pandemia ter se originado em um acidente de laboratório ser levada seriamente em consideração. “Qualquer laboratório que manipule um número significativo de amostras de morcegos ou outras possíveis espécies hospedeiras de coronavírus ou manipule coronavírus” deveria ser considerado, afirmou ele esta semana em entrevista ao Washington Post. As duas equipes rivais de especialistas em doenças exóticas de morcegos de Wuhan estão agora sob um escrutínio renovado. Tanto a equipe de Tian, do CCPD de Wuhan como a de Shi Zhengli, do Instituto de Virologia de Wuhan (IVW), foram criticadas por sua disposição em relaxar na segurança enquanto corriam atrás de descobertas. O CCPD de Wuhan, o IVW, Tian e Shi não responderam a solicitações de comentários. O cargo de Tian é diretor técnico associado do departamento de controle de pragas do CCPD de Wuhan, mas ele é conhecido como um aventureiro falastrão, por seu trabalho com morcegos e insetos. “Ele vai com frequência a lugares que outras pessoas não conseguem encontrar para procurar as amostras que precisa”, afirmou um colega, Liu Jing, na TV local, em janeiro de 2020. “Ele pode dizer com confiança que é capaz de capturar coisas que outras pessoas não conseguem.” Ele foi integrante de uma equipe que descobriu 1.445 novos vírus RNA em animais invertebrados, trabalho publicado na Nature, uma revista científica de elite, em 2016. Ele também admitiu ocasionais descuidos com segurança. Em 2017, Tian disse ao jornal estatal Wuhan Evening News que uma vez se esqueceu de usar equipamentos de proteção pessoal e um morcego urinou nele, o que fez com que ficasse em casa, em quarentena, por duas semanas. Em várias ocasiões, sangue de morcego espirrou em sua pele, enquanto ele tentava capturar os animais com uma pinça, disse ele ao jornal. Em 3 de fevereiro de 2020, a equipe de Tian chegou às páginas da Nature outra vez, com um relato clínico inicial a respeito de um paciente de Wuhan. O artigo apontava para morcegos como possíveis hospedeiros. Mas conforme o coronavírus se espalhou, Tian se calou. O jornal estatal Health Times citou uma fonte anônima em março de 2020 afirmando que Tian não tinha sido infectado com o coronavírus e que ele estava entristecido em razão da especulação a respeito de ele ter sido o paciente zero. Tian continuou sua pesquisa ao mesmo tempo em que permaneceu afastado do público. Ele não disse nem publicou mais nada a respeito de morcegos. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

No vídeo, os pesquisadores escalam paredes da caverna, iluminadas pela luz azul-clara de seus capacetes. “Se nossa pele ficar exposta, pode facilmente entrar em contato com excremento de morcego e matéria contaminada, o que significa que isso é bem arriscado”, afirma Tian Junhua, um dos caçadores de morcegos. “Temos de passar vários dias dentro da caverna…” continua ele, enquanto a trilha sonora amplifica o drama. “Não há sinal de celular, não há mantimentos. É verdadeiramente assustador.” O vídeo foi publicado por autoridades nacionais de ciência e pela emissora estatal chinesa CCTV, em 10 de dezembro de 2019, e circulou em redes sociais. Foi ao ar aproximadamente ao mesmo tempo em que moradores de Wuhan começaram a aparecer nos hospitais com misteriosos problemas respiratórios - e também oferece um raro olhar sobre as condições de campo logo antes do início da pandemia.

Seguranças se posicionam na entrada do Instituto de Virologia de Wuhan durante visita de equipe da Organização Mundial de Saúde (OMS) em fevereiro. Foto: REUTERS/Thomas Peter

Tian e sua equipe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CCPD) de Wuhan são filmados capturando morcegos-ferradura (Rhinolophidae) e morcegos-anões (Pipistrellus pipistrellus) e coletando amostras de fezes dos animais, em busca de novas doenças transmitidas por morcegos e pela base de novas vacinas. Tian fala a respeito da necessidade de cuidado. “Ao tentar descobrir novos vírus, ficamos sob o maior risco de infecção”, afirma ele, apesar de aparecer nas imagens manuseando frascos com amostras sem usar equipamento de proteção completo. O vídeo é talvez mais notável ainda pelo que não revela. Nada é conhecido fora da China a respeito das descobertas daquela expedição do CCPD de Wuhan - a mesma agência que coordenou as primeiras respostas da China à pandemia. A equipe não revelou quais vírus foram encontrados - nem se algum vírus foi encontrado - na caverna, nem mesmo quando a missão ocorreu. De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado em março, o CCPD de Wuhan negou que tenha guardado de qualquer maneira ou analisado em seus laboratórios vírus relacionados a morcegos antes do surto de coronavírus - uma versão difícil de conciliar com as afirmações de Tian no vídeo a respeito de ter visitado dezenas de cavernas de morcegos e estudado 300 tipos de vetores de vírus. Tian não fala publicamente há mais de um ano. Silenciamento de cientistas, desmentidos indiscriminados, proteção cuidadosa de dados brutos e análises biológicas - esses elementos são marcantes em relação ao tratamento das autoridades chinesas a cada estágio do surto de coronavírus. E continuam a obstruir a capacidade do mundo em obter respostas. Não há evidência direta ligando a equipe de Tian - ou um grupo rival de especialistas em doenças ligadas aos morcegos, do Instituto de Virologia de Wuhan - ao surto de coronavírus. Também não há nada além de evidências circunstanciais para fundamentar qualquer teoria a respeito do início da origem da pandemia. Muitos cientistas afirmam que o caminho mais provável foi o vírus ter se espalhado na natureza e depois ter saltado de animais para humanos. Mas essa hipótese tem base na maneira como outros coronavírus se originaram, não no que é conhecido a respeito do caso atual. A ausência de clareza não é em si alarmante neste momento, em uma investigação a respeito das origens do vírus - no caso da síndrome respiratória aguda grave (Sars), os cientistas identificaram rapidamente as civetas como hospedeiros intermediários, apesar de ter levado anos para descobrir a população de morcegos na qual os vírus se constituíram geneticamente. Mas o diretor da OMS, o governo de Joe Biden e outros governos e cientistas de todo o mundo censuraram a China por não facilitar essa investigação. Na semana passada, o presidente Biden ordenou às agências de inteligência americanas que redobrem esforços para determinar a origem da pandemia, incluindo a hipótese de o vírus ter emergido “de um acidente em laboratório”. As autoridades chinesas não foram muito mais receptivas ao time internacional comissionado pela OMS. Sua visita ao Instituto de Virologia de Wuhan durou três horas. Em geral, a equipe teve de se satisfazer com dados em grande parte coletados por cientistas chineses anteriormente à visita. O resultado foi um relatório que não avançou significativamente em relação ao entendimento do mundo a respeito de como a pandemia começou. O relatório fortaleceu a teoria preferida da China, de que o vírus poderia ter vindo de outros países, possivelmente por meio da importação de comidas congeladas - apesar de Pequim ter apresentado pouco fundamento para a versão. A respeito da hipótese de um vazamento de laboratório, o relatório concluiu que esse caminho era “extremamente improvável”. “Não podemos nem começar a falar em um consenso, a não ser em um consenso a respeito do que não sabemos”, afirmou David Relman, microbiologista da Universidade Stanford. “Não estamos nem perto de ter a quantidade de dados que precisamos.” Relman é um dos 18 cientistas que escreveram uma carta aberta no mês passado, pedindo que a hipótese a respeito da pandemia ter se originado em um acidente de laboratório ser levada seriamente em consideração. “Qualquer laboratório que manipule um número significativo de amostras de morcegos ou outras possíveis espécies hospedeiras de coronavírus ou manipule coronavírus” deveria ser considerado, afirmou ele esta semana em entrevista ao Washington Post. As duas equipes rivais de especialistas em doenças exóticas de morcegos de Wuhan estão agora sob um escrutínio renovado. Tanto a equipe de Tian, do CCPD de Wuhan como a de Shi Zhengli, do Instituto de Virologia de Wuhan (IVW), foram criticadas por sua disposição em relaxar na segurança enquanto corriam atrás de descobertas. O CCPD de Wuhan, o IVW, Tian e Shi não responderam a solicitações de comentários. O cargo de Tian é diretor técnico associado do departamento de controle de pragas do CCPD de Wuhan, mas ele é conhecido como um aventureiro falastrão, por seu trabalho com morcegos e insetos. “Ele vai com frequência a lugares que outras pessoas não conseguem encontrar para procurar as amostras que precisa”, afirmou um colega, Liu Jing, na TV local, em janeiro de 2020. “Ele pode dizer com confiança que é capaz de capturar coisas que outras pessoas não conseguem.” Ele foi integrante de uma equipe que descobriu 1.445 novos vírus RNA em animais invertebrados, trabalho publicado na Nature, uma revista científica de elite, em 2016. Ele também admitiu ocasionais descuidos com segurança. Em 2017, Tian disse ao jornal estatal Wuhan Evening News que uma vez se esqueceu de usar equipamentos de proteção pessoal e um morcego urinou nele, o que fez com que ficasse em casa, em quarentena, por duas semanas. Em várias ocasiões, sangue de morcego espirrou em sua pele, enquanto ele tentava capturar os animais com uma pinça, disse ele ao jornal. Em 3 de fevereiro de 2020, a equipe de Tian chegou às páginas da Nature outra vez, com um relato clínico inicial a respeito de um paciente de Wuhan. O artigo apontava para morcegos como possíveis hospedeiros. Mas conforme o coronavírus se espalhou, Tian se calou. O jornal estatal Health Times citou uma fonte anônima em março de 2020 afirmando que Tian não tinha sido infectado com o coronavírus e que ele estava entristecido em razão da especulação a respeito de ele ter sido o paciente zero. Tian continuou sua pesquisa ao mesmo tempo em que permaneceu afastado do público. Ele não disse nem publicou mais nada a respeito de morcegos. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

No vídeo, os pesquisadores escalam paredes da caverna, iluminadas pela luz azul-clara de seus capacetes. “Se nossa pele ficar exposta, pode facilmente entrar em contato com excremento de morcego e matéria contaminada, o que significa que isso é bem arriscado”, afirma Tian Junhua, um dos caçadores de morcegos. “Temos de passar vários dias dentro da caverna…” continua ele, enquanto a trilha sonora amplifica o drama. “Não há sinal de celular, não há mantimentos. É verdadeiramente assustador.” O vídeo foi publicado por autoridades nacionais de ciência e pela emissora estatal chinesa CCTV, em 10 de dezembro de 2019, e circulou em redes sociais. Foi ao ar aproximadamente ao mesmo tempo em que moradores de Wuhan começaram a aparecer nos hospitais com misteriosos problemas respiratórios - e também oferece um raro olhar sobre as condições de campo logo antes do início da pandemia.

Seguranças se posicionam na entrada do Instituto de Virologia de Wuhan durante visita de equipe da Organização Mundial de Saúde (OMS) em fevereiro. Foto: REUTERS/Thomas Peter

Tian e sua equipe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CCPD) de Wuhan são filmados capturando morcegos-ferradura (Rhinolophidae) e morcegos-anões (Pipistrellus pipistrellus) e coletando amostras de fezes dos animais, em busca de novas doenças transmitidas por morcegos e pela base de novas vacinas. Tian fala a respeito da necessidade de cuidado. “Ao tentar descobrir novos vírus, ficamos sob o maior risco de infecção”, afirma ele, apesar de aparecer nas imagens manuseando frascos com amostras sem usar equipamento de proteção completo. O vídeo é talvez mais notável ainda pelo que não revela. Nada é conhecido fora da China a respeito das descobertas daquela expedição do CCPD de Wuhan - a mesma agência que coordenou as primeiras respostas da China à pandemia. A equipe não revelou quais vírus foram encontrados - nem se algum vírus foi encontrado - na caverna, nem mesmo quando a missão ocorreu. De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado em março, o CCPD de Wuhan negou que tenha guardado de qualquer maneira ou analisado em seus laboratórios vírus relacionados a morcegos antes do surto de coronavírus - uma versão difícil de conciliar com as afirmações de Tian no vídeo a respeito de ter visitado dezenas de cavernas de morcegos e estudado 300 tipos de vetores de vírus. Tian não fala publicamente há mais de um ano. Silenciamento de cientistas, desmentidos indiscriminados, proteção cuidadosa de dados brutos e análises biológicas - esses elementos são marcantes em relação ao tratamento das autoridades chinesas a cada estágio do surto de coronavírus. E continuam a obstruir a capacidade do mundo em obter respostas. Não há evidência direta ligando a equipe de Tian - ou um grupo rival de especialistas em doenças ligadas aos morcegos, do Instituto de Virologia de Wuhan - ao surto de coronavírus. Também não há nada além de evidências circunstanciais para fundamentar qualquer teoria a respeito do início da origem da pandemia. Muitos cientistas afirmam que o caminho mais provável foi o vírus ter se espalhado na natureza e depois ter saltado de animais para humanos. Mas essa hipótese tem base na maneira como outros coronavírus se originaram, não no que é conhecido a respeito do caso atual. A ausência de clareza não é em si alarmante neste momento, em uma investigação a respeito das origens do vírus - no caso da síndrome respiratória aguda grave (Sars), os cientistas identificaram rapidamente as civetas como hospedeiros intermediários, apesar de ter levado anos para descobrir a população de morcegos na qual os vírus se constituíram geneticamente. Mas o diretor da OMS, o governo de Joe Biden e outros governos e cientistas de todo o mundo censuraram a China por não facilitar essa investigação. Na semana passada, o presidente Biden ordenou às agências de inteligência americanas que redobrem esforços para determinar a origem da pandemia, incluindo a hipótese de o vírus ter emergido “de um acidente em laboratório”. As autoridades chinesas não foram muito mais receptivas ao time internacional comissionado pela OMS. Sua visita ao Instituto de Virologia de Wuhan durou três horas. Em geral, a equipe teve de se satisfazer com dados em grande parte coletados por cientistas chineses anteriormente à visita. O resultado foi um relatório que não avançou significativamente em relação ao entendimento do mundo a respeito de como a pandemia começou. O relatório fortaleceu a teoria preferida da China, de que o vírus poderia ter vindo de outros países, possivelmente por meio da importação de comidas congeladas - apesar de Pequim ter apresentado pouco fundamento para a versão. A respeito da hipótese de um vazamento de laboratório, o relatório concluiu que esse caminho era “extremamente improvável”. “Não podemos nem começar a falar em um consenso, a não ser em um consenso a respeito do que não sabemos”, afirmou David Relman, microbiologista da Universidade Stanford. “Não estamos nem perto de ter a quantidade de dados que precisamos.” Relman é um dos 18 cientistas que escreveram uma carta aberta no mês passado, pedindo que a hipótese a respeito da pandemia ter se originado em um acidente de laboratório ser levada seriamente em consideração. “Qualquer laboratório que manipule um número significativo de amostras de morcegos ou outras possíveis espécies hospedeiras de coronavírus ou manipule coronavírus” deveria ser considerado, afirmou ele esta semana em entrevista ao Washington Post. As duas equipes rivais de especialistas em doenças exóticas de morcegos de Wuhan estão agora sob um escrutínio renovado. Tanto a equipe de Tian, do CCPD de Wuhan como a de Shi Zhengli, do Instituto de Virologia de Wuhan (IVW), foram criticadas por sua disposição em relaxar na segurança enquanto corriam atrás de descobertas. O CCPD de Wuhan, o IVW, Tian e Shi não responderam a solicitações de comentários. O cargo de Tian é diretor técnico associado do departamento de controle de pragas do CCPD de Wuhan, mas ele é conhecido como um aventureiro falastrão, por seu trabalho com morcegos e insetos. “Ele vai com frequência a lugares que outras pessoas não conseguem encontrar para procurar as amostras que precisa”, afirmou um colega, Liu Jing, na TV local, em janeiro de 2020. “Ele pode dizer com confiança que é capaz de capturar coisas que outras pessoas não conseguem.” Ele foi integrante de uma equipe que descobriu 1.445 novos vírus RNA em animais invertebrados, trabalho publicado na Nature, uma revista científica de elite, em 2016. Ele também admitiu ocasionais descuidos com segurança. Em 2017, Tian disse ao jornal estatal Wuhan Evening News que uma vez se esqueceu de usar equipamentos de proteção pessoal e um morcego urinou nele, o que fez com que ficasse em casa, em quarentena, por duas semanas. Em várias ocasiões, sangue de morcego espirrou em sua pele, enquanto ele tentava capturar os animais com uma pinça, disse ele ao jornal. Em 3 de fevereiro de 2020, a equipe de Tian chegou às páginas da Nature outra vez, com um relato clínico inicial a respeito de um paciente de Wuhan. O artigo apontava para morcegos como possíveis hospedeiros. Mas conforme o coronavírus se espalhou, Tian se calou. O jornal estatal Health Times citou uma fonte anônima em março de 2020 afirmando que Tian não tinha sido infectado com o coronavírus e que ele estava entristecido em razão da especulação a respeito de ele ter sido o paciente zero. Tian continuou sua pesquisa ao mesmo tempo em que permaneceu afastado do público. Ele não disse nem publicou mais nada a respeito de morcegos. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

No vídeo, os pesquisadores escalam paredes da caverna, iluminadas pela luz azul-clara de seus capacetes. “Se nossa pele ficar exposta, pode facilmente entrar em contato com excremento de morcego e matéria contaminada, o que significa que isso é bem arriscado”, afirma Tian Junhua, um dos caçadores de morcegos. “Temos de passar vários dias dentro da caverna…” continua ele, enquanto a trilha sonora amplifica o drama. “Não há sinal de celular, não há mantimentos. É verdadeiramente assustador.” O vídeo foi publicado por autoridades nacionais de ciência e pela emissora estatal chinesa CCTV, em 10 de dezembro de 2019, e circulou em redes sociais. Foi ao ar aproximadamente ao mesmo tempo em que moradores de Wuhan começaram a aparecer nos hospitais com misteriosos problemas respiratórios - e também oferece um raro olhar sobre as condições de campo logo antes do início da pandemia.

Seguranças se posicionam na entrada do Instituto de Virologia de Wuhan durante visita de equipe da Organização Mundial de Saúde (OMS) em fevereiro. Foto: REUTERS/Thomas Peter

Tian e sua equipe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CCPD) de Wuhan são filmados capturando morcegos-ferradura (Rhinolophidae) e morcegos-anões (Pipistrellus pipistrellus) e coletando amostras de fezes dos animais, em busca de novas doenças transmitidas por morcegos e pela base de novas vacinas. Tian fala a respeito da necessidade de cuidado. “Ao tentar descobrir novos vírus, ficamos sob o maior risco de infecção”, afirma ele, apesar de aparecer nas imagens manuseando frascos com amostras sem usar equipamento de proteção completo. O vídeo é talvez mais notável ainda pelo que não revela. Nada é conhecido fora da China a respeito das descobertas daquela expedição do CCPD de Wuhan - a mesma agência que coordenou as primeiras respostas da China à pandemia. A equipe não revelou quais vírus foram encontrados - nem se algum vírus foi encontrado - na caverna, nem mesmo quando a missão ocorreu. De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado em março, o CCPD de Wuhan negou que tenha guardado de qualquer maneira ou analisado em seus laboratórios vírus relacionados a morcegos antes do surto de coronavírus - uma versão difícil de conciliar com as afirmações de Tian no vídeo a respeito de ter visitado dezenas de cavernas de morcegos e estudado 300 tipos de vetores de vírus. Tian não fala publicamente há mais de um ano. Silenciamento de cientistas, desmentidos indiscriminados, proteção cuidadosa de dados brutos e análises biológicas - esses elementos são marcantes em relação ao tratamento das autoridades chinesas a cada estágio do surto de coronavírus. E continuam a obstruir a capacidade do mundo em obter respostas. Não há evidência direta ligando a equipe de Tian - ou um grupo rival de especialistas em doenças ligadas aos morcegos, do Instituto de Virologia de Wuhan - ao surto de coronavírus. Também não há nada além de evidências circunstanciais para fundamentar qualquer teoria a respeito do início da origem da pandemia. Muitos cientistas afirmam que o caminho mais provável foi o vírus ter se espalhado na natureza e depois ter saltado de animais para humanos. Mas essa hipótese tem base na maneira como outros coronavírus se originaram, não no que é conhecido a respeito do caso atual. A ausência de clareza não é em si alarmante neste momento, em uma investigação a respeito das origens do vírus - no caso da síndrome respiratória aguda grave (Sars), os cientistas identificaram rapidamente as civetas como hospedeiros intermediários, apesar de ter levado anos para descobrir a população de morcegos na qual os vírus se constituíram geneticamente. Mas o diretor da OMS, o governo de Joe Biden e outros governos e cientistas de todo o mundo censuraram a China por não facilitar essa investigação. Na semana passada, o presidente Biden ordenou às agências de inteligência americanas que redobrem esforços para determinar a origem da pandemia, incluindo a hipótese de o vírus ter emergido “de um acidente em laboratório”. As autoridades chinesas não foram muito mais receptivas ao time internacional comissionado pela OMS. Sua visita ao Instituto de Virologia de Wuhan durou três horas. Em geral, a equipe teve de se satisfazer com dados em grande parte coletados por cientistas chineses anteriormente à visita. O resultado foi um relatório que não avançou significativamente em relação ao entendimento do mundo a respeito de como a pandemia começou. O relatório fortaleceu a teoria preferida da China, de que o vírus poderia ter vindo de outros países, possivelmente por meio da importação de comidas congeladas - apesar de Pequim ter apresentado pouco fundamento para a versão. A respeito da hipótese de um vazamento de laboratório, o relatório concluiu que esse caminho era “extremamente improvável”. “Não podemos nem começar a falar em um consenso, a não ser em um consenso a respeito do que não sabemos”, afirmou David Relman, microbiologista da Universidade Stanford. “Não estamos nem perto de ter a quantidade de dados que precisamos.” Relman é um dos 18 cientistas que escreveram uma carta aberta no mês passado, pedindo que a hipótese a respeito da pandemia ter se originado em um acidente de laboratório ser levada seriamente em consideração. “Qualquer laboratório que manipule um número significativo de amostras de morcegos ou outras possíveis espécies hospedeiras de coronavírus ou manipule coronavírus” deveria ser considerado, afirmou ele esta semana em entrevista ao Washington Post. As duas equipes rivais de especialistas em doenças exóticas de morcegos de Wuhan estão agora sob um escrutínio renovado. Tanto a equipe de Tian, do CCPD de Wuhan como a de Shi Zhengli, do Instituto de Virologia de Wuhan (IVW), foram criticadas por sua disposição em relaxar na segurança enquanto corriam atrás de descobertas. O CCPD de Wuhan, o IVW, Tian e Shi não responderam a solicitações de comentários. O cargo de Tian é diretor técnico associado do departamento de controle de pragas do CCPD de Wuhan, mas ele é conhecido como um aventureiro falastrão, por seu trabalho com morcegos e insetos. “Ele vai com frequência a lugares que outras pessoas não conseguem encontrar para procurar as amostras que precisa”, afirmou um colega, Liu Jing, na TV local, em janeiro de 2020. “Ele pode dizer com confiança que é capaz de capturar coisas que outras pessoas não conseguem.” Ele foi integrante de uma equipe que descobriu 1.445 novos vírus RNA em animais invertebrados, trabalho publicado na Nature, uma revista científica de elite, em 2016. Ele também admitiu ocasionais descuidos com segurança. Em 2017, Tian disse ao jornal estatal Wuhan Evening News que uma vez se esqueceu de usar equipamentos de proteção pessoal e um morcego urinou nele, o que fez com que ficasse em casa, em quarentena, por duas semanas. Em várias ocasiões, sangue de morcego espirrou em sua pele, enquanto ele tentava capturar os animais com uma pinça, disse ele ao jornal. Em 3 de fevereiro de 2020, a equipe de Tian chegou às páginas da Nature outra vez, com um relato clínico inicial a respeito de um paciente de Wuhan. O artigo apontava para morcegos como possíveis hospedeiros. Mas conforme o coronavírus se espalhou, Tian se calou. O jornal estatal Health Times citou uma fonte anônima em março de 2020 afirmando que Tian não tinha sido infectado com o coronavírus e que ele estava entristecido em razão da especulação a respeito de ele ter sido o paciente zero. Tian continuou sua pesquisa ao mesmo tempo em que permaneceu afastado do público. Ele não disse nem publicou mais nada a respeito de morcegos. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

No vídeo, os pesquisadores escalam paredes da caverna, iluminadas pela luz azul-clara de seus capacetes. “Se nossa pele ficar exposta, pode facilmente entrar em contato com excremento de morcego e matéria contaminada, o que significa que isso é bem arriscado”, afirma Tian Junhua, um dos caçadores de morcegos. “Temos de passar vários dias dentro da caverna…” continua ele, enquanto a trilha sonora amplifica o drama. “Não há sinal de celular, não há mantimentos. É verdadeiramente assustador.” O vídeo foi publicado por autoridades nacionais de ciência e pela emissora estatal chinesa CCTV, em 10 de dezembro de 2019, e circulou em redes sociais. Foi ao ar aproximadamente ao mesmo tempo em que moradores de Wuhan começaram a aparecer nos hospitais com misteriosos problemas respiratórios - e também oferece um raro olhar sobre as condições de campo logo antes do início da pandemia.

Seguranças se posicionam na entrada do Instituto de Virologia de Wuhan durante visita de equipe da Organização Mundial de Saúde (OMS) em fevereiro. Foto: REUTERS/Thomas Peter

Tian e sua equipe do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CCPD) de Wuhan são filmados capturando morcegos-ferradura (Rhinolophidae) e morcegos-anões (Pipistrellus pipistrellus) e coletando amostras de fezes dos animais, em busca de novas doenças transmitidas por morcegos e pela base de novas vacinas. Tian fala a respeito da necessidade de cuidado. “Ao tentar descobrir novos vírus, ficamos sob o maior risco de infecção”, afirma ele, apesar de aparecer nas imagens manuseando frascos com amostras sem usar equipamento de proteção completo. O vídeo é talvez mais notável ainda pelo que não revela. Nada é conhecido fora da China a respeito das descobertas daquela expedição do CCPD de Wuhan - a mesma agência que coordenou as primeiras respostas da China à pandemia. A equipe não revelou quais vírus foram encontrados - nem se algum vírus foi encontrado - na caverna, nem mesmo quando a missão ocorreu. De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado em março, o CCPD de Wuhan negou que tenha guardado de qualquer maneira ou analisado em seus laboratórios vírus relacionados a morcegos antes do surto de coronavírus - uma versão difícil de conciliar com as afirmações de Tian no vídeo a respeito de ter visitado dezenas de cavernas de morcegos e estudado 300 tipos de vetores de vírus. Tian não fala publicamente há mais de um ano. Silenciamento de cientistas, desmentidos indiscriminados, proteção cuidadosa de dados brutos e análises biológicas - esses elementos são marcantes em relação ao tratamento das autoridades chinesas a cada estágio do surto de coronavírus. E continuam a obstruir a capacidade do mundo em obter respostas. Não há evidência direta ligando a equipe de Tian - ou um grupo rival de especialistas em doenças ligadas aos morcegos, do Instituto de Virologia de Wuhan - ao surto de coronavírus. Também não há nada além de evidências circunstanciais para fundamentar qualquer teoria a respeito do início da origem da pandemia. Muitos cientistas afirmam que o caminho mais provável foi o vírus ter se espalhado na natureza e depois ter saltado de animais para humanos. Mas essa hipótese tem base na maneira como outros coronavírus se originaram, não no que é conhecido a respeito do caso atual. A ausência de clareza não é em si alarmante neste momento, em uma investigação a respeito das origens do vírus - no caso da síndrome respiratória aguda grave (Sars), os cientistas identificaram rapidamente as civetas como hospedeiros intermediários, apesar de ter levado anos para descobrir a população de morcegos na qual os vírus se constituíram geneticamente. Mas o diretor da OMS, o governo de Joe Biden e outros governos e cientistas de todo o mundo censuraram a China por não facilitar essa investigação. Na semana passada, o presidente Biden ordenou às agências de inteligência americanas que redobrem esforços para determinar a origem da pandemia, incluindo a hipótese de o vírus ter emergido “de um acidente em laboratório”. As autoridades chinesas não foram muito mais receptivas ao time internacional comissionado pela OMS. Sua visita ao Instituto de Virologia de Wuhan durou três horas. Em geral, a equipe teve de se satisfazer com dados em grande parte coletados por cientistas chineses anteriormente à visita. O resultado foi um relatório que não avançou significativamente em relação ao entendimento do mundo a respeito de como a pandemia começou. O relatório fortaleceu a teoria preferida da China, de que o vírus poderia ter vindo de outros países, possivelmente por meio da importação de comidas congeladas - apesar de Pequim ter apresentado pouco fundamento para a versão. A respeito da hipótese de um vazamento de laboratório, o relatório concluiu que esse caminho era “extremamente improvável”. “Não podemos nem começar a falar em um consenso, a não ser em um consenso a respeito do que não sabemos”, afirmou David Relman, microbiologista da Universidade Stanford. “Não estamos nem perto de ter a quantidade de dados que precisamos.” Relman é um dos 18 cientistas que escreveram uma carta aberta no mês passado, pedindo que a hipótese a respeito da pandemia ter se originado em um acidente de laboratório ser levada seriamente em consideração. “Qualquer laboratório que manipule um número significativo de amostras de morcegos ou outras possíveis espécies hospedeiras de coronavírus ou manipule coronavírus” deveria ser considerado, afirmou ele esta semana em entrevista ao Washington Post. As duas equipes rivais de especialistas em doenças exóticas de morcegos de Wuhan estão agora sob um escrutínio renovado. Tanto a equipe de Tian, do CCPD de Wuhan como a de Shi Zhengli, do Instituto de Virologia de Wuhan (IVW), foram criticadas por sua disposição em relaxar na segurança enquanto corriam atrás de descobertas. O CCPD de Wuhan, o IVW, Tian e Shi não responderam a solicitações de comentários. O cargo de Tian é diretor técnico associado do departamento de controle de pragas do CCPD de Wuhan, mas ele é conhecido como um aventureiro falastrão, por seu trabalho com morcegos e insetos. “Ele vai com frequência a lugares que outras pessoas não conseguem encontrar para procurar as amostras que precisa”, afirmou um colega, Liu Jing, na TV local, em janeiro de 2020. “Ele pode dizer com confiança que é capaz de capturar coisas que outras pessoas não conseguem.” Ele foi integrante de uma equipe que descobriu 1.445 novos vírus RNA em animais invertebrados, trabalho publicado na Nature, uma revista científica de elite, em 2016. Ele também admitiu ocasionais descuidos com segurança. Em 2017, Tian disse ao jornal estatal Wuhan Evening News que uma vez se esqueceu de usar equipamentos de proteção pessoal e um morcego urinou nele, o que fez com que ficasse em casa, em quarentena, por duas semanas. Em várias ocasiões, sangue de morcego espirrou em sua pele, enquanto ele tentava capturar os animais com uma pinça, disse ele ao jornal. Em 3 de fevereiro de 2020, a equipe de Tian chegou às páginas da Nature outra vez, com um relato clínico inicial a respeito de um paciente de Wuhan. O artigo apontava para morcegos como possíveis hospedeiros. Mas conforme o coronavírus se espalhou, Tian se calou. O jornal estatal Health Times citou uma fonte anônima em março de 2020 afirmando que Tian não tinha sido infectado com o coronavírus e que ele estava entristecido em razão da especulação a respeito de ele ter sido o paciente zero. Tian continuou sua pesquisa ao mesmo tempo em que permaneceu afastado do público. Ele não disse nem publicou mais nada a respeito de morcegos. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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