Mundo em Desalinho

Chipotle, latinos e a disputa pela Casa Branca em 2016


Por claudiatrevisan

Hillary Clinton comeu um burrito na rede de fast food mexicana Chipotle no primeiro evento de campanha presidencial, realizado na última segunda-feira em Ohio. No mesmo dia, seu potencial adversário Marco Rubio usou uma frase em perfeito espanhol no discurso de lançamento de sua candidatura. Poucos dias antes, o New York Times havia revelado que Jeb, o novo representante da dinastia Bush na corrida pela Casa Branca em 2016, cometeu o ato falho de se identificar como "hispânico" em seu registro eleitoral de 2009. Nunca uma disputa pela presidência revelou de maneira tão clara a penetração da imigração latina nos Estados Unidos, evidente no cotidiano e nos serviços de atendimento ao consumidor, nos quais "oprima el dos para español" é onipresente. Hillary não fala a língua nem descende de imigrantes vindos de países ao sul do Rio Grande, que demarca parte da fronteira entre os EUA e o México. Mas além do burrito em Ohio, ela apresentou dois irmãos latinos com subtítulos em inglês no vídeo de lançamento de sua candidatura. Mi hermano y yo estamos empezando un primer negocio, diz um deles, que dividiu o anúncio com casais brancos, negros e gays, uma mãe solteira, uma mulher que sonha em começar uma nova vida depois da aposentadoria, um empresário e Hillary, também pronta para um novo projeto -a presidência dos Estados Unidos. O Partido Democrata da candidata e de Barack Obama é o grande defensor de reformas que dão aos 11 milhões de imigrantes ilegais a chance de regularizar sua situação e pedir a cidadania americana. Mas o campo adversário tem as conexões latinas mais evidentes. Marco Rubio e o ultraconservador Ted Cruz são filhos de imigrantes cubanos que chegaram aos Estados Unidos antes da Revolução de 1959. Além do espanhol fluente, ambos coincidem na rejeição à política de reaproximação entre Washington e Havana, anunciada por Obama e o presidente Raúl Castro no dia 17 de dezembro. Jeb Bush é casado com uma mexicana, Columba, com quem tem três filhos. O irmão mais novo de George W. Bush viveu com a mulher na Venezuela no fim dos anos 70 e domina o espanhol, assim como Rubio e Cruz. Em outro sinal da influência latina, Jeb abandonou a igreja episcopal em que foi criado e se converteu ao catolicismo em 1995. Os latinos representam 17% da população americana e são o maior grupo étnico ou racial depois dos brancos. A previsão dos demógrafos é que o percentual chegue a 31% em 2060. No mesmo período, a fatia dos negros na população americana deve passar dos atuais 15% para 18%. Rubio e Bush defendem reformas do sistema de imigração, mas a posição pode ser vista como excessivamente progressista pelos republicanos que votam nas primárias do partido e decidem quem será o representante da legenda na disputa presidencial. Esse grupo está à direita do eleitor médio americano, o que pode reduzir as chances do escolhido na disputa geral com o candidato democrata. O discurso extremista pode funcionar para as bases da legenda de Ronald Reagan e o George Bush pai e filho, mas corre o risco de ser rejeitada por um eleitorado cada vez mais diverso em sua origem e orientação sexual. Na tentativa de se identificar com a experiência dos latinos, Hillary foi além do Chipotle e declarou que seus quatro avós eram imigrantes -não do sul do Rio Grande, mas da Europa. A imprensa americana foi rápida em mostrar que apenas um deles, Hugh Rodham, nasceu fora das fronteiras dos EUA.

Hillary Clinton comeu um burrito na rede de fast food mexicana Chipotle no primeiro evento de campanha presidencial, realizado na última segunda-feira em Ohio. No mesmo dia, seu potencial adversário Marco Rubio usou uma frase em perfeito espanhol no discurso de lançamento de sua candidatura. Poucos dias antes, o New York Times havia revelado que Jeb, o novo representante da dinastia Bush na corrida pela Casa Branca em 2016, cometeu o ato falho de se identificar como "hispânico" em seu registro eleitoral de 2009. Nunca uma disputa pela presidência revelou de maneira tão clara a penetração da imigração latina nos Estados Unidos, evidente no cotidiano e nos serviços de atendimento ao consumidor, nos quais "oprima el dos para español" é onipresente. Hillary não fala a língua nem descende de imigrantes vindos de países ao sul do Rio Grande, que demarca parte da fronteira entre os EUA e o México. Mas além do burrito em Ohio, ela apresentou dois irmãos latinos com subtítulos em inglês no vídeo de lançamento de sua candidatura. Mi hermano y yo estamos empezando un primer negocio, diz um deles, que dividiu o anúncio com casais brancos, negros e gays, uma mãe solteira, uma mulher que sonha em começar uma nova vida depois da aposentadoria, um empresário e Hillary, também pronta para um novo projeto -a presidência dos Estados Unidos. O Partido Democrata da candidata e de Barack Obama é o grande defensor de reformas que dão aos 11 milhões de imigrantes ilegais a chance de regularizar sua situação e pedir a cidadania americana. Mas o campo adversário tem as conexões latinas mais evidentes. Marco Rubio e o ultraconservador Ted Cruz são filhos de imigrantes cubanos que chegaram aos Estados Unidos antes da Revolução de 1959. Além do espanhol fluente, ambos coincidem na rejeição à política de reaproximação entre Washington e Havana, anunciada por Obama e o presidente Raúl Castro no dia 17 de dezembro. Jeb Bush é casado com uma mexicana, Columba, com quem tem três filhos. O irmão mais novo de George W. Bush viveu com a mulher na Venezuela no fim dos anos 70 e domina o espanhol, assim como Rubio e Cruz. Em outro sinal da influência latina, Jeb abandonou a igreja episcopal em que foi criado e se converteu ao catolicismo em 1995. Os latinos representam 17% da população americana e são o maior grupo étnico ou racial depois dos brancos. A previsão dos demógrafos é que o percentual chegue a 31% em 2060. No mesmo período, a fatia dos negros na população americana deve passar dos atuais 15% para 18%. Rubio e Bush defendem reformas do sistema de imigração, mas a posição pode ser vista como excessivamente progressista pelos republicanos que votam nas primárias do partido e decidem quem será o representante da legenda na disputa presidencial. Esse grupo está à direita do eleitor médio americano, o que pode reduzir as chances do escolhido na disputa geral com o candidato democrata. O discurso extremista pode funcionar para as bases da legenda de Ronald Reagan e o George Bush pai e filho, mas corre o risco de ser rejeitada por um eleitorado cada vez mais diverso em sua origem e orientação sexual. Na tentativa de se identificar com a experiência dos latinos, Hillary foi além do Chipotle e declarou que seus quatro avós eram imigrantes -não do sul do Rio Grande, mas da Europa. A imprensa americana foi rápida em mostrar que apenas um deles, Hugh Rodham, nasceu fora das fronteiras dos EUA.

Hillary Clinton comeu um burrito na rede de fast food mexicana Chipotle no primeiro evento de campanha presidencial, realizado na última segunda-feira em Ohio. No mesmo dia, seu potencial adversário Marco Rubio usou uma frase em perfeito espanhol no discurso de lançamento de sua candidatura. Poucos dias antes, o New York Times havia revelado que Jeb, o novo representante da dinastia Bush na corrida pela Casa Branca em 2016, cometeu o ato falho de se identificar como "hispânico" em seu registro eleitoral de 2009. Nunca uma disputa pela presidência revelou de maneira tão clara a penetração da imigração latina nos Estados Unidos, evidente no cotidiano e nos serviços de atendimento ao consumidor, nos quais "oprima el dos para español" é onipresente. Hillary não fala a língua nem descende de imigrantes vindos de países ao sul do Rio Grande, que demarca parte da fronteira entre os EUA e o México. Mas além do burrito em Ohio, ela apresentou dois irmãos latinos com subtítulos em inglês no vídeo de lançamento de sua candidatura. Mi hermano y yo estamos empezando un primer negocio, diz um deles, que dividiu o anúncio com casais brancos, negros e gays, uma mãe solteira, uma mulher que sonha em começar uma nova vida depois da aposentadoria, um empresário e Hillary, também pronta para um novo projeto -a presidência dos Estados Unidos. O Partido Democrata da candidata e de Barack Obama é o grande defensor de reformas que dão aos 11 milhões de imigrantes ilegais a chance de regularizar sua situação e pedir a cidadania americana. Mas o campo adversário tem as conexões latinas mais evidentes. Marco Rubio e o ultraconservador Ted Cruz são filhos de imigrantes cubanos que chegaram aos Estados Unidos antes da Revolução de 1959. Além do espanhol fluente, ambos coincidem na rejeição à política de reaproximação entre Washington e Havana, anunciada por Obama e o presidente Raúl Castro no dia 17 de dezembro. Jeb Bush é casado com uma mexicana, Columba, com quem tem três filhos. O irmão mais novo de George W. Bush viveu com a mulher na Venezuela no fim dos anos 70 e domina o espanhol, assim como Rubio e Cruz. Em outro sinal da influência latina, Jeb abandonou a igreja episcopal em que foi criado e se converteu ao catolicismo em 1995. Os latinos representam 17% da população americana e são o maior grupo étnico ou racial depois dos brancos. A previsão dos demógrafos é que o percentual chegue a 31% em 2060. No mesmo período, a fatia dos negros na população americana deve passar dos atuais 15% para 18%. Rubio e Bush defendem reformas do sistema de imigração, mas a posição pode ser vista como excessivamente progressista pelos republicanos que votam nas primárias do partido e decidem quem será o representante da legenda na disputa presidencial. Esse grupo está à direita do eleitor médio americano, o que pode reduzir as chances do escolhido na disputa geral com o candidato democrata. O discurso extremista pode funcionar para as bases da legenda de Ronald Reagan e o George Bush pai e filho, mas corre o risco de ser rejeitada por um eleitorado cada vez mais diverso em sua origem e orientação sexual. Na tentativa de se identificar com a experiência dos latinos, Hillary foi além do Chipotle e declarou que seus quatro avós eram imigrantes -não do sul do Rio Grande, mas da Europa. A imprensa americana foi rápida em mostrar que apenas um deles, Hugh Rodham, nasceu fora das fronteiras dos EUA.

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