ROMA - Os líderes da coalizão de direita favorita para vencer as eleições legislativas deste domingo, 25, na Itália, organizaram na última quinta-feira, 22, um comício em Roma para encerrar a campanha que pode levar ao poder uma ex-admiradora de Benito Mussolini. Os italianos podem colocar seu destino nas mãos de Giorgia Meloni, líder do Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália), um partido de extrema direita e nacionalista.
Giorgia Meloni, 45 anos, se apresenta em aliança com o partido conservador Força Itália (FI), do magnata veterano Silvio Berlusconi, e a Liga anti-imigração de Matteo Salvini, conhecido por sua política linha dura contra os navios humanitários que resgatam migrantes no Mediterrâneo. Os três líderes, que aparecem juntos pela primeira e última vez nessa campanha, se revezavam para discursar para seus dezenas de milhares de seguidores reunidos.
Se as pesquisas de intenção de votos estiverem corretas, Meloni pode ser a primeira chefe de Governo pós-fascista a comandar um país fundador da União Europeia. “Vou votar em Meloni, nunca me traiu, compartilho de suas opiniões 100%, a acho coerente”, disse à AFP Giuli Ruggeri, uma desempregada de 53 anos que participou do ato na Piazza del Popolo, no centro da capital italiana.
No comício, Berlusconi falou primeiro: “A Itália não quer ser governada pela esquerda”, afirmou o octogenário, denunciando a “opressão fiscal” e a “invasão descontrolada” de imigrantes. Matteo Salvini firmou o objetivo de “governar bem e juntos durante cinco anos”, comprometendo-se a “proteger a Itália e os italianos”.
Por sua vez, Meloni, cujo nome era gritado em coro por apoiadores, fez um discurso de mais de meia hora. “Estamos preparados, verão no domingo”, declarou, prometendo defender o “interesse nacional” da Itália diante da Europa. “Queremos uma Itália forte, séria e respeitada no cenário internacional.”
Leia mais
Ela também prometeu iniciar uma reforma das instituições italianas em direção a um regime presidencialista que garanta a estabilidade em um país conhecido precisamente por sua instabilidade governamental.
As três forças unidas podem conquistar a maioria absoluta tanto na Câmara dos Deputados como no Senado, graças a uma vantagem cômoda sobre o social-democrata Partido Democrático (PD) de Enrico Letta, que não conseguiu estabelecer uma aliança com os partidos de centro e de esquerda.
Sem pesquisas
Como a publicação de pesquisas são proibidas duas semanas antes das eleições, o ponto de referência é a sondagem de 9 de setembro. O Fratelli d’Italia tinha 24 a 25% das intenções de voto, à frente do PD, com entre 21 a 22%. Em seguida aparecem o antissistema Movimento 5 Estrelas (13 a 15%), a Liga (12%) e o Força Itália (8%).
De acordo com as pesquisas, a coalizão de direita e extrema direita pode conquistar entre 45% e 55% das cadeiras no Parlamento. Para muitos analistas, a taxa de participação deve registrar um índice historicamente baixo, com menos de 70%.
A direita quer “mais fronteiras, uma Europa menos burocrática, mais natalidade e menos imigração, valores judaico-cristãos e menos impostos”. Durante a campanha, a coalizão também citou suas batalhas comuns contra a “islamização” do continente e a favor dos “italianos em primeiro lugar”, enquanto as divergências ficaram menos evidentes.
Procedente de uma família política construída com base no anticomunismo, Meloni defende a Otan e apoiou as sanções contra a Rússia após a invasão da Ucrânia, enquanto Salvini, amigo de Vladimir Putin, se opôs às medidas por considerar que prejudicam os italianos, com o aumento das contas de luz e gás.
O “capitão”, apelido do líder da Liga, conhecido pelo tom arrogante de suas declarações, propôs um fundo especial para as famílias e as empresas como forma de mitigar os elevados custos da energia elétrica e do gás, mas Meloni se declara contrária por preferir uma política orçamentária responsável e para não aumentar a dívida pública.
Estes são confrontos - com Berlusconi de mediador por representar com quase 8% uma força pró-Europa, moderada e conservadora - que aumentarão de acordo com o equilíbrio de poder após os resultados eleitorais. /AFP