Analista político e professor de Relações Internacionais da FGV-SP. Escreve quinzenalmente

Opinião|Os riscos do plano de paz de Lula para a guerra na Ucrânia; leia a coluna de Oliver Stuenkel


Cresce na Europa e nos Estados Unidos a leitura de que o Brasil se alinha à China e à Rússia

Por Oliver Stuenkel
Atualização:

A proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de criar um “clube da paz” para a Ucrânia é um sinal claro de que o governo brasileiro buscará articular uma diplomacia mais ativa, envolvendo-se diretamente no debate geopolítico mais relevante do momento.

Em princípio, trata-se de uma boa notícia. Tradicionalmente pouco representada à mesa dos poderosos, a América Latina tem o potencial de assumir papel-chave em vários debates: o aquecimento global, a crise internacional de refúgio, a saúde mundial, a redução da pobreza, o crime organizado, entre outros.

continua após a publicidade

Mais engajamento por parte de um país não envolvido diretamente na guerra entre Rússia e Ucrânia também pode ser positivo: na década de 1990, por exemplo, o governo FHC liderou, juntos com os EUA, a negociação de um acordo de paz entre Peru e Equador depois de um breve conflito entre os dois países.

À primeira vista, também parece uma iniciativa de baixo risco: o pior a acontecer seria as tentativas brasileiras de promover um diálogo entre Moscou e Kiev não surtirem efeito.

continua após a publicidade

No entanto, seria um erro acreditar que o ativismo diplomático brasileiro em relação à guerra na Ucrânia seja sem risco para o Brasil. O governo Lula tem tentado, de fato, manter certo equilíbrio, tanto na retórica presidencial quanto nas votações na ONU.

Antes da eleição, disse à Time que Volodmir Zelenski seria tão responsável pela guerra quanto Putin, opinião fortemente criticada no Ocidente. Em fevereiro, recusou pedido alemão de compra de munição para tanques a serem enviados à Ucrânia sob o argumento de que o Brasil é um país de paz.

Em gesto que alguns interpretaram como retaliação, a Alemanha embargou a exportação de blindados brasileiros para as Filipinas, usando seu direito de veto por deter a propriedade intelectual de alguns componentes dos veículos. Por outro lado, em fevereiro, o Brasil foi o único país do grupo Brics a votar, na Assembleia Geral da ONU, a favor da resolução que pedia a retirada imediata das tropas da Ucrânia. Lula também chamou a invasão de erro histórico.

continua após a publicidade
sinalização brasileira de querer assumir um papel de destaque no diálogo sobre a paz na Ucrânia tem alguns paralelos com a decisão de Lula de negociar um acordo nuclear com o Irã em 2010

Ceticismo com alinhamento brasileiro

Mesmo assim, há profundo ceticismo no Ocidente quanto ao ativismo brasileiro em relação à Ucrânia, em parte porque, aos olhos de Kiev, Varsóvia, Berlim e Washington, a narrativa brasileira – “é preciso começar a falar sobre a paz” – acaba legitimando implicitamente o discurso russo de que o Ocidente teria interesse em prorrogar o conflito e não a dialogar.

continua após a publicidade

Diplomatas europeus e americanos apontam que diálogos e negociações ocorrem desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.

Da mesma forma, na leitura ocidental, o plano apresentado pela China serve acima de tudo para criar uma imagem segundo a qual a continuação da guerra se deve a uma falta de disposição ocidental de sentar-se à mesa de negociação — e não à recusa russa de retirar suas tropas da Ucrânia o e encerrar o que é visto na Europa como uma guerra de agressão.

A percepção ocidental de que o Brasil pode acabar adotando uma postura mais afinada com Moscou e Pequim foi reforçada pelo aparente desalinhamento em uma chamada entre Zelenski e Lula em fevereiro – os dois descreveram a conversa em termos muito diferentes depois – e a decisão do presidente Lula de declinar o convite a Kiev.

continua após a publicidade

A expectativa do anúncio do “clube da paz” durante a visita de Lula a Pequim (adiada por motivo de doença do presidente brasileiro), e não em ambiente mais neutro, como a ONU, dificilmente ajudou a reverter essa percepção.

Lula e Biden conversam na Casa Branca: aproximação do Brasil com a China preocupa americanos  Foto: Alex Brandon / File/ AP

Ecos do passado

continua após a publicidade

A sinalização brasileira de querer assumir um papel de destaque no diálogo sobre a paz na Ucrânia tem alguns paralelos com a decisão de Lula de negociar um acordo nuclear com o Irã em 2010.

Em abril daquele ano, o presidente dos EUA, Barack Obama, escreveu carta a Lula pedindo que não se deixasse engabelar por Mahmoud Ahmadinejad, então presidente iraniano. Um mês depois, Lula apresentou, junto com o então premiê turco Recep Erdogan e Ahmadinejad, um acordo nuclear que não obteve apoio ocidental e gerou uma crise entre Brasília e Washington.

Nada disso quer dizer que o resultado do atual esforço brasileiro será o mesmo, mas é preciso estar ciente dos riscos de a iniciativa acabar causando fricção, seja com o lado ocidental, seja com o lado sino-russo. Afinal, a Ucrânia hoje está no olho do pior furacão geopolítico em mais de três décadas.

A proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de criar um “clube da paz” para a Ucrânia é um sinal claro de que o governo brasileiro buscará articular uma diplomacia mais ativa, envolvendo-se diretamente no debate geopolítico mais relevante do momento.

Em princípio, trata-se de uma boa notícia. Tradicionalmente pouco representada à mesa dos poderosos, a América Latina tem o potencial de assumir papel-chave em vários debates: o aquecimento global, a crise internacional de refúgio, a saúde mundial, a redução da pobreza, o crime organizado, entre outros.

Mais engajamento por parte de um país não envolvido diretamente na guerra entre Rússia e Ucrânia também pode ser positivo: na década de 1990, por exemplo, o governo FHC liderou, juntos com os EUA, a negociação de um acordo de paz entre Peru e Equador depois de um breve conflito entre os dois países.

À primeira vista, também parece uma iniciativa de baixo risco: o pior a acontecer seria as tentativas brasileiras de promover um diálogo entre Moscou e Kiev não surtirem efeito.

No entanto, seria um erro acreditar que o ativismo diplomático brasileiro em relação à guerra na Ucrânia seja sem risco para o Brasil. O governo Lula tem tentado, de fato, manter certo equilíbrio, tanto na retórica presidencial quanto nas votações na ONU.

Antes da eleição, disse à Time que Volodmir Zelenski seria tão responsável pela guerra quanto Putin, opinião fortemente criticada no Ocidente. Em fevereiro, recusou pedido alemão de compra de munição para tanques a serem enviados à Ucrânia sob o argumento de que o Brasil é um país de paz.

Em gesto que alguns interpretaram como retaliação, a Alemanha embargou a exportação de blindados brasileiros para as Filipinas, usando seu direito de veto por deter a propriedade intelectual de alguns componentes dos veículos. Por outro lado, em fevereiro, o Brasil foi o único país do grupo Brics a votar, na Assembleia Geral da ONU, a favor da resolução que pedia a retirada imediata das tropas da Ucrânia. Lula também chamou a invasão de erro histórico.

sinalização brasileira de querer assumir um papel de destaque no diálogo sobre a paz na Ucrânia tem alguns paralelos com a decisão de Lula de negociar um acordo nuclear com o Irã em 2010

Ceticismo com alinhamento brasileiro

Mesmo assim, há profundo ceticismo no Ocidente quanto ao ativismo brasileiro em relação à Ucrânia, em parte porque, aos olhos de Kiev, Varsóvia, Berlim e Washington, a narrativa brasileira – “é preciso começar a falar sobre a paz” – acaba legitimando implicitamente o discurso russo de que o Ocidente teria interesse em prorrogar o conflito e não a dialogar.

Diplomatas europeus e americanos apontam que diálogos e negociações ocorrem desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.

Da mesma forma, na leitura ocidental, o plano apresentado pela China serve acima de tudo para criar uma imagem segundo a qual a continuação da guerra se deve a uma falta de disposição ocidental de sentar-se à mesa de negociação — e não à recusa russa de retirar suas tropas da Ucrânia o e encerrar o que é visto na Europa como uma guerra de agressão.

A percepção ocidental de que o Brasil pode acabar adotando uma postura mais afinada com Moscou e Pequim foi reforçada pelo aparente desalinhamento em uma chamada entre Zelenski e Lula em fevereiro – os dois descreveram a conversa em termos muito diferentes depois – e a decisão do presidente Lula de declinar o convite a Kiev.

A expectativa do anúncio do “clube da paz” durante a visita de Lula a Pequim (adiada por motivo de doença do presidente brasileiro), e não em ambiente mais neutro, como a ONU, dificilmente ajudou a reverter essa percepção.

Lula e Biden conversam na Casa Branca: aproximação do Brasil com a China preocupa americanos  Foto: Alex Brandon / File/ AP

Ecos do passado

A sinalização brasileira de querer assumir um papel de destaque no diálogo sobre a paz na Ucrânia tem alguns paralelos com a decisão de Lula de negociar um acordo nuclear com o Irã em 2010.

Em abril daquele ano, o presidente dos EUA, Barack Obama, escreveu carta a Lula pedindo que não se deixasse engabelar por Mahmoud Ahmadinejad, então presidente iraniano. Um mês depois, Lula apresentou, junto com o então premiê turco Recep Erdogan e Ahmadinejad, um acordo nuclear que não obteve apoio ocidental e gerou uma crise entre Brasília e Washington.

Nada disso quer dizer que o resultado do atual esforço brasileiro será o mesmo, mas é preciso estar ciente dos riscos de a iniciativa acabar causando fricção, seja com o lado ocidental, seja com o lado sino-russo. Afinal, a Ucrânia hoje está no olho do pior furacão geopolítico em mais de três décadas.

A proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de criar um “clube da paz” para a Ucrânia é um sinal claro de que o governo brasileiro buscará articular uma diplomacia mais ativa, envolvendo-se diretamente no debate geopolítico mais relevante do momento.

Em princípio, trata-se de uma boa notícia. Tradicionalmente pouco representada à mesa dos poderosos, a América Latina tem o potencial de assumir papel-chave em vários debates: o aquecimento global, a crise internacional de refúgio, a saúde mundial, a redução da pobreza, o crime organizado, entre outros.

Mais engajamento por parte de um país não envolvido diretamente na guerra entre Rússia e Ucrânia também pode ser positivo: na década de 1990, por exemplo, o governo FHC liderou, juntos com os EUA, a negociação de um acordo de paz entre Peru e Equador depois de um breve conflito entre os dois países.

À primeira vista, também parece uma iniciativa de baixo risco: o pior a acontecer seria as tentativas brasileiras de promover um diálogo entre Moscou e Kiev não surtirem efeito.

No entanto, seria um erro acreditar que o ativismo diplomático brasileiro em relação à guerra na Ucrânia seja sem risco para o Brasil. O governo Lula tem tentado, de fato, manter certo equilíbrio, tanto na retórica presidencial quanto nas votações na ONU.

Antes da eleição, disse à Time que Volodmir Zelenski seria tão responsável pela guerra quanto Putin, opinião fortemente criticada no Ocidente. Em fevereiro, recusou pedido alemão de compra de munição para tanques a serem enviados à Ucrânia sob o argumento de que o Brasil é um país de paz.

Em gesto que alguns interpretaram como retaliação, a Alemanha embargou a exportação de blindados brasileiros para as Filipinas, usando seu direito de veto por deter a propriedade intelectual de alguns componentes dos veículos. Por outro lado, em fevereiro, o Brasil foi o único país do grupo Brics a votar, na Assembleia Geral da ONU, a favor da resolução que pedia a retirada imediata das tropas da Ucrânia. Lula também chamou a invasão de erro histórico.

sinalização brasileira de querer assumir um papel de destaque no diálogo sobre a paz na Ucrânia tem alguns paralelos com a decisão de Lula de negociar um acordo nuclear com o Irã em 2010

Ceticismo com alinhamento brasileiro

Mesmo assim, há profundo ceticismo no Ocidente quanto ao ativismo brasileiro em relação à Ucrânia, em parte porque, aos olhos de Kiev, Varsóvia, Berlim e Washington, a narrativa brasileira – “é preciso começar a falar sobre a paz” – acaba legitimando implicitamente o discurso russo de que o Ocidente teria interesse em prorrogar o conflito e não a dialogar.

Diplomatas europeus e americanos apontam que diálogos e negociações ocorrem desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.

Da mesma forma, na leitura ocidental, o plano apresentado pela China serve acima de tudo para criar uma imagem segundo a qual a continuação da guerra se deve a uma falta de disposição ocidental de sentar-se à mesa de negociação — e não à recusa russa de retirar suas tropas da Ucrânia o e encerrar o que é visto na Europa como uma guerra de agressão.

A percepção ocidental de que o Brasil pode acabar adotando uma postura mais afinada com Moscou e Pequim foi reforçada pelo aparente desalinhamento em uma chamada entre Zelenski e Lula em fevereiro – os dois descreveram a conversa em termos muito diferentes depois – e a decisão do presidente Lula de declinar o convite a Kiev.

A expectativa do anúncio do “clube da paz” durante a visita de Lula a Pequim (adiada por motivo de doença do presidente brasileiro), e não em ambiente mais neutro, como a ONU, dificilmente ajudou a reverter essa percepção.

Lula e Biden conversam na Casa Branca: aproximação do Brasil com a China preocupa americanos  Foto: Alex Brandon / File/ AP

Ecos do passado

A sinalização brasileira de querer assumir um papel de destaque no diálogo sobre a paz na Ucrânia tem alguns paralelos com a decisão de Lula de negociar um acordo nuclear com o Irã em 2010.

Em abril daquele ano, o presidente dos EUA, Barack Obama, escreveu carta a Lula pedindo que não se deixasse engabelar por Mahmoud Ahmadinejad, então presidente iraniano. Um mês depois, Lula apresentou, junto com o então premiê turco Recep Erdogan e Ahmadinejad, um acordo nuclear que não obteve apoio ocidental e gerou uma crise entre Brasília e Washington.

Nada disso quer dizer que o resultado do atual esforço brasileiro será o mesmo, mas é preciso estar ciente dos riscos de a iniciativa acabar causando fricção, seja com o lado ocidental, seja com o lado sino-russo. Afinal, a Ucrânia hoje está no olho do pior furacão geopolítico em mais de três décadas.

A proposta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de criar um “clube da paz” para a Ucrânia é um sinal claro de que o governo brasileiro buscará articular uma diplomacia mais ativa, envolvendo-se diretamente no debate geopolítico mais relevante do momento.

Em princípio, trata-se de uma boa notícia. Tradicionalmente pouco representada à mesa dos poderosos, a América Latina tem o potencial de assumir papel-chave em vários debates: o aquecimento global, a crise internacional de refúgio, a saúde mundial, a redução da pobreza, o crime organizado, entre outros.

Mais engajamento por parte de um país não envolvido diretamente na guerra entre Rússia e Ucrânia também pode ser positivo: na década de 1990, por exemplo, o governo FHC liderou, juntos com os EUA, a negociação de um acordo de paz entre Peru e Equador depois de um breve conflito entre os dois países.

À primeira vista, também parece uma iniciativa de baixo risco: o pior a acontecer seria as tentativas brasileiras de promover um diálogo entre Moscou e Kiev não surtirem efeito.

No entanto, seria um erro acreditar que o ativismo diplomático brasileiro em relação à guerra na Ucrânia seja sem risco para o Brasil. O governo Lula tem tentado, de fato, manter certo equilíbrio, tanto na retórica presidencial quanto nas votações na ONU.

Antes da eleição, disse à Time que Volodmir Zelenski seria tão responsável pela guerra quanto Putin, opinião fortemente criticada no Ocidente. Em fevereiro, recusou pedido alemão de compra de munição para tanques a serem enviados à Ucrânia sob o argumento de que o Brasil é um país de paz.

Em gesto que alguns interpretaram como retaliação, a Alemanha embargou a exportação de blindados brasileiros para as Filipinas, usando seu direito de veto por deter a propriedade intelectual de alguns componentes dos veículos. Por outro lado, em fevereiro, o Brasil foi o único país do grupo Brics a votar, na Assembleia Geral da ONU, a favor da resolução que pedia a retirada imediata das tropas da Ucrânia. Lula também chamou a invasão de erro histórico.

sinalização brasileira de querer assumir um papel de destaque no diálogo sobre a paz na Ucrânia tem alguns paralelos com a decisão de Lula de negociar um acordo nuclear com o Irã em 2010

Ceticismo com alinhamento brasileiro

Mesmo assim, há profundo ceticismo no Ocidente quanto ao ativismo brasileiro em relação à Ucrânia, em parte porque, aos olhos de Kiev, Varsóvia, Berlim e Washington, a narrativa brasileira – “é preciso começar a falar sobre a paz” – acaba legitimando implicitamente o discurso russo de que o Ocidente teria interesse em prorrogar o conflito e não a dialogar.

Diplomatas europeus e americanos apontam que diálogos e negociações ocorrem desde o início do conflito, em fevereiro de 2022.

Da mesma forma, na leitura ocidental, o plano apresentado pela China serve acima de tudo para criar uma imagem segundo a qual a continuação da guerra se deve a uma falta de disposição ocidental de sentar-se à mesa de negociação — e não à recusa russa de retirar suas tropas da Ucrânia o e encerrar o que é visto na Europa como uma guerra de agressão.

A percepção ocidental de que o Brasil pode acabar adotando uma postura mais afinada com Moscou e Pequim foi reforçada pelo aparente desalinhamento em uma chamada entre Zelenski e Lula em fevereiro – os dois descreveram a conversa em termos muito diferentes depois – e a decisão do presidente Lula de declinar o convite a Kiev.

A expectativa do anúncio do “clube da paz” durante a visita de Lula a Pequim (adiada por motivo de doença do presidente brasileiro), e não em ambiente mais neutro, como a ONU, dificilmente ajudou a reverter essa percepção.

Lula e Biden conversam na Casa Branca: aproximação do Brasil com a China preocupa americanos  Foto: Alex Brandon / File/ AP

Ecos do passado

A sinalização brasileira de querer assumir um papel de destaque no diálogo sobre a paz na Ucrânia tem alguns paralelos com a decisão de Lula de negociar um acordo nuclear com o Irã em 2010.

Em abril daquele ano, o presidente dos EUA, Barack Obama, escreveu carta a Lula pedindo que não se deixasse engabelar por Mahmoud Ahmadinejad, então presidente iraniano. Um mês depois, Lula apresentou, junto com o então premiê turco Recep Erdogan e Ahmadinejad, um acordo nuclear que não obteve apoio ocidental e gerou uma crise entre Brasília e Washington.

Nada disso quer dizer que o resultado do atual esforço brasileiro será o mesmo, mas é preciso estar ciente dos riscos de a iniciativa acabar causando fricção, seja com o lado ocidental, seja com o lado sino-russo. Afinal, a Ucrânia hoje está no olho do pior furacão geopolítico em mais de três décadas.

Opinião por Oliver Stuenkel

Analista político e Professor de Relações Internacionais da FGV-SP

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.