Nome amaldiçoado, amantes e crises políticas: quem foram os outros reis Charles no Reino Unido


Reinados de Charles I e Charles II foram marcados por conflitos com o Parlamento, guerras civis e escândalos com amantes

Por Renata Miranda
Atualização:

ESPECIAL PARA O ESTADÃO, DE LONDRES - Logo após a morte da rainha Elizabeth II, em setembro do ano passado, foi confirmado que seu filho Charles assumiria o trono com o nome de Charles III. O nome de um monarca não é automaticamente seu primeiro nome — Charles poderia ter escolhido qualquer um de seus quatro nomes para ser rei: Charles Philip Arthur George.

A escolha por Charles III foi a primeira decisão de seu reinado, e foi bastante significativa: historicamente, os reinados dos dois primeiros reis Charles — Charles I (1625-1649) e Charles II (1660-1685) — são associados a grandes mudanças na monarquia britânica. Na verdade, em alguns círculos reais, o nome Charles é visto como amaldiçoado por causa dos difíceis reinados de Charles I e Charles II, marcados por conflitos com o Parlamento, guerras civis e escândalos com amantes.

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Charles I assumiu o trono aos 25 anos e teve um reinado turbulento, com constantes embates com o Parlamento, chegando, inclusive, a dissolver governos e reinar por 11 anos sem convocar um Parlamento. Em 1639, no entanto, ele entrou em guerra contra os escoceses, e a necessidade de arrecadar dinheiro o levou a convocar o que veio a ser conhecido como Parlamento Curto e Parlamento Longo.

Retrato do rei Charles III em frente a uma janela dias antes da coroação Foto: Adrian Dennis/AFP

Reservado e gago, Charles I acreditava piamente no direito divino dos reis e, apesar de ter tido um reinado combativo, era considerado um homem sensível de gostos refinados, desempenhando um papel importante como patrono das artes e colecionador de obras.

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Seu governo autoritário e suas brigas com o Parlamento provocaram guerras civis — confrontos entre a monarquia e o Parlamento sobre as definições dos poderes da monarquia e da autoridade do Parlamento.

Essas divergências constitucionais foram agravadas por animosidades religiosas e disputas financeiras. Depois de ter suas forças derrotadas na segunda dessas guerras, o exército exigiu que Charles I fosse julgado por traição e, em 1649, ele foi condenado e decapitado.

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Para evitar a sucessão automática de seu filho ao trono, uma lei foi aprovada proibindo a proclamação de outro monarca. Em 7 de fevereiro de 1649, o cargo de rei foi formalmente abolido. “O reinado de Charles I terminou em desastre, com ele sendo executado por abuso de poder e por sua inabilidade de chegar a um acordo”, explicou ao Estadão George Gross, pesquisador visitante da King’s College London. “Seu reinado, porém, foi crucial para o começo de um movimento rumo à monarquia constitucional que temos hoje.”

Charles I, monarca do Reino Unido de 1625 a 1649 Foto: Reprodução/Royal.uk

Filho de Charles I, Charles II passou anos exilado na França após a execução do pai até que, em 1660, foi convidado a voltar a Londres para restaurar o trono.

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Ele foi responsável por supervisionar a Restauração, um período definido pela comédia obscena, roupas sensuais e libertinagem em geral. Assim, Charles II ficou conhecido como “o monarca alegre” por ter levantado as restrições puritanas ao entretenimento impostas pelo governo antecessor, entre elas uma proibição de celebrar o Natal.

Charles II foi casado com Catarina de Bragança, filha do rei português João IV — curiosamente, ela é considerada a responsável pela popularização do chá na Inglaterra, hoje uma das principais bebidas associadas à cultura do país.

Charles II, monarca do Reino Unido de 1660 a 1685 Foto: Reprodução/Royal.uk
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Mesmo casado, o rei manteve abertamente diversas amantes ao longo de sua vida, tendo deixado pelo menos 14 filhos ilegítimos — e nenhum herdeiro legítimo ao trono.

O reinado de Charles II também foi marcado por eventos complicados. A Grande Peste de Londres ocorreu apenas cinco anos após o início de sua chegada ao trono e foi seguida pelo Grande Incêndio de Londres e a derrota dos ingleses na Segunda Guerra Anglo-Holandesa em 1667.

No entanto, a adaptabilidade política e perspicácia do rei permitiram que ele conduzisse seu país na luta entre anglicanos, católicos e dissidentes — algo que marcou seu reinado. Charles II morreu após um derrame em 1685.

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“Charles II é uma figura fascinante. Ele conseguiu restaurar a monarquia e seu legado vive até hoje”, disse Gross. Para Robert Morris, pesquisador sênior da Unidade de Constituição da University College London, Charles III tem mais semelhanças com seu antecessor II. “Existe um paralelo com Charles II na forma como ambos aceitaram a realidade da sociedade e cederam paridade política ao Parlamento. Também acho que, como Charles II, Charles III também gostaria de ver seu reinado durar até o fim de sua vida”.

ESPECIAL PARA O ESTADÃO, DE LONDRES - Logo após a morte da rainha Elizabeth II, em setembro do ano passado, foi confirmado que seu filho Charles assumiria o trono com o nome de Charles III. O nome de um monarca não é automaticamente seu primeiro nome — Charles poderia ter escolhido qualquer um de seus quatro nomes para ser rei: Charles Philip Arthur George.

A escolha por Charles III foi a primeira decisão de seu reinado, e foi bastante significativa: historicamente, os reinados dos dois primeiros reis Charles — Charles I (1625-1649) e Charles II (1660-1685) — são associados a grandes mudanças na monarquia britânica. Na verdade, em alguns círculos reais, o nome Charles é visto como amaldiçoado por causa dos difíceis reinados de Charles I e Charles II, marcados por conflitos com o Parlamento, guerras civis e escândalos com amantes.

Charles I assumiu o trono aos 25 anos e teve um reinado turbulento, com constantes embates com o Parlamento, chegando, inclusive, a dissolver governos e reinar por 11 anos sem convocar um Parlamento. Em 1639, no entanto, ele entrou em guerra contra os escoceses, e a necessidade de arrecadar dinheiro o levou a convocar o que veio a ser conhecido como Parlamento Curto e Parlamento Longo.

Retrato do rei Charles III em frente a uma janela dias antes da coroação Foto: Adrian Dennis/AFP

Reservado e gago, Charles I acreditava piamente no direito divino dos reis e, apesar de ter tido um reinado combativo, era considerado um homem sensível de gostos refinados, desempenhando um papel importante como patrono das artes e colecionador de obras.

Seu governo autoritário e suas brigas com o Parlamento provocaram guerras civis — confrontos entre a monarquia e o Parlamento sobre as definições dos poderes da monarquia e da autoridade do Parlamento.

Essas divergências constitucionais foram agravadas por animosidades religiosas e disputas financeiras. Depois de ter suas forças derrotadas na segunda dessas guerras, o exército exigiu que Charles I fosse julgado por traição e, em 1649, ele foi condenado e decapitado.

Para evitar a sucessão automática de seu filho ao trono, uma lei foi aprovada proibindo a proclamação de outro monarca. Em 7 de fevereiro de 1649, o cargo de rei foi formalmente abolido. “O reinado de Charles I terminou em desastre, com ele sendo executado por abuso de poder e por sua inabilidade de chegar a um acordo”, explicou ao Estadão George Gross, pesquisador visitante da King’s College London. “Seu reinado, porém, foi crucial para o começo de um movimento rumo à monarquia constitucional que temos hoje.”

Charles I, monarca do Reino Unido de 1625 a 1649 Foto: Reprodução/Royal.uk

Filho de Charles I, Charles II passou anos exilado na França após a execução do pai até que, em 1660, foi convidado a voltar a Londres para restaurar o trono.

Ele foi responsável por supervisionar a Restauração, um período definido pela comédia obscena, roupas sensuais e libertinagem em geral. Assim, Charles II ficou conhecido como “o monarca alegre” por ter levantado as restrições puritanas ao entretenimento impostas pelo governo antecessor, entre elas uma proibição de celebrar o Natal.

Charles II foi casado com Catarina de Bragança, filha do rei português João IV — curiosamente, ela é considerada a responsável pela popularização do chá na Inglaterra, hoje uma das principais bebidas associadas à cultura do país.

Charles II, monarca do Reino Unido de 1660 a 1685 Foto: Reprodução/Royal.uk

Mesmo casado, o rei manteve abertamente diversas amantes ao longo de sua vida, tendo deixado pelo menos 14 filhos ilegítimos — e nenhum herdeiro legítimo ao trono.

O reinado de Charles II também foi marcado por eventos complicados. A Grande Peste de Londres ocorreu apenas cinco anos após o início de sua chegada ao trono e foi seguida pelo Grande Incêndio de Londres e a derrota dos ingleses na Segunda Guerra Anglo-Holandesa em 1667.

No entanto, a adaptabilidade política e perspicácia do rei permitiram que ele conduzisse seu país na luta entre anglicanos, católicos e dissidentes — algo que marcou seu reinado. Charles II morreu após um derrame em 1685.

“Charles II é uma figura fascinante. Ele conseguiu restaurar a monarquia e seu legado vive até hoje”, disse Gross. Para Robert Morris, pesquisador sênior da Unidade de Constituição da University College London, Charles III tem mais semelhanças com seu antecessor II. “Existe um paralelo com Charles II na forma como ambos aceitaram a realidade da sociedade e cederam paridade política ao Parlamento. Também acho que, como Charles II, Charles III também gostaria de ver seu reinado durar até o fim de sua vida”.

ESPECIAL PARA O ESTADÃO, DE LONDRES - Logo após a morte da rainha Elizabeth II, em setembro do ano passado, foi confirmado que seu filho Charles assumiria o trono com o nome de Charles III. O nome de um monarca não é automaticamente seu primeiro nome — Charles poderia ter escolhido qualquer um de seus quatro nomes para ser rei: Charles Philip Arthur George.

A escolha por Charles III foi a primeira decisão de seu reinado, e foi bastante significativa: historicamente, os reinados dos dois primeiros reis Charles — Charles I (1625-1649) e Charles II (1660-1685) — são associados a grandes mudanças na monarquia britânica. Na verdade, em alguns círculos reais, o nome Charles é visto como amaldiçoado por causa dos difíceis reinados de Charles I e Charles II, marcados por conflitos com o Parlamento, guerras civis e escândalos com amantes.

Charles I assumiu o trono aos 25 anos e teve um reinado turbulento, com constantes embates com o Parlamento, chegando, inclusive, a dissolver governos e reinar por 11 anos sem convocar um Parlamento. Em 1639, no entanto, ele entrou em guerra contra os escoceses, e a necessidade de arrecadar dinheiro o levou a convocar o que veio a ser conhecido como Parlamento Curto e Parlamento Longo.

Retrato do rei Charles III em frente a uma janela dias antes da coroação Foto: Adrian Dennis/AFP

Reservado e gago, Charles I acreditava piamente no direito divino dos reis e, apesar de ter tido um reinado combativo, era considerado um homem sensível de gostos refinados, desempenhando um papel importante como patrono das artes e colecionador de obras.

Seu governo autoritário e suas brigas com o Parlamento provocaram guerras civis — confrontos entre a monarquia e o Parlamento sobre as definições dos poderes da monarquia e da autoridade do Parlamento.

Essas divergências constitucionais foram agravadas por animosidades religiosas e disputas financeiras. Depois de ter suas forças derrotadas na segunda dessas guerras, o exército exigiu que Charles I fosse julgado por traição e, em 1649, ele foi condenado e decapitado.

Para evitar a sucessão automática de seu filho ao trono, uma lei foi aprovada proibindo a proclamação de outro monarca. Em 7 de fevereiro de 1649, o cargo de rei foi formalmente abolido. “O reinado de Charles I terminou em desastre, com ele sendo executado por abuso de poder e por sua inabilidade de chegar a um acordo”, explicou ao Estadão George Gross, pesquisador visitante da King’s College London. “Seu reinado, porém, foi crucial para o começo de um movimento rumo à monarquia constitucional que temos hoje.”

Charles I, monarca do Reino Unido de 1625 a 1649 Foto: Reprodução/Royal.uk

Filho de Charles I, Charles II passou anos exilado na França após a execução do pai até que, em 1660, foi convidado a voltar a Londres para restaurar o trono.

Ele foi responsável por supervisionar a Restauração, um período definido pela comédia obscena, roupas sensuais e libertinagem em geral. Assim, Charles II ficou conhecido como “o monarca alegre” por ter levantado as restrições puritanas ao entretenimento impostas pelo governo antecessor, entre elas uma proibição de celebrar o Natal.

Charles II foi casado com Catarina de Bragança, filha do rei português João IV — curiosamente, ela é considerada a responsável pela popularização do chá na Inglaterra, hoje uma das principais bebidas associadas à cultura do país.

Charles II, monarca do Reino Unido de 1660 a 1685 Foto: Reprodução/Royal.uk

Mesmo casado, o rei manteve abertamente diversas amantes ao longo de sua vida, tendo deixado pelo menos 14 filhos ilegítimos — e nenhum herdeiro legítimo ao trono.

O reinado de Charles II também foi marcado por eventos complicados. A Grande Peste de Londres ocorreu apenas cinco anos após o início de sua chegada ao trono e foi seguida pelo Grande Incêndio de Londres e a derrota dos ingleses na Segunda Guerra Anglo-Holandesa em 1667.

No entanto, a adaptabilidade política e perspicácia do rei permitiram que ele conduzisse seu país na luta entre anglicanos, católicos e dissidentes — algo que marcou seu reinado. Charles II morreu após um derrame em 1685.

“Charles II é uma figura fascinante. Ele conseguiu restaurar a monarquia e seu legado vive até hoje”, disse Gross. Para Robert Morris, pesquisador sênior da Unidade de Constituição da University College London, Charles III tem mais semelhanças com seu antecessor II. “Existe um paralelo com Charles II na forma como ambos aceitaram a realidade da sociedade e cederam paridade política ao Parlamento. Também acho que, como Charles II, Charles III também gostaria de ver seu reinado durar até o fim de sua vida”.

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