NOVA DÉLHI - O total de casos de covid-19 na Índia passou dos 20 milhões nesta terça-feira, 4, chegando a 20.282.833, com 222.408 mortes. Especialistas dizem que as próximas semanas serão ainda mais duras. O número de infecções quase dobrou nos últimos três meses e hoje o país convive com uma rotina de hospitais lotados e cremações ao ar livre que iluminam o céu durante a noite.
As infecções começaram a aumentar a partir de fevereiro, em uma virada desastrosa atribuída a variantes mais contagiosas do vírus e ao afrouxamento das restrições que permitiram que grandes multidões se reunissem para festivais religiosos hindus e comícios políticos antes das eleições estaduais.
A média oficial de novos casos confirmados por dia aumentou de mais de 65 mil, em 1.º de abril, para cerca de 370 mil, e as mortes diárias passaram oficialmente de cerca de 300 para mais de 3 mil. Nesta terça-feira, o Ministério da Saúde relatou 357.229 novos casos e 3.449 mortes por covid-19.
A Índia está vacinando cerca de 2,1 milhões de pessoas diariamente e médicos dizem que seria preciso agilizar o processo. “Isso não vai acabar tão cedo”, disse Ravi Gupta, especialista em vírus da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. “É uma crise terrível”, disse a médica Punyabrata Goon, organizadora do Fórum de Médicos do Estado de Bengala Ocidental.
Os especialistas também estão preocupados com o fato de que os preços cobrados pelas vacinas dificultem a vacinação dos pobres. Na segunda-feira, os partidos de oposição pediram ao governo que a vacinação seja gratuita para todos os indianos.
Os hospitais estão em colapso, com falta de oxigênio, remédios e leitos, apesar dos esforços da comunidade internacional para ajudar o país na luta contra o vírus.
“Trabalhamos muito duro, mas não podemos salvar a todos”, afirmou Swadha Prasad, de 17 anos, uma das voluntárias que atuam contra a pandemia em Nova Délhi. Ela verifica a disponibilidade de leitos e remédios, além de atender ligações de pessoas desesperadas em busca de ajuda para seus parentes. “Alguns de nós trabalham à noite porque as ligações não param”, diz Prasad, que trabalha 14 horas por dia, do meio-dia até a madrugada.
O médico que coordena a resposta do governo à pandemia, Rajesh Bhushan, refuta a tese de que a gestão do primeiro-ministro Narendra Modi tenha subestimado a crise, mesmo com hospitais sem leitos e falta de oxigênio para os doentes./ AP e AFP