Opinião|Como a disfunção política dos EUA enfraquece a capacidade do país de enfrentar graves ameaças


Com idade avançada de Biden e mentiras de Trump, país tem dificuldade em apresentar liderança coerente e forte para lidar com crises na segurança, economia e geopolítica

Por Rubens Barbosa

O primeiro debate entre os candidatos a presidente dos EUA deixou muitos no próprio país e no exterior muito preocupados sobre o futuro da nação. Por um lado, Joe Biden demonstrou em muitos momentos o peso dos anos e mesmo sinais de senilidade e, por outro, Donald Trump mentiu sem nenhum pudor a respeito de tudo, desde o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro até a imigração.

É importante lembrar que a iniciativa da realização do debate foi de Biden. O convite a Trump foi formulado com as condições fechadas: pela primeira vez em junho (antes das convenções), transmissão pela CNN (sempre favorável aos democratas e a Biden), sem público presente e com os microfones fechados enquanto o outro candidato respondia. Apesar disso, talvez para surpresa de Biden, espertamente, Trump aceitou o convite, com certeza apostando no resultado da performance de Biden.

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Os temas substantivos tratados (economia, fronteira, imigração, aborto, idade) não tiveram nenhum impacto porque foram repetidas as conhecidas posições dos candidatos e dos partidos sobre elas. O que pesou na percepção de todos foi a performance de ambos. Nas pesquisas de opinião pública, Trump ganhou o debate (60-30).

Logo após o fim do debate começou a pressão sobre Biden. NYT, WSJ, Economist publicaram editoriais pedindo que o presidente renuncie e que o Partido Democrata busque um novo candidato. Setores partidários e financiadores discutiram a substituição.

Presidente Joe Biden deixa o palco após entrevista coletiva no encerramento da Cúpula da Otan em Washington.  Foto: Saul Loeb/AFP
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A reação dos líderes partidários foi imediata: Obama e Clinton apoiaram Biden e estimularam sua permanência na disputa. Biden e seus assessores responderam afastando qualquer possibilidade de abrir mão de sua candidatura. Houve desmentido oficial da Casa Branca sobre notícia do NYT de que Biden estava cogitando retirar sua candidatura.

Pelas regras eleitorais norte-americanas, seria possível a substituição, antes ou depois da convenção do Partido Democrata em agosto. A recusa de Biden, até aqui, em renunciar à candidatura e a ausência de nomes conhecidos nacionalmente que pudessem ocupar esse espaço tornam difícil a possibilidade de substituição.

Kamala Harris, vice-presidente, os governadores da Califórnia, de Michigan e da Pensilvânia poderiam ser chamados. Kamala, com baixíssima aprovação nas pesquisas, não teria apoio interno no partido. Os governadores declararam publicamente não ter interesse nesse momento. O presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano Mike Johnson, afirmou que o gabinete do democrata Joe Biden deveria discutir a ativação da 25ª emenda da Constituição, que permite a remoção de um presidente por incapacidade física ou mental por solicitação da vice-presidente e da maioria do ministério. Todos os governadores democratas reunidos com Biden reiteraram o apoio ao presidente.

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O tempo é muito curto até novembro, e eventual nova candidatura poderia dividir o partido e facilitar a vitória de Trump. Se não for substituído por pressão da opinião pública e por decisão política dos Democratas, Biden deverá ser consagrado candidato pela convenção democrata em julho, assim como Trump na convenção republicana.

A tendência hoje é de vitória de Trump, mas nos próximos quatro meses até novembro muita coisa pode acontecer, deixando uma incerteza no ar.

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A condenação de Trump em Nova York terá reduzido impacto sobre os eleitores, dada a polarização e divisão na sociedade norte-americana. Os julgamentos pela tentativa de manipulação eleitoral na Geórgia, pela retirada de papéis secretos da Casa Branca e pelo incentivo às manifestações de 6 de janeiro não ocorrerão antes das eleições. Os últimos julgamentos da Suprema Corte, inclusive o deste mês, que limitou a responsabilidade dos presidentes norte-americanos durante seus mandatos, até favoreceram a narrativa de Trump.

A disfunção política dos EUA e a dificuldade de apresentar nesse momento uma liderança coerente e forte está minando e enfraquecendo a capacidade e habilidade do país de enfrentar as graves ameaças a seus interesses nas áreas de segurança, econômica e geopolítica.

Qualquer semelhança com alguns outros países que conhecemos é mera coincidência. As declarações do presidente Lula em apoio a Biden (“estou torcendo que Biden ganhe a eleição”) vão dificultar o diálogo entre governos em caso de vitória de Trump.

O primeiro debate entre os candidatos a presidente dos EUA deixou muitos no próprio país e no exterior muito preocupados sobre o futuro da nação. Por um lado, Joe Biden demonstrou em muitos momentos o peso dos anos e mesmo sinais de senilidade e, por outro, Donald Trump mentiu sem nenhum pudor a respeito de tudo, desde o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro até a imigração.

É importante lembrar que a iniciativa da realização do debate foi de Biden. O convite a Trump foi formulado com as condições fechadas: pela primeira vez em junho (antes das convenções), transmissão pela CNN (sempre favorável aos democratas e a Biden), sem público presente e com os microfones fechados enquanto o outro candidato respondia. Apesar disso, talvez para surpresa de Biden, espertamente, Trump aceitou o convite, com certeza apostando no resultado da performance de Biden.

Os temas substantivos tratados (economia, fronteira, imigração, aborto, idade) não tiveram nenhum impacto porque foram repetidas as conhecidas posições dos candidatos e dos partidos sobre elas. O que pesou na percepção de todos foi a performance de ambos. Nas pesquisas de opinião pública, Trump ganhou o debate (60-30).

Logo após o fim do debate começou a pressão sobre Biden. NYT, WSJ, Economist publicaram editoriais pedindo que o presidente renuncie e que o Partido Democrata busque um novo candidato. Setores partidários e financiadores discutiram a substituição.

Presidente Joe Biden deixa o palco após entrevista coletiva no encerramento da Cúpula da Otan em Washington.  Foto: Saul Loeb/AFP

A reação dos líderes partidários foi imediata: Obama e Clinton apoiaram Biden e estimularam sua permanência na disputa. Biden e seus assessores responderam afastando qualquer possibilidade de abrir mão de sua candidatura. Houve desmentido oficial da Casa Branca sobre notícia do NYT de que Biden estava cogitando retirar sua candidatura.

Pelas regras eleitorais norte-americanas, seria possível a substituição, antes ou depois da convenção do Partido Democrata em agosto. A recusa de Biden, até aqui, em renunciar à candidatura e a ausência de nomes conhecidos nacionalmente que pudessem ocupar esse espaço tornam difícil a possibilidade de substituição.

Kamala Harris, vice-presidente, os governadores da Califórnia, de Michigan e da Pensilvânia poderiam ser chamados. Kamala, com baixíssima aprovação nas pesquisas, não teria apoio interno no partido. Os governadores declararam publicamente não ter interesse nesse momento. O presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano Mike Johnson, afirmou que o gabinete do democrata Joe Biden deveria discutir a ativação da 25ª emenda da Constituição, que permite a remoção de um presidente por incapacidade física ou mental por solicitação da vice-presidente e da maioria do ministério. Todos os governadores democratas reunidos com Biden reiteraram o apoio ao presidente.

O tempo é muito curto até novembro, e eventual nova candidatura poderia dividir o partido e facilitar a vitória de Trump. Se não for substituído por pressão da opinião pública e por decisão política dos Democratas, Biden deverá ser consagrado candidato pela convenção democrata em julho, assim como Trump na convenção republicana.

A tendência hoje é de vitória de Trump, mas nos próximos quatro meses até novembro muita coisa pode acontecer, deixando uma incerteza no ar.

A condenação de Trump em Nova York terá reduzido impacto sobre os eleitores, dada a polarização e divisão na sociedade norte-americana. Os julgamentos pela tentativa de manipulação eleitoral na Geórgia, pela retirada de papéis secretos da Casa Branca e pelo incentivo às manifestações de 6 de janeiro não ocorrerão antes das eleições. Os últimos julgamentos da Suprema Corte, inclusive o deste mês, que limitou a responsabilidade dos presidentes norte-americanos durante seus mandatos, até favoreceram a narrativa de Trump.

A disfunção política dos EUA e a dificuldade de apresentar nesse momento uma liderança coerente e forte está minando e enfraquecendo a capacidade e habilidade do país de enfrentar as graves ameaças a seus interesses nas áreas de segurança, econômica e geopolítica.

Qualquer semelhança com alguns outros países que conhecemos é mera coincidência. As declarações do presidente Lula em apoio a Biden (“estou torcendo que Biden ganhe a eleição”) vão dificultar o diálogo entre governos em caso de vitória de Trump.

O primeiro debate entre os candidatos a presidente dos EUA deixou muitos no próprio país e no exterior muito preocupados sobre o futuro da nação. Por um lado, Joe Biden demonstrou em muitos momentos o peso dos anos e mesmo sinais de senilidade e, por outro, Donald Trump mentiu sem nenhum pudor a respeito de tudo, desde o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro até a imigração.

É importante lembrar que a iniciativa da realização do debate foi de Biden. O convite a Trump foi formulado com as condições fechadas: pela primeira vez em junho (antes das convenções), transmissão pela CNN (sempre favorável aos democratas e a Biden), sem público presente e com os microfones fechados enquanto o outro candidato respondia. Apesar disso, talvez para surpresa de Biden, espertamente, Trump aceitou o convite, com certeza apostando no resultado da performance de Biden.

Os temas substantivos tratados (economia, fronteira, imigração, aborto, idade) não tiveram nenhum impacto porque foram repetidas as conhecidas posições dos candidatos e dos partidos sobre elas. O que pesou na percepção de todos foi a performance de ambos. Nas pesquisas de opinião pública, Trump ganhou o debate (60-30).

Logo após o fim do debate começou a pressão sobre Biden. NYT, WSJ, Economist publicaram editoriais pedindo que o presidente renuncie e que o Partido Democrata busque um novo candidato. Setores partidários e financiadores discutiram a substituição.

Presidente Joe Biden deixa o palco após entrevista coletiva no encerramento da Cúpula da Otan em Washington.  Foto: Saul Loeb/AFP

A reação dos líderes partidários foi imediata: Obama e Clinton apoiaram Biden e estimularam sua permanência na disputa. Biden e seus assessores responderam afastando qualquer possibilidade de abrir mão de sua candidatura. Houve desmentido oficial da Casa Branca sobre notícia do NYT de que Biden estava cogitando retirar sua candidatura.

Pelas regras eleitorais norte-americanas, seria possível a substituição, antes ou depois da convenção do Partido Democrata em agosto. A recusa de Biden, até aqui, em renunciar à candidatura e a ausência de nomes conhecidos nacionalmente que pudessem ocupar esse espaço tornam difícil a possibilidade de substituição.

Kamala Harris, vice-presidente, os governadores da Califórnia, de Michigan e da Pensilvânia poderiam ser chamados. Kamala, com baixíssima aprovação nas pesquisas, não teria apoio interno no partido. Os governadores declararam publicamente não ter interesse nesse momento. O presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano Mike Johnson, afirmou que o gabinete do democrata Joe Biden deveria discutir a ativação da 25ª emenda da Constituição, que permite a remoção de um presidente por incapacidade física ou mental por solicitação da vice-presidente e da maioria do ministério. Todos os governadores democratas reunidos com Biden reiteraram o apoio ao presidente.

O tempo é muito curto até novembro, e eventual nova candidatura poderia dividir o partido e facilitar a vitória de Trump. Se não for substituído por pressão da opinião pública e por decisão política dos Democratas, Biden deverá ser consagrado candidato pela convenção democrata em julho, assim como Trump na convenção republicana.

A tendência hoje é de vitória de Trump, mas nos próximos quatro meses até novembro muita coisa pode acontecer, deixando uma incerteza no ar.

A condenação de Trump em Nova York terá reduzido impacto sobre os eleitores, dada a polarização e divisão na sociedade norte-americana. Os julgamentos pela tentativa de manipulação eleitoral na Geórgia, pela retirada de papéis secretos da Casa Branca e pelo incentivo às manifestações de 6 de janeiro não ocorrerão antes das eleições. Os últimos julgamentos da Suprema Corte, inclusive o deste mês, que limitou a responsabilidade dos presidentes norte-americanos durante seus mandatos, até favoreceram a narrativa de Trump.

A disfunção política dos EUA e a dificuldade de apresentar nesse momento uma liderança coerente e forte está minando e enfraquecendo a capacidade e habilidade do país de enfrentar as graves ameaças a seus interesses nas áreas de segurança, econômica e geopolítica.

Qualquer semelhança com alguns outros países que conhecemos é mera coincidência. As declarações do presidente Lula em apoio a Biden (“estou torcendo que Biden ganhe a eleição”) vão dificultar o diálogo entre governos em caso de vitória de Trump.

O primeiro debate entre os candidatos a presidente dos EUA deixou muitos no próprio país e no exterior muito preocupados sobre o futuro da nação. Por um lado, Joe Biden demonstrou em muitos momentos o peso dos anos e mesmo sinais de senilidade e, por outro, Donald Trump mentiu sem nenhum pudor a respeito de tudo, desde o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro até a imigração.

É importante lembrar que a iniciativa da realização do debate foi de Biden. O convite a Trump foi formulado com as condições fechadas: pela primeira vez em junho (antes das convenções), transmissão pela CNN (sempre favorável aos democratas e a Biden), sem público presente e com os microfones fechados enquanto o outro candidato respondia. Apesar disso, talvez para surpresa de Biden, espertamente, Trump aceitou o convite, com certeza apostando no resultado da performance de Biden.

Os temas substantivos tratados (economia, fronteira, imigração, aborto, idade) não tiveram nenhum impacto porque foram repetidas as conhecidas posições dos candidatos e dos partidos sobre elas. O que pesou na percepção de todos foi a performance de ambos. Nas pesquisas de opinião pública, Trump ganhou o debate (60-30).

Logo após o fim do debate começou a pressão sobre Biden. NYT, WSJ, Economist publicaram editoriais pedindo que o presidente renuncie e que o Partido Democrata busque um novo candidato. Setores partidários e financiadores discutiram a substituição.

Presidente Joe Biden deixa o palco após entrevista coletiva no encerramento da Cúpula da Otan em Washington.  Foto: Saul Loeb/AFP

A reação dos líderes partidários foi imediata: Obama e Clinton apoiaram Biden e estimularam sua permanência na disputa. Biden e seus assessores responderam afastando qualquer possibilidade de abrir mão de sua candidatura. Houve desmentido oficial da Casa Branca sobre notícia do NYT de que Biden estava cogitando retirar sua candidatura.

Pelas regras eleitorais norte-americanas, seria possível a substituição, antes ou depois da convenção do Partido Democrata em agosto. A recusa de Biden, até aqui, em renunciar à candidatura e a ausência de nomes conhecidos nacionalmente que pudessem ocupar esse espaço tornam difícil a possibilidade de substituição.

Kamala Harris, vice-presidente, os governadores da Califórnia, de Michigan e da Pensilvânia poderiam ser chamados. Kamala, com baixíssima aprovação nas pesquisas, não teria apoio interno no partido. Os governadores declararam publicamente não ter interesse nesse momento. O presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano Mike Johnson, afirmou que o gabinete do democrata Joe Biden deveria discutir a ativação da 25ª emenda da Constituição, que permite a remoção de um presidente por incapacidade física ou mental por solicitação da vice-presidente e da maioria do ministério. Todos os governadores democratas reunidos com Biden reiteraram o apoio ao presidente.

O tempo é muito curto até novembro, e eventual nova candidatura poderia dividir o partido e facilitar a vitória de Trump. Se não for substituído por pressão da opinião pública e por decisão política dos Democratas, Biden deverá ser consagrado candidato pela convenção democrata em julho, assim como Trump na convenção republicana.

A tendência hoje é de vitória de Trump, mas nos próximos quatro meses até novembro muita coisa pode acontecer, deixando uma incerteza no ar.

A condenação de Trump em Nova York terá reduzido impacto sobre os eleitores, dada a polarização e divisão na sociedade norte-americana. Os julgamentos pela tentativa de manipulação eleitoral na Geórgia, pela retirada de papéis secretos da Casa Branca e pelo incentivo às manifestações de 6 de janeiro não ocorrerão antes das eleições. Os últimos julgamentos da Suprema Corte, inclusive o deste mês, que limitou a responsabilidade dos presidentes norte-americanos durante seus mandatos, até favoreceram a narrativa de Trump.

A disfunção política dos EUA e a dificuldade de apresentar nesse momento uma liderança coerente e forte está minando e enfraquecendo a capacidade e habilidade do país de enfrentar as graves ameaças a seus interesses nas áreas de segurança, econômica e geopolítica.

Qualquer semelhança com alguns outros países que conhecemos é mera coincidência. As declarações do presidente Lula em apoio a Biden (“estou torcendo que Biden ganhe a eleição”) vão dificultar o diálogo entre governos em caso de vitória de Trump.

O primeiro debate entre os candidatos a presidente dos EUA deixou muitos no próprio país e no exterior muito preocupados sobre o futuro da nação. Por um lado, Joe Biden demonstrou em muitos momentos o peso dos anos e mesmo sinais de senilidade e, por outro, Donald Trump mentiu sem nenhum pudor a respeito de tudo, desde o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro até a imigração.

É importante lembrar que a iniciativa da realização do debate foi de Biden. O convite a Trump foi formulado com as condições fechadas: pela primeira vez em junho (antes das convenções), transmissão pela CNN (sempre favorável aos democratas e a Biden), sem público presente e com os microfones fechados enquanto o outro candidato respondia. Apesar disso, talvez para surpresa de Biden, espertamente, Trump aceitou o convite, com certeza apostando no resultado da performance de Biden.

Os temas substantivos tratados (economia, fronteira, imigração, aborto, idade) não tiveram nenhum impacto porque foram repetidas as conhecidas posições dos candidatos e dos partidos sobre elas. O que pesou na percepção de todos foi a performance de ambos. Nas pesquisas de opinião pública, Trump ganhou o debate (60-30).

Logo após o fim do debate começou a pressão sobre Biden. NYT, WSJ, Economist publicaram editoriais pedindo que o presidente renuncie e que o Partido Democrata busque um novo candidato. Setores partidários e financiadores discutiram a substituição.

Presidente Joe Biden deixa o palco após entrevista coletiva no encerramento da Cúpula da Otan em Washington.  Foto: Saul Loeb/AFP

A reação dos líderes partidários foi imediata: Obama e Clinton apoiaram Biden e estimularam sua permanência na disputa. Biden e seus assessores responderam afastando qualquer possibilidade de abrir mão de sua candidatura. Houve desmentido oficial da Casa Branca sobre notícia do NYT de que Biden estava cogitando retirar sua candidatura.

Pelas regras eleitorais norte-americanas, seria possível a substituição, antes ou depois da convenção do Partido Democrata em agosto. A recusa de Biden, até aqui, em renunciar à candidatura e a ausência de nomes conhecidos nacionalmente que pudessem ocupar esse espaço tornam difícil a possibilidade de substituição.

Kamala Harris, vice-presidente, os governadores da Califórnia, de Michigan e da Pensilvânia poderiam ser chamados. Kamala, com baixíssima aprovação nas pesquisas, não teria apoio interno no partido. Os governadores declararam publicamente não ter interesse nesse momento. O presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o republicano Mike Johnson, afirmou que o gabinete do democrata Joe Biden deveria discutir a ativação da 25ª emenda da Constituição, que permite a remoção de um presidente por incapacidade física ou mental por solicitação da vice-presidente e da maioria do ministério. Todos os governadores democratas reunidos com Biden reiteraram o apoio ao presidente.

O tempo é muito curto até novembro, e eventual nova candidatura poderia dividir o partido e facilitar a vitória de Trump. Se não for substituído por pressão da opinião pública e por decisão política dos Democratas, Biden deverá ser consagrado candidato pela convenção democrata em julho, assim como Trump na convenção republicana.

A tendência hoje é de vitória de Trump, mas nos próximos quatro meses até novembro muita coisa pode acontecer, deixando uma incerteza no ar.

A condenação de Trump em Nova York terá reduzido impacto sobre os eleitores, dada a polarização e divisão na sociedade norte-americana. Os julgamentos pela tentativa de manipulação eleitoral na Geórgia, pela retirada de papéis secretos da Casa Branca e pelo incentivo às manifestações de 6 de janeiro não ocorrerão antes das eleições. Os últimos julgamentos da Suprema Corte, inclusive o deste mês, que limitou a responsabilidade dos presidentes norte-americanos durante seus mandatos, até favoreceram a narrativa de Trump.

A disfunção política dos EUA e a dificuldade de apresentar nesse momento uma liderança coerente e forte está minando e enfraquecendo a capacidade e habilidade do país de enfrentar as graves ameaças a seus interesses nas áreas de segurança, econômica e geopolítica.

Qualquer semelhança com alguns outros países que conhecemos é mera coincidência. As declarações do presidente Lula em apoio a Biden (“estou torcendo que Biden ganhe a eleição”) vão dificultar o diálogo entre governos em caso de vitória de Trump.

Opinião por Rubens Barbosa

Presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Irice), foi embaixador do Brasil em Londres (1994-99) e em Washington (1999-2004)

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