Como a disputa para o governo da Carolina do Norte pode ser decisiva para as eleições americanas


Para Donald Trump, vencer na Carolina do Norte é obrigação, mas o candidato republicano ao governo do Estado pode atrapalhar os planos

Por Daniel Gateno
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL A CHARLOTTE, CAROLINA DO NORTE-A disputa pelo governo do Estado sulista da Carolina do Norte deve ser um dos pleitos mais aguardados dos Estados Unidos em novembro. Josh Stein, um candidato democrata que subiu as escadas da política de forma tradicional, enfrenta Mark Robinson, um postulante republicano ao governo que é considerado “mais trumpista que Donald Trump”, segundo analistas entrevistados pelo Estadão. O resultado pode ser decisivo para as eleições presidenciais.

Para os republicanos, todos os cenários mais prováveis para a vitória incluem os 16 delegados que a Carolina do Norte fornece no Colégio Eleitoral. Sem o Estado, uma vitória de Trump fica muito difícil. Já para os democratas, existem mais caminhos sem a Carolina do Norte, em caso de vitória em Estados como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Uma vitória de Kamala Harris na Carolina do Norte seria a “cereja do bolo” para a legenda.

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A Carolina do Norte é um dos Estados chamados de swing states, Estados-pêndulo em português, definição dada aos Estados que não têm um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição. Historicamente, os republicanos têm uma grande vantagem no pleito para presidente no Estado, emplacando vitórias em 11 das últimas 13 eleições. As exceções democratas ocorreram em 1976, com o ex-presidente Jimmy Carter, e em 2008 com o ex-mandatário Barack Obama.

O candidato republicano ao governo da Carolina do Norte, Mark Robinson, participa de um comício do ex-presidente Donald Trump em Greensboro, Carolina do Norte  Foto: Scott Muthersbaugh/WashingtonPost
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Mas as esperanças democratas estão mais altas em 2024 por conta do candidato republicano ao governo do Estado. Mark Robinson é conhecido por colecionar declarações polêmicas em relação a mulheres, a comunidade LGBT, judeus e muçulmanos. Ele é um dos principais representantes do movimento MAGA (Make America Great Again) do ex-presidente Donald Trump e fez história ao se tornar o primeiro afro-americano a ser eleito vice-governador do Estado em 2020.

A legenda acredita que o contraste entre Robinson e o “normal” candidato democrata, o procurador-geral Josh Stein, pode fazer a diferença também na eleição nacional. “Se tem um Estado que pode ‘virar’ do lado republicano para o lado democrata nestas eleições é a Carolina do Norte”, avalia Christopher Cooper, professor de ciência política da Western Carolina University.

Disputa

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Se nas eleições presidenciais os republicanos dominam a Carolina do Norte, o governo do Estado tem uma disputa mais aberta, com mais governadores democratas do que republicanos nos últimos anos. O atual governador é o democrata Roy Cooper, que está no final de seu segundo mandato e foi um dos nomes cotados para ser o companheiro de chapa de Kamala Harris.

O atual governador apontou em um comício ao lado de Kamala na sexta-feira, 16, que ele não sentia “tanta animação” em torno de um candidato presidencial democrata na Carolina do Norte desde Barack Obama, em 2008, quando a legenda venceu no Estado pela última vez. A campanha da vice-presidente destacou que desde que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, saiu da campanha presidencial, 12 mil novos democratas se registraram como voluntários no Estado.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, participa de m compromisso de campanha ao lado do governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Allison Joyce/AFP
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A Carolina do Norte tem uma tradição de votar nos republicanos a nível presidencial e nos democratas para o governo, destaca Michael Bitzer, professor de ciências políticas do Catawba College, em Salisbury, Carolina do Norte. “Existe o potencial de que essa tendência continue, mas a escolha de Mark Robinson como candidato republicano pode bagunçar o cenário”.

A aposta democrata é que Robinson possa atrapalhar Trump. Duas pesquisas divulgadas nas últimas duas semanas colocam Kamala na liderança na Carolina do Norte. De acordo com a pesquisa do jornal New York Times com a Siena College, a candidata democrata lidera com 49% dos votos, contra 47% de Trump. Uma outra enquete da Benenson Strategy Group também coloca Kamala na liderança, com 48%, contra 47% do republicano.

Robinson ficou famoso após um vídeo em que ele defende o porte de armas na Câmara Municipal da cidade de Greensboro viralizar na internet em 2018. O discurso impulsionou sua carreira política no Partido Republicano e foi eleito Lieutenant Governor (vice-governador) da Carolina do Norte em 2020. Na Carolina do Norte, o governador e o vice são eleitos em eleições separadas, por isso Robinson pode ser vice do democrata Roy Cooper.

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Suas declarações polêmicas ganharam mais atenção do que suas políticas nos últimos anos. Em uma série de publicações na rede social Facebook, Robinson negou a existência do Holocausto. O republicano também chamou integrantes da comunidade LGBT de “sujos”, pediu a prisão de mulheres transexuais que usassem o banheiro feminino, disse que queria voltar ao tempo em que “mulheres não votavam” e que a “sociedade deve ser liderada por homens”. Em um discurso no mês de julho no púlpito de uma igreja em White Lake, Robinson disse que “algumas pessoas que espalham o mal precisavam morrer”.

O Lieutenant Governor (vice-governador) da Carolina do Norte, Mark Robinson, discursa em um comício em Asheville  Foto: Peter Zay/AFP

De acordo com Cooper, da Western Carolina University, Robinson pode ser considerado “mais trumpista do que o próprio Trump”. Em um comício após ganhar as primárias do partido, Robinson recebeu o apoio formal do ex-presidente e foi chamado por ele de “Martin Luther King com esteroides”.

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O impacto de um candidato como Robinson para os republicanos pode ser grande, segundo Bitzer, do Catawba College. “Eu acredito que esta eleição para o governo da Carolina do Norte será um dos pleitos mais caros, competitivos e polarizados dos EUA”.

Mark Robinson

O político é um veterano do Exército americano e teve uma infância conturbada e pobre em Greensboro ao lado de nove irmãos e um pai alcoólatra que abusava de sua mãe. Em sua vida profissional, Robinson trabalhou na indústria manufatureira e afirma ter perdido dois empregos por conta do NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio), que fez com que as empresas que ele trabalhava se realocassem no México.

Apesar de inúmeros comentários polêmicos, Robinson não se diz preconceituoso. Em entrevista ao Estadão, Allison Powers, a líder do Partido Republicano no condado de Union, subúrbio perto de Charlotte, defendeu o candidato ao governo da Carolina do Norte.

“A mídia critica ele da mesma forma que critica Trump, é tudo mentira”, destaca Powers. “Eu votei em Robinson nas primárias, ele é muito inspirador, tem uma história de vida incrível e é um grande orador, ninguém quer discursar depois dele”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano a presidência Donald Trump participa de um comício em Asheville, Carolina do Norte  Foto: Peter Zay/AFP

Para Douglas Wilson, fundador da empresa de consultoria Alexandre Wilson Consulting, que presta consultoria a políticos democratas na Carolina do Norte, a história de vida do candidato republicano pode fazer com que muitos eleitores se identifiquem com ele.

“Muitos republicanos adoram Mark Robinson porque ele é a imagem ideal da pessoa que ‘veio do nada’ e conseguiu reverter isso sem a ajuda de ninguém”, aponta Wilson. “E ele é um afro-americano, isso os anima ainda mais porque mostra que eles estão tentando diversificar seu partido”.

Josh Stein

O candidato democrata Josh Stein, de 57 anos, tem um perfil diferente de seu oponente. Ele se formou em direito pela Harvard Law School e foi senador regional da Carolina do Norte. Em 2017, foi eleito procurador-geral do Estado, sucedendo Roy Cooper, que havia vencido a eleição para governador.

Caso ele seja eleito, será o primeiro judeu a ocupar o cargo mais importante da Carolina do Norte.

“Se olharmos para todos os políticos no poder na Carolina do Norte, tirando Mark Robinson, todos são pessoas muito gentis e discretas, não aparecem muito na mídia nacional, não fazem barulho em entrevistas na TV ou em redes sociais”, destaca Wilson.

O procurador-geral da Carolina do Norte e candidato do Partido Democrata ao governo do Estado, Josh Stein, participa de um comício em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Allison Joyce/AFP

O consultor enxerga uma disputa similar à eleição nacional. De um lado, um candidato republicano que é “estranho” e do outro lado um candidato democrata que é “normal”. “Josh Stein é um candidato normal, muito similar ao governador Roy Cooper, e que representa mais os valores da Carolina do Norte. Os democratas têm grandes chances de manter o governo do Estado, mesmo que percam na presidência”.

Principais questões

Analistas entrevistados pelo Estadão apontam que a eleição na Carolina do Norte deve se concentrar em dois temas: economia e aborto.

“Ambos os partidos vão tentar convencer os eleitores sobre o estado da economia. No caso dos republicanos, eles devem apontar que os preços da gasolina e do mercado estão muito altos. Já os democratas vão tentar explicar que o PIB está alto e os preços vão baixar com o tempo”, opina Cooper, professor de ciência política da Western Carolina University.

Aborto é um tema que deve mobilizar a base democrata na Carolina do Norte, principalmente após a maioria republicana na Câmara e no Senado estadual aprovar uma proibição ao aborto após 12 semanas de gravidez em 2023.

Robinson já sugeriu que suas opiniões sobre o tema são ainda mais restritas. Em postagens no Facebook antes de entrar na política, o candidato chegou a afirmar que era totalmente contra qualquer forma de aborto. Após se tornar Lieutenant Governor, Robinson apontou que apoiava uma restrição ao aborto após 6 semanas de gravidez, dificultando muito o acesso ao serviço porque muitas mulheres ainda não estão cientes da gravidez durante este período.

Em uma sinalização de moderação de sua posição sobre o tema, Robinson publicou um vídeo em que defende que a atual legislação e compartilha que sua então namorada e agora esposa Yolanda Hill realizou um aborto 30 anos atrás.

Mudança demográfica

A eleição na Carolina do Norte também deve ser marcada por uma mudança no perfil do eleitorado do Estado. Segundo estatísticas do governo do Estado, 99 mil americanos se mudaram anualmente para a Carolina do Norte de outros Estados desde 2020. Em termos de população, a Carolina do Norte é o terceiro Estado americano que mais cresceu.

A Carolina do Norte também abriga um dos polos empresariais que mais cresce no país: o chamado Triângulo da Pesquisa, que tem este nome porque abriga três renomadas universidades: a Universidade de Duke, a Universidade Estadual da Carolina do Norte e a Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.

Segundo Cooper, estes novos eleitores estão nos subúrbios, próximos de cidades como Charlotte e a capital do Estado, Raleigh. “Se existem eleitores indecisos, eles estão no subúrbios e vão definir quem será o ganhador”.

Até agora, todas as pesquisas favorecem Josh Stein, do Partido Democrata. Segundo uma enquete divulgada no dia 15 de agosto feita pelo Cook Political Report e BSG, Stein tem 43% contra 36% de Robinson.

ENVIADO ESPECIAL A CHARLOTTE, CAROLINA DO NORTE-A disputa pelo governo do Estado sulista da Carolina do Norte deve ser um dos pleitos mais aguardados dos Estados Unidos em novembro. Josh Stein, um candidato democrata que subiu as escadas da política de forma tradicional, enfrenta Mark Robinson, um postulante republicano ao governo que é considerado “mais trumpista que Donald Trump”, segundo analistas entrevistados pelo Estadão. O resultado pode ser decisivo para as eleições presidenciais.

Para os republicanos, todos os cenários mais prováveis para a vitória incluem os 16 delegados que a Carolina do Norte fornece no Colégio Eleitoral. Sem o Estado, uma vitória de Trump fica muito difícil. Já para os democratas, existem mais caminhos sem a Carolina do Norte, em caso de vitória em Estados como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Uma vitória de Kamala Harris na Carolina do Norte seria a “cereja do bolo” para a legenda.

A Carolina do Norte é um dos Estados chamados de swing states, Estados-pêndulo em português, definição dada aos Estados que não têm um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição. Historicamente, os republicanos têm uma grande vantagem no pleito para presidente no Estado, emplacando vitórias em 11 das últimas 13 eleições. As exceções democratas ocorreram em 1976, com o ex-presidente Jimmy Carter, e em 2008 com o ex-mandatário Barack Obama.

O candidato republicano ao governo da Carolina do Norte, Mark Robinson, participa de um comício do ex-presidente Donald Trump em Greensboro, Carolina do Norte  Foto: Scott Muthersbaugh/WashingtonPost

Mas as esperanças democratas estão mais altas em 2024 por conta do candidato republicano ao governo do Estado. Mark Robinson é conhecido por colecionar declarações polêmicas em relação a mulheres, a comunidade LGBT, judeus e muçulmanos. Ele é um dos principais representantes do movimento MAGA (Make America Great Again) do ex-presidente Donald Trump e fez história ao se tornar o primeiro afro-americano a ser eleito vice-governador do Estado em 2020.

A legenda acredita que o contraste entre Robinson e o “normal” candidato democrata, o procurador-geral Josh Stein, pode fazer a diferença também na eleição nacional. “Se tem um Estado que pode ‘virar’ do lado republicano para o lado democrata nestas eleições é a Carolina do Norte”, avalia Christopher Cooper, professor de ciência política da Western Carolina University.

Disputa

Se nas eleições presidenciais os republicanos dominam a Carolina do Norte, o governo do Estado tem uma disputa mais aberta, com mais governadores democratas do que republicanos nos últimos anos. O atual governador é o democrata Roy Cooper, que está no final de seu segundo mandato e foi um dos nomes cotados para ser o companheiro de chapa de Kamala Harris.

O atual governador apontou em um comício ao lado de Kamala na sexta-feira, 16, que ele não sentia “tanta animação” em torno de um candidato presidencial democrata na Carolina do Norte desde Barack Obama, em 2008, quando a legenda venceu no Estado pela última vez. A campanha da vice-presidente destacou que desde que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, saiu da campanha presidencial, 12 mil novos democratas se registraram como voluntários no Estado.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, participa de m compromisso de campanha ao lado do governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Allison Joyce/AFP

A Carolina do Norte tem uma tradição de votar nos republicanos a nível presidencial e nos democratas para o governo, destaca Michael Bitzer, professor de ciências políticas do Catawba College, em Salisbury, Carolina do Norte. “Existe o potencial de que essa tendência continue, mas a escolha de Mark Robinson como candidato republicano pode bagunçar o cenário”.

A aposta democrata é que Robinson possa atrapalhar Trump. Duas pesquisas divulgadas nas últimas duas semanas colocam Kamala na liderança na Carolina do Norte. De acordo com a pesquisa do jornal New York Times com a Siena College, a candidata democrata lidera com 49% dos votos, contra 47% de Trump. Uma outra enquete da Benenson Strategy Group também coloca Kamala na liderança, com 48%, contra 47% do republicano.

Robinson ficou famoso após um vídeo em que ele defende o porte de armas na Câmara Municipal da cidade de Greensboro viralizar na internet em 2018. O discurso impulsionou sua carreira política no Partido Republicano e foi eleito Lieutenant Governor (vice-governador) da Carolina do Norte em 2020. Na Carolina do Norte, o governador e o vice são eleitos em eleições separadas, por isso Robinson pode ser vice do democrata Roy Cooper.

Suas declarações polêmicas ganharam mais atenção do que suas políticas nos últimos anos. Em uma série de publicações na rede social Facebook, Robinson negou a existência do Holocausto. O republicano também chamou integrantes da comunidade LGBT de “sujos”, pediu a prisão de mulheres transexuais que usassem o banheiro feminino, disse que queria voltar ao tempo em que “mulheres não votavam” e que a “sociedade deve ser liderada por homens”. Em um discurso no mês de julho no púlpito de uma igreja em White Lake, Robinson disse que “algumas pessoas que espalham o mal precisavam morrer”.

O Lieutenant Governor (vice-governador) da Carolina do Norte, Mark Robinson, discursa em um comício em Asheville  Foto: Peter Zay/AFP

De acordo com Cooper, da Western Carolina University, Robinson pode ser considerado “mais trumpista do que o próprio Trump”. Em um comício após ganhar as primárias do partido, Robinson recebeu o apoio formal do ex-presidente e foi chamado por ele de “Martin Luther King com esteroides”.

O impacto de um candidato como Robinson para os republicanos pode ser grande, segundo Bitzer, do Catawba College. “Eu acredito que esta eleição para o governo da Carolina do Norte será um dos pleitos mais caros, competitivos e polarizados dos EUA”.

Mark Robinson

O político é um veterano do Exército americano e teve uma infância conturbada e pobre em Greensboro ao lado de nove irmãos e um pai alcoólatra que abusava de sua mãe. Em sua vida profissional, Robinson trabalhou na indústria manufatureira e afirma ter perdido dois empregos por conta do NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio), que fez com que as empresas que ele trabalhava se realocassem no México.

Apesar de inúmeros comentários polêmicos, Robinson não se diz preconceituoso. Em entrevista ao Estadão, Allison Powers, a líder do Partido Republicano no condado de Union, subúrbio perto de Charlotte, defendeu o candidato ao governo da Carolina do Norte.

“A mídia critica ele da mesma forma que critica Trump, é tudo mentira”, destaca Powers. “Eu votei em Robinson nas primárias, ele é muito inspirador, tem uma história de vida incrível e é um grande orador, ninguém quer discursar depois dele”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano a presidência Donald Trump participa de um comício em Asheville, Carolina do Norte  Foto: Peter Zay/AFP

Para Douglas Wilson, fundador da empresa de consultoria Alexandre Wilson Consulting, que presta consultoria a políticos democratas na Carolina do Norte, a história de vida do candidato republicano pode fazer com que muitos eleitores se identifiquem com ele.

“Muitos republicanos adoram Mark Robinson porque ele é a imagem ideal da pessoa que ‘veio do nada’ e conseguiu reverter isso sem a ajuda de ninguém”, aponta Wilson. “E ele é um afro-americano, isso os anima ainda mais porque mostra que eles estão tentando diversificar seu partido”.

Josh Stein

O candidato democrata Josh Stein, de 57 anos, tem um perfil diferente de seu oponente. Ele se formou em direito pela Harvard Law School e foi senador regional da Carolina do Norte. Em 2017, foi eleito procurador-geral do Estado, sucedendo Roy Cooper, que havia vencido a eleição para governador.

Caso ele seja eleito, será o primeiro judeu a ocupar o cargo mais importante da Carolina do Norte.

“Se olharmos para todos os políticos no poder na Carolina do Norte, tirando Mark Robinson, todos são pessoas muito gentis e discretas, não aparecem muito na mídia nacional, não fazem barulho em entrevistas na TV ou em redes sociais”, destaca Wilson.

O procurador-geral da Carolina do Norte e candidato do Partido Democrata ao governo do Estado, Josh Stein, participa de um comício em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Allison Joyce/AFP

O consultor enxerga uma disputa similar à eleição nacional. De um lado, um candidato republicano que é “estranho” e do outro lado um candidato democrata que é “normal”. “Josh Stein é um candidato normal, muito similar ao governador Roy Cooper, e que representa mais os valores da Carolina do Norte. Os democratas têm grandes chances de manter o governo do Estado, mesmo que percam na presidência”.

Principais questões

Analistas entrevistados pelo Estadão apontam que a eleição na Carolina do Norte deve se concentrar em dois temas: economia e aborto.

“Ambos os partidos vão tentar convencer os eleitores sobre o estado da economia. No caso dos republicanos, eles devem apontar que os preços da gasolina e do mercado estão muito altos. Já os democratas vão tentar explicar que o PIB está alto e os preços vão baixar com o tempo”, opina Cooper, professor de ciência política da Western Carolina University.

Aborto é um tema que deve mobilizar a base democrata na Carolina do Norte, principalmente após a maioria republicana na Câmara e no Senado estadual aprovar uma proibição ao aborto após 12 semanas de gravidez em 2023.

Robinson já sugeriu que suas opiniões sobre o tema são ainda mais restritas. Em postagens no Facebook antes de entrar na política, o candidato chegou a afirmar que era totalmente contra qualquer forma de aborto. Após se tornar Lieutenant Governor, Robinson apontou que apoiava uma restrição ao aborto após 6 semanas de gravidez, dificultando muito o acesso ao serviço porque muitas mulheres ainda não estão cientes da gravidez durante este período.

Em uma sinalização de moderação de sua posição sobre o tema, Robinson publicou um vídeo em que defende que a atual legislação e compartilha que sua então namorada e agora esposa Yolanda Hill realizou um aborto 30 anos atrás.

Mudança demográfica

A eleição na Carolina do Norte também deve ser marcada por uma mudança no perfil do eleitorado do Estado. Segundo estatísticas do governo do Estado, 99 mil americanos se mudaram anualmente para a Carolina do Norte de outros Estados desde 2020. Em termos de população, a Carolina do Norte é o terceiro Estado americano que mais cresceu.

A Carolina do Norte também abriga um dos polos empresariais que mais cresce no país: o chamado Triângulo da Pesquisa, que tem este nome porque abriga três renomadas universidades: a Universidade de Duke, a Universidade Estadual da Carolina do Norte e a Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.

Segundo Cooper, estes novos eleitores estão nos subúrbios, próximos de cidades como Charlotte e a capital do Estado, Raleigh. “Se existem eleitores indecisos, eles estão no subúrbios e vão definir quem será o ganhador”.

Até agora, todas as pesquisas favorecem Josh Stein, do Partido Democrata. Segundo uma enquete divulgada no dia 15 de agosto feita pelo Cook Political Report e BSG, Stein tem 43% contra 36% de Robinson.

ENVIADO ESPECIAL A CHARLOTTE, CAROLINA DO NORTE-A disputa pelo governo do Estado sulista da Carolina do Norte deve ser um dos pleitos mais aguardados dos Estados Unidos em novembro. Josh Stein, um candidato democrata que subiu as escadas da política de forma tradicional, enfrenta Mark Robinson, um postulante republicano ao governo que é considerado “mais trumpista que Donald Trump”, segundo analistas entrevistados pelo Estadão. O resultado pode ser decisivo para as eleições presidenciais.

Para os republicanos, todos os cenários mais prováveis para a vitória incluem os 16 delegados que a Carolina do Norte fornece no Colégio Eleitoral. Sem o Estado, uma vitória de Trump fica muito difícil. Já para os democratas, existem mais caminhos sem a Carolina do Norte, em caso de vitória em Estados como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Uma vitória de Kamala Harris na Carolina do Norte seria a “cereja do bolo” para a legenda.

A Carolina do Norte é um dos Estados chamados de swing states, Estados-pêndulo em português, definição dada aos Estados que não têm um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição. Historicamente, os republicanos têm uma grande vantagem no pleito para presidente no Estado, emplacando vitórias em 11 das últimas 13 eleições. As exceções democratas ocorreram em 1976, com o ex-presidente Jimmy Carter, e em 2008 com o ex-mandatário Barack Obama.

O candidato republicano ao governo da Carolina do Norte, Mark Robinson, participa de um comício do ex-presidente Donald Trump em Greensboro, Carolina do Norte  Foto: Scott Muthersbaugh/WashingtonPost

Mas as esperanças democratas estão mais altas em 2024 por conta do candidato republicano ao governo do Estado. Mark Robinson é conhecido por colecionar declarações polêmicas em relação a mulheres, a comunidade LGBT, judeus e muçulmanos. Ele é um dos principais representantes do movimento MAGA (Make America Great Again) do ex-presidente Donald Trump e fez história ao se tornar o primeiro afro-americano a ser eleito vice-governador do Estado em 2020.

A legenda acredita que o contraste entre Robinson e o “normal” candidato democrata, o procurador-geral Josh Stein, pode fazer a diferença também na eleição nacional. “Se tem um Estado que pode ‘virar’ do lado republicano para o lado democrata nestas eleições é a Carolina do Norte”, avalia Christopher Cooper, professor de ciência política da Western Carolina University.

Disputa

Se nas eleições presidenciais os republicanos dominam a Carolina do Norte, o governo do Estado tem uma disputa mais aberta, com mais governadores democratas do que republicanos nos últimos anos. O atual governador é o democrata Roy Cooper, que está no final de seu segundo mandato e foi um dos nomes cotados para ser o companheiro de chapa de Kamala Harris.

O atual governador apontou em um comício ao lado de Kamala na sexta-feira, 16, que ele não sentia “tanta animação” em torno de um candidato presidencial democrata na Carolina do Norte desde Barack Obama, em 2008, quando a legenda venceu no Estado pela última vez. A campanha da vice-presidente destacou que desde que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, saiu da campanha presidencial, 12 mil novos democratas se registraram como voluntários no Estado.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, participa de m compromisso de campanha ao lado do governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Allison Joyce/AFP

A Carolina do Norte tem uma tradição de votar nos republicanos a nível presidencial e nos democratas para o governo, destaca Michael Bitzer, professor de ciências políticas do Catawba College, em Salisbury, Carolina do Norte. “Existe o potencial de que essa tendência continue, mas a escolha de Mark Robinson como candidato republicano pode bagunçar o cenário”.

A aposta democrata é que Robinson possa atrapalhar Trump. Duas pesquisas divulgadas nas últimas duas semanas colocam Kamala na liderança na Carolina do Norte. De acordo com a pesquisa do jornal New York Times com a Siena College, a candidata democrata lidera com 49% dos votos, contra 47% de Trump. Uma outra enquete da Benenson Strategy Group também coloca Kamala na liderança, com 48%, contra 47% do republicano.

Robinson ficou famoso após um vídeo em que ele defende o porte de armas na Câmara Municipal da cidade de Greensboro viralizar na internet em 2018. O discurso impulsionou sua carreira política no Partido Republicano e foi eleito Lieutenant Governor (vice-governador) da Carolina do Norte em 2020. Na Carolina do Norte, o governador e o vice são eleitos em eleições separadas, por isso Robinson pode ser vice do democrata Roy Cooper.

Suas declarações polêmicas ganharam mais atenção do que suas políticas nos últimos anos. Em uma série de publicações na rede social Facebook, Robinson negou a existência do Holocausto. O republicano também chamou integrantes da comunidade LGBT de “sujos”, pediu a prisão de mulheres transexuais que usassem o banheiro feminino, disse que queria voltar ao tempo em que “mulheres não votavam” e que a “sociedade deve ser liderada por homens”. Em um discurso no mês de julho no púlpito de uma igreja em White Lake, Robinson disse que “algumas pessoas que espalham o mal precisavam morrer”.

O Lieutenant Governor (vice-governador) da Carolina do Norte, Mark Robinson, discursa em um comício em Asheville  Foto: Peter Zay/AFP

De acordo com Cooper, da Western Carolina University, Robinson pode ser considerado “mais trumpista do que o próprio Trump”. Em um comício após ganhar as primárias do partido, Robinson recebeu o apoio formal do ex-presidente e foi chamado por ele de “Martin Luther King com esteroides”.

O impacto de um candidato como Robinson para os republicanos pode ser grande, segundo Bitzer, do Catawba College. “Eu acredito que esta eleição para o governo da Carolina do Norte será um dos pleitos mais caros, competitivos e polarizados dos EUA”.

Mark Robinson

O político é um veterano do Exército americano e teve uma infância conturbada e pobre em Greensboro ao lado de nove irmãos e um pai alcoólatra que abusava de sua mãe. Em sua vida profissional, Robinson trabalhou na indústria manufatureira e afirma ter perdido dois empregos por conta do NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio), que fez com que as empresas que ele trabalhava se realocassem no México.

Apesar de inúmeros comentários polêmicos, Robinson não se diz preconceituoso. Em entrevista ao Estadão, Allison Powers, a líder do Partido Republicano no condado de Union, subúrbio perto de Charlotte, defendeu o candidato ao governo da Carolina do Norte.

“A mídia critica ele da mesma forma que critica Trump, é tudo mentira”, destaca Powers. “Eu votei em Robinson nas primárias, ele é muito inspirador, tem uma história de vida incrível e é um grande orador, ninguém quer discursar depois dele”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano a presidência Donald Trump participa de um comício em Asheville, Carolina do Norte  Foto: Peter Zay/AFP

Para Douglas Wilson, fundador da empresa de consultoria Alexandre Wilson Consulting, que presta consultoria a políticos democratas na Carolina do Norte, a história de vida do candidato republicano pode fazer com que muitos eleitores se identifiquem com ele.

“Muitos republicanos adoram Mark Robinson porque ele é a imagem ideal da pessoa que ‘veio do nada’ e conseguiu reverter isso sem a ajuda de ninguém”, aponta Wilson. “E ele é um afro-americano, isso os anima ainda mais porque mostra que eles estão tentando diversificar seu partido”.

Josh Stein

O candidato democrata Josh Stein, de 57 anos, tem um perfil diferente de seu oponente. Ele se formou em direito pela Harvard Law School e foi senador regional da Carolina do Norte. Em 2017, foi eleito procurador-geral do Estado, sucedendo Roy Cooper, que havia vencido a eleição para governador.

Caso ele seja eleito, será o primeiro judeu a ocupar o cargo mais importante da Carolina do Norte.

“Se olharmos para todos os políticos no poder na Carolina do Norte, tirando Mark Robinson, todos são pessoas muito gentis e discretas, não aparecem muito na mídia nacional, não fazem barulho em entrevistas na TV ou em redes sociais”, destaca Wilson.

O procurador-geral da Carolina do Norte e candidato do Partido Democrata ao governo do Estado, Josh Stein, participa de um comício em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Allison Joyce/AFP

O consultor enxerga uma disputa similar à eleição nacional. De um lado, um candidato republicano que é “estranho” e do outro lado um candidato democrata que é “normal”. “Josh Stein é um candidato normal, muito similar ao governador Roy Cooper, e que representa mais os valores da Carolina do Norte. Os democratas têm grandes chances de manter o governo do Estado, mesmo que percam na presidência”.

Principais questões

Analistas entrevistados pelo Estadão apontam que a eleição na Carolina do Norte deve se concentrar em dois temas: economia e aborto.

“Ambos os partidos vão tentar convencer os eleitores sobre o estado da economia. No caso dos republicanos, eles devem apontar que os preços da gasolina e do mercado estão muito altos. Já os democratas vão tentar explicar que o PIB está alto e os preços vão baixar com o tempo”, opina Cooper, professor de ciência política da Western Carolina University.

Aborto é um tema que deve mobilizar a base democrata na Carolina do Norte, principalmente após a maioria republicana na Câmara e no Senado estadual aprovar uma proibição ao aborto após 12 semanas de gravidez em 2023.

Robinson já sugeriu que suas opiniões sobre o tema são ainda mais restritas. Em postagens no Facebook antes de entrar na política, o candidato chegou a afirmar que era totalmente contra qualquer forma de aborto. Após se tornar Lieutenant Governor, Robinson apontou que apoiava uma restrição ao aborto após 6 semanas de gravidez, dificultando muito o acesso ao serviço porque muitas mulheres ainda não estão cientes da gravidez durante este período.

Em uma sinalização de moderação de sua posição sobre o tema, Robinson publicou um vídeo em que defende que a atual legislação e compartilha que sua então namorada e agora esposa Yolanda Hill realizou um aborto 30 anos atrás.

Mudança demográfica

A eleição na Carolina do Norte também deve ser marcada por uma mudança no perfil do eleitorado do Estado. Segundo estatísticas do governo do Estado, 99 mil americanos se mudaram anualmente para a Carolina do Norte de outros Estados desde 2020. Em termos de população, a Carolina do Norte é o terceiro Estado americano que mais cresceu.

A Carolina do Norte também abriga um dos polos empresariais que mais cresce no país: o chamado Triângulo da Pesquisa, que tem este nome porque abriga três renomadas universidades: a Universidade de Duke, a Universidade Estadual da Carolina do Norte e a Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.

Segundo Cooper, estes novos eleitores estão nos subúrbios, próximos de cidades como Charlotte e a capital do Estado, Raleigh. “Se existem eleitores indecisos, eles estão no subúrbios e vão definir quem será o ganhador”.

Até agora, todas as pesquisas favorecem Josh Stein, do Partido Democrata. Segundo uma enquete divulgada no dia 15 de agosto feita pelo Cook Political Report e BSG, Stein tem 43% contra 36% de Robinson.

ENVIADO ESPECIAL A CHARLOTTE, CAROLINA DO NORTE-A disputa pelo governo do Estado sulista da Carolina do Norte deve ser um dos pleitos mais aguardados dos Estados Unidos em novembro. Josh Stein, um candidato democrata que subiu as escadas da política de forma tradicional, enfrenta Mark Robinson, um postulante republicano ao governo que é considerado “mais trumpista que Donald Trump”, segundo analistas entrevistados pelo Estadão. O resultado pode ser decisivo para as eleições presidenciais.

Para os republicanos, todos os cenários mais prováveis para a vitória incluem os 16 delegados que a Carolina do Norte fornece no Colégio Eleitoral. Sem o Estado, uma vitória de Trump fica muito difícil. Já para os democratas, existem mais caminhos sem a Carolina do Norte, em caso de vitória em Estados como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Uma vitória de Kamala Harris na Carolina do Norte seria a “cereja do bolo” para a legenda.

A Carolina do Norte é um dos Estados chamados de swing states, Estados-pêndulo em português, definição dada aos Estados que não têm um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição. Historicamente, os republicanos têm uma grande vantagem no pleito para presidente no Estado, emplacando vitórias em 11 das últimas 13 eleições. As exceções democratas ocorreram em 1976, com o ex-presidente Jimmy Carter, e em 2008 com o ex-mandatário Barack Obama.

O candidato republicano ao governo da Carolina do Norte, Mark Robinson, participa de um comício do ex-presidente Donald Trump em Greensboro, Carolina do Norte  Foto: Scott Muthersbaugh/WashingtonPost

Mas as esperanças democratas estão mais altas em 2024 por conta do candidato republicano ao governo do Estado. Mark Robinson é conhecido por colecionar declarações polêmicas em relação a mulheres, a comunidade LGBT, judeus e muçulmanos. Ele é um dos principais representantes do movimento MAGA (Make America Great Again) do ex-presidente Donald Trump e fez história ao se tornar o primeiro afro-americano a ser eleito vice-governador do Estado em 2020.

A legenda acredita que o contraste entre Robinson e o “normal” candidato democrata, o procurador-geral Josh Stein, pode fazer a diferença também na eleição nacional. “Se tem um Estado que pode ‘virar’ do lado republicano para o lado democrata nestas eleições é a Carolina do Norte”, avalia Christopher Cooper, professor de ciência política da Western Carolina University.

Disputa

Se nas eleições presidenciais os republicanos dominam a Carolina do Norte, o governo do Estado tem uma disputa mais aberta, com mais governadores democratas do que republicanos nos últimos anos. O atual governador é o democrata Roy Cooper, que está no final de seu segundo mandato e foi um dos nomes cotados para ser o companheiro de chapa de Kamala Harris.

O atual governador apontou em um comício ao lado de Kamala na sexta-feira, 16, que ele não sentia “tanta animação” em torno de um candidato presidencial democrata na Carolina do Norte desde Barack Obama, em 2008, quando a legenda venceu no Estado pela última vez. A campanha da vice-presidente destacou que desde que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, saiu da campanha presidencial, 12 mil novos democratas se registraram como voluntários no Estado.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, participa de m compromisso de campanha ao lado do governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Allison Joyce/AFP

A Carolina do Norte tem uma tradição de votar nos republicanos a nível presidencial e nos democratas para o governo, destaca Michael Bitzer, professor de ciências políticas do Catawba College, em Salisbury, Carolina do Norte. “Existe o potencial de que essa tendência continue, mas a escolha de Mark Robinson como candidato republicano pode bagunçar o cenário”.

A aposta democrata é que Robinson possa atrapalhar Trump. Duas pesquisas divulgadas nas últimas duas semanas colocam Kamala na liderança na Carolina do Norte. De acordo com a pesquisa do jornal New York Times com a Siena College, a candidata democrata lidera com 49% dos votos, contra 47% de Trump. Uma outra enquete da Benenson Strategy Group também coloca Kamala na liderança, com 48%, contra 47% do republicano.

Robinson ficou famoso após um vídeo em que ele defende o porte de armas na Câmara Municipal da cidade de Greensboro viralizar na internet em 2018. O discurso impulsionou sua carreira política no Partido Republicano e foi eleito Lieutenant Governor (vice-governador) da Carolina do Norte em 2020. Na Carolina do Norte, o governador e o vice são eleitos em eleições separadas, por isso Robinson pode ser vice do democrata Roy Cooper.

Suas declarações polêmicas ganharam mais atenção do que suas políticas nos últimos anos. Em uma série de publicações na rede social Facebook, Robinson negou a existência do Holocausto. O republicano também chamou integrantes da comunidade LGBT de “sujos”, pediu a prisão de mulheres transexuais que usassem o banheiro feminino, disse que queria voltar ao tempo em que “mulheres não votavam” e que a “sociedade deve ser liderada por homens”. Em um discurso no mês de julho no púlpito de uma igreja em White Lake, Robinson disse que “algumas pessoas que espalham o mal precisavam morrer”.

O Lieutenant Governor (vice-governador) da Carolina do Norte, Mark Robinson, discursa em um comício em Asheville  Foto: Peter Zay/AFP

De acordo com Cooper, da Western Carolina University, Robinson pode ser considerado “mais trumpista do que o próprio Trump”. Em um comício após ganhar as primárias do partido, Robinson recebeu o apoio formal do ex-presidente e foi chamado por ele de “Martin Luther King com esteroides”.

O impacto de um candidato como Robinson para os republicanos pode ser grande, segundo Bitzer, do Catawba College. “Eu acredito que esta eleição para o governo da Carolina do Norte será um dos pleitos mais caros, competitivos e polarizados dos EUA”.

Mark Robinson

O político é um veterano do Exército americano e teve uma infância conturbada e pobre em Greensboro ao lado de nove irmãos e um pai alcoólatra que abusava de sua mãe. Em sua vida profissional, Robinson trabalhou na indústria manufatureira e afirma ter perdido dois empregos por conta do NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio), que fez com que as empresas que ele trabalhava se realocassem no México.

Apesar de inúmeros comentários polêmicos, Robinson não se diz preconceituoso. Em entrevista ao Estadão, Allison Powers, a líder do Partido Republicano no condado de Union, subúrbio perto de Charlotte, defendeu o candidato ao governo da Carolina do Norte.

“A mídia critica ele da mesma forma que critica Trump, é tudo mentira”, destaca Powers. “Eu votei em Robinson nas primárias, ele é muito inspirador, tem uma história de vida incrível e é um grande orador, ninguém quer discursar depois dele”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano a presidência Donald Trump participa de um comício em Asheville, Carolina do Norte  Foto: Peter Zay/AFP

Para Douglas Wilson, fundador da empresa de consultoria Alexandre Wilson Consulting, que presta consultoria a políticos democratas na Carolina do Norte, a história de vida do candidato republicano pode fazer com que muitos eleitores se identifiquem com ele.

“Muitos republicanos adoram Mark Robinson porque ele é a imagem ideal da pessoa que ‘veio do nada’ e conseguiu reverter isso sem a ajuda de ninguém”, aponta Wilson. “E ele é um afro-americano, isso os anima ainda mais porque mostra que eles estão tentando diversificar seu partido”.

Josh Stein

O candidato democrata Josh Stein, de 57 anos, tem um perfil diferente de seu oponente. Ele se formou em direito pela Harvard Law School e foi senador regional da Carolina do Norte. Em 2017, foi eleito procurador-geral do Estado, sucedendo Roy Cooper, que havia vencido a eleição para governador.

Caso ele seja eleito, será o primeiro judeu a ocupar o cargo mais importante da Carolina do Norte.

“Se olharmos para todos os políticos no poder na Carolina do Norte, tirando Mark Robinson, todos são pessoas muito gentis e discretas, não aparecem muito na mídia nacional, não fazem barulho em entrevistas na TV ou em redes sociais”, destaca Wilson.

O procurador-geral da Carolina do Norte e candidato do Partido Democrata ao governo do Estado, Josh Stein, participa de um comício em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Allison Joyce/AFP

O consultor enxerga uma disputa similar à eleição nacional. De um lado, um candidato republicano que é “estranho” e do outro lado um candidato democrata que é “normal”. “Josh Stein é um candidato normal, muito similar ao governador Roy Cooper, e que representa mais os valores da Carolina do Norte. Os democratas têm grandes chances de manter o governo do Estado, mesmo que percam na presidência”.

Principais questões

Analistas entrevistados pelo Estadão apontam que a eleição na Carolina do Norte deve se concentrar em dois temas: economia e aborto.

“Ambos os partidos vão tentar convencer os eleitores sobre o estado da economia. No caso dos republicanos, eles devem apontar que os preços da gasolina e do mercado estão muito altos. Já os democratas vão tentar explicar que o PIB está alto e os preços vão baixar com o tempo”, opina Cooper, professor de ciência política da Western Carolina University.

Aborto é um tema que deve mobilizar a base democrata na Carolina do Norte, principalmente após a maioria republicana na Câmara e no Senado estadual aprovar uma proibição ao aborto após 12 semanas de gravidez em 2023.

Robinson já sugeriu que suas opiniões sobre o tema são ainda mais restritas. Em postagens no Facebook antes de entrar na política, o candidato chegou a afirmar que era totalmente contra qualquer forma de aborto. Após se tornar Lieutenant Governor, Robinson apontou que apoiava uma restrição ao aborto após 6 semanas de gravidez, dificultando muito o acesso ao serviço porque muitas mulheres ainda não estão cientes da gravidez durante este período.

Em uma sinalização de moderação de sua posição sobre o tema, Robinson publicou um vídeo em que defende que a atual legislação e compartilha que sua então namorada e agora esposa Yolanda Hill realizou um aborto 30 anos atrás.

Mudança demográfica

A eleição na Carolina do Norte também deve ser marcada por uma mudança no perfil do eleitorado do Estado. Segundo estatísticas do governo do Estado, 99 mil americanos se mudaram anualmente para a Carolina do Norte de outros Estados desde 2020. Em termos de população, a Carolina do Norte é o terceiro Estado americano que mais cresceu.

A Carolina do Norte também abriga um dos polos empresariais que mais cresce no país: o chamado Triângulo da Pesquisa, que tem este nome porque abriga três renomadas universidades: a Universidade de Duke, a Universidade Estadual da Carolina do Norte e a Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.

Segundo Cooper, estes novos eleitores estão nos subúrbios, próximos de cidades como Charlotte e a capital do Estado, Raleigh. “Se existem eleitores indecisos, eles estão no subúrbios e vão definir quem será o ganhador”.

Até agora, todas as pesquisas favorecem Josh Stein, do Partido Democrata. Segundo uma enquete divulgada no dia 15 de agosto feita pelo Cook Political Report e BSG, Stein tem 43% contra 36% de Robinson.

ENVIADO ESPECIAL A CHARLOTTE, CAROLINA DO NORTE-A disputa pelo governo do Estado sulista da Carolina do Norte deve ser um dos pleitos mais aguardados dos Estados Unidos em novembro. Josh Stein, um candidato democrata que subiu as escadas da política de forma tradicional, enfrenta Mark Robinson, um postulante republicano ao governo que é considerado “mais trumpista que Donald Trump”, segundo analistas entrevistados pelo Estadão. O resultado pode ser decisivo para as eleições presidenciais.

Para os republicanos, todos os cenários mais prováveis para a vitória incluem os 16 delegados que a Carolina do Norte fornece no Colégio Eleitoral. Sem o Estado, uma vitória de Trump fica muito difícil. Já para os democratas, existem mais caminhos sem a Carolina do Norte, em caso de vitória em Estados como Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Uma vitória de Kamala Harris na Carolina do Norte seria a “cereja do bolo” para a legenda.

A Carolina do Norte é um dos Estados chamados de swing states, Estados-pêndulo em português, definição dada aos Estados que não têm um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição. Historicamente, os republicanos têm uma grande vantagem no pleito para presidente no Estado, emplacando vitórias em 11 das últimas 13 eleições. As exceções democratas ocorreram em 1976, com o ex-presidente Jimmy Carter, e em 2008 com o ex-mandatário Barack Obama.

O candidato republicano ao governo da Carolina do Norte, Mark Robinson, participa de um comício do ex-presidente Donald Trump em Greensboro, Carolina do Norte  Foto: Scott Muthersbaugh/WashingtonPost

Mas as esperanças democratas estão mais altas em 2024 por conta do candidato republicano ao governo do Estado. Mark Robinson é conhecido por colecionar declarações polêmicas em relação a mulheres, a comunidade LGBT, judeus e muçulmanos. Ele é um dos principais representantes do movimento MAGA (Make America Great Again) do ex-presidente Donald Trump e fez história ao se tornar o primeiro afro-americano a ser eleito vice-governador do Estado em 2020.

A legenda acredita que o contraste entre Robinson e o “normal” candidato democrata, o procurador-geral Josh Stein, pode fazer a diferença também na eleição nacional. “Se tem um Estado que pode ‘virar’ do lado republicano para o lado democrata nestas eleições é a Carolina do Norte”, avalia Christopher Cooper, professor de ciência política da Western Carolina University.

Disputa

Se nas eleições presidenciais os republicanos dominam a Carolina do Norte, o governo do Estado tem uma disputa mais aberta, com mais governadores democratas do que republicanos nos últimos anos. O atual governador é o democrata Roy Cooper, que está no final de seu segundo mandato e foi um dos nomes cotados para ser o companheiro de chapa de Kamala Harris.

O atual governador apontou em um comício ao lado de Kamala na sexta-feira, 16, que ele não sentia “tanta animação” em torno de um candidato presidencial democrata na Carolina do Norte desde Barack Obama, em 2008, quando a legenda venceu no Estado pela última vez. A campanha da vice-presidente destacou que desde que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, saiu da campanha presidencial, 12 mil novos democratas se registraram como voluntários no Estado.

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, participa de m compromisso de campanha ao lado do governador da Carolina do Norte, Roy Cooper, em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Allison Joyce/AFP

A Carolina do Norte tem uma tradição de votar nos republicanos a nível presidencial e nos democratas para o governo, destaca Michael Bitzer, professor de ciências políticas do Catawba College, em Salisbury, Carolina do Norte. “Existe o potencial de que essa tendência continue, mas a escolha de Mark Robinson como candidato republicano pode bagunçar o cenário”.

A aposta democrata é que Robinson possa atrapalhar Trump. Duas pesquisas divulgadas nas últimas duas semanas colocam Kamala na liderança na Carolina do Norte. De acordo com a pesquisa do jornal New York Times com a Siena College, a candidata democrata lidera com 49% dos votos, contra 47% de Trump. Uma outra enquete da Benenson Strategy Group também coloca Kamala na liderança, com 48%, contra 47% do republicano.

Robinson ficou famoso após um vídeo em que ele defende o porte de armas na Câmara Municipal da cidade de Greensboro viralizar na internet em 2018. O discurso impulsionou sua carreira política no Partido Republicano e foi eleito Lieutenant Governor (vice-governador) da Carolina do Norte em 2020. Na Carolina do Norte, o governador e o vice são eleitos em eleições separadas, por isso Robinson pode ser vice do democrata Roy Cooper.

Suas declarações polêmicas ganharam mais atenção do que suas políticas nos últimos anos. Em uma série de publicações na rede social Facebook, Robinson negou a existência do Holocausto. O republicano também chamou integrantes da comunidade LGBT de “sujos”, pediu a prisão de mulheres transexuais que usassem o banheiro feminino, disse que queria voltar ao tempo em que “mulheres não votavam” e que a “sociedade deve ser liderada por homens”. Em um discurso no mês de julho no púlpito de uma igreja em White Lake, Robinson disse que “algumas pessoas que espalham o mal precisavam morrer”.

O Lieutenant Governor (vice-governador) da Carolina do Norte, Mark Robinson, discursa em um comício em Asheville  Foto: Peter Zay/AFP

De acordo com Cooper, da Western Carolina University, Robinson pode ser considerado “mais trumpista do que o próprio Trump”. Em um comício após ganhar as primárias do partido, Robinson recebeu o apoio formal do ex-presidente e foi chamado por ele de “Martin Luther King com esteroides”.

O impacto de um candidato como Robinson para os republicanos pode ser grande, segundo Bitzer, do Catawba College. “Eu acredito que esta eleição para o governo da Carolina do Norte será um dos pleitos mais caros, competitivos e polarizados dos EUA”.

Mark Robinson

O político é um veterano do Exército americano e teve uma infância conturbada e pobre em Greensboro ao lado de nove irmãos e um pai alcoólatra que abusava de sua mãe. Em sua vida profissional, Robinson trabalhou na indústria manufatureira e afirma ter perdido dois empregos por conta do NAFTA (Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio), que fez com que as empresas que ele trabalhava se realocassem no México.

Apesar de inúmeros comentários polêmicos, Robinson não se diz preconceituoso. Em entrevista ao Estadão, Allison Powers, a líder do Partido Republicano no condado de Union, subúrbio perto de Charlotte, defendeu o candidato ao governo da Carolina do Norte.

“A mídia critica ele da mesma forma que critica Trump, é tudo mentira”, destaca Powers. “Eu votei em Robinson nas primárias, ele é muito inspirador, tem uma história de vida incrível e é um grande orador, ninguém quer discursar depois dele”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato republicano a presidência Donald Trump participa de um comício em Asheville, Carolina do Norte  Foto: Peter Zay/AFP

Para Douglas Wilson, fundador da empresa de consultoria Alexandre Wilson Consulting, que presta consultoria a políticos democratas na Carolina do Norte, a história de vida do candidato republicano pode fazer com que muitos eleitores se identifiquem com ele.

“Muitos republicanos adoram Mark Robinson porque ele é a imagem ideal da pessoa que ‘veio do nada’ e conseguiu reverter isso sem a ajuda de ninguém”, aponta Wilson. “E ele é um afro-americano, isso os anima ainda mais porque mostra que eles estão tentando diversificar seu partido”.

Josh Stein

O candidato democrata Josh Stein, de 57 anos, tem um perfil diferente de seu oponente. Ele se formou em direito pela Harvard Law School e foi senador regional da Carolina do Norte. Em 2017, foi eleito procurador-geral do Estado, sucedendo Roy Cooper, que havia vencido a eleição para governador.

Caso ele seja eleito, será o primeiro judeu a ocupar o cargo mais importante da Carolina do Norte.

“Se olharmos para todos os políticos no poder na Carolina do Norte, tirando Mark Robinson, todos são pessoas muito gentis e discretas, não aparecem muito na mídia nacional, não fazem barulho em entrevistas na TV ou em redes sociais”, destaca Wilson.

O procurador-geral da Carolina do Norte e candidato do Partido Democrata ao governo do Estado, Josh Stein, participa de um comício em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Allison Joyce/AFP

O consultor enxerga uma disputa similar à eleição nacional. De um lado, um candidato republicano que é “estranho” e do outro lado um candidato democrata que é “normal”. “Josh Stein é um candidato normal, muito similar ao governador Roy Cooper, e que representa mais os valores da Carolina do Norte. Os democratas têm grandes chances de manter o governo do Estado, mesmo que percam na presidência”.

Principais questões

Analistas entrevistados pelo Estadão apontam que a eleição na Carolina do Norte deve se concentrar em dois temas: economia e aborto.

“Ambos os partidos vão tentar convencer os eleitores sobre o estado da economia. No caso dos republicanos, eles devem apontar que os preços da gasolina e do mercado estão muito altos. Já os democratas vão tentar explicar que o PIB está alto e os preços vão baixar com o tempo”, opina Cooper, professor de ciência política da Western Carolina University.

Aborto é um tema que deve mobilizar a base democrata na Carolina do Norte, principalmente após a maioria republicana na Câmara e no Senado estadual aprovar uma proibição ao aborto após 12 semanas de gravidez em 2023.

Robinson já sugeriu que suas opiniões sobre o tema são ainda mais restritas. Em postagens no Facebook antes de entrar na política, o candidato chegou a afirmar que era totalmente contra qualquer forma de aborto. Após se tornar Lieutenant Governor, Robinson apontou que apoiava uma restrição ao aborto após 6 semanas de gravidez, dificultando muito o acesso ao serviço porque muitas mulheres ainda não estão cientes da gravidez durante este período.

Em uma sinalização de moderação de sua posição sobre o tema, Robinson publicou um vídeo em que defende que a atual legislação e compartilha que sua então namorada e agora esposa Yolanda Hill realizou um aborto 30 anos atrás.

Mudança demográfica

A eleição na Carolina do Norte também deve ser marcada por uma mudança no perfil do eleitorado do Estado. Segundo estatísticas do governo do Estado, 99 mil americanos se mudaram anualmente para a Carolina do Norte de outros Estados desde 2020. Em termos de população, a Carolina do Norte é o terceiro Estado americano que mais cresceu.

A Carolina do Norte também abriga um dos polos empresariais que mais cresce no país: o chamado Triângulo da Pesquisa, que tem este nome porque abriga três renomadas universidades: a Universidade de Duke, a Universidade Estadual da Carolina do Norte e a Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.

Segundo Cooper, estes novos eleitores estão nos subúrbios, próximos de cidades como Charlotte e a capital do Estado, Raleigh. “Se existem eleitores indecisos, eles estão no subúrbios e vão definir quem será o ganhador”.

Até agora, todas as pesquisas favorecem Josh Stein, do Partido Democrata. Segundo uma enquete divulgada no dia 15 de agosto feita pelo Cook Political Report e BSG, Stein tem 43% contra 36% de Robinson.

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