Como Donald Trump está usando rap e hip hop para conquistar jovens eleitores negros e latinos


O ex-presidente Donald Trump tem uma campanha agressiva usando o hip-hop e o rap para atingir os jovens eleitores negros e latinos

Por Jennifer Medina

Amber Rose, modelo, ex-namorada de rappers e influenciadora da OnlyFans subiu ao palco da Convenção Nacional Republicana na noite de segunda-feira exibindo seu corte platinado e uma tatuagem no rosto.

Rose, autora de um livro intitulado “How to Be a Bad Bitch”, disse à plateia predominantemente branca que já acreditou na “propaganda da esquerda de que Donald Trump era racista”. Mas agora, disse ela, havia “colocado o chapéu vermelho também”. “Este é o meu povo”, disse ela. “É aqui que eu pertenço.”

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Como para enfatizar o ponto, Rose apareceu novamente nas telas gigantes do salão de convenções na noite seguinte. Dessa vez, foi em um videoclipe de “Trump Trump Baby”, um remix do sucesso dos anos 1990 de Vanilla Ice, “Ice Ice Baby”, apresentado por Forgiato Blow, um rapper que se autodenomina integrante do movimento Faça a América Grande de Novo (MAGA, na sigla em inglês). Rose usava uma pesada corrente de ouro com um medalhão do rosto de Trump.

Imagem mostra um anel com a inscrição do movimento Faça a América Grande de Novo (MAGA, na sigla em inglês). Donald Trump utiliza culturas hip-hop e rap para se aproximar de jovens negros e latinos Foto: Maddie Mcgarvey/NYT

Na festa de quatro dias de Trump na semana passada, Rose foi a personificação de uma estratégia de campanha de Trump cada vez mais pública e, segundo alguns, ofensiva: usar o hip-hop e o rap para vender Trump aos eleitores negros e latinos.

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Trump e seus aliados têm adotado constantemente gírias, músicas e estilos de rua, vendendo tênis dourados de US$ 400, tocando hip-hop em comícios, convidando artistas conservadores para Mar-a-Lago, o clube e residência particular de Trump em Palm Beach, na Flórida, e até mesmo recebendo rappers acusados de assassinato no palco de um comício.

Ele tem se vendido como um macho invencível e arrogante em suas mensagens, criticando suas condenações por crimes e se apresentando como um fora da lei. Depois que Trump foi fichado em uma cadeia de Atlanta no ano passado, seu porta-voz de campanha postou um vídeo da carreata do ex-presidente no X, com a mensagem: “gang gang bitches”.

Imagem mostra a rapper e influencer Amber Rose na participação da Convenção Republicana, no dia 15, em Milwaukee. Rose apoia Donald Trump e personifica nova estratégia de campanha do ex-presidente Foto: Leon Neal/AFP
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O fato de ter sobrevivido à tentativa de assassinato neste mês alimentou o esforço. Horas depois que Trump levou um tiro de raspão na orelha em um comício, o rapper 50 Cent publicou uma imagem da capa de seu álbum “Get Rich or Die Tryin’” com a cabeça de Trump sobreposta ao seu corpo.

DJ Akademiks, um comentarista de rap, assistiu a um vídeo do atentado enquanto gravava seu talk show no Rumble, reagindo com alegria quando um Trump ensanguentado ergueu o punho no ar. “Trump gangster”, disse ele.

Tudo isso se encaixa em um poço de desconfiança - tanto do sistema judiciário quanto do establishment democrata - compartilhado por muitos jovens negros. E há sinais, em pesquisas de opinião e endossos públicos de figuras como Rose, de que isso está tendo um impacto.

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Bakari Kitwana, que há décadas escreve crônicas sobre hip-hop e política, chamou os esforços da campanha de Trump de “jogo insidioso de estereótipos raciais”.

“Isso subestima gravemente a comunidade negra, mas também mostra que nem os democratas nem os republicanos apelaram para a comunidade hip-hop de forma séria”, disse ele. “Em vez disso, eles querem levar as pessoas para o palco com ele e atrair as pessoas que são seus fãs, mas não se trata de nenhum tipo de conversa substantiva”.

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No entanto, Trump está tentando explorar uma mudança política real. As pesquisas sugerem que os eleitores negros e latinos estão apoiando sua campanha em níveis antes considerados fora do alcance dos republicanos. Os jovens latinos e negros estão entre os mais insatisfeitos com a candidatura do Presidente Biden, um fator que pesou para muitos democratas insistirem na desistência.

Trump continua sendo amplamente impopular entre os eleitores negros, e grande parte do novo apoio vem de pessoas que não estão prestando muita atenção à política. Mas mesmo os micro-movimentos em sua direção podem ter um impacto em uma disputa acirrada. A campanha de Trump acredita que seu contato com influenciadores e celebridades é mais eficaz do que as tradicionais batidas de porta em porta. “Esta é uma eleição totalmente diferente”, disse Danielle Alvarez, porta-voz da campanha.

Poucos observadores políticos acreditam que os vídeos de rappers no TikTok estejam impulsionando diretamente o aparente aumento de Trump entre os eleitores negros e latinos. Mas eles acham que os endossos são importantes: O apoio a Trump está se tornando “normalizado e aceitável” em comunidades onde antes era tabu, disse Kevin Powell, ativista dos direitos civis e historiador do hip-hop.

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Isso é, em parte, resultado da falta de entusiasmo por Biden em comparação com quatro anos atrás, disse ele. “Em 2024, não há nenhum movimento de massa acontecendo como em 2020″, disse ele.

Imagem mostra um integrante do grupo de rap Trump Latinos (de boné azul, no centro) ao lado de uma apoiadora em um comício no Brox, em 23 de maio Foto: Hiroko Masuike/NYT

As ações de Trump caíram nas graças dos eleitores principalmente de rincões que há muito tempo celebram os fora da lei - artistas que fazem rap sobre explorações criminosas e celebram pessoas que sobrevivem e prosperam fora de um sistema legal que muitas vezes é hostil aos jovens negros e latinos. Falar sobre votar em um ex-presidente recentemente condenado por 34 crimes - e rejeitar um presidente democrata - tornou-se mais uma maneira de mostrar o dedo do meio ao sistema.

Os democratas não fizeram nada pelos eleitores negros, disse Money Man, um rapper de Atlanta, este ano em um podcast. “Pelo menos o outro lado, eles vão dizer como se sentem, sabe o que estou dizendo? Grite com o Trump, cara”.

As declarações atingiram um ponto sensível. Os democratas afirmam que tudo isso é evidência de memória de curto prazo e raiva mal colocada. Eles observam que o histórico de Trump de reforçar estereótipos raciais não foi mencionado na conversa: Em 1989, ele publicou um anúncio que pedia a pena de morte depois que um grupo de adolescentes latinos e negros foi acusado de estuprar um corredor no Central Park. Os adolescentes, conhecidos como os Cinco do Central Park, foram condenados injustamente mais tarde.

Ele descreveu os bairros do centro da cidade como “zonas de guerra” em 2016 e pareceu concordar com um comício de supremacistas brancos em Charlottesville, em Virgínia, em 2017. Quando os protestos do Black Lives Matter eclodiram em todo o país em 2020, ele chamou os manifestantes de “terroristas” e “bandidos”, e seu grito de guerra de “símbolo do ódio”.

Imagem mostra o ex-presidente Donald Trump em um comício no Brox no dia 23 de maio ao dos rappers Sheff G e Sleepy Hallow Foto: Hiroko Masuike/NYT

Trump há muito tempo tem uma conexão com o hip-hop. Na década de 1990, seu nome era sinônimo de riqueza vistosa. (A Tribe Called Quest cantou, em 1991: “Beeper’s going off like Don Trump gets checks”; Master P em 1994: “Put more cash in my pockets than Donald Trump”; Ice Cube em 1998: “I’m just tryingin’ to get rich like Trump.”)

Em 2016, quando Kanye West fez uma peregrinação à Trump Tower logo após a eleição, ele foi visto como um caso isolado.

Hoje, ele seria parte de uma tendência. Lil Pump, um rapper de Miami, declarou Trump como o “maior presidente que já existiu” e tatuou a foto do ex-presidente em sua coxa.

Snoop Dogg, que em 2020 disse que não conseguiria “suportar ver esse canalha no cargo por mais um ano”, voltou atrás.

“Não tenho nada além de amor e respeito por Donald Trump”, disse ele ao The Sunday Times de Londres este ano, acrescentando: “Ele não fez nada de errado comigo. Ele só fez grandes coisas por mim”. Ele elogiou o ex-presidente por perdoar Michael Harris, um dos fundadores da Death Row Records que foi condenado por conspiração para cometer assassinato.

Rapper Forgiato Blows usa tênis criado para Donald Trump durante comício no Brox, em imagem de 23 de maio. Tênis são vendidos por centenas de dólares Foto: Hiroko Masuike/NYT
Corrente de ouro criada para a campanha de Donald Trump, em imagem de 23 de maio, no Bronx Foto: Hiroko Masuike/NYT

Os perdões de Trump para Harris e várias outras figuras do hip-hop fazem parte da reviravolta. Poucos dias antes de deixar o cargo em 2021, Trump perdoou Lil Wayne e concedeu uma comutação para Kodak Black, ambos condenados por porte de arma.

“Depois que ele começou a tirar os negros da cadeia e a dar dinheiro de graça para as pessoas, nós amamos Trump”, disse Sexyy Red, uma rapper popular, em um podcast conservador no outono passado. Ele é ousado e engraçado, acrescentou ela. “Precisamos de pessoas como ele”. (Ela se recusou a ser entrevistada para este artigo, mas depois disse no X que o comentário não era um endosso).

Trump tem gostado dessa nova imagem. No mês passado, Sheff G e Sleepy Hallow, cujos nomes verdadeiros são Michael Williams e Tegan Chambers, foram ao lado de Trump no Bronx e pediram para “tornar a América grande novamente”. Os dois homens são acusados em uma conspiração que, segundo os promotores do Brooklyn, terminou em tiroteio, e Williams também enfrenta duas acusações de tentativa de homicídio. Ambos se declararam inocentes e estão em liberdade sob fiança.

Trump também incentivou um grupo de rappers que escrevem letras políticas, publicam vídeos on-line, viajam para seus comícios e visitam Mar-a-Lago. O grupo inclui Forgiato Blow, cujo vídeo foi ao ar na Convenção Nacional Republicana, e uma dupla de Miami conhecida como Trump Latinos. (Exemplo de verso: “Me fez relacionar quando eles o atingiram com o RICO / Agora todo o ‘hood’ está gritando ‘Free Trumpito’”).

Quando os dois homens compareceram ao comício de Trump no Bronx, adolescentes negros e latinos se aglomeraram ao redor deles e posaram para fotos, observando-os enquanto posavam fazendo sinais de freestyle. Um dos integrantes da dupla ostentava uma grande tatuagem MAGA no pescoço, que ele exibia com frequência. Os dois homens não quiseram dar seus nomes verdadeiros.

“Trump era um playboy, um paizão, você sabe, e tudo isso, e os caras queriam ser como Trump porque ele era milionário”, disse Andres Hernandez, 54 anos, um trabalhador da construção civil do Brooklyn que compareceu ao comício e se parecia com muitos apoiadores de Trump - atraídos pela imagem cultivada de Trump como um empresário rico.

O ex-presidente Barack Obama alertou para o fato de que o apelo de Trump poderia se popularizar em comunidades onde os democratas têm dominado. Há um fascínio de “riqueza, poder e ganância”, disse Obama em 2020, depois que Trump obteve ganhos com os eleitores negros e latinos naquela eleição.

“Se houver alguém na comunidade do hip-hop que esteja constantemente fazendo rap sobre ostentação e retratando as mulheres de uma certa maneira, e depois ouvirem Donald Trump basicamente apresentando a mesma versão disso, talvez digam: ‘Sim, esse cara, é isso que eu quero. É isso que eu quero ser’”.

Amber Rose, modelo, ex-namorada de rappers e influenciadora da OnlyFans subiu ao palco da Convenção Nacional Republicana na noite de segunda-feira exibindo seu corte platinado e uma tatuagem no rosto.

Rose, autora de um livro intitulado “How to Be a Bad Bitch”, disse à plateia predominantemente branca que já acreditou na “propaganda da esquerda de que Donald Trump era racista”. Mas agora, disse ela, havia “colocado o chapéu vermelho também”. “Este é o meu povo”, disse ela. “É aqui que eu pertenço.”

Como para enfatizar o ponto, Rose apareceu novamente nas telas gigantes do salão de convenções na noite seguinte. Dessa vez, foi em um videoclipe de “Trump Trump Baby”, um remix do sucesso dos anos 1990 de Vanilla Ice, “Ice Ice Baby”, apresentado por Forgiato Blow, um rapper que se autodenomina integrante do movimento Faça a América Grande de Novo (MAGA, na sigla em inglês). Rose usava uma pesada corrente de ouro com um medalhão do rosto de Trump.

Imagem mostra um anel com a inscrição do movimento Faça a América Grande de Novo (MAGA, na sigla em inglês). Donald Trump utiliza culturas hip-hop e rap para se aproximar de jovens negros e latinos Foto: Maddie Mcgarvey/NYT

Na festa de quatro dias de Trump na semana passada, Rose foi a personificação de uma estratégia de campanha de Trump cada vez mais pública e, segundo alguns, ofensiva: usar o hip-hop e o rap para vender Trump aos eleitores negros e latinos.

Trump e seus aliados têm adotado constantemente gírias, músicas e estilos de rua, vendendo tênis dourados de US$ 400, tocando hip-hop em comícios, convidando artistas conservadores para Mar-a-Lago, o clube e residência particular de Trump em Palm Beach, na Flórida, e até mesmo recebendo rappers acusados de assassinato no palco de um comício.

Ele tem se vendido como um macho invencível e arrogante em suas mensagens, criticando suas condenações por crimes e se apresentando como um fora da lei. Depois que Trump foi fichado em uma cadeia de Atlanta no ano passado, seu porta-voz de campanha postou um vídeo da carreata do ex-presidente no X, com a mensagem: “gang gang bitches”.

Imagem mostra a rapper e influencer Amber Rose na participação da Convenção Republicana, no dia 15, em Milwaukee. Rose apoia Donald Trump e personifica nova estratégia de campanha do ex-presidente Foto: Leon Neal/AFP

O fato de ter sobrevivido à tentativa de assassinato neste mês alimentou o esforço. Horas depois que Trump levou um tiro de raspão na orelha em um comício, o rapper 50 Cent publicou uma imagem da capa de seu álbum “Get Rich or Die Tryin’” com a cabeça de Trump sobreposta ao seu corpo.

DJ Akademiks, um comentarista de rap, assistiu a um vídeo do atentado enquanto gravava seu talk show no Rumble, reagindo com alegria quando um Trump ensanguentado ergueu o punho no ar. “Trump gangster”, disse ele.

Tudo isso se encaixa em um poço de desconfiança - tanto do sistema judiciário quanto do establishment democrata - compartilhado por muitos jovens negros. E há sinais, em pesquisas de opinião e endossos públicos de figuras como Rose, de que isso está tendo um impacto.

Bakari Kitwana, que há décadas escreve crônicas sobre hip-hop e política, chamou os esforços da campanha de Trump de “jogo insidioso de estereótipos raciais”.

“Isso subestima gravemente a comunidade negra, mas também mostra que nem os democratas nem os republicanos apelaram para a comunidade hip-hop de forma séria”, disse ele. “Em vez disso, eles querem levar as pessoas para o palco com ele e atrair as pessoas que são seus fãs, mas não se trata de nenhum tipo de conversa substantiva”.

No entanto, Trump está tentando explorar uma mudança política real. As pesquisas sugerem que os eleitores negros e latinos estão apoiando sua campanha em níveis antes considerados fora do alcance dos republicanos. Os jovens latinos e negros estão entre os mais insatisfeitos com a candidatura do Presidente Biden, um fator que pesou para muitos democratas insistirem na desistência.

Trump continua sendo amplamente impopular entre os eleitores negros, e grande parte do novo apoio vem de pessoas que não estão prestando muita atenção à política. Mas mesmo os micro-movimentos em sua direção podem ter um impacto em uma disputa acirrada. A campanha de Trump acredita que seu contato com influenciadores e celebridades é mais eficaz do que as tradicionais batidas de porta em porta. “Esta é uma eleição totalmente diferente”, disse Danielle Alvarez, porta-voz da campanha.

Poucos observadores políticos acreditam que os vídeos de rappers no TikTok estejam impulsionando diretamente o aparente aumento de Trump entre os eleitores negros e latinos. Mas eles acham que os endossos são importantes: O apoio a Trump está se tornando “normalizado e aceitável” em comunidades onde antes era tabu, disse Kevin Powell, ativista dos direitos civis e historiador do hip-hop.

Isso é, em parte, resultado da falta de entusiasmo por Biden em comparação com quatro anos atrás, disse ele. “Em 2024, não há nenhum movimento de massa acontecendo como em 2020″, disse ele.

Imagem mostra um integrante do grupo de rap Trump Latinos (de boné azul, no centro) ao lado de uma apoiadora em um comício no Brox, em 23 de maio Foto: Hiroko Masuike/NYT

As ações de Trump caíram nas graças dos eleitores principalmente de rincões que há muito tempo celebram os fora da lei - artistas que fazem rap sobre explorações criminosas e celebram pessoas que sobrevivem e prosperam fora de um sistema legal que muitas vezes é hostil aos jovens negros e latinos. Falar sobre votar em um ex-presidente recentemente condenado por 34 crimes - e rejeitar um presidente democrata - tornou-se mais uma maneira de mostrar o dedo do meio ao sistema.

Os democratas não fizeram nada pelos eleitores negros, disse Money Man, um rapper de Atlanta, este ano em um podcast. “Pelo menos o outro lado, eles vão dizer como se sentem, sabe o que estou dizendo? Grite com o Trump, cara”.

As declarações atingiram um ponto sensível. Os democratas afirmam que tudo isso é evidência de memória de curto prazo e raiva mal colocada. Eles observam que o histórico de Trump de reforçar estereótipos raciais não foi mencionado na conversa: Em 1989, ele publicou um anúncio que pedia a pena de morte depois que um grupo de adolescentes latinos e negros foi acusado de estuprar um corredor no Central Park. Os adolescentes, conhecidos como os Cinco do Central Park, foram condenados injustamente mais tarde.

Ele descreveu os bairros do centro da cidade como “zonas de guerra” em 2016 e pareceu concordar com um comício de supremacistas brancos em Charlottesville, em Virgínia, em 2017. Quando os protestos do Black Lives Matter eclodiram em todo o país em 2020, ele chamou os manifestantes de “terroristas” e “bandidos”, e seu grito de guerra de “símbolo do ódio”.

Imagem mostra o ex-presidente Donald Trump em um comício no Brox no dia 23 de maio ao dos rappers Sheff G e Sleepy Hallow Foto: Hiroko Masuike/NYT

Trump há muito tempo tem uma conexão com o hip-hop. Na década de 1990, seu nome era sinônimo de riqueza vistosa. (A Tribe Called Quest cantou, em 1991: “Beeper’s going off like Don Trump gets checks”; Master P em 1994: “Put more cash in my pockets than Donald Trump”; Ice Cube em 1998: “I’m just tryingin’ to get rich like Trump.”)

Em 2016, quando Kanye West fez uma peregrinação à Trump Tower logo após a eleição, ele foi visto como um caso isolado.

Hoje, ele seria parte de uma tendência. Lil Pump, um rapper de Miami, declarou Trump como o “maior presidente que já existiu” e tatuou a foto do ex-presidente em sua coxa.

Snoop Dogg, que em 2020 disse que não conseguiria “suportar ver esse canalha no cargo por mais um ano”, voltou atrás.

“Não tenho nada além de amor e respeito por Donald Trump”, disse ele ao The Sunday Times de Londres este ano, acrescentando: “Ele não fez nada de errado comigo. Ele só fez grandes coisas por mim”. Ele elogiou o ex-presidente por perdoar Michael Harris, um dos fundadores da Death Row Records que foi condenado por conspiração para cometer assassinato.

Rapper Forgiato Blows usa tênis criado para Donald Trump durante comício no Brox, em imagem de 23 de maio. Tênis são vendidos por centenas de dólares Foto: Hiroko Masuike/NYT
Corrente de ouro criada para a campanha de Donald Trump, em imagem de 23 de maio, no Bronx Foto: Hiroko Masuike/NYT

Os perdões de Trump para Harris e várias outras figuras do hip-hop fazem parte da reviravolta. Poucos dias antes de deixar o cargo em 2021, Trump perdoou Lil Wayne e concedeu uma comutação para Kodak Black, ambos condenados por porte de arma.

“Depois que ele começou a tirar os negros da cadeia e a dar dinheiro de graça para as pessoas, nós amamos Trump”, disse Sexyy Red, uma rapper popular, em um podcast conservador no outono passado. Ele é ousado e engraçado, acrescentou ela. “Precisamos de pessoas como ele”. (Ela se recusou a ser entrevistada para este artigo, mas depois disse no X que o comentário não era um endosso).

Trump tem gostado dessa nova imagem. No mês passado, Sheff G e Sleepy Hallow, cujos nomes verdadeiros são Michael Williams e Tegan Chambers, foram ao lado de Trump no Bronx e pediram para “tornar a América grande novamente”. Os dois homens são acusados em uma conspiração que, segundo os promotores do Brooklyn, terminou em tiroteio, e Williams também enfrenta duas acusações de tentativa de homicídio. Ambos se declararam inocentes e estão em liberdade sob fiança.

Trump também incentivou um grupo de rappers que escrevem letras políticas, publicam vídeos on-line, viajam para seus comícios e visitam Mar-a-Lago. O grupo inclui Forgiato Blow, cujo vídeo foi ao ar na Convenção Nacional Republicana, e uma dupla de Miami conhecida como Trump Latinos. (Exemplo de verso: “Me fez relacionar quando eles o atingiram com o RICO / Agora todo o ‘hood’ está gritando ‘Free Trumpito’”).

Quando os dois homens compareceram ao comício de Trump no Bronx, adolescentes negros e latinos se aglomeraram ao redor deles e posaram para fotos, observando-os enquanto posavam fazendo sinais de freestyle. Um dos integrantes da dupla ostentava uma grande tatuagem MAGA no pescoço, que ele exibia com frequência. Os dois homens não quiseram dar seus nomes verdadeiros.

“Trump era um playboy, um paizão, você sabe, e tudo isso, e os caras queriam ser como Trump porque ele era milionário”, disse Andres Hernandez, 54 anos, um trabalhador da construção civil do Brooklyn que compareceu ao comício e se parecia com muitos apoiadores de Trump - atraídos pela imagem cultivada de Trump como um empresário rico.

O ex-presidente Barack Obama alertou para o fato de que o apelo de Trump poderia se popularizar em comunidades onde os democratas têm dominado. Há um fascínio de “riqueza, poder e ganância”, disse Obama em 2020, depois que Trump obteve ganhos com os eleitores negros e latinos naquela eleição.

“Se houver alguém na comunidade do hip-hop que esteja constantemente fazendo rap sobre ostentação e retratando as mulheres de uma certa maneira, e depois ouvirem Donald Trump basicamente apresentando a mesma versão disso, talvez digam: ‘Sim, esse cara, é isso que eu quero. É isso que eu quero ser’”.

Amber Rose, modelo, ex-namorada de rappers e influenciadora da OnlyFans subiu ao palco da Convenção Nacional Republicana na noite de segunda-feira exibindo seu corte platinado e uma tatuagem no rosto.

Rose, autora de um livro intitulado “How to Be a Bad Bitch”, disse à plateia predominantemente branca que já acreditou na “propaganda da esquerda de que Donald Trump era racista”. Mas agora, disse ela, havia “colocado o chapéu vermelho também”. “Este é o meu povo”, disse ela. “É aqui que eu pertenço.”

Como para enfatizar o ponto, Rose apareceu novamente nas telas gigantes do salão de convenções na noite seguinte. Dessa vez, foi em um videoclipe de “Trump Trump Baby”, um remix do sucesso dos anos 1990 de Vanilla Ice, “Ice Ice Baby”, apresentado por Forgiato Blow, um rapper que se autodenomina integrante do movimento Faça a América Grande de Novo (MAGA, na sigla em inglês). Rose usava uma pesada corrente de ouro com um medalhão do rosto de Trump.

Imagem mostra um anel com a inscrição do movimento Faça a América Grande de Novo (MAGA, na sigla em inglês). Donald Trump utiliza culturas hip-hop e rap para se aproximar de jovens negros e latinos Foto: Maddie Mcgarvey/NYT

Na festa de quatro dias de Trump na semana passada, Rose foi a personificação de uma estratégia de campanha de Trump cada vez mais pública e, segundo alguns, ofensiva: usar o hip-hop e o rap para vender Trump aos eleitores negros e latinos.

Trump e seus aliados têm adotado constantemente gírias, músicas e estilos de rua, vendendo tênis dourados de US$ 400, tocando hip-hop em comícios, convidando artistas conservadores para Mar-a-Lago, o clube e residência particular de Trump em Palm Beach, na Flórida, e até mesmo recebendo rappers acusados de assassinato no palco de um comício.

Ele tem se vendido como um macho invencível e arrogante em suas mensagens, criticando suas condenações por crimes e se apresentando como um fora da lei. Depois que Trump foi fichado em uma cadeia de Atlanta no ano passado, seu porta-voz de campanha postou um vídeo da carreata do ex-presidente no X, com a mensagem: “gang gang bitches”.

Imagem mostra a rapper e influencer Amber Rose na participação da Convenção Republicana, no dia 15, em Milwaukee. Rose apoia Donald Trump e personifica nova estratégia de campanha do ex-presidente Foto: Leon Neal/AFP

O fato de ter sobrevivido à tentativa de assassinato neste mês alimentou o esforço. Horas depois que Trump levou um tiro de raspão na orelha em um comício, o rapper 50 Cent publicou uma imagem da capa de seu álbum “Get Rich or Die Tryin’” com a cabeça de Trump sobreposta ao seu corpo.

DJ Akademiks, um comentarista de rap, assistiu a um vídeo do atentado enquanto gravava seu talk show no Rumble, reagindo com alegria quando um Trump ensanguentado ergueu o punho no ar. “Trump gangster”, disse ele.

Tudo isso se encaixa em um poço de desconfiança - tanto do sistema judiciário quanto do establishment democrata - compartilhado por muitos jovens negros. E há sinais, em pesquisas de opinião e endossos públicos de figuras como Rose, de que isso está tendo um impacto.

Bakari Kitwana, que há décadas escreve crônicas sobre hip-hop e política, chamou os esforços da campanha de Trump de “jogo insidioso de estereótipos raciais”.

“Isso subestima gravemente a comunidade negra, mas também mostra que nem os democratas nem os republicanos apelaram para a comunidade hip-hop de forma séria”, disse ele. “Em vez disso, eles querem levar as pessoas para o palco com ele e atrair as pessoas que são seus fãs, mas não se trata de nenhum tipo de conversa substantiva”.

No entanto, Trump está tentando explorar uma mudança política real. As pesquisas sugerem que os eleitores negros e latinos estão apoiando sua campanha em níveis antes considerados fora do alcance dos republicanos. Os jovens latinos e negros estão entre os mais insatisfeitos com a candidatura do Presidente Biden, um fator que pesou para muitos democratas insistirem na desistência.

Trump continua sendo amplamente impopular entre os eleitores negros, e grande parte do novo apoio vem de pessoas que não estão prestando muita atenção à política. Mas mesmo os micro-movimentos em sua direção podem ter um impacto em uma disputa acirrada. A campanha de Trump acredita que seu contato com influenciadores e celebridades é mais eficaz do que as tradicionais batidas de porta em porta. “Esta é uma eleição totalmente diferente”, disse Danielle Alvarez, porta-voz da campanha.

Poucos observadores políticos acreditam que os vídeos de rappers no TikTok estejam impulsionando diretamente o aparente aumento de Trump entre os eleitores negros e latinos. Mas eles acham que os endossos são importantes: O apoio a Trump está se tornando “normalizado e aceitável” em comunidades onde antes era tabu, disse Kevin Powell, ativista dos direitos civis e historiador do hip-hop.

Isso é, em parte, resultado da falta de entusiasmo por Biden em comparação com quatro anos atrás, disse ele. “Em 2024, não há nenhum movimento de massa acontecendo como em 2020″, disse ele.

Imagem mostra um integrante do grupo de rap Trump Latinos (de boné azul, no centro) ao lado de uma apoiadora em um comício no Brox, em 23 de maio Foto: Hiroko Masuike/NYT

As ações de Trump caíram nas graças dos eleitores principalmente de rincões que há muito tempo celebram os fora da lei - artistas que fazem rap sobre explorações criminosas e celebram pessoas que sobrevivem e prosperam fora de um sistema legal que muitas vezes é hostil aos jovens negros e latinos. Falar sobre votar em um ex-presidente recentemente condenado por 34 crimes - e rejeitar um presidente democrata - tornou-se mais uma maneira de mostrar o dedo do meio ao sistema.

Os democratas não fizeram nada pelos eleitores negros, disse Money Man, um rapper de Atlanta, este ano em um podcast. “Pelo menos o outro lado, eles vão dizer como se sentem, sabe o que estou dizendo? Grite com o Trump, cara”.

As declarações atingiram um ponto sensível. Os democratas afirmam que tudo isso é evidência de memória de curto prazo e raiva mal colocada. Eles observam que o histórico de Trump de reforçar estereótipos raciais não foi mencionado na conversa: Em 1989, ele publicou um anúncio que pedia a pena de morte depois que um grupo de adolescentes latinos e negros foi acusado de estuprar um corredor no Central Park. Os adolescentes, conhecidos como os Cinco do Central Park, foram condenados injustamente mais tarde.

Ele descreveu os bairros do centro da cidade como “zonas de guerra” em 2016 e pareceu concordar com um comício de supremacistas brancos em Charlottesville, em Virgínia, em 2017. Quando os protestos do Black Lives Matter eclodiram em todo o país em 2020, ele chamou os manifestantes de “terroristas” e “bandidos”, e seu grito de guerra de “símbolo do ódio”.

Imagem mostra o ex-presidente Donald Trump em um comício no Brox no dia 23 de maio ao dos rappers Sheff G e Sleepy Hallow Foto: Hiroko Masuike/NYT

Trump há muito tempo tem uma conexão com o hip-hop. Na década de 1990, seu nome era sinônimo de riqueza vistosa. (A Tribe Called Quest cantou, em 1991: “Beeper’s going off like Don Trump gets checks”; Master P em 1994: “Put more cash in my pockets than Donald Trump”; Ice Cube em 1998: “I’m just tryingin’ to get rich like Trump.”)

Em 2016, quando Kanye West fez uma peregrinação à Trump Tower logo após a eleição, ele foi visto como um caso isolado.

Hoje, ele seria parte de uma tendência. Lil Pump, um rapper de Miami, declarou Trump como o “maior presidente que já existiu” e tatuou a foto do ex-presidente em sua coxa.

Snoop Dogg, que em 2020 disse que não conseguiria “suportar ver esse canalha no cargo por mais um ano”, voltou atrás.

“Não tenho nada além de amor e respeito por Donald Trump”, disse ele ao The Sunday Times de Londres este ano, acrescentando: “Ele não fez nada de errado comigo. Ele só fez grandes coisas por mim”. Ele elogiou o ex-presidente por perdoar Michael Harris, um dos fundadores da Death Row Records que foi condenado por conspiração para cometer assassinato.

Rapper Forgiato Blows usa tênis criado para Donald Trump durante comício no Brox, em imagem de 23 de maio. Tênis são vendidos por centenas de dólares Foto: Hiroko Masuike/NYT
Corrente de ouro criada para a campanha de Donald Trump, em imagem de 23 de maio, no Bronx Foto: Hiroko Masuike/NYT

Os perdões de Trump para Harris e várias outras figuras do hip-hop fazem parte da reviravolta. Poucos dias antes de deixar o cargo em 2021, Trump perdoou Lil Wayne e concedeu uma comutação para Kodak Black, ambos condenados por porte de arma.

“Depois que ele começou a tirar os negros da cadeia e a dar dinheiro de graça para as pessoas, nós amamos Trump”, disse Sexyy Red, uma rapper popular, em um podcast conservador no outono passado. Ele é ousado e engraçado, acrescentou ela. “Precisamos de pessoas como ele”. (Ela se recusou a ser entrevistada para este artigo, mas depois disse no X que o comentário não era um endosso).

Trump tem gostado dessa nova imagem. No mês passado, Sheff G e Sleepy Hallow, cujos nomes verdadeiros são Michael Williams e Tegan Chambers, foram ao lado de Trump no Bronx e pediram para “tornar a América grande novamente”. Os dois homens são acusados em uma conspiração que, segundo os promotores do Brooklyn, terminou em tiroteio, e Williams também enfrenta duas acusações de tentativa de homicídio. Ambos se declararam inocentes e estão em liberdade sob fiança.

Trump também incentivou um grupo de rappers que escrevem letras políticas, publicam vídeos on-line, viajam para seus comícios e visitam Mar-a-Lago. O grupo inclui Forgiato Blow, cujo vídeo foi ao ar na Convenção Nacional Republicana, e uma dupla de Miami conhecida como Trump Latinos. (Exemplo de verso: “Me fez relacionar quando eles o atingiram com o RICO / Agora todo o ‘hood’ está gritando ‘Free Trumpito’”).

Quando os dois homens compareceram ao comício de Trump no Bronx, adolescentes negros e latinos se aglomeraram ao redor deles e posaram para fotos, observando-os enquanto posavam fazendo sinais de freestyle. Um dos integrantes da dupla ostentava uma grande tatuagem MAGA no pescoço, que ele exibia com frequência. Os dois homens não quiseram dar seus nomes verdadeiros.

“Trump era um playboy, um paizão, você sabe, e tudo isso, e os caras queriam ser como Trump porque ele era milionário”, disse Andres Hernandez, 54 anos, um trabalhador da construção civil do Brooklyn que compareceu ao comício e se parecia com muitos apoiadores de Trump - atraídos pela imagem cultivada de Trump como um empresário rico.

O ex-presidente Barack Obama alertou para o fato de que o apelo de Trump poderia se popularizar em comunidades onde os democratas têm dominado. Há um fascínio de “riqueza, poder e ganância”, disse Obama em 2020, depois que Trump obteve ganhos com os eleitores negros e latinos naquela eleição.

“Se houver alguém na comunidade do hip-hop que esteja constantemente fazendo rap sobre ostentação e retratando as mulheres de uma certa maneira, e depois ouvirem Donald Trump basicamente apresentando a mesma versão disso, talvez digam: ‘Sim, esse cara, é isso que eu quero. É isso que eu quero ser’”.

Amber Rose, modelo, ex-namorada de rappers e influenciadora da OnlyFans subiu ao palco da Convenção Nacional Republicana na noite de segunda-feira exibindo seu corte platinado e uma tatuagem no rosto.

Rose, autora de um livro intitulado “How to Be a Bad Bitch”, disse à plateia predominantemente branca que já acreditou na “propaganda da esquerda de que Donald Trump era racista”. Mas agora, disse ela, havia “colocado o chapéu vermelho também”. “Este é o meu povo”, disse ela. “É aqui que eu pertenço.”

Como para enfatizar o ponto, Rose apareceu novamente nas telas gigantes do salão de convenções na noite seguinte. Dessa vez, foi em um videoclipe de “Trump Trump Baby”, um remix do sucesso dos anos 1990 de Vanilla Ice, “Ice Ice Baby”, apresentado por Forgiato Blow, um rapper que se autodenomina integrante do movimento Faça a América Grande de Novo (MAGA, na sigla em inglês). Rose usava uma pesada corrente de ouro com um medalhão do rosto de Trump.

Imagem mostra um anel com a inscrição do movimento Faça a América Grande de Novo (MAGA, na sigla em inglês). Donald Trump utiliza culturas hip-hop e rap para se aproximar de jovens negros e latinos Foto: Maddie Mcgarvey/NYT

Na festa de quatro dias de Trump na semana passada, Rose foi a personificação de uma estratégia de campanha de Trump cada vez mais pública e, segundo alguns, ofensiva: usar o hip-hop e o rap para vender Trump aos eleitores negros e latinos.

Trump e seus aliados têm adotado constantemente gírias, músicas e estilos de rua, vendendo tênis dourados de US$ 400, tocando hip-hop em comícios, convidando artistas conservadores para Mar-a-Lago, o clube e residência particular de Trump em Palm Beach, na Flórida, e até mesmo recebendo rappers acusados de assassinato no palco de um comício.

Ele tem se vendido como um macho invencível e arrogante em suas mensagens, criticando suas condenações por crimes e se apresentando como um fora da lei. Depois que Trump foi fichado em uma cadeia de Atlanta no ano passado, seu porta-voz de campanha postou um vídeo da carreata do ex-presidente no X, com a mensagem: “gang gang bitches”.

Imagem mostra a rapper e influencer Amber Rose na participação da Convenção Republicana, no dia 15, em Milwaukee. Rose apoia Donald Trump e personifica nova estratégia de campanha do ex-presidente Foto: Leon Neal/AFP

O fato de ter sobrevivido à tentativa de assassinato neste mês alimentou o esforço. Horas depois que Trump levou um tiro de raspão na orelha em um comício, o rapper 50 Cent publicou uma imagem da capa de seu álbum “Get Rich or Die Tryin’” com a cabeça de Trump sobreposta ao seu corpo.

DJ Akademiks, um comentarista de rap, assistiu a um vídeo do atentado enquanto gravava seu talk show no Rumble, reagindo com alegria quando um Trump ensanguentado ergueu o punho no ar. “Trump gangster”, disse ele.

Tudo isso se encaixa em um poço de desconfiança - tanto do sistema judiciário quanto do establishment democrata - compartilhado por muitos jovens negros. E há sinais, em pesquisas de opinião e endossos públicos de figuras como Rose, de que isso está tendo um impacto.

Bakari Kitwana, que há décadas escreve crônicas sobre hip-hop e política, chamou os esforços da campanha de Trump de “jogo insidioso de estereótipos raciais”.

“Isso subestima gravemente a comunidade negra, mas também mostra que nem os democratas nem os republicanos apelaram para a comunidade hip-hop de forma séria”, disse ele. “Em vez disso, eles querem levar as pessoas para o palco com ele e atrair as pessoas que são seus fãs, mas não se trata de nenhum tipo de conversa substantiva”.

No entanto, Trump está tentando explorar uma mudança política real. As pesquisas sugerem que os eleitores negros e latinos estão apoiando sua campanha em níveis antes considerados fora do alcance dos republicanos. Os jovens latinos e negros estão entre os mais insatisfeitos com a candidatura do Presidente Biden, um fator que pesou para muitos democratas insistirem na desistência.

Trump continua sendo amplamente impopular entre os eleitores negros, e grande parte do novo apoio vem de pessoas que não estão prestando muita atenção à política. Mas mesmo os micro-movimentos em sua direção podem ter um impacto em uma disputa acirrada. A campanha de Trump acredita que seu contato com influenciadores e celebridades é mais eficaz do que as tradicionais batidas de porta em porta. “Esta é uma eleição totalmente diferente”, disse Danielle Alvarez, porta-voz da campanha.

Poucos observadores políticos acreditam que os vídeos de rappers no TikTok estejam impulsionando diretamente o aparente aumento de Trump entre os eleitores negros e latinos. Mas eles acham que os endossos são importantes: O apoio a Trump está se tornando “normalizado e aceitável” em comunidades onde antes era tabu, disse Kevin Powell, ativista dos direitos civis e historiador do hip-hop.

Isso é, em parte, resultado da falta de entusiasmo por Biden em comparação com quatro anos atrás, disse ele. “Em 2024, não há nenhum movimento de massa acontecendo como em 2020″, disse ele.

Imagem mostra um integrante do grupo de rap Trump Latinos (de boné azul, no centro) ao lado de uma apoiadora em um comício no Brox, em 23 de maio Foto: Hiroko Masuike/NYT

As ações de Trump caíram nas graças dos eleitores principalmente de rincões que há muito tempo celebram os fora da lei - artistas que fazem rap sobre explorações criminosas e celebram pessoas que sobrevivem e prosperam fora de um sistema legal que muitas vezes é hostil aos jovens negros e latinos. Falar sobre votar em um ex-presidente recentemente condenado por 34 crimes - e rejeitar um presidente democrata - tornou-se mais uma maneira de mostrar o dedo do meio ao sistema.

Os democratas não fizeram nada pelos eleitores negros, disse Money Man, um rapper de Atlanta, este ano em um podcast. “Pelo menos o outro lado, eles vão dizer como se sentem, sabe o que estou dizendo? Grite com o Trump, cara”.

As declarações atingiram um ponto sensível. Os democratas afirmam que tudo isso é evidência de memória de curto prazo e raiva mal colocada. Eles observam que o histórico de Trump de reforçar estereótipos raciais não foi mencionado na conversa: Em 1989, ele publicou um anúncio que pedia a pena de morte depois que um grupo de adolescentes latinos e negros foi acusado de estuprar um corredor no Central Park. Os adolescentes, conhecidos como os Cinco do Central Park, foram condenados injustamente mais tarde.

Ele descreveu os bairros do centro da cidade como “zonas de guerra” em 2016 e pareceu concordar com um comício de supremacistas brancos em Charlottesville, em Virgínia, em 2017. Quando os protestos do Black Lives Matter eclodiram em todo o país em 2020, ele chamou os manifestantes de “terroristas” e “bandidos”, e seu grito de guerra de “símbolo do ódio”.

Imagem mostra o ex-presidente Donald Trump em um comício no Brox no dia 23 de maio ao dos rappers Sheff G e Sleepy Hallow Foto: Hiroko Masuike/NYT

Trump há muito tempo tem uma conexão com o hip-hop. Na década de 1990, seu nome era sinônimo de riqueza vistosa. (A Tribe Called Quest cantou, em 1991: “Beeper’s going off like Don Trump gets checks”; Master P em 1994: “Put more cash in my pockets than Donald Trump”; Ice Cube em 1998: “I’m just tryingin’ to get rich like Trump.”)

Em 2016, quando Kanye West fez uma peregrinação à Trump Tower logo após a eleição, ele foi visto como um caso isolado.

Hoje, ele seria parte de uma tendência. Lil Pump, um rapper de Miami, declarou Trump como o “maior presidente que já existiu” e tatuou a foto do ex-presidente em sua coxa.

Snoop Dogg, que em 2020 disse que não conseguiria “suportar ver esse canalha no cargo por mais um ano”, voltou atrás.

“Não tenho nada além de amor e respeito por Donald Trump”, disse ele ao The Sunday Times de Londres este ano, acrescentando: “Ele não fez nada de errado comigo. Ele só fez grandes coisas por mim”. Ele elogiou o ex-presidente por perdoar Michael Harris, um dos fundadores da Death Row Records que foi condenado por conspiração para cometer assassinato.

Rapper Forgiato Blows usa tênis criado para Donald Trump durante comício no Brox, em imagem de 23 de maio. Tênis são vendidos por centenas de dólares Foto: Hiroko Masuike/NYT
Corrente de ouro criada para a campanha de Donald Trump, em imagem de 23 de maio, no Bronx Foto: Hiroko Masuike/NYT

Os perdões de Trump para Harris e várias outras figuras do hip-hop fazem parte da reviravolta. Poucos dias antes de deixar o cargo em 2021, Trump perdoou Lil Wayne e concedeu uma comutação para Kodak Black, ambos condenados por porte de arma.

“Depois que ele começou a tirar os negros da cadeia e a dar dinheiro de graça para as pessoas, nós amamos Trump”, disse Sexyy Red, uma rapper popular, em um podcast conservador no outono passado. Ele é ousado e engraçado, acrescentou ela. “Precisamos de pessoas como ele”. (Ela se recusou a ser entrevistada para este artigo, mas depois disse no X que o comentário não era um endosso).

Trump tem gostado dessa nova imagem. No mês passado, Sheff G e Sleepy Hallow, cujos nomes verdadeiros são Michael Williams e Tegan Chambers, foram ao lado de Trump no Bronx e pediram para “tornar a América grande novamente”. Os dois homens são acusados em uma conspiração que, segundo os promotores do Brooklyn, terminou em tiroteio, e Williams também enfrenta duas acusações de tentativa de homicídio. Ambos se declararam inocentes e estão em liberdade sob fiança.

Trump também incentivou um grupo de rappers que escrevem letras políticas, publicam vídeos on-line, viajam para seus comícios e visitam Mar-a-Lago. O grupo inclui Forgiato Blow, cujo vídeo foi ao ar na Convenção Nacional Republicana, e uma dupla de Miami conhecida como Trump Latinos. (Exemplo de verso: “Me fez relacionar quando eles o atingiram com o RICO / Agora todo o ‘hood’ está gritando ‘Free Trumpito’”).

Quando os dois homens compareceram ao comício de Trump no Bronx, adolescentes negros e latinos se aglomeraram ao redor deles e posaram para fotos, observando-os enquanto posavam fazendo sinais de freestyle. Um dos integrantes da dupla ostentava uma grande tatuagem MAGA no pescoço, que ele exibia com frequência. Os dois homens não quiseram dar seus nomes verdadeiros.

“Trump era um playboy, um paizão, você sabe, e tudo isso, e os caras queriam ser como Trump porque ele era milionário”, disse Andres Hernandez, 54 anos, um trabalhador da construção civil do Brooklyn que compareceu ao comício e se parecia com muitos apoiadores de Trump - atraídos pela imagem cultivada de Trump como um empresário rico.

O ex-presidente Barack Obama alertou para o fato de que o apelo de Trump poderia se popularizar em comunidades onde os democratas têm dominado. Há um fascínio de “riqueza, poder e ganância”, disse Obama em 2020, depois que Trump obteve ganhos com os eleitores negros e latinos naquela eleição.

“Se houver alguém na comunidade do hip-hop que esteja constantemente fazendo rap sobre ostentação e retratando as mulheres de uma certa maneira, e depois ouvirem Donald Trump basicamente apresentando a mesma versão disso, talvez digam: ‘Sim, esse cara, é isso que eu quero. É isso que eu quero ser’”.

Amber Rose, modelo, ex-namorada de rappers e influenciadora da OnlyFans subiu ao palco da Convenção Nacional Republicana na noite de segunda-feira exibindo seu corte platinado e uma tatuagem no rosto.

Rose, autora de um livro intitulado “How to Be a Bad Bitch”, disse à plateia predominantemente branca que já acreditou na “propaganda da esquerda de que Donald Trump era racista”. Mas agora, disse ela, havia “colocado o chapéu vermelho também”. “Este é o meu povo”, disse ela. “É aqui que eu pertenço.”

Como para enfatizar o ponto, Rose apareceu novamente nas telas gigantes do salão de convenções na noite seguinte. Dessa vez, foi em um videoclipe de “Trump Trump Baby”, um remix do sucesso dos anos 1990 de Vanilla Ice, “Ice Ice Baby”, apresentado por Forgiato Blow, um rapper que se autodenomina integrante do movimento Faça a América Grande de Novo (MAGA, na sigla em inglês). Rose usava uma pesada corrente de ouro com um medalhão do rosto de Trump.

Imagem mostra um anel com a inscrição do movimento Faça a América Grande de Novo (MAGA, na sigla em inglês). Donald Trump utiliza culturas hip-hop e rap para se aproximar de jovens negros e latinos Foto: Maddie Mcgarvey/NYT

Na festa de quatro dias de Trump na semana passada, Rose foi a personificação de uma estratégia de campanha de Trump cada vez mais pública e, segundo alguns, ofensiva: usar o hip-hop e o rap para vender Trump aos eleitores negros e latinos.

Trump e seus aliados têm adotado constantemente gírias, músicas e estilos de rua, vendendo tênis dourados de US$ 400, tocando hip-hop em comícios, convidando artistas conservadores para Mar-a-Lago, o clube e residência particular de Trump em Palm Beach, na Flórida, e até mesmo recebendo rappers acusados de assassinato no palco de um comício.

Ele tem se vendido como um macho invencível e arrogante em suas mensagens, criticando suas condenações por crimes e se apresentando como um fora da lei. Depois que Trump foi fichado em uma cadeia de Atlanta no ano passado, seu porta-voz de campanha postou um vídeo da carreata do ex-presidente no X, com a mensagem: “gang gang bitches”.

Imagem mostra a rapper e influencer Amber Rose na participação da Convenção Republicana, no dia 15, em Milwaukee. Rose apoia Donald Trump e personifica nova estratégia de campanha do ex-presidente Foto: Leon Neal/AFP

O fato de ter sobrevivido à tentativa de assassinato neste mês alimentou o esforço. Horas depois que Trump levou um tiro de raspão na orelha em um comício, o rapper 50 Cent publicou uma imagem da capa de seu álbum “Get Rich or Die Tryin’” com a cabeça de Trump sobreposta ao seu corpo.

DJ Akademiks, um comentarista de rap, assistiu a um vídeo do atentado enquanto gravava seu talk show no Rumble, reagindo com alegria quando um Trump ensanguentado ergueu o punho no ar. “Trump gangster”, disse ele.

Tudo isso se encaixa em um poço de desconfiança - tanto do sistema judiciário quanto do establishment democrata - compartilhado por muitos jovens negros. E há sinais, em pesquisas de opinião e endossos públicos de figuras como Rose, de que isso está tendo um impacto.

Bakari Kitwana, que há décadas escreve crônicas sobre hip-hop e política, chamou os esforços da campanha de Trump de “jogo insidioso de estereótipos raciais”.

“Isso subestima gravemente a comunidade negra, mas também mostra que nem os democratas nem os republicanos apelaram para a comunidade hip-hop de forma séria”, disse ele. “Em vez disso, eles querem levar as pessoas para o palco com ele e atrair as pessoas que são seus fãs, mas não se trata de nenhum tipo de conversa substantiva”.

No entanto, Trump está tentando explorar uma mudança política real. As pesquisas sugerem que os eleitores negros e latinos estão apoiando sua campanha em níveis antes considerados fora do alcance dos republicanos. Os jovens latinos e negros estão entre os mais insatisfeitos com a candidatura do Presidente Biden, um fator que pesou para muitos democratas insistirem na desistência.

Trump continua sendo amplamente impopular entre os eleitores negros, e grande parte do novo apoio vem de pessoas que não estão prestando muita atenção à política. Mas mesmo os micro-movimentos em sua direção podem ter um impacto em uma disputa acirrada. A campanha de Trump acredita que seu contato com influenciadores e celebridades é mais eficaz do que as tradicionais batidas de porta em porta. “Esta é uma eleição totalmente diferente”, disse Danielle Alvarez, porta-voz da campanha.

Poucos observadores políticos acreditam que os vídeos de rappers no TikTok estejam impulsionando diretamente o aparente aumento de Trump entre os eleitores negros e latinos. Mas eles acham que os endossos são importantes: O apoio a Trump está se tornando “normalizado e aceitável” em comunidades onde antes era tabu, disse Kevin Powell, ativista dos direitos civis e historiador do hip-hop.

Isso é, em parte, resultado da falta de entusiasmo por Biden em comparação com quatro anos atrás, disse ele. “Em 2024, não há nenhum movimento de massa acontecendo como em 2020″, disse ele.

Imagem mostra um integrante do grupo de rap Trump Latinos (de boné azul, no centro) ao lado de uma apoiadora em um comício no Brox, em 23 de maio Foto: Hiroko Masuike/NYT

As ações de Trump caíram nas graças dos eleitores principalmente de rincões que há muito tempo celebram os fora da lei - artistas que fazem rap sobre explorações criminosas e celebram pessoas que sobrevivem e prosperam fora de um sistema legal que muitas vezes é hostil aos jovens negros e latinos. Falar sobre votar em um ex-presidente recentemente condenado por 34 crimes - e rejeitar um presidente democrata - tornou-se mais uma maneira de mostrar o dedo do meio ao sistema.

Os democratas não fizeram nada pelos eleitores negros, disse Money Man, um rapper de Atlanta, este ano em um podcast. “Pelo menos o outro lado, eles vão dizer como se sentem, sabe o que estou dizendo? Grite com o Trump, cara”.

As declarações atingiram um ponto sensível. Os democratas afirmam que tudo isso é evidência de memória de curto prazo e raiva mal colocada. Eles observam que o histórico de Trump de reforçar estereótipos raciais não foi mencionado na conversa: Em 1989, ele publicou um anúncio que pedia a pena de morte depois que um grupo de adolescentes latinos e negros foi acusado de estuprar um corredor no Central Park. Os adolescentes, conhecidos como os Cinco do Central Park, foram condenados injustamente mais tarde.

Ele descreveu os bairros do centro da cidade como “zonas de guerra” em 2016 e pareceu concordar com um comício de supremacistas brancos em Charlottesville, em Virgínia, em 2017. Quando os protestos do Black Lives Matter eclodiram em todo o país em 2020, ele chamou os manifestantes de “terroristas” e “bandidos”, e seu grito de guerra de “símbolo do ódio”.

Imagem mostra o ex-presidente Donald Trump em um comício no Brox no dia 23 de maio ao dos rappers Sheff G e Sleepy Hallow Foto: Hiroko Masuike/NYT

Trump há muito tempo tem uma conexão com o hip-hop. Na década de 1990, seu nome era sinônimo de riqueza vistosa. (A Tribe Called Quest cantou, em 1991: “Beeper’s going off like Don Trump gets checks”; Master P em 1994: “Put more cash in my pockets than Donald Trump”; Ice Cube em 1998: “I’m just tryingin’ to get rich like Trump.”)

Em 2016, quando Kanye West fez uma peregrinação à Trump Tower logo após a eleição, ele foi visto como um caso isolado.

Hoje, ele seria parte de uma tendência. Lil Pump, um rapper de Miami, declarou Trump como o “maior presidente que já existiu” e tatuou a foto do ex-presidente em sua coxa.

Snoop Dogg, que em 2020 disse que não conseguiria “suportar ver esse canalha no cargo por mais um ano”, voltou atrás.

“Não tenho nada além de amor e respeito por Donald Trump”, disse ele ao The Sunday Times de Londres este ano, acrescentando: “Ele não fez nada de errado comigo. Ele só fez grandes coisas por mim”. Ele elogiou o ex-presidente por perdoar Michael Harris, um dos fundadores da Death Row Records que foi condenado por conspiração para cometer assassinato.

Rapper Forgiato Blows usa tênis criado para Donald Trump durante comício no Brox, em imagem de 23 de maio. Tênis são vendidos por centenas de dólares Foto: Hiroko Masuike/NYT
Corrente de ouro criada para a campanha de Donald Trump, em imagem de 23 de maio, no Bronx Foto: Hiroko Masuike/NYT

Os perdões de Trump para Harris e várias outras figuras do hip-hop fazem parte da reviravolta. Poucos dias antes de deixar o cargo em 2021, Trump perdoou Lil Wayne e concedeu uma comutação para Kodak Black, ambos condenados por porte de arma.

“Depois que ele começou a tirar os negros da cadeia e a dar dinheiro de graça para as pessoas, nós amamos Trump”, disse Sexyy Red, uma rapper popular, em um podcast conservador no outono passado. Ele é ousado e engraçado, acrescentou ela. “Precisamos de pessoas como ele”. (Ela se recusou a ser entrevistada para este artigo, mas depois disse no X que o comentário não era um endosso).

Trump tem gostado dessa nova imagem. No mês passado, Sheff G e Sleepy Hallow, cujos nomes verdadeiros são Michael Williams e Tegan Chambers, foram ao lado de Trump no Bronx e pediram para “tornar a América grande novamente”. Os dois homens são acusados em uma conspiração que, segundo os promotores do Brooklyn, terminou em tiroteio, e Williams também enfrenta duas acusações de tentativa de homicídio. Ambos se declararam inocentes e estão em liberdade sob fiança.

Trump também incentivou um grupo de rappers que escrevem letras políticas, publicam vídeos on-line, viajam para seus comícios e visitam Mar-a-Lago. O grupo inclui Forgiato Blow, cujo vídeo foi ao ar na Convenção Nacional Republicana, e uma dupla de Miami conhecida como Trump Latinos. (Exemplo de verso: “Me fez relacionar quando eles o atingiram com o RICO / Agora todo o ‘hood’ está gritando ‘Free Trumpito’”).

Quando os dois homens compareceram ao comício de Trump no Bronx, adolescentes negros e latinos se aglomeraram ao redor deles e posaram para fotos, observando-os enquanto posavam fazendo sinais de freestyle. Um dos integrantes da dupla ostentava uma grande tatuagem MAGA no pescoço, que ele exibia com frequência. Os dois homens não quiseram dar seus nomes verdadeiros.

“Trump era um playboy, um paizão, você sabe, e tudo isso, e os caras queriam ser como Trump porque ele era milionário”, disse Andres Hernandez, 54 anos, um trabalhador da construção civil do Brooklyn que compareceu ao comício e se parecia com muitos apoiadores de Trump - atraídos pela imagem cultivada de Trump como um empresário rico.

O ex-presidente Barack Obama alertou para o fato de que o apelo de Trump poderia se popularizar em comunidades onde os democratas têm dominado. Há um fascínio de “riqueza, poder e ganância”, disse Obama em 2020, depois que Trump obteve ganhos com os eleitores negros e latinos naquela eleição.

“Se houver alguém na comunidade do hip-hop que esteja constantemente fazendo rap sobre ostentação e retratando as mulheres de uma certa maneira, e depois ouvirem Donald Trump basicamente apresentando a mesma versão disso, talvez digam: ‘Sim, esse cara, é isso que eu quero. É isso que eu quero ser’”.

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