Como empresa do Egito oferece serviço VIP para palestinos com dinheiro escaparem da Faixa de Gaza


Para muitos, rota só é possível por meio de campanhas de arrecadação para pagar fortunas para empresa com ligações com governo egípcio

Por Adam Rasgon

JERUSALÉM - A única maneira pela qual quase todas as pessoas na Faixa de Gaza podem escapar dos horrores da guerra entre Israel e o Hamas é saindo pelo Egito. E isso geralmente é uma tarefa complicada e cara, envolvendo o pagamento de milhares de dólares a uma empresa egípcia que pode colocar os palestinos em uma lista de viagem aprovada para cruzar a fronteira.

Enfrentando as altas taxas da empresa, bem como a fome generalizada em Gaza, onde não há fim à vista para a campanha militar de Israel, muitos palestinos recorreram a tentativas de arrecadar dinheiro com apelos desesperados em plataformas digitais como o GoFundMe.

Salim Ghayyda, um pediatra no norte da Escócia, postou um desses apelos em janeiro depois que sua irmã mandou uma mensagem de texto de Gaza dizendo que o pai deles tinha sofrido convulsões. Seu pai chegou a um hospital e sobreviveu, mas Ghayyda, 52, que deixou Gaza em 2003, disse que o episódio o convenceu de que ele tinha que retirar sua família a qualquer custo.

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Fumaça de um bombardeio israelense se espalha em Rafah, ao fundo, vista de um campo para pessoas deslocadas em Khan Yunis, em 21 de junho de 2024 Foto: Eyad Baba/AFP

“Pensei que iria dormir uma noite e acordar com a notícia de que minha família se foi”, disse. “Me senti impotente e sem esperança, mas sabia que tinha que fazer algo.”

Nos últimos oito meses, cerca de 100 mil pessoas deixaram Gaza, disse Diab al-Louh, o embaixador palestino no Egito, em entrevista. Embora alguns tenham conseguido sair por meio de conexões com organizações ou governos estrangeiros, para muitos palestinos, sair de Gaza é possível apenas por meio da Hala, uma empresa que parece estar intimamente ligada ao regime egípcio.

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Agora o futuro dessa via é incerto, especialmente depois que o Exército israelense lançou uma ofensiva contra o Hamas em Rafah e assumiu o controle da passagem de mesmo nome, levando a seu fechamento em maio. Nenhum palestino foi autorizado a passar por lá desde então, e não está claro quando a passagem será reaberta.

O New York Times conversou com dezenas de pessoas dentro e fora de Gaza que estavam tentando sair do território ou ajudar familiares ou amigos a fazê-lo. Todos, exceto um, falaram sob condição de anonimato com medo de retaliação das autoridades egípcias.

Existem outras formas de sair de Gaza, mas muitas delas também exigem grandes pagamentos. Uma rota é pagar intermediários não oficiais no território ou no Egito, que exigem de US$ 8.000 (cerca de R$ 44 mil) a US$ 15 mil (aproximadamente R$ 82 mil) por pessoa em troca de arranjar sua partida em poucos dias, de acordo com quatro palestinos que fizeram ou tentaram fazer os pagamentos.

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Palestinos ligados a organizações e governos internacionais, portadores de passaportes ou vistos estrangeiros, feridos e alguns estudantes matriculados em universidades fora de Gaza conseguiram sair sem pagar grandes taxas, mas a maioria dos mais de 2 milhões de pessoas no território não se enquadra nessas categorias.

A Hala cobra US$ 5.000 (cerca de R$ 27 mil) para coordenar as saídas da maioria das pessoas com 16 anos ou mais e US$ 2.500 (o equivalente a R$ 13,6 mil) para a maioria dos menores de idade, de acordo com sete pessoas que passaram por esse processo ou tentaram fazê-lo.

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Os funcionários da Hala não responderam às perguntas enviadas por email. Mas Ibrahim al-Organi, cuja empresa, Organi Group, listou a Hala como uma de suas empresas e que se descreve como acionista, contestou que a empresa cobrava esses valores, insistindo que as crianças viajavam de graça e que os adultos pagavam US$ 2.500. Ele disse que esse valor era necessário porque o serviço que a Hala oferece é VIP e argumentou que os custos operacionais dispararam durante a guerra. Também negou que estivesse se beneficiando injustamente de suas conexões.

Três pessoas, um homem sentado, uma mulher de pé e uma criança no colo, cercados por poeira e destroços, parecem desolados após um evento destrutivo. Eles estão sobre o que parece ser um colchão sujo, com a mulher consolando a criança e o homem olhando para o lado, possivelmente em busca de ajuda ou observando a extensão dos danos.

A Hala faz as pessoas passarem por um complicado processo burocrático para registrar seus familiares. A empresa exige que um membro da família visite seus escritórios no Cairo e pague pelo serviço em notas de US$ 100 emitidas em ou após 2013, de acordo com Ghayyda e outras três pessoas com conhecimento do processo de pagamento da Hala.

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Palestinos caminham em uma área que abriga pessoas deslocadas em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 19 de junho de 2024 Foto: Bashar Taleb/AFP

Organi negou conhecimento da prática e disse que aqueles que pagaram em notas de US$ 100 foram enganados por corretores ilegais. Em fevereiro, quando Ghayyda viajou para a capital egípcia para registrar seus pais, irmã e sobrinho, ele levou seu filho de 23 anos com ele para evitar carregar mais de US$ 10 mil (R$ 54, 6 mil) sozinho. Naquela época, ele havia arrecadado cerca de US$ 25 mil (R$ 136, 6 mil). “Todo o processo foi bastante demorado, complexo e incerto”, conta.

Organi descreveu a Hala como uma empresa de turismo, “assim como qualquer empresa que exista em um aeroporto”, e disse que foi criada em 2017 para fornecer serviços VIP a viajantes palestinos que desejavam uma experiência aprimorada ao atravessar Rafah.

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“Ajudo-os apenas quando querem entrar na sala VIP, tomar café da manhã, serem conduzidos ao Cairo em um belo BMW, fazer uma parada para descanso e depois seguir para o destino deles”, disse. “Nosso papel é fornecer o melhor serviço possível, é isso.”

Vários palestinos que usaram o serviço da Hala durante a guerra disseram que não lhes foi oferecido um serviço VIP, que foram conduzidos ao Cairo em uma van e que receberam apenas alimentação básica.

Quando questionado sobre as acusações contra o Egito citadas nesta reportagem, o regime egípcio encaminhou à reportagem comentários anteriores feitos por autoridades egípcias, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Sameh Shoukry. O chanceler disse à Sky News em fevereiro que não aprovava a cobrança de US$ 5.000 pela Hala e disse que o Egito tomaria medidas para eliminar as taxas.

Uma menina palestina na entrada da tenda de sua família em um acampamento improvisado para os desabrigados em Khan Younis, Faixa de Gaza Foto: Jehad Alshrafi/AP

Em uma declaração feita em meados de maio, o GoFundMe disse que mais de US$ 150 milhões foram arrecadados nas cerca de 19 mil campanhas relacionadas à guerra em Gaza. Os contribuintes incluem amigos, parentes e suas redes sociais, mas também estranhos sem conexões diretas com aqueles que promovem as arrecadações de fundos.

Em abril, Ghayyda, o pediatra, viajou ao Egito pela segunda vez, desta vez para se reunir com seus pais, irmã e sobrinho, que acabavam de sair de Gaza a tempo do Eid al-Fitr, celebração muçulmana.

Ele estava feliz, mas ainda sentia um enorme fardo —28 parentes próximos permaneciam presos em Rafah e na Cidade de Gaza, e seus pais precisariam começar uma nova vida no Cairo, pelo menos até o fim da guerra. (Em maio, ele conseguiu a libertação de mais quatro membros da família.)

“É agridoce”, ele disse. “Significou o mundo para mim ver meus pais, irmã e sobrinho. Mas ainda estou consumido pelo medo constante sobre minha família que ainda está em Gaza. Não conseguirei sentir que posso respirar normalmente novamente até saber que estão seguros.”

JERUSALÉM - A única maneira pela qual quase todas as pessoas na Faixa de Gaza podem escapar dos horrores da guerra entre Israel e o Hamas é saindo pelo Egito. E isso geralmente é uma tarefa complicada e cara, envolvendo o pagamento de milhares de dólares a uma empresa egípcia que pode colocar os palestinos em uma lista de viagem aprovada para cruzar a fronteira.

Enfrentando as altas taxas da empresa, bem como a fome generalizada em Gaza, onde não há fim à vista para a campanha militar de Israel, muitos palestinos recorreram a tentativas de arrecadar dinheiro com apelos desesperados em plataformas digitais como o GoFundMe.

Salim Ghayyda, um pediatra no norte da Escócia, postou um desses apelos em janeiro depois que sua irmã mandou uma mensagem de texto de Gaza dizendo que o pai deles tinha sofrido convulsões. Seu pai chegou a um hospital e sobreviveu, mas Ghayyda, 52, que deixou Gaza em 2003, disse que o episódio o convenceu de que ele tinha que retirar sua família a qualquer custo.

Fumaça de um bombardeio israelense se espalha em Rafah, ao fundo, vista de um campo para pessoas deslocadas em Khan Yunis, em 21 de junho de 2024 Foto: Eyad Baba/AFP

“Pensei que iria dormir uma noite e acordar com a notícia de que minha família se foi”, disse. “Me senti impotente e sem esperança, mas sabia que tinha que fazer algo.”

Nos últimos oito meses, cerca de 100 mil pessoas deixaram Gaza, disse Diab al-Louh, o embaixador palestino no Egito, em entrevista. Embora alguns tenham conseguido sair por meio de conexões com organizações ou governos estrangeiros, para muitos palestinos, sair de Gaza é possível apenas por meio da Hala, uma empresa que parece estar intimamente ligada ao regime egípcio.

Agora o futuro dessa via é incerto, especialmente depois que o Exército israelense lançou uma ofensiva contra o Hamas em Rafah e assumiu o controle da passagem de mesmo nome, levando a seu fechamento em maio. Nenhum palestino foi autorizado a passar por lá desde então, e não está claro quando a passagem será reaberta.

O New York Times conversou com dezenas de pessoas dentro e fora de Gaza que estavam tentando sair do território ou ajudar familiares ou amigos a fazê-lo. Todos, exceto um, falaram sob condição de anonimato com medo de retaliação das autoridades egípcias.

Existem outras formas de sair de Gaza, mas muitas delas também exigem grandes pagamentos. Uma rota é pagar intermediários não oficiais no território ou no Egito, que exigem de US$ 8.000 (cerca de R$ 44 mil) a US$ 15 mil (aproximadamente R$ 82 mil) por pessoa em troca de arranjar sua partida em poucos dias, de acordo com quatro palestinos que fizeram ou tentaram fazer os pagamentos.

Palestinos ligados a organizações e governos internacionais, portadores de passaportes ou vistos estrangeiros, feridos e alguns estudantes matriculados em universidades fora de Gaza conseguiram sair sem pagar grandes taxas, mas a maioria dos mais de 2 milhões de pessoas no território não se enquadra nessas categorias.

A Hala cobra US$ 5.000 (cerca de R$ 27 mil) para coordenar as saídas da maioria das pessoas com 16 anos ou mais e US$ 2.500 (o equivalente a R$ 13,6 mil) para a maioria dos menores de idade, de acordo com sete pessoas que passaram por esse processo ou tentaram fazê-lo.

Os funcionários da Hala não responderam às perguntas enviadas por email. Mas Ibrahim al-Organi, cuja empresa, Organi Group, listou a Hala como uma de suas empresas e que se descreve como acionista, contestou que a empresa cobrava esses valores, insistindo que as crianças viajavam de graça e que os adultos pagavam US$ 2.500. Ele disse que esse valor era necessário porque o serviço que a Hala oferece é VIP e argumentou que os custos operacionais dispararam durante a guerra. Também negou que estivesse se beneficiando injustamente de suas conexões.

Três pessoas, um homem sentado, uma mulher de pé e uma criança no colo, cercados por poeira e destroços, parecem desolados após um evento destrutivo. Eles estão sobre o que parece ser um colchão sujo, com a mulher consolando a criança e o homem olhando para o lado, possivelmente em busca de ajuda ou observando a extensão dos danos.

A Hala faz as pessoas passarem por um complicado processo burocrático para registrar seus familiares. A empresa exige que um membro da família visite seus escritórios no Cairo e pague pelo serviço em notas de US$ 100 emitidas em ou após 2013, de acordo com Ghayyda e outras três pessoas com conhecimento do processo de pagamento da Hala.

Palestinos caminham em uma área que abriga pessoas deslocadas em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 19 de junho de 2024 Foto: Bashar Taleb/AFP

Organi negou conhecimento da prática e disse que aqueles que pagaram em notas de US$ 100 foram enganados por corretores ilegais. Em fevereiro, quando Ghayyda viajou para a capital egípcia para registrar seus pais, irmã e sobrinho, ele levou seu filho de 23 anos com ele para evitar carregar mais de US$ 10 mil (R$ 54, 6 mil) sozinho. Naquela época, ele havia arrecadado cerca de US$ 25 mil (R$ 136, 6 mil). “Todo o processo foi bastante demorado, complexo e incerto”, conta.

Organi descreveu a Hala como uma empresa de turismo, “assim como qualquer empresa que exista em um aeroporto”, e disse que foi criada em 2017 para fornecer serviços VIP a viajantes palestinos que desejavam uma experiência aprimorada ao atravessar Rafah.

“Ajudo-os apenas quando querem entrar na sala VIP, tomar café da manhã, serem conduzidos ao Cairo em um belo BMW, fazer uma parada para descanso e depois seguir para o destino deles”, disse. “Nosso papel é fornecer o melhor serviço possível, é isso.”

Vários palestinos que usaram o serviço da Hala durante a guerra disseram que não lhes foi oferecido um serviço VIP, que foram conduzidos ao Cairo em uma van e que receberam apenas alimentação básica.

Quando questionado sobre as acusações contra o Egito citadas nesta reportagem, o regime egípcio encaminhou à reportagem comentários anteriores feitos por autoridades egípcias, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Sameh Shoukry. O chanceler disse à Sky News em fevereiro que não aprovava a cobrança de US$ 5.000 pela Hala e disse que o Egito tomaria medidas para eliminar as taxas.

Uma menina palestina na entrada da tenda de sua família em um acampamento improvisado para os desabrigados em Khan Younis, Faixa de Gaza Foto: Jehad Alshrafi/AP

Em uma declaração feita em meados de maio, o GoFundMe disse que mais de US$ 150 milhões foram arrecadados nas cerca de 19 mil campanhas relacionadas à guerra em Gaza. Os contribuintes incluem amigos, parentes e suas redes sociais, mas também estranhos sem conexões diretas com aqueles que promovem as arrecadações de fundos.

Em abril, Ghayyda, o pediatra, viajou ao Egito pela segunda vez, desta vez para se reunir com seus pais, irmã e sobrinho, que acabavam de sair de Gaza a tempo do Eid al-Fitr, celebração muçulmana.

Ele estava feliz, mas ainda sentia um enorme fardo —28 parentes próximos permaneciam presos em Rafah e na Cidade de Gaza, e seus pais precisariam começar uma nova vida no Cairo, pelo menos até o fim da guerra. (Em maio, ele conseguiu a libertação de mais quatro membros da família.)

“É agridoce”, ele disse. “Significou o mundo para mim ver meus pais, irmã e sobrinho. Mas ainda estou consumido pelo medo constante sobre minha família que ainda está em Gaza. Não conseguirei sentir que posso respirar normalmente novamente até saber que estão seguros.”

JERUSALÉM - A única maneira pela qual quase todas as pessoas na Faixa de Gaza podem escapar dos horrores da guerra entre Israel e o Hamas é saindo pelo Egito. E isso geralmente é uma tarefa complicada e cara, envolvendo o pagamento de milhares de dólares a uma empresa egípcia que pode colocar os palestinos em uma lista de viagem aprovada para cruzar a fronteira.

Enfrentando as altas taxas da empresa, bem como a fome generalizada em Gaza, onde não há fim à vista para a campanha militar de Israel, muitos palestinos recorreram a tentativas de arrecadar dinheiro com apelos desesperados em plataformas digitais como o GoFundMe.

Salim Ghayyda, um pediatra no norte da Escócia, postou um desses apelos em janeiro depois que sua irmã mandou uma mensagem de texto de Gaza dizendo que o pai deles tinha sofrido convulsões. Seu pai chegou a um hospital e sobreviveu, mas Ghayyda, 52, que deixou Gaza em 2003, disse que o episódio o convenceu de que ele tinha que retirar sua família a qualquer custo.

Fumaça de um bombardeio israelense se espalha em Rafah, ao fundo, vista de um campo para pessoas deslocadas em Khan Yunis, em 21 de junho de 2024 Foto: Eyad Baba/AFP

“Pensei que iria dormir uma noite e acordar com a notícia de que minha família se foi”, disse. “Me senti impotente e sem esperança, mas sabia que tinha que fazer algo.”

Nos últimos oito meses, cerca de 100 mil pessoas deixaram Gaza, disse Diab al-Louh, o embaixador palestino no Egito, em entrevista. Embora alguns tenham conseguido sair por meio de conexões com organizações ou governos estrangeiros, para muitos palestinos, sair de Gaza é possível apenas por meio da Hala, uma empresa que parece estar intimamente ligada ao regime egípcio.

Agora o futuro dessa via é incerto, especialmente depois que o Exército israelense lançou uma ofensiva contra o Hamas em Rafah e assumiu o controle da passagem de mesmo nome, levando a seu fechamento em maio. Nenhum palestino foi autorizado a passar por lá desde então, e não está claro quando a passagem será reaberta.

O New York Times conversou com dezenas de pessoas dentro e fora de Gaza que estavam tentando sair do território ou ajudar familiares ou amigos a fazê-lo. Todos, exceto um, falaram sob condição de anonimato com medo de retaliação das autoridades egípcias.

Existem outras formas de sair de Gaza, mas muitas delas também exigem grandes pagamentos. Uma rota é pagar intermediários não oficiais no território ou no Egito, que exigem de US$ 8.000 (cerca de R$ 44 mil) a US$ 15 mil (aproximadamente R$ 82 mil) por pessoa em troca de arranjar sua partida em poucos dias, de acordo com quatro palestinos que fizeram ou tentaram fazer os pagamentos.

Palestinos ligados a organizações e governos internacionais, portadores de passaportes ou vistos estrangeiros, feridos e alguns estudantes matriculados em universidades fora de Gaza conseguiram sair sem pagar grandes taxas, mas a maioria dos mais de 2 milhões de pessoas no território não se enquadra nessas categorias.

A Hala cobra US$ 5.000 (cerca de R$ 27 mil) para coordenar as saídas da maioria das pessoas com 16 anos ou mais e US$ 2.500 (o equivalente a R$ 13,6 mil) para a maioria dos menores de idade, de acordo com sete pessoas que passaram por esse processo ou tentaram fazê-lo.

Os funcionários da Hala não responderam às perguntas enviadas por email. Mas Ibrahim al-Organi, cuja empresa, Organi Group, listou a Hala como uma de suas empresas e que se descreve como acionista, contestou que a empresa cobrava esses valores, insistindo que as crianças viajavam de graça e que os adultos pagavam US$ 2.500. Ele disse que esse valor era necessário porque o serviço que a Hala oferece é VIP e argumentou que os custos operacionais dispararam durante a guerra. Também negou que estivesse se beneficiando injustamente de suas conexões.

Três pessoas, um homem sentado, uma mulher de pé e uma criança no colo, cercados por poeira e destroços, parecem desolados após um evento destrutivo. Eles estão sobre o que parece ser um colchão sujo, com a mulher consolando a criança e o homem olhando para o lado, possivelmente em busca de ajuda ou observando a extensão dos danos.

A Hala faz as pessoas passarem por um complicado processo burocrático para registrar seus familiares. A empresa exige que um membro da família visite seus escritórios no Cairo e pague pelo serviço em notas de US$ 100 emitidas em ou após 2013, de acordo com Ghayyda e outras três pessoas com conhecimento do processo de pagamento da Hala.

Palestinos caminham em uma área que abriga pessoas deslocadas em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 19 de junho de 2024 Foto: Bashar Taleb/AFP

Organi negou conhecimento da prática e disse que aqueles que pagaram em notas de US$ 100 foram enganados por corretores ilegais. Em fevereiro, quando Ghayyda viajou para a capital egípcia para registrar seus pais, irmã e sobrinho, ele levou seu filho de 23 anos com ele para evitar carregar mais de US$ 10 mil (R$ 54, 6 mil) sozinho. Naquela época, ele havia arrecadado cerca de US$ 25 mil (R$ 136, 6 mil). “Todo o processo foi bastante demorado, complexo e incerto”, conta.

Organi descreveu a Hala como uma empresa de turismo, “assim como qualquer empresa que exista em um aeroporto”, e disse que foi criada em 2017 para fornecer serviços VIP a viajantes palestinos que desejavam uma experiência aprimorada ao atravessar Rafah.

“Ajudo-os apenas quando querem entrar na sala VIP, tomar café da manhã, serem conduzidos ao Cairo em um belo BMW, fazer uma parada para descanso e depois seguir para o destino deles”, disse. “Nosso papel é fornecer o melhor serviço possível, é isso.”

Vários palestinos que usaram o serviço da Hala durante a guerra disseram que não lhes foi oferecido um serviço VIP, que foram conduzidos ao Cairo em uma van e que receberam apenas alimentação básica.

Quando questionado sobre as acusações contra o Egito citadas nesta reportagem, o regime egípcio encaminhou à reportagem comentários anteriores feitos por autoridades egípcias, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Sameh Shoukry. O chanceler disse à Sky News em fevereiro que não aprovava a cobrança de US$ 5.000 pela Hala e disse que o Egito tomaria medidas para eliminar as taxas.

Uma menina palestina na entrada da tenda de sua família em um acampamento improvisado para os desabrigados em Khan Younis, Faixa de Gaza Foto: Jehad Alshrafi/AP

Em uma declaração feita em meados de maio, o GoFundMe disse que mais de US$ 150 milhões foram arrecadados nas cerca de 19 mil campanhas relacionadas à guerra em Gaza. Os contribuintes incluem amigos, parentes e suas redes sociais, mas também estranhos sem conexões diretas com aqueles que promovem as arrecadações de fundos.

Em abril, Ghayyda, o pediatra, viajou ao Egito pela segunda vez, desta vez para se reunir com seus pais, irmã e sobrinho, que acabavam de sair de Gaza a tempo do Eid al-Fitr, celebração muçulmana.

Ele estava feliz, mas ainda sentia um enorme fardo —28 parentes próximos permaneciam presos em Rafah e na Cidade de Gaza, e seus pais precisariam começar uma nova vida no Cairo, pelo menos até o fim da guerra. (Em maio, ele conseguiu a libertação de mais quatro membros da família.)

“É agridoce”, ele disse. “Significou o mundo para mim ver meus pais, irmã e sobrinho. Mas ainda estou consumido pelo medo constante sobre minha família que ainda está em Gaza. Não conseguirei sentir que posso respirar normalmente novamente até saber que estão seguros.”

JERUSALÉM - A única maneira pela qual quase todas as pessoas na Faixa de Gaza podem escapar dos horrores da guerra entre Israel e o Hamas é saindo pelo Egito. E isso geralmente é uma tarefa complicada e cara, envolvendo o pagamento de milhares de dólares a uma empresa egípcia que pode colocar os palestinos em uma lista de viagem aprovada para cruzar a fronteira.

Enfrentando as altas taxas da empresa, bem como a fome generalizada em Gaza, onde não há fim à vista para a campanha militar de Israel, muitos palestinos recorreram a tentativas de arrecadar dinheiro com apelos desesperados em plataformas digitais como o GoFundMe.

Salim Ghayyda, um pediatra no norte da Escócia, postou um desses apelos em janeiro depois que sua irmã mandou uma mensagem de texto de Gaza dizendo que o pai deles tinha sofrido convulsões. Seu pai chegou a um hospital e sobreviveu, mas Ghayyda, 52, que deixou Gaza em 2003, disse que o episódio o convenceu de que ele tinha que retirar sua família a qualquer custo.

Fumaça de um bombardeio israelense se espalha em Rafah, ao fundo, vista de um campo para pessoas deslocadas em Khan Yunis, em 21 de junho de 2024 Foto: Eyad Baba/AFP

“Pensei que iria dormir uma noite e acordar com a notícia de que minha família se foi”, disse. “Me senti impotente e sem esperança, mas sabia que tinha que fazer algo.”

Nos últimos oito meses, cerca de 100 mil pessoas deixaram Gaza, disse Diab al-Louh, o embaixador palestino no Egito, em entrevista. Embora alguns tenham conseguido sair por meio de conexões com organizações ou governos estrangeiros, para muitos palestinos, sair de Gaza é possível apenas por meio da Hala, uma empresa que parece estar intimamente ligada ao regime egípcio.

Agora o futuro dessa via é incerto, especialmente depois que o Exército israelense lançou uma ofensiva contra o Hamas em Rafah e assumiu o controle da passagem de mesmo nome, levando a seu fechamento em maio. Nenhum palestino foi autorizado a passar por lá desde então, e não está claro quando a passagem será reaberta.

O New York Times conversou com dezenas de pessoas dentro e fora de Gaza que estavam tentando sair do território ou ajudar familiares ou amigos a fazê-lo. Todos, exceto um, falaram sob condição de anonimato com medo de retaliação das autoridades egípcias.

Existem outras formas de sair de Gaza, mas muitas delas também exigem grandes pagamentos. Uma rota é pagar intermediários não oficiais no território ou no Egito, que exigem de US$ 8.000 (cerca de R$ 44 mil) a US$ 15 mil (aproximadamente R$ 82 mil) por pessoa em troca de arranjar sua partida em poucos dias, de acordo com quatro palestinos que fizeram ou tentaram fazer os pagamentos.

Palestinos ligados a organizações e governos internacionais, portadores de passaportes ou vistos estrangeiros, feridos e alguns estudantes matriculados em universidades fora de Gaza conseguiram sair sem pagar grandes taxas, mas a maioria dos mais de 2 milhões de pessoas no território não se enquadra nessas categorias.

A Hala cobra US$ 5.000 (cerca de R$ 27 mil) para coordenar as saídas da maioria das pessoas com 16 anos ou mais e US$ 2.500 (o equivalente a R$ 13,6 mil) para a maioria dos menores de idade, de acordo com sete pessoas que passaram por esse processo ou tentaram fazê-lo.

Os funcionários da Hala não responderam às perguntas enviadas por email. Mas Ibrahim al-Organi, cuja empresa, Organi Group, listou a Hala como uma de suas empresas e que se descreve como acionista, contestou que a empresa cobrava esses valores, insistindo que as crianças viajavam de graça e que os adultos pagavam US$ 2.500. Ele disse que esse valor era necessário porque o serviço que a Hala oferece é VIP e argumentou que os custos operacionais dispararam durante a guerra. Também negou que estivesse se beneficiando injustamente de suas conexões.

Três pessoas, um homem sentado, uma mulher de pé e uma criança no colo, cercados por poeira e destroços, parecem desolados após um evento destrutivo. Eles estão sobre o que parece ser um colchão sujo, com a mulher consolando a criança e o homem olhando para o lado, possivelmente em busca de ajuda ou observando a extensão dos danos.

A Hala faz as pessoas passarem por um complicado processo burocrático para registrar seus familiares. A empresa exige que um membro da família visite seus escritórios no Cairo e pague pelo serviço em notas de US$ 100 emitidas em ou após 2013, de acordo com Ghayyda e outras três pessoas com conhecimento do processo de pagamento da Hala.

Palestinos caminham em uma área que abriga pessoas deslocadas em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 19 de junho de 2024 Foto: Bashar Taleb/AFP

Organi negou conhecimento da prática e disse que aqueles que pagaram em notas de US$ 100 foram enganados por corretores ilegais. Em fevereiro, quando Ghayyda viajou para a capital egípcia para registrar seus pais, irmã e sobrinho, ele levou seu filho de 23 anos com ele para evitar carregar mais de US$ 10 mil (R$ 54, 6 mil) sozinho. Naquela época, ele havia arrecadado cerca de US$ 25 mil (R$ 136, 6 mil). “Todo o processo foi bastante demorado, complexo e incerto”, conta.

Organi descreveu a Hala como uma empresa de turismo, “assim como qualquer empresa que exista em um aeroporto”, e disse que foi criada em 2017 para fornecer serviços VIP a viajantes palestinos que desejavam uma experiência aprimorada ao atravessar Rafah.

“Ajudo-os apenas quando querem entrar na sala VIP, tomar café da manhã, serem conduzidos ao Cairo em um belo BMW, fazer uma parada para descanso e depois seguir para o destino deles”, disse. “Nosso papel é fornecer o melhor serviço possível, é isso.”

Vários palestinos que usaram o serviço da Hala durante a guerra disseram que não lhes foi oferecido um serviço VIP, que foram conduzidos ao Cairo em uma van e que receberam apenas alimentação básica.

Quando questionado sobre as acusações contra o Egito citadas nesta reportagem, o regime egípcio encaminhou à reportagem comentários anteriores feitos por autoridades egípcias, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Sameh Shoukry. O chanceler disse à Sky News em fevereiro que não aprovava a cobrança de US$ 5.000 pela Hala e disse que o Egito tomaria medidas para eliminar as taxas.

Uma menina palestina na entrada da tenda de sua família em um acampamento improvisado para os desabrigados em Khan Younis, Faixa de Gaza Foto: Jehad Alshrafi/AP

Em uma declaração feita em meados de maio, o GoFundMe disse que mais de US$ 150 milhões foram arrecadados nas cerca de 19 mil campanhas relacionadas à guerra em Gaza. Os contribuintes incluem amigos, parentes e suas redes sociais, mas também estranhos sem conexões diretas com aqueles que promovem as arrecadações de fundos.

Em abril, Ghayyda, o pediatra, viajou ao Egito pela segunda vez, desta vez para se reunir com seus pais, irmã e sobrinho, que acabavam de sair de Gaza a tempo do Eid al-Fitr, celebração muçulmana.

Ele estava feliz, mas ainda sentia um enorme fardo —28 parentes próximos permaneciam presos em Rafah e na Cidade de Gaza, e seus pais precisariam começar uma nova vida no Cairo, pelo menos até o fim da guerra. (Em maio, ele conseguiu a libertação de mais quatro membros da família.)

“É agridoce”, ele disse. “Significou o mundo para mim ver meus pais, irmã e sobrinho. Mas ainda estou consumido pelo medo constante sobre minha família que ainda está em Gaza. Não conseguirei sentir que posso respirar normalmente novamente até saber que estão seguros.”

JERUSALÉM - A única maneira pela qual quase todas as pessoas na Faixa de Gaza podem escapar dos horrores da guerra entre Israel e o Hamas é saindo pelo Egito. E isso geralmente é uma tarefa complicada e cara, envolvendo o pagamento de milhares de dólares a uma empresa egípcia que pode colocar os palestinos em uma lista de viagem aprovada para cruzar a fronteira.

Enfrentando as altas taxas da empresa, bem como a fome generalizada em Gaza, onde não há fim à vista para a campanha militar de Israel, muitos palestinos recorreram a tentativas de arrecadar dinheiro com apelos desesperados em plataformas digitais como o GoFundMe.

Salim Ghayyda, um pediatra no norte da Escócia, postou um desses apelos em janeiro depois que sua irmã mandou uma mensagem de texto de Gaza dizendo que o pai deles tinha sofrido convulsões. Seu pai chegou a um hospital e sobreviveu, mas Ghayyda, 52, que deixou Gaza em 2003, disse que o episódio o convenceu de que ele tinha que retirar sua família a qualquer custo.

Fumaça de um bombardeio israelense se espalha em Rafah, ao fundo, vista de um campo para pessoas deslocadas em Khan Yunis, em 21 de junho de 2024 Foto: Eyad Baba/AFP

“Pensei que iria dormir uma noite e acordar com a notícia de que minha família se foi”, disse. “Me senti impotente e sem esperança, mas sabia que tinha que fazer algo.”

Nos últimos oito meses, cerca de 100 mil pessoas deixaram Gaza, disse Diab al-Louh, o embaixador palestino no Egito, em entrevista. Embora alguns tenham conseguido sair por meio de conexões com organizações ou governos estrangeiros, para muitos palestinos, sair de Gaza é possível apenas por meio da Hala, uma empresa que parece estar intimamente ligada ao regime egípcio.

Agora o futuro dessa via é incerto, especialmente depois que o Exército israelense lançou uma ofensiva contra o Hamas em Rafah e assumiu o controle da passagem de mesmo nome, levando a seu fechamento em maio. Nenhum palestino foi autorizado a passar por lá desde então, e não está claro quando a passagem será reaberta.

O New York Times conversou com dezenas de pessoas dentro e fora de Gaza que estavam tentando sair do território ou ajudar familiares ou amigos a fazê-lo. Todos, exceto um, falaram sob condição de anonimato com medo de retaliação das autoridades egípcias.

Existem outras formas de sair de Gaza, mas muitas delas também exigem grandes pagamentos. Uma rota é pagar intermediários não oficiais no território ou no Egito, que exigem de US$ 8.000 (cerca de R$ 44 mil) a US$ 15 mil (aproximadamente R$ 82 mil) por pessoa em troca de arranjar sua partida em poucos dias, de acordo com quatro palestinos que fizeram ou tentaram fazer os pagamentos.

Palestinos ligados a organizações e governos internacionais, portadores de passaportes ou vistos estrangeiros, feridos e alguns estudantes matriculados em universidades fora de Gaza conseguiram sair sem pagar grandes taxas, mas a maioria dos mais de 2 milhões de pessoas no território não se enquadra nessas categorias.

A Hala cobra US$ 5.000 (cerca de R$ 27 mil) para coordenar as saídas da maioria das pessoas com 16 anos ou mais e US$ 2.500 (o equivalente a R$ 13,6 mil) para a maioria dos menores de idade, de acordo com sete pessoas que passaram por esse processo ou tentaram fazê-lo.

Os funcionários da Hala não responderam às perguntas enviadas por email. Mas Ibrahim al-Organi, cuja empresa, Organi Group, listou a Hala como uma de suas empresas e que se descreve como acionista, contestou que a empresa cobrava esses valores, insistindo que as crianças viajavam de graça e que os adultos pagavam US$ 2.500. Ele disse que esse valor era necessário porque o serviço que a Hala oferece é VIP e argumentou que os custos operacionais dispararam durante a guerra. Também negou que estivesse se beneficiando injustamente de suas conexões.

Três pessoas, um homem sentado, uma mulher de pé e uma criança no colo, cercados por poeira e destroços, parecem desolados após um evento destrutivo. Eles estão sobre o que parece ser um colchão sujo, com a mulher consolando a criança e o homem olhando para o lado, possivelmente em busca de ajuda ou observando a extensão dos danos.

A Hala faz as pessoas passarem por um complicado processo burocrático para registrar seus familiares. A empresa exige que um membro da família visite seus escritórios no Cairo e pague pelo serviço em notas de US$ 100 emitidas em ou após 2013, de acordo com Ghayyda e outras três pessoas com conhecimento do processo de pagamento da Hala.

Palestinos caminham em uma área que abriga pessoas deslocadas em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 19 de junho de 2024 Foto: Bashar Taleb/AFP

Organi negou conhecimento da prática e disse que aqueles que pagaram em notas de US$ 100 foram enganados por corretores ilegais. Em fevereiro, quando Ghayyda viajou para a capital egípcia para registrar seus pais, irmã e sobrinho, ele levou seu filho de 23 anos com ele para evitar carregar mais de US$ 10 mil (R$ 54, 6 mil) sozinho. Naquela época, ele havia arrecadado cerca de US$ 25 mil (R$ 136, 6 mil). “Todo o processo foi bastante demorado, complexo e incerto”, conta.

Organi descreveu a Hala como uma empresa de turismo, “assim como qualquer empresa que exista em um aeroporto”, e disse que foi criada em 2017 para fornecer serviços VIP a viajantes palestinos que desejavam uma experiência aprimorada ao atravessar Rafah.

“Ajudo-os apenas quando querem entrar na sala VIP, tomar café da manhã, serem conduzidos ao Cairo em um belo BMW, fazer uma parada para descanso e depois seguir para o destino deles”, disse. “Nosso papel é fornecer o melhor serviço possível, é isso.”

Vários palestinos que usaram o serviço da Hala durante a guerra disseram que não lhes foi oferecido um serviço VIP, que foram conduzidos ao Cairo em uma van e que receberam apenas alimentação básica.

Quando questionado sobre as acusações contra o Egito citadas nesta reportagem, o regime egípcio encaminhou à reportagem comentários anteriores feitos por autoridades egípcias, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Sameh Shoukry. O chanceler disse à Sky News em fevereiro que não aprovava a cobrança de US$ 5.000 pela Hala e disse que o Egito tomaria medidas para eliminar as taxas.

Uma menina palestina na entrada da tenda de sua família em um acampamento improvisado para os desabrigados em Khan Younis, Faixa de Gaza Foto: Jehad Alshrafi/AP

Em uma declaração feita em meados de maio, o GoFundMe disse que mais de US$ 150 milhões foram arrecadados nas cerca de 19 mil campanhas relacionadas à guerra em Gaza. Os contribuintes incluem amigos, parentes e suas redes sociais, mas também estranhos sem conexões diretas com aqueles que promovem as arrecadações de fundos.

Em abril, Ghayyda, o pediatra, viajou ao Egito pela segunda vez, desta vez para se reunir com seus pais, irmã e sobrinho, que acabavam de sair de Gaza a tempo do Eid al-Fitr, celebração muçulmana.

Ele estava feliz, mas ainda sentia um enorme fardo —28 parentes próximos permaneciam presos em Rafah e na Cidade de Gaza, e seus pais precisariam começar uma nova vida no Cairo, pelo menos até o fim da guerra. (Em maio, ele conseguiu a libertação de mais quatro membros da família.)

“É agridoce”, ele disse. “Significou o mundo para mim ver meus pais, irmã e sobrinho. Mas ainda estou consumido pelo medo constante sobre minha família que ainda está em Gaza. Não conseguirei sentir que posso respirar normalmente novamente até saber que estão seguros.”

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