Opinião|Como fica a relação dos EUA com a China caso Kamala Harris vença as eleições nos EUA?


Democrata deve manter o tom da política de Joe Biden, apesar de algumas mudanças de linguagem e táticas durante campanha

Por Feliciano de Sá Guimarães
Atualização:

Se a vice-presidente Kamala Harris for eleita presidente dos Estados Unidos em novembro, espera-se que o conteúdo e o tom da política externa americana em relação à China permaneçam muito semelhantes ao que têm sido durante o governo Joe Biden. Harris tem indicado algumas mudanças de linguagem e táticas, como na questão de Taiwan e na percepção sobre as sanções tecnológicas à China, mas provavelmente manterá o mesmo objetivo estratégico, qual seja, conter a ascensão de Pequim.

Biden manteve intactas as sanções comerciais que Trump impôs à China, dando continuidade a Foreign Direct Product Rule, que impede empresas americanas de venderem itens a empresas chinesas que contenham tecnologia ou software dos EUA sem obter previamente uma licença do governo. Da mesma forma, manteve medidas para fortalecer a competitividade dos EUA em semicondutores e em tecnologia verde, refletidas no Inflation Reduction Act de 2022, que visam ajudar os EUA em sua rivalidade com a China. Em maio de 2024, Biden aumentou as tarifas sobre 14 categorias de importações da China. Essas medidas incluíram quadruplicar as tarifas sobre veículos elétricos fabricados na China para 100% e dobrar as tarifas sobre produtos como semicondutores e células solares para 50%.

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Harris, por outro lado, criticou as sanções de Trump à China, argumentando que elas tiveram efeitos negativos para os consumidores dos EUA. No entanto, não está claro se ela suspenderia alguma dessas sanções. Ela também argumentou que os Estados Unidos devem “reduzir riscos” e não se desvincular (decoupling) da China, afirmando que Washington perdeu a guerra comercial iniciada sob Trump. Harris definiu a China como uma ameaça à segurança dos EUA e seguidas vezes expressou apoio à Taiwan, embora não tenha feito de forma clara e decisiva. Também defendeu as alianças dos EUA com parceiros asiáticos que poderiam ajudar no processo de contenção da China na região.

Imagem de 9 de agosto mostra candidata democrata Kamala Harris durante comício no Arizona. Kamala deve manter estratégia de Biden na relação com a China Foto: Ross D. Franklin/AP
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Em um debate das primárias de 2019, Harris afirmou que a China roubava propriedade intelectual dos EUA e despejava produtos de baixa qualidade na economia americana. Isso sugere uma afinidade com as políticas protecionistas de Biden sobre exportação e transferência de tecnologia. Por outro lado, a democrata expressou apoio à continuidade da cooperação com a China. Em uma entrevista de 2023 à CBS News, ela declarou que gostaria de manter as linhas de comunicação abertas com Pequim como algo importante para a estabilidade global.

Por outro lado, Harris tem uma diferença importante com Trump. A vice-presidente demonstrou a preferência por uma política externa baseada em alianças para conter a China, ao passo que Trump historicamente prefere embates diretos com os chineses. Biden buscou revigorar a relação dos EUA com a Europa Ocidental e com parceiros na Ásia. Nesse sentido, Harris deve dar continuidade ao uso de alianças estratégicas e a disputa em torno do Mar do Sul da China será baseada na coordenação com potenciais adversários dos chineses na região, em especial as Filipinas.

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Harris afirmou que as duas partes têm desacordos muito sérios em relação ao Mar do Sul da China. Como vice-presidente, ela desempenhou um papel ativo nos esforços dos EUA para fortalecer laços com aliados na região Ásia-Pacífico, participando da Cúpula EUA-ASEAN em setembro de 2023 e encontrando-se com o presidente das Filipinas. Durante essa reunião, Harris reafirmou o compromisso dos EUA de defender os direitos soberanos e a jurisdição das Filipinas no Mar do Sul da China, posição que entra em conflito direto com os interesses da China na região.

Assim como Biden, Harris apoia a cooperação com aliados na Ásia para conter a influência chinesa, especialmente no Mar do Sul da China. A competição tecnológica entre EUA e China permanecerá central e baseada em políticas para fortalecer a indústria doméstica e na adoção de novas tarifas sobre produtos chineses.

Em resumo, a vice-presidente Harris deve manter uma abordagem semelhante à de Biden na política externa dos EUA em relação à China, caracterizando-a como uma ameaça econômica e de segurança. Assim como Biden, Harris apoia a cooperação com aliados na Ásia para conter a influência chinesa, especialmente no Mar do Sul da China. A competição tecnológica entre EUA e China permanecerá central e baseada em políticas para fortalecer a indústria doméstica e na adoção de novas tarifas sobre produtos chineses. Assim, Harris provavelmente reforçará a importância das alianças internacionais para enfrentar a China, contrastando com a postura unilateral de Trump e alinhando-se ao objetivo de Biden de revitalizar relações com parceiros estratégicos ocidentais e asiáticos.

Se a vice-presidente Kamala Harris for eleita presidente dos Estados Unidos em novembro, espera-se que o conteúdo e o tom da política externa americana em relação à China permaneçam muito semelhantes ao que têm sido durante o governo Joe Biden. Harris tem indicado algumas mudanças de linguagem e táticas, como na questão de Taiwan e na percepção sobre as sanções tecnológicas à China, mas provavelmente manterá o mesmo objetivo estratégico, qual seja, conter a ascensão de Pequim.

Biden manteve intactas as sanções comerciais que Trump impôs à China, dando continuidade a Foreign Direct Product Rule, que impede empresas americanas de venderem itens a empresas chinesas que contenham tecnologia ou software dos EUA sem obter previamente uma licença do governo. Da mesma forma, manteve medidas para fortalecer a competitividade dos EUA em semicondutores e em tecnologia verde, refletidas no Inflation Reduction Act de 2022, que visam ajudar os EUA em sua rivalidade com a China. Em maio de 2024, Biden aumentou as tarifas sobre 14 categorias de importações da China. Essas medidas incluíram quadruplicar as tarifas sobre veículos elétricos fabricados na China para 100% e dobrar as tarifas sobre produtos como semicondutores e células solares para 50%.

Harris, por outro lado, criticou as sanções de Trump à China, argumentando que elas tiveram efeitos negativos para os consumidores dos EUA. No entanto, não está claro se ela suspenderia alguma dessas sanções. Ela também argumentou que os Estados Unidos devem “reduzir riscos” e não se desvincular (decoupling) da China, afirmando que Washington perdeu a guerra comercial iniciada sob Trump. Harris definiu a China como uma ameaça à segurança dos EUA e seguidas vezes expressou apoio à Taiwan, embora não tenha feito de forma clara e decisiva. Também defendeu as alianças dos EUA com parceiros asiáticos que poderiam ajudar no processo de contenção da China na região.

Imagem de 9 de agosto mostra candidata democrata Kamala Harris durante comício no Arizona. Kamala deve manter estratégia de Biden na relação com a China Foto: Ross D. Franklin/AP

Em um debate das primárias de 2019, Harris afirmou que a China roubava propriedade intelectual dos EUA e despejava produtos de baixa qualidade na economia americana. Isso sugere uma afinidade com as políticas protecionistas de Biden sobre exportação e transferência de tecnologia. Por outro lado, a democrata expressou apoio à continuidade da cooperação com a China. Em uma entrevista de 2023 à CBS News, ela declarou que gostaria de manter as linhas de comunicação abertas com Pequim como algo importante para a estabilidade global.

Por outro lado, Harris tem uma diferença importante com Trump. A vice-presidente demonstrou a preferência por uma política externa baseada em alianças para conter a China, ao passo que Trump historicamente prefere embates diretos com os chineses. Biden buscou revigorar a relação dos EUA com a Europa Ocidental e com parceiros na Ásia. Nesse sentido, Harris deve dar continuidade ao uso de alianças estratégicas e a disputa em torno do Mar do Sul da China será baseada na coordenação com potenciais adversários dos chineses na região, em especial as Filipinas.

Harris afirmou que as duas partes têm desacordos muito sérios em relação ao Mar do Sul da China. Como vice-presidente, ela desempenhou um papel ativo nos esforços dos EUA para fortalecer laços com aliados na região Ásia-Pacífico, participando da Cúpula EUA-ASEAN em setembro de 2023 e encontrando-se com o presidente das Filipinas. Durante essa reunião, Harris reafirmou o compromisso dos EUA de defender os direitos soberanos e a jurisdição das Filipinas no Mar do Sul da China, posição que entra em conflito direto com os interesses da China na região.

Assim como Biden, Harris apoia a cooperação com aliados na Ásia para conter a influência chinesa, especialmente no Mar do Sul da China. A competição tecnológica entre EUA e China permanecerá central e baseada em políticas para fortalecer a indústria doméstica e na adoção de novas tarifas sobre produtos chineses.

Em resumo, a vice-presidente Harris deve manter uma abordagem semelhante à de Biden na política externa dos EUA em relação à China, caracterizando-a como uma ameaça econômica e de segurança. Assim como Biden, Harris apoia a cooperação com aliados na Ásia para conter a influência chinesa, especialmente no Mar do Sul da China. A competição tecnológica entre EUA e China permanecerá central e baseada em políticas para fortalecer a indústria doméstica e na adoção de novas tarifas sobre produtos chineses. Assim, Harris provavelmente reforçará a importância das alianças internacionais para enfrentar a China, contrastando com a postura unilateral de Trump e alinhando-se ao objetivo de Biden de revitalizar relações com parceiros estratégicos ocidentais e asiáticos.

Se a vice-presidente Kamala Harris for eleita presidente dos Estados Unidos em novembro, espera-se que o conteúdo e o tom da política externa americana em relação à China permaneçam muito semelhantes ao que têm sido durante o governo Joe Biden. Harris tem indicado algumas mudanças de linguagem e táticas, como na questão de Taiwan e na percepção sobre as sanções tecnológicas à China, mas provavelmente manterá o mesmo objetivo estratégico, qual seja, conter a ascensão de Pequim.

Biden manteve intactas as sanções comerciais que Trump impôs à China, dando continuidade a Foreign Direct Product Rule, que impede empresas americanas de venderem itens a empresas chinesas que contenham tecnologia ou software dos EUA sem obter previamente uma licença do governo. Da mesma forma, manteve medidas para fortalecer a competitividade dos EUA em semicondutores e em tecnologia verde, refletidas no Inflation Reduction Act de 2022, que visam ajudar os EUA em sua rivalidade com a China. Em maio de 2024, Biden aumentou as tarifas sobre 14 categorias de importações da China. Essas medidas incluíram quadruplicar as tarifas sobre veículos elétricos fabricados na China para 100% e dobrar as tarifas sobre produtos como semicondutores e células solares para 50%.

Harris, por outro lado, criticou as sanções de Trump à China, argumentando que elas tiveram efeitos negativos para os consumidores dos EUA. No entanto, não está claro se ela suspenderia alguma dessas sanções. Ela também argumentou que os Estados Unidos devem “reduzir riscos” e não se desvincular (decoupling) da China, afirmando que Washington perdeu a guerra comercial iniciada sob Trump. Harris definiu a China como uma ameaça à segurança dos EUA e seguidas vezes expressou apoio à Taiwan, embora não tenha feito de forma clara e decisiva. Também defendeu as alianças dos EUA com parceiros asiáticos que poderiam ajudar no processo de contenção da China na região.

Imagem de 9 de agosto mostra candidata democrata Kamala Harris durante comício no Arizona. Kamala deve manter estratégia de Biden na relação com a China Foto: Ross D. Franklin/AP

Em um debate das primárias de 2019, Harris afirmou que a China roubava propriedade intelectual dos EUA e despejava produtos de baixa qualidade na economia americana. Isso sugere uma afinidade com as políticas protecionistas de Biden sobre exportação e transferência de tecnologia. Por outro lado, a democrata expressou apoio à continuidade da cooperação com a China. Em uma entrevista de 2023 à CBS News, ela declarou que gostaria de manter as linhas de comunicação abertas com Pequim como algo importante para a estabilidade global.

Por outro lado, Harris tem uma diferença importante com Trump. A vice-presidente demonstrou a preferência por uma política externa baseada em alianças para conter a China, ao passo que Trump historicamente prefere embates diretos com os chineses. Biden buscou revigorar a relação dos EUA com a Europa Ocidental e com parceiros na Ásia. Nesse sentido, Harris deve dar continuidade ao uso de alianças estratégicas e a disputa em torno do Mar do Sul da China será baseada na coordenação com potenciais adversários dos chineses na região, em especial as Filipinas.

Harris afirmou que as duas partes têm desacordos muito sérios em relação ao Mar do Sul da China. Como vice-presidente, ela desempenhou um papel ativo nos esforços dos EUA para fortalecer laços com aliados na região Ásia-Pacífico, participando da Cúpula EUA-ASEAN em setembro de 2023 e encontrando-se com o presidente das Filipinas. Durante essa reunião, Harris reafirmou o compromisso dos EUA de defender os direitos soberanos e a jurisdição das Filipinas no Mar do Sul da China, posição que entra em conflito direto com os interesses da China na região.

Assim como Biden, Harris apoia a cooperação com aliados na Ásia para conter a influência chinesa, especialmente no Mar do Sul da China. A competição tecnológica entre EUA e China permanecerá central e baseada em políticas para fortalecer a indústria doméstica e na adoção de novas tarifas sobre produtos chineses.

Em resumo, a vice-presidente Harris deve manter uma abordagem semelhante à de Biden na política externa dos EUA em relação à China, caracterizando-a como uma ameaça econômica e de segurança. Assim como Biden, Harris apoia a cooperação com aliados na Ásia para conter a influência chinesa, especialmente no Mar do Sul da China. A competição tecnológica entre EUA e China permanecerá central e baseada em políticas para fortalecer a indústria doméstica e na adoção de novas tarifas sobre produtos chineses. Assim, Harris provavelmente reforçará a importância das alianças internacionais para enfrentar a China, contrastando com a postura unilateral de Trump e alinhando-se ao objetivo de Biden de revitalizar relações com parceiros estratégicos ocidentais e asiáticos.

Se a vice-presidente Kamala Harris for eleita presidente dos Estados Unidos em novembro, espera-se que o conteúdo e o tom da política externa americana em relação à China permaneçam muito semelhantes ao que têm sido durante o governo Joe Biden. Harris tem indicado algumas mudanças de linguagem e táticas, como na questão de Taiwan e na percepção sobre as sanções tecnológicas à China, mas provavelmente manterá o mesmo objetivo estratégico, qual seja, conter a ascensão de Pequim.

Biden manteve intactas as sanções comerciais que Trump impôs à China, dando continuidade a Foreign Direct Product Rule, que impede empresas americanas de venderem itens a empresas chinesas que contenham tecnologia ou software dos EUA sem obter previamente uma licença do governo. Da mesma forma, manteve medidas para fortalecer a competitividade dos EUA em semicondutores e em tecnologia verde, refletidas no Inflation Reduction Act de 2022, que visam ajudar os EUA em sua rivalidade com a China. Em maio de 2024, Biden aumentou as tarifas sobre 14 categorias de importações da China. Essas medidas incluíram quadruplicar as tarifas sobre veículos elétricos fabricados na China para 100% e dobrar as tarifas sobre produtos como semicondutores e células solares para 50%.

Harris, por outro lado, criticou as sanções de Trump à China, argumentando que elas tiveram efeitos negativos para os consumidores dos EUA. No entanto, não está claro se ela suspenderia alguma dessas sanções. Ela também argumentou que os Estados Unidos devem “reduzir riscos” e não se desvincular (decoupling) da China, afirmando que Washington perdeu a guerra comercial iniciada sob Trump. Harris definiu a China como uma ameaça à segurança dos EUA e seguidas vezes expressou apoio à Taiwan, embora não tenha feito de forma clara e decisiva. Também defendeu as alianças dos EUA com parceiros asiáticos que poderiam ajudar no processo de contenção da China na região.

Imagem de 9 de agosto mostra candidata democrata Kamala Harris durante comício no Arizona. Kamala deve manter estratégia de Biden na relação com a China Foto: Ross D. Franklin/AP

Em um debate das primárias de 2019, Harris afirmou que a China roubava propriedade intelectual dos EUA e despejava produtos de baixa qualidade na economia americana. Isso sugere uma afinidade com as políticas protecionistas de Biden sobre exportação e transferência de tecnologia. Por outro lado, a democrata expressou apoio à continuidade da cooperação com a China. Em uma entrevista de 2023 à CBS News, ela declarou que gostaria de manter as linhas de comunicação abertas com Pequim como algo importante para a estabilidade global.

Por outro lado, Harris tem uma diferença importante com Trump. A vice-presidente demonstrou a preferência por uma política externa baseada em alianças para conter a China, ao passo que Trump historicamente prefere embates diretos com os chineses. Biden buscou revigorar a relação dos EUA com a Europa Ocidental e com parceiros na Ásia. Nesse sentido, Harris deve dar continuidade ao uso de alianças estratégicas e a disputa em torno do Mar do Sul da China será baseada na coordenação com potenciais adversários dos chineses na região, em especial as Filipinas.

Harris afirmou que as duas partes têm desacordos muito sérios em relação ao Mar do Sul da China. Como vice-presidente, ela desempenhou um papel ativo nos esforços dos EUA para fortalecer laços com aliados na região Ásia-Pacífico, participando da Cúpula EUA-ASEAN em setembro de 2023 e encontrando-se com o presidente das Filipinas. Durante essa reunião, Harris reafirmou o compromisso dos EUA de defender os direitos soberanos e a jurisdição das Filipinas no Mar do Sul da China, posição que entra em conflito direto com os interesses da China na região.

Assim como Biden, Harris apoia a cooperação com aliados na Ásia para conter a influência chinesa, especialmente no Mar do Sul da China. A competição tecnológica entre EUA e China permanecerá central e baseada em políticas para fortalecer a indústria doméstica e na adoção de novas tarifas sobre produtos chineses.

Em resumo, a vice-presidente Harris deve manter uma abordagem semelhante à de Biden na política externa dos EUA em relação à China, caracterizando-a como uma ameaça econômica e de segurança. Assim como Biden, Harris apoia a cooperação com aliados na Ásia para conter a influência chinesa, especialmente no Mar do Sul da China. A competição tecnológica entre EUA e China permanecerá central e baseada em políticas para fortalecer a indústria doméstica e na adoção de novas tarifas sobre produtos chineses. Assim, Harris provavelmente reforçará a importância das alianças internacionais para enfrentar a China, contrastando com a postura unilateral de Trump e alinhando-se ao objetivo de Biden de revitalizar relações com parceiros estratégicos ocidentais e asiáticos.

Se a vice-presidente Kamala Harris for eleita presidente dos Estados Unidos em novembro, espera-se que o conteúdo e o tom da política externa americana em relação à China permaneçam muito semelhantes ao que têm sido durante o governo Joe Biden. Harris tem indicado algumas mudanças de linguagem e táticas, como na questão de Taiwan e na percepção sobre as sanções tecnológicas à China, mas provavelmente manterá o mesmo objetivo estratégico, qual seja, conter a ascensão de Pequim.

Biden manteve intactas as sanções comerciais que Trump impôs à China, dando continuidade a Foreign Direct Product Rule, que impede empresas americanas de venderem itens a empresas chinesas que contenham tecnologia ou software dos EUA sem obter previamente uma licença do governo. Da mesma forma, manteve medidas para fortalecer a competitividade dos EUA em semicondutores e em tecnologia verde, refletidas no Inflation Reduction Act de 2022, que visam ajudar os EUA em sua rivalidade com a China. Em maio de 2024, Biden aumentou as tarifas sobre 14 categorias de importações da China. Essas medidas incluíram quadruplicar as tarifas sobre veículos elétricos fabricados na China para 100% e dobrar as tarifas sobre produtos como semicondutores e células solares para 50%.

Harris, por outro lado, criticou as sanções de Trump à China, argumentando que elas tiveram efeitos negativos para os consumidores dos EUA. No entanto, não está claro se ela suspenderia alguma dessas sanções. Ela também argumentou que os Estados Unidos devem “reduzir riscos” e não se desvincular (decoupling) da China, afirmando que Washington perdeu a guerra comercial iniciada sob Trump. Harris definiu a China como uma ameaça à segurança dos EUA e seguidas vezes expressou apoio à Taiwan, embora não tenha feito de forma clara e decisiva. Também defendeu as alianças dos EUA com parceiros asiáticos que poderiam ajudar no processo de contenção da China na região.

Imagem de 9 de agosto mostra candidata democrata Kamala Harris durante comício no Arizona. Kamala deve manter estratégia de Biden na relação com a China Foto: Ross D. Franklin/AP

Em um debate das primárias de 2019, Harris afirmou que a China roubava propriedade intelectual dos EUA e despejava produtos de baixa qualidade na economia americana. Isso sugere uma afinidade com as políticas protecionistas de Biden sobre exportação e transferência de tecnologia. Por outro lado, a democrata expressou apoio à continuidade da cooperação com a China. Em uma entrevista de 2023 à CBS News, ela declarou que gostaria de manter as linhas de comunicação abertas com Pequim como algo importante para a estabilidade global.

Por outro lado, Harris tem uma diferença importante com Trump. A vice-presidente demonstrou a preferência por uma política externa baseada em alianças para conter a China, ao passo que Trump historicamente prefere embates diretos com os chineses. Biden buscou revigorar a relação dos EUA com a Europa Ocidental e com parceiros na Ásia. Nesse sentido, Harris deve dar continuidade ao uso de alianças estratégicas e a disputa em torno do Mar do Sul da China será baseada na coordenação com potenciais adversários dos chineses na região, em especial as Filipinas.

Harris afirmou que as duas partes têm desacordos muito sérios em relação ao Mar do Sul da China. Como vice-presidente, ela desempenhou um papel ativo nos esforços dos EUA para fortalecer laços com aliados na região Ásia-Pacífico, participando da Cúpula EUA-ASEAN em setembro de 2023 e encontrando-se com o presidente das Filipinas. Durante essa reunião, Harris reafirmou o compromisso dos EUA de defender os direitos soberanos e a jurisdição das Filipinas no Mar do Sul da China, posição que entra em conflito direto com os interesses da China na região.

Assim como Biden, Harris apoia a cooperação com aliados na Ásia para conter a influência chinesa, especialmente no Mar do Sul da China. A competição tecnológica entre EUA e China permanecerá central e baseada em políticas para fortalecer a indústria doméstica e na adoção de novas tarifas sobre produtos chineses.

Em resumo, a vice-presidente Harris deve manter uma abordagem semelhante à de Biden na política externa dos EUA em relação à China, caracterizando-a como uma ameaça econômica e de segurança. Assim como Biden, Harris apoia a cooperação com aliados na Ásia para conter a influência chinesa, especialmente no Mar do Sul da China. A competição tecnológica entre EUA e China permanecerá central e baseada em políticas para fortalecer a indústria doméstica e na adoção de novas tarifas sobre produtos chineses. Assim, Harris provavelmente reforçará a importância das alianças internacionais para enfrentar a China, contrastando com a postura unilateral de Trump e alinhando-se ao objetivo de Biden de revitalizar relações com parceiros estratégicos ocidentais e asiáticos.

Opinião por Feliciano de Sá Guimarães

Professor livre-docente do Instituto de Relações Internacionais da USP

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