Como foram as cinco décadas do regime de terror da família Assad sobre a Síria


Bashar Assad e seu pai, Hafez, controlaram a Sìria com mão de ferro desde os anos 70

Por Redação
Atualização:

Desde a década de 1970, a Síria vive uma ditadura marcada pela presença da família Assad - primeiro com Hafez Assad e, depois, seu filho, Bashar Assad, atual líder do país. A ameaça de invasão dos rebeldes do grupo Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), porém, colocou fim a anos de domínio ditatorial sob o comando do clã Assad, à medida que os rebeldes tomaram a capital Damasco.

Hafez Assad assumiu o controle da Síria em 1971, após uma eleição realizada em meio a um período de revoltas políticas e militares, chamado de Movimento Corretivo. Seu período à frente do país, que durou até 2000, quando morreu.

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Assad, um ex-militar da força aérea síria, foi o responsável por carregar o país em diversos conflitos. A Guerra do Yom Kippur, foi uma das primeiras incursões do regime, tendo início em em 6 de outubro de 1973. No conflito, as forças egípcias, aliada aos sírios, cruzaram o Canal de Suez e os sírios avançaram para as Colinas de Golã. Os israelenses, enquanto monitoravam o acúmulo de tropas ao longo de suas fronteiras nos dias que antecederam o ataque, foram pegos de surpresa.

Estátua de Hafez Assad é derrubada no Curdistão sírio Foto: Delil Souleiman/AFP
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Os egípcios basicamente capturaram a costa leste do Canal de Suez e se entrincheiraram, com seus dois principais generais em conflito sobre quanto do exército poderia avançar para o Sinai. Após a reação israelense, um cessar-fogo instável no final de outubro deixou claro que os árabes haviam sido novamente derrotados.

Ainda antes de iniciar o conflito, a Síria havia comprado armas químicas e deu início, sob o comando de Assad, ao desenvolvimento de ferramentas bélicas do tipo, alegadamente com ajuda e influência da Rússia, aliado do país na região, principalmente pelo posicionamento contrário a Israel. Mais tarde, no governo de Bashar Assad, o país seria acusado mais de uma vez pela ONU pelo uso do armamento em ataques à Duma, cidade da Síria controlada pelos rebeldes.

Sectarismo de longa data

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O primeiro indício da tentativa iminente de derrubar o governo do Partido Baath, de Assad, ocorreu em junho de 1979, quando a Irmandade Muçulmana massacrou 50 cadetes alauítas no refeitório da academia militar em Aleppo.

Depois, em junho de 1980, extremistas lançaram pelo menos duas granadas contra o líder sírio. Extremistas muçulmanos também se rebelaram em 1982 em Hama. Eles mataram autoridades do Partido Baath e transmitiram apelos das mesquitas para uma insurreição nacional. Ao perseguir os rebeldes, o exército sírio arrasou metade da cidade, matando pelo menos 10 mil habitantes.

A conflagração de 1973 mal havia se extinguido quando a próxima crise eclodiu, no Líbano. Sua guerra civil opôs os cristãos libaneses, cujo poder estava consagrado na Constituição, apesar de sua população cada vez menor, à Organização para a Libertação da Palestina e às comunidades mais carentes economicamente, como os xiitas e os drusos. Como o exército e o governo se dividiram em linhas sectárias, a derrota dos cristãos pelas facções muçulmanas, mais numerosas, parecia uma conclusão inevitável.

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Hafez Assad, durante visita à França em 1998 Foto: AFP

Embora Assad reconhecesse que a Síria e o Líbano eram nações soberanas, os sírios há muito viam o Líbano como uma parte natural de seu país que havia sido injustamente separada pela interferência colonial europeia.

O período de 1970 até 2000 foi de consolidação do poder de Assad e de sua pressão para dominar rebeldes e territórios que acreditava ser parte da Síria. Foi durante esses 30 anos de governo que a Síria estreitou as relações com o Irã, que havia passado por uma troca de comando e agora estava se apoiando em aliados durante o conflito com o Iraque. Pela aproximação entre os dois países, a Síria chegou a fechar um oleoduto iraquiano, importante recurso do Iraque. Em troca, a Síria recebeu petróleo iraniano barato.

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Em 2000, Hafez Assad sofreu um ataque cardíaco e morreu na sua casa, deixando o poder encaminhado para seu filho - e atual líder da Síria - Bashar Assad.

Troca de comando

O governo do herdeiro Assad foi igualmente tumultuado e violento, com mais conflitos e uma profunda guerra civil que atinge o país há mais de 10 anos.

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Após assumir o poder no lugar de seu pai, Assad deu início a uma continuação da concentração de poderes que determinou o regime anterior - ainda que o começo de seu governo tenha sido de tentativas de viagens diplomáticas.

Sua reeleição, em 2007, foi sucedida de uma onda de eventos no Oriente Médio que pedia a abertura democrática de regiões consideradas ditatoriais - a Primavera Árabe - entre 2010 e 2013.

Bashar Assad fugiu da Síria após rebeldes tomarem Damasco Foto: AP / AP

Guerra civil

Em março de 2011, milhares de sírios inspirados pelas revoltas da Primavera Árabe saíram às ruas para protestar contra o governo autoritário de Assad e pedir reformas democráticas. Assad sucedeu seu pai, Hafez al-Assad, após sua morte em 2000, estendendo o governo da família por décadas. Os Assads são membros da comunidade alauíta minoritária da Síria, uma seita religiosa que se separou do Islã xiita. A maioria dos sírios é muçulmana sunita.

As manifestações em massa nas cidades de maioria sunita foram, em sua maioria, pacíficas. Mas o governo respondeu com uma brutal repressão militar e policial, bombardeando bairros civis e realizando prisões em larga escala. Alguns sírios começaram a se armar para revidar, e vários grupos militantes islâmicos, alguns dos quais lutaram contra as tropas dos EUA no Iraque, ressurgiram na Síria. Em junho de 2012, as Nações Unidas declararam que os combates na Síria eram uma guerra civil completa.

Seu governo é acusado de tortura generalizada, uso de armas químicas contra seu próprio povo e transferências forçadas de população em um conflito que deixou cerca de meio milhão de pessoas mortas.

Em 2016, o conflito pelo controle de Aleppo foi um ponto de virada na guerra civil.A Rússia, o Irã e as milícias xiitas aliadas ajudaram as forças do governo sírio a recuperar o controle da cidade naquele ano, após uma campanha militar extenuante e um cerco que durou semanas.

Além de apoiar as milícias rebeldes, a Turquia também estabeleceu uma presença militar na Síria, com tropas no noroeste. Separadamente e em grande parte no leste da Síria, os Estados Unidos apoiaram as forças curdas sírias que lutam contra militantes do Estado Islâmico.

Agora, com o avanço dos rebeldes em direção à capital Damasco, o regime de 53 anos pode chegar ao fim com mais um conflito arrasador para os sírios e para o território. No começo de dezembro, o enfraquecimento do governo Assad começou a ficar mais evidente quando o Irã começou a retirar seus comandantes militares e seu pessoal da Síria, em um sinal da incapacidade do Irã de ajudar a manter o presidente Bashar no poder diante de uma ofensiva rebelde ressurgente.

Em pouco mais de uma semana, o grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham, ou HTS, conquistou as principais cidades da Síria, como Aleppo, Deraa e Hama, e avança sobre Homs e Damasco. Hassan Abdul-Ghani, líder do HTS, postou no aplicativo de mensagens Telegram que as forças da oposição começaram a realizar o “estágio final” de sua ofensiva./COM NYT, POST E AP

Desde a década de 1970, a Síria vive uma ditadura marcada pela presença da família Assad - primeiro com Hafez Assad e, depois, seu filho, Bashar Assad, atual líder do país. A ameaça de invasão dos rebeldes do grupo Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), porém, colocou fim a anos de domínio ditatorial sob o comando do clã Assad, à medida que os rebeldes tomaram a capital Damasco.

Hafez Assad assumiu o controle da Síria em 1971, após uma eleição realizada em meio a um período de revoltas políticas e militares, chamado de Movimento Corretivo. Seu período à frente do país, que durou até 2000, quando morreu.

Assad, um ex-militar da força aérea síria, foi o responsável por carregar o país em diversos conflitos. A Guerra do Yom Kippur, foi uma das primeiras incursões do regime, tendo início em em 6 de outubro de 1973. No conflito, as forças egípcias, aliada aos sírios, cruzaram o Canal de Suez e os sírios avançaram para as Colinas de Golã. Os israelenses, enquanto monitoravam o acúmulo de tropas ao longo de suas fronteiras nos dias que antecederam o ataque, foram pegos de surpresa.

Estátua de Hafez Assad é derrubada no Curdistão sírio Foto: Delil Souleiman/AFP

Os egípcios basicamente capturaram a costa leste do Canal de Suez e se entrincheiraram, com seus dois principais generais em conflito sobre quanto do exército poderia avançar para o Sinai. Após a reação israelense, um cessar-fogo instável no final de outubro deixou claro que os árabes haviam sido novamente derrotados.

Ainda antes de iniciar o conflito, a Síria havia comprado armas químicas e deu início, sob o comando de Assad, ao desenvolvimento de ferramentas bélicas do tipo, alegadamente com ajuda e influência da Rússia, aliado do país na região, principalmente pelo posicionamento contrário a Israel. Mais tarde, no governo de Bashar Assad, o país seria acusado mais de uma vez pela ONU pelo uso do armamento em ataques à Duma, cidade da Síria controlada pelos rebeldes.

Sectarismo de longa data

O primeiro indício da tentativa iminente de derrubar o governo do Partido Baath, de Assad, ocorreu em junho de 1979, quando a Irmandade Muçulmana massacrou 50 cadetes alauítas no refeitório da academia militar em Aleppo.

Depois, em junho de 1980, extremistas lançaram pelo menos duas granadas contra o líder sírio. Extremistas muçulmanos também se rebelaram em 1982 em Hama. Eles mataram autoridades do Partido Baath e transmitiram apelos das mesquitas para uma insurreição nacional. Ao perseguir os rebeldes, o exército sírio arrasou metade da cidade, matando pelo menos 10 mil habitantes.

A conflagração de 1973 mal havia se extinguido quando a próxima crise eclodiu, no Líbano. Sua guerra civil opôs os cristãos libaneses, cujo poder estava consagrado na Constituição, apesar de sua população cada vez menor, à Organização para a Libertação da Palestina e às comunidades mais carentes economicamente, como os xiitas e os drusos. Como o exército e o governo se dividiram em linhas sectárias, a derrota dos cristãos pelas facções muçulmanas, mais numerosas, parecia uma conclusão inevitável.

Hafez Assad, durante visita à França em 1998 Foto: AFP

Embora Assad reconhecesse que a Síria e o Líbano eram nações soberanas, os sírios há muito viam o Líbano como uma parte natural de seu país que havia sido injustamente separada pela interferência colonial europeia.

O período de 1970 até 2000 foi de consolidação do poder de Assad e de sua pressão para dominar rebeldes e territórios que acreditava ser parte da Síria. Foi durante esses 30 anos de governo que a Síria estreitou as relações com o Irã, que havia passado por uma troca de comando e agora estava se apoiando em aliados durante o conflito com o Iraque. Pela aproximação entre os dois países, a Síria chegou a fechar um oleoduto iraquiano, importante recurso do Iraque. Em troca, a Síria recebeu petróleo iraniano barato.

Em 2000, Hafez Assad sofreu um ataque cardíaco e morreu na sua casa, deixando o poder encaminhado para seu filho - e atual líder da Síria - Bashar Assad.

Troca de comando

O governo do herdeiro Assad foi igualmente tumultuado e violento, com mais conflitos e uma profunda guerra civil que atinge o país há mais de 10 anos.

Após assumir o poder no lugar de seu pai, Assad deu início a uma continuação da concentração de poderes que determinou o regime anterior - ainda que o começo de seu governo tenha sido de tentativas de viagens diplomáticas.

Sua reeleição, em 2007, foi sucedida de uma onda de eventos no Oriente Médio que pedia a abertura democrática de regiões consideradas ditatoriais - a Primavera Árabe - entre 2010 e 2013.

Bashar Assad fugiu da Síria após rebeldes tomarem Damasco Foto: AP / AP

Guerra civil

Em março de 2011, milhares de sírios inspirados pelas revoltas da Primavera Árabe saíram às ruas para protestar contra o governo autoritário de Assad e pedir reformas democráticas. Assad sucedeu seu pai, Hafez al-Assad, após sua morte em 2000, estendendo o governo da família por décadas. Os Assads são membros da comunidade alauíta minoritária da Síria, uma seita religiosa que se separou do Islã xiita. A maioria dos sírios é muçulmana sunita.

As manifestações em massa nas cidades de maioria sunita foram, em sua maioria, pacíficas. Mas o governo respondeu com uma brutal repressão militar e policial, bombardeando bairros civis e realizando prisões em larga escala. Alguns sírios começaram a se armar para revidar, e vários grupos militantes islâmicos, alguns dos quais lutaram contra as tropas dos EUA no Iraque, ressurgiram na Síria. Em junho de 2012, as Nações Unidas declararam que os combates na Síria eram uma guerra civil completa.

Seu governo é acusado de tortura generalizada, uso de armas químicas contra seu próprio povo e transferências forçadas de população em um conflito que deixou cerca de meio milhão de pessoas mortas.

Em 2016, o conflito pelo controle de Aleppo foi um ponto de virada na guerra civil.A Rússia, o Irã e as milícias xiitas aliadas ajudaram as forças do governo sírio a recuperar o controle da cidade naquele ano, após uma campanha militar extenuante e um cerco que durou semanas.

Além de apoiar as milícias rebeldes, a Turquia também estabeleceu uma presença militar na Síria, com tropas no noroeste. Separadamente e em grande parte no leste da Síria, os Estados Unidos apoiaram as forças curdas sírias que lutam contra militantes do Estado Islâmico.

Agora, com o avanço dos rebeldes em direção à capital Damasco, o regime de 53 anos pode chegar ao fim com mais um conflito arrasador para os sírios e para o território. No começo de dezembro, o enfraquecimento do governo Assad começou a ficar mais evidente quando o Irã começou a retirar seus comandantes militares e seu pessoal da Síria, em um sinal da incapacidade do Irã de ajudar a manter o presidente Bashar no poder diante de uma ofensiva rebelde ressurgente.

Em pouco mais de uma semana, o grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham, ou HTS, conquistou as principais cidades da Síria, como Aleppo, Deraa e Hama, e avança sobre Homs e Damasco. Hassan Abdul-Ghani, líder do HTS, postou no aplicativo de mensagens Telegram que as forças da oposição começaram a realizar o “estágio final” de sua ofensiva./COM NYT, POST E AP

Desde a década de 1970, a Síria vive uma ditadura marcada pela presença da família Assad - primeiro com Hafez Assad e, depois, seu filho, Bashar Assad, atual líder do país. A ameaça de invasão dos rebeldes do grupo Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), porém, colocou fim a anos de domínio ditatorial sob o comando do clã Assad, à medida que os rebeldes tomaram a capital Damasco.

Hafez Assad assumiu o controle da Síria em 1971, após uma eleição realizada em meio a um período de revoltas políticas e militares, chamado de Movimento Corretivo. Seu período à frente do país, que durou até 2000, quando morreu.

Assad, um ex-militar da força aérea síria, foi o responsável por carregar o país em diversos conflitos. A Guerra do Yom Kippur, foi uma das primeiras incursões do regime, tendo início em em 6 de outubro de 1973. No conflito, as forças egípcias, aliada aos sírios, cruzaram o Canal de Suez e os sírios avançaram para as Colinas de Golã. Os israelenses, enquanto monitoravam o acúmulo de tropas ao longo de suas fronteiras nos dias que antecederam o ataque, foram pegos de surpresa.

Estátua de Hafez Assad é derrubada no Curdistão sírio Foto: Delil Souleiman/AFP

Os egípcios basicamente capturaram a costa leste do Canal de Suez e se entrincheiraram, com seus dois principais generais em conflito sobre quanto do exército poderia avançar para o Sinai. Após a reação israelense, um cessar-fogo instável no final de outubro deixou claro que os árabes haviam sido novamente derrotados.

Ainda antes de iniciar o conflito, a Síria havia comprado armas químicas e deu início, sob o comando de Assad, ao desenvolvimento de ferramentas bélicas do tipo, alegadamente com ajuda e influência da Rússia, aliado do país na região, principalmente pelo posicionamento contrário a Israel. Mais tarde, no governo de Bashar Assad, o país seria acusado mais de uma vez pela ONU pelo uso do armamento em ataques à Duma, cidade da Síria controlada pelos rebeldes.

Sectarismo de longa data

O primeiro indício da tentativa iminente de derrubar o governo do Partido Baath, de Assad, ocorreu em junho de 1979, quando a Irmandade Muçulmana massacrou 50 cadetes alauítas no refeitório da academia militar em Aleppo.

Depois, em junho de 1980, extremistas lançaram pelo menos duas granadas contra o líder sírio. Extremistas muçulmanos também se rebelaram em 1982 em Hama. Eles mataram autoridades do Partido Baath e transmitiram apelos das mesquitas para uma insurreição nacional. Ao perseguir os rebeldes, o exército sírio arrasou metade da cidade, matando pelo menos 10 mil habitantes.

A conflagração de 1973 mal havia se extinguido quando a próxima crise eclodiu, no Líbano. Sua guerra civil opôs os cristãos libaneses, cujo poder estava consagrado na Constituição, apesar de sua população cada vez menor, à Organização para a Libertação da Palestina e às comunidades mais carentes economicamente, como os xiitas e os drusos. Como o exército e o governo se dividiram em linhas sectárias, a derrota dos cristãos pelas facções muçulmanas, mais numerosas, parecia uma conclusão inevitável.

Hafez Assad, durante visita à França em 1998 Foto: AFP

Embora Assad reconhecesse que a Síria e o Líbano eram nações soberanas, os sírios há muito viam o Líbano como uma parte natural de seu país que havia sido injustamente separada pela interferência colonial europeia.

O período de 1970 até 2000 foi de consolidação do poder de Assad e de sua pressão para dominar rebeldes e territórios que acreditava ser parte da Síria. Foi durante esses 30 anos de governo que a Síria estreitou as relações com o Irã, que havia passado por uma troca de comando e agora estava se apoiando em aliados durante o conflito com o Iraque. Pela aproximação entre os dois países, a Síria chegou a fechar um oleoduto iraquiano, importante recurso do Iraque. Em troca, a Síria recebeu petróleo iraniano barato.

Em 2000, Hafez Assad sofreu um ataque cardíaco e morreu na sua casa, deixando o poder encaminhado para seu filho - e atual líder da Síria - Bashar Assad.

Troca de comando

O governo do herdeiro Assad foi igualmente tumultuado e violento, com mais conflitos e uma profunda guerra civil que atinge o país há mais de 10 anos.

Após assumir o poder no lugar de seu pai, Assad deu início a uma continuação da concentração de poderes que determinou o regime anterior - ainda que o começo de seu governo tenha sido de tentativas de viagens diplomáticas.

Sua reeleição, em 2007, foi sucedida de uma onda de eventos no Oriente Médio que pedia a abertura democrática de regiões consideradas ditatoriais - a Primavera Árabe - entre 2010 e 2013.

Bashar Assad fugiu da Síria após rebeldes tomarem Damasco Foto: AP / AP

Guerra civil

Em março de 2011, milhares de sírios inspirados pelas revoltas da Primavera Árabe saíram às ruas para protestar contra o governo autoritário de Assad e pedir reformas democráticas. Assad sucedeu seu pai, Hafez al-Assad, após sua morte em 2000, estendendo o governo da família por décadas. Os Assads são membros da comunidade alauíta minoritária da Síria, uma seita religiosa que se separou do Islã xiita. A maioria dos sírios é muçulmana sunita.

As manifestações em massa nas cidades de maioria sunita foram, em sua maioria, pacíficas. Mas o governo respondeu com uma brutal repressão militar e policial, bombardeando bairros civis e realizando prisões em larga escala. Alguns sírios começaram a se armar para revidar, e vários grupos militantes islâmicos, alguns dos quais lutaram contra as tropas dos EUA no Iraque, ressurgiram na Síria. Em junho de 2012, as Nações Unidas declararam que os combates na Síria eram uma guerra civil completa.

Seu governo é acusado de tortura generalizada, uso de armas químicas contra seu próprio povo e transferências forçadas de população em um conflito que deixou cerca de meio milhão de pessoas mortas.

Em 2016, o conflito pelo controle de Aleppo foi um ponto de virada na guerra civil.A Rússia, o Irã e as milícias xiitas aliadas ajudaram as forças do governo sírio a recuperar o controle da cidade naquele ano, após uma campanha militar extenuante e um cerco que durou semanas.

Além de apoiar as milícias rebeldes, a Turquia também estabeleceu uma presença militar na Síria, com tropas no noroeste. Separadamente e em grande parte no leste da Síria, os Estados Unidos apoiaram as forças curdas sírias que lutam contra militantes do Estado Islâmico.

Agora, com o avanço dos rebeldes em direção à capital Damasco, o regime de 53 anos pode chegar ao fim com mais um conflito arrasador para os sírios e para o território. No começo de dezembro, o enfraquecimento do governo Assad começou a ficar mais evidente quando o Irã começou a retirar seus comandantes militares e seu pessoal da Síria, em um sinal da incapacidade do Irã de ajudar a manter o presidente Bashar no poder diante de uma ofensiva rebelde ressurgente.

Em pouco mais de uma semana, o grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham, ou HTS, conquistou as principais cidades da Síria, como Aleppo, Deraa e Hama, e avança sobre Homs e Damasco. Hassan Abdul-Ghani, líder do HTS, postou no aplicativo de mensagens Telegram que as forças da oposição começaram a realizar o “estágio final” de sua ofensiva./COM NYT, POST E AP

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