Como Israel está usando a inteligência em tempo real para atingir o Hamas; leia análise


Os militares israelenses obtiveram um conjunto de material de inteligência que suas forças têm usado para conhecer a amplitude dos planos de ataque do grupo, suas táticas e capacidades, mostram dados analisados pelo Times

Por Adam Goldman

THE NEW YORK TIMES— Desde os ataques terroristas de 7 de outubro, Israel obteve um conjunto de materiais de inteligência que seus militares têm usado para conhecer a amplitude dos planos de ataque do grupo, suas táticas e capacidades, informações que, afirmam autoridades israelenses, têm ajudado a moldar a guerra em Gaza.

Nos locais atacados em Israel e nas batalhas em Gaza, os militares encontraram itens que detalham localizações de instalações e túneis do Hamas, assim como maneiras que o grupo armado opera no subterrâneo, de acordo com documentos e outros dados fornecidos ao New York Times pelas Forças Armadas israelenses — que também recolheram um laptop que pareceu mostrar que o Hamas pretendeu tomar uma série de locais em 7 de outubro, incluindo uma base militar ao sul de Tel-Aviv.

“Nesta guerra, nós estamos testemunhando algo que não vimos em guerras anteriores: forças terrestres, incluindo pelotões blindados, beneficiando-se de informações de inteligência precisas em tempo real, transmitidas aos soldados diretamente”, afirmou o brigadeiro-general Hisham Ibrahim, comandante dos pelotões blindados. “Informações das unidades de inteligência são transmitidas imediatamente para as forças de combate.”

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Tanque israelense opera nas proximidades da Cidade de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times

As Forças Armadas israelenses lançaram um contra-ataque devastador depois que terroristas do Hamas mataram cerca de 1,2 mil pessoas e sequestraram aproximadamente 240 em Israel, segundo as autoridades do país. Em um esforço para eliminar o Hamas, os militares israelenses bombardearam e invadiram a Faixa de Gaza, numa guerra que até aqui matou mais de 15 mil habitantes do enclave, de acordo com as autoridades do ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas.

Em uma conferência de imprensa numa base militar ao norte de Tel-Aviv, as Forças Armadas de Israel exibiram alguns dos materiais encontrados com combatentes mortos em Israel e dentro de Gaza ao longo da guerra, que, segundo os militares israelenses, inclui mapas, panfletos, rádios comunicadores, telefones, câmera de vídeo, walkie-talkies, notebooks e computadores. Os dados estão sendo analisados por uma nova unidade israelense responsável por garantir que as informações reveladas sejam transmitidas rapidamente para os soldados que combatem o Hamas, afirmaram autoridades.

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Os militares israelenses permitiram acesso da reportagem a documentos de inteligência cruciais sob a condição de detalhes granulares não serem revelados com a publicação das informações. Os jornalistas tiveram de usar luvas cirúrgicas para manipular os materiais, parte deles cobertos por manchas de sangue seco.

Os materiais analisados pelo Times são consistentes com outros documentos conhecidos e equipamentos encontrados após os ataques de 7 de outubro, informações tornadas públicas pelos militares israelenses e encontradas em vídeos do Hamas. O Times também analisou fotografias de membros do Hamas mortos e seus pertences pessoais, assim como alguns dos mesmos itens exibidos pelos militares na conferência de imprensa.

Soldados israelenses patrulham a Cidade de Gaza, no norte do enclave palestino  Foto: Victor R. Caivano/Associated Press
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Alguns dos documentos descreveram extensamente informações sobre táticas e formações militares do Hamas. Um documento analisado pelo Times incluiu o detalhamento de um pelotão, incluindo a idade de seus combatentes: mais da metade dos membros tinha mais que 25 anos, indicando que esse destacamento em particular era composto de membros experientes.

Os militares israelenses também coletaram fotografias e vídeos dos líderes militares do Hamas, informações que podem ser usadas na definição de alvos. Na terça-feira, os militares israelenses divulgaram uma foto de indivíduos que afirmam ser líderes graduados do Hamas no norte de Gaza alimentando-se dentro de um túnel, afirmando que cinco deles tinham sido mortos. Os militares afirmaram que uma unidade de inteligência analisou a foto depois que ela foi apreendida em Gaza, nas proximidades do Hospital Indonésio.

As Brigadas Al Qassam, o braço armado do Hamas, tinham confirmado anteriormente que pelo menos três dos homens naquela foto tinham sido mortos.

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Além disso, os militares israelenses afirmaram que apreenderam diários que os atiradores do Hamas carregavam, além de outros itens pessoais.

Com base nessas informações, o general Ibrahim disse que tem feito “pequenos ajustes à estratégia de combate” desde que a guerra começou.

Soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI) observa um drone e armas que Israel aponta que foram achadas no Hospital Al-Shifa, no norte da Faixa de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times
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Inteligência

De um acampamento militar improvisado, no sul de Israel, o general Ibrahim, comandante dos pelotões blindados, coordena aspectos do combate com tanques, que ocorre numa área densamente povoada. O general de 46 anos é um dos oficiais de mais alta patente oriundos da comunidade drusa, uma minoria de língua árabe em Israel.

Desde o fim do cessar-fogo, na semana passada, soldados israelenses têm se envolvido em combates pesados no sul de Gaza, próximo à cidade de Khan Younis, e em Jabaliya e Shuja’iyya, bairros residenciais no norte. Os tanques israelenses têm desempenhado um papel crítico nas batalhas. Pelo menos 12 soldados israelenses foram mortos desde que os combates foram retomados.

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O general Ibrahim é intensamente focado na proteção de soldados e tanques, além de derrotar o Hamas. Ele disse que tem seis equipes pequenas dentro de Gaza para obter informações de diferentes unidades, o tipo de material revelado ao Times. Ele afirmou que os “boletins de aprendizado” são repassados para as tropas quase diariamente.

O general Ibrahim diz que também tirou lições da guerra da Rússia na Ucrânia, particularmente da maneira que os tanques russos tornaram-se alvos fáceis em certos momentos. Para se adaptar à ameaça dos drones do Hamas, ele afirmou que Israel se apressou em garantir que seus tanques fossem equipados com coberturas sobre as torres de combate.

Soldado israelense limpa um tanque nas proximidades da Faixa de Gaza  Foto: Amir Cohen/Reuters

O general Ibrahim afirmou que as coberturas, apelidadas de “pergolados”, já se provaram eficazes elementos de dissuasão, contando que os drones do Hamas parecem evitar os tanques cobertos porque as proteções já se provaram eficazes contra bombas. O general descreveu os pergolados como uma medida de baixa tecnologia para defesa antidrones, acrescentando que os militares israelenses possuem vantagens de alta tecnologia, incluindo um sistema de defesa conhecido como “Troféu”.

Os materiais recolhidos por Israel sublinham outros desafios para o general Ibrahim e sua equipe. Panfletos do Hamas analisados pelo Times mostram pontos fracos dos tanques israelenses Merkava que operam dentro da Faixa de Gaza, com seus enormes canhões de 120 milímetros, e dos blindados de transporte de tropas de Israel. Os combatentes do Hamas também têm instruções sobre que tipo de explosivos usar contra a blindagem israelense. Ele afirmou que os combatentes do Hamas têm usado principalmente lançadores de granadas propelidas por foguetes em ataques contra veículos blindados.

Os combatentes do Hamas, afirmou o general, se reagruparão depois de sofrer baixas graves e voltarão a lutar em áreas destruídas — aparentemente terreno perdido. Os militares israelenses se adaptaram para evitar os artefatos explosivos improvisados do Hamas. Bombas similares têm sido usadas no Iraque com efeitos letais por milícias que se contrapõem a forças americanas.

Seja recuperando reféns ou matando líderes graduados do Hamas na vasta rede de túneis no subterrâneo de Gaza, agir rapidamente em função de novas informações de inteligência coletadas no campo de batalha é essencial para uma missão bem-sucedida, afirmaram autoridades e ex-autoridades americanas militares e de inteligência.

Túnel do grupo terrorista Hamas descoberto pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) dentro do Hospital Al-Shifa, no norte da Faixa de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times

“Recuperar reféns e perseguir alvos de liderança são eventos muito orientados por inteligência”, afirmou o oficial aposentado da CIA Mick Mulroy, ex-autoridade graduada do Pentágono para Oriente Médio. Idealmente, afirmou Mulroy, unidades de operações especiais altamente treinadas são inseridas com forças convencionais conduzindo operações terrestres ou em prontidão nas imediações para responder rapidamente a informações urgentes e suscetíveis ao tempo.

Aplicativos

Conforme as forças terrestres de Israel avançarem no sul de Gaza, afirmou Mulroy, os soldados provavelmente usarão aplicativos de mensagens criptografadas para alertar um ao outro sobre novas táticas, técnicas e procedimentos que o Hamas estiver adotando. “Lições aprendidas podem ser disseminadas muito rapidamente”, disse.

O general Ibrahim afirmou que os militares israelenses aplicaram principalmente uma estratégia conhecida como armas combinadas: uso de tanques, infantaria e engenharia de combate sob a cobertura de pesados ataques aéreos. “Isso multiplica a força e tem sido muito eficaz em Gaza”, afirmou.

Ainda que a estratégia israelense tenha ajudado a conter as baixas no Exército, milhares de civis têm sido mortos em Gaza. O número crescente de mortes tem feito com que a comunidade internacional intensifique a pressão por um cessar-fogo negociado.

Palestino observa corpos de civis que foram mortos em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, por bombardeios israelenses  Foto: Yousef Masoud/The New York Times

O governo dos Estados Unidos também tem pedido para os israelenses lutarem mais cirurgicamente conforme entram em lugares mais profundos no sul de Gaza, como Khan Younis. Ainda que os militares acreditem que partes da liderança do Hamas se escondam por lá, a região também está repleta de civis, muitos já deslocados várias vezes, sem saber para onde ir e confusos em relação a que local é seguro ou não.

Questionado a respeito do número chocante de mortes de civis, o general Ibrahim defendeu as Forças Armadas israelenses. Ele afirmou que Israel tentou fazer com que civis se retirassem do campo de batalha dando-lhes tempo e dizendo-lhes para partir em panfletos, alto-falantes e chamadas em seus celulares.

“É quase impossível não haver baixas civis em uma operação militar como esta”, afirmou Mulroy. “Seu objetivo é degradar a capacidade militar do Hamas ao ponto que o grupo não represente nenhuma ameaça imediata para Israel.”

Os EUA designaram o Hamas como uma organização terrorista, e autoridades americanas encorajaram os israelenses a moldar sua campanha terrestre segundo a estratégia empregada por Stanley McChrystal ao comandar as forças de operações especiais dos EUA em uma campanha de assassinatos seletivos contra a Al-Qaeda no Iraque.

Aquela campanha, que matou o líder do grupo em 2006, demonstrou para os teoristas militares americanos que o uso de equipes ou comandos pequenos combinado a ataques precisos de drones e aeronaves tripuladas e agir rapidamente sobre novas informações a respeito do inimigo obtidas no campo de batalha podem ser eficazes para desentocar e matar líderes importantes; e assim enfraquecer suas organizações.

O general Ibrahim afirmou que os combates — acima e abaixo do solo —serão duros no sul de Gaza, mas que “nós vamos vencer”. Ele acrescentou, “Nós estamos lutando contra o Hamas, não contra os habitantes de Gaza”.

Autoridades de segurança israelenses continuam tentando determinar de onde veio parte do equipamento do Hamas e como o grupo conseguiu detalhes sensíveis sobre localidades israelenses. Entre os itens encontrados em Israel após os ataques e exibidos à reportagem estavam rádios Motorola instalados em carros do Hamas para contato com comandantes em Gaza, equipamentos similares aos usados nos táxis de Israel.

Há também mapas detalhados de pelo menos um kibutz aparentemente com todos os edifícios identificados. E em um computador encontrado numa picape usada por um comandante do Hamas havia uma planta da base militar ao sul de Tel-Aviv mostrando muitos de seus prédios. Não ficou claro quanto do mapa detalhado da base era disponível publicamente. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE NEW YORK TIMES— Desde os ataques terroristas de 7 de outubro, Israel obteve um conjunto de materiais de inteligência que seus militares têm usado para conhecer a amplitude dos planos de ataque do grupo, suas táticas e capacidades, informações que, afirmam autoridades israelenses, têm ajudado a moldar a guerra em Gaza.

Nos locais atacados em Israel e nas batalhas em Gaza, os militares encontraram itens que detalham localizações de instalações e túneis do Hamas, assim como maneiras que o grupo armado opera no subterrâneo, de acordo com documentos e outros dados fornecidos ao New York Times pelas Forças Armadas israelenses — que também recolheram um laptop que pareceu mostrar que o Hamas pretendeu tomar uma série de locais em 7 de outubro, incluindo uma base militar ao sul de Tel-Aviv.

“Nesta guerra, nós estamos testemunhando algo que não vimos em guerras anteriores: forças terrestres, incluindo pelotões blindados, beneficiando-se de informações de inteligência precisas em tempo real, transmitidas aos soldados diretamente”, afirmou o brigadeiro-general Hisham Ibrahim, comandante dos pelotões blindados. “Informações das unidades de inteligência são transmitidas imediatamente para as forças de combate.”

Tanque israelense opera nas proximidades da Cidade de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times

As Forças Armadas israelenses lançaram um contra-ataque devastador depois que terroristas do Hamas mataram cerca de 1,2 mil pessoas e sequestraram aproximadamente 240 em Israel, segundo as autoridades do país. Em um esforço para eliminar o Hamas, os militares israelenses bombardearam e invadiram a Faixa de Gaza, numa guerra que até aqui matou mais de 15 mil habitantes do enclave, de acordo com as autoridades do ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas.

Em uma conferência de imprensa numa base militar ao norte de Tel-Aviv, as Forças Armadas de Israel exibiram alguns dos materiais encontrados com combatentes mortos em Israel e dentro de Gaza ao longo da guerra, que, segundo os militares israelenses, inclui mapas, panfletos, rádios comunicadores, telefones, câmera de vídeo, walkie-talkies, notebooks e computadores. Os dados estão sendo analisados por uma nova unidade israelense responsável por garantir que as informações reveladas sejam transmitidas rapidamente para os soldados que combatem o Hamas, afirmaram autoridades.

Os militares israelenses permitiram acesso da reportagem a documentos de inteligência cruciais sob a condição de detalhes granulares não serem revelados com a publicação das informações. Os jornalistas tiveram de usar luvas cirúrgicas para manipular os materiais, parte deles cobertos por manchas de sangue seco.

Os materiais analisados pelo Times são consistentes com outros documentos conhecidos e equipamentos encontrados após os ataques de 7 de outubro, informações tornadas públicas pelos militares israelenses e encontradas em vídeos do Hamas. O Times também analisou fotografias de membros do Hamas mortos e seus pertences pessoais, assim como alguns dos mesmos itens exibidos pelos militares na conferência de imprensa.

Soldados israelenses patrulham a Cidade de Gaza, no norte do enclave palestino  Foto: Victor R. Caivano/Associated Press

Alguns dos documentos descreveram extensamente informações sobre táticas e formações militares do Hamas. Um documento analisado pelo Times incluiu o detalhamento de um pelotão, incluindo a idade de seus combatentes: mais da metade dos membros tinha mais que 25 anos, indicando que esse destacamento em particular era composto de membros experientes.

Os militares israelenses também coletaram fotografias e vídeos dos líderes militares do Hamas, informações que podem ser usadas na definição de alvos. Na terça-feira, os militares israelenses divulgaram uma foto de indivíduos que afirmam ser líderes graduados do Hamas no norte de Gaza alimentando-se dentro de um túnel, afirmando que cinco deles tinham sido mortos. Os militares afirmaram que uma unidade de inteligência analisou a foto depois que ela foi apreendida em Gaza, nas proximidades do Hospital Indonésio.

As Brigadas Al Qassam, o braço armado do Hamas, tinham confirmado anteriormente que pelo menos três dos homens naquela foto tinham sido mortos.

Além disso, os militares israelenses afirmaram que apreenderam diários que os atiradores do Hamas carregavam, além de outros itens pessoais.

Com base nessas informações, o general Ibrahim disse que tem feito “pequenos ajustes à estratégia de combate” desde que a guerra começou.

Soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI) observa um drone e armas que Israel aponta que foram achadas no Hospital Al-Shifa, no norte da Faixa de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times

Inteligência

De um acampamento militar improvisado, no sul de Israel, o general Ibrahim, comandante dos pelotões blindados, coordena aspectos do combate com tanques, que ocorre numa área densamente povoada. O general de 46 anos é um dos oficiais de mais alta patente oriundos da comunidade drusa, uma minoria de língua árabe em Israel.

Desde o fim do cessar-fogo, na semana passada, soldados israelenses têm se envolvido em combates pesados no sul de Gaza, próximo à cidade de Khan Younis, e em Jabaliya e Shuja’iyya, bairros residenciais no norte. Os tanques israelenses têm desempenhado um papel crítico nas batalhas. Pelo menos 12 soldados israelenses foram mortos desde que os combates foram retomados.

O general Ibrahim é intensamente focado na proteção de soldados e tanques, além de derrotar o Hamas. Ele disse que tem seis equipes pequenas dentro de Gaza para obter informações de diferentes unidades, o tipo de material revelado ao Times. Ele afirmou que os “boletins de aprendizado” são repassados para as tropas quase diariamente.

O general Ibrahim diz que também tirou lições da guerra da Rússia na Ucrânia, particularmente da maneira que os tanques russos tornaram-se alvos fáceis em certos momentos. Para se adaptar à ameaça dos drones do Hamas, ele afirmou que Israel se apressou em garantir que seus tanques fossem equipados com coberturas sobre as torres de combate.

Soldado israelense limpa um tanque nas proximidades da Faixa de Gaza  Foto: Amir Cohen/Reuters

O general Ibrahim afirmou que as coberturas, apelidadas de “pergolados”, já se provaram eficazes elementos de dissuasão, contando que os drones do Hamas parecem evitar os tanques cobertos porque as proteções já se provaram eficazes contra bombas. O general descreveu os pergolados como uma medida de baixa tecnologia para defesa antidrones, acrescentando que os militares israelenses possuem vantagens de alta tecnologia, incluindo um sistema de defesa conhecido como “Troféu”.

Os materiais recolhidos por Israel sublinham outros desafios para o general Ibrahim e sua equipe. Panfletos do Hamas analisados pelo Times mostram pontos fracos dos tanques israelenses Merkava que operam dentro da Faixa de Gaza, com seus enormes canhões de 120 milímetros, e dos blindados de transporte de tropas de Israel. Os combatentes do Hamas também têm instruções sobre que tipo de explosivos usar contra a blindagem israelense. Ele afirmou que os combatentes do Hamas têm usado principalmente lançadores de granadas propelidas por foguetes em ataques contra veículos blindados.

Os combatentes do Hamas, afirmou o general, se reagruparão depois de sofrer baixas graves e voltarão a lutar em áreas destruídas — aparentemente terreno perdido. Os militares israelenses se adaptaram para evitar os artefatos explosivos improvisados do Hamas. Bombas similares têm sido usadas no Iraque com efeitos letais por milícias que se contrapõem a forças americanas.

Seja recuperando reféns ou matando líderes graduados do Hamas na vasta rede de túneis no subterrâneo de Gaza, agir rapidamente em função de novas informações de inteligência coletadas no campo de batalha é essencial para uma missão bem-sucedida, afirmaram autoridades e ex-autoridades americanas militares e de inteligência.

Túnel do grupo terrorista Hamas descoberto pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) dentro do Hospital Al-Shifa, no norte da Faixa de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times

“Recuperar reféns e perseguir alvos de liderança são eventos muito orientados por inteligência”, afirmou o oficial aposentado da CIA Mick Mulroy, ex-autoridade graduada do Pentágono para Oriente Médio. Idealmente, afirmou Mulroy, unidades de operações especiais altamente treinadas são inseridas com forças convencionais conduzindo operações terrestres ou em prontidão nas imediações para responder rapidamente a informações urgentes e suscetíveis ao tempo.

Aplicativos

Conforme as forças terrestres de Israel avançarem no sul de Gaza, afirmou Mulroy, os soldados provavelmente usarão aplicativos de mensagens criptografadas para alertar um ao outro sobre novas táticas, técnicas e procedimentos que o Hamas estiver adotando. “Lições aprendidas podem ser disseminadas muito rapidamente”, disse.

O general Ibrahim afirmou que os militares israelenses aplicaram principalmente uma estratégia conhecida como armas combinadas: uso de tanques, infantaria e engenharia de combate sob a cobertura de pesados ataques aéreos. “Isso multiplica a força e tem sido muito eficaz em Gaza”, afirmou.

Ainda que a estratégia israelense tenha ajudado a conter as baixas no Exército, milhares de civis têm sido mortos em Gaza. O número crescente de mortes tem feito com que a comunidade internacional intensifique a pressão por um cessar-fogo negociado.

Palestino observa corpos de civis que foram mortos em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, por bombardeios israelenses  Foto: Yousef Masoud/The New York Times

O governo dos Estados Unidos também tem pedido para os israelenses lutarem mais cirurgicamente conforme entram em lugares mais profundos no sul de Gaza, como Khan Younis. Ainda que os militares acreditem que partes da liderança do Hamas se escondam por lá, a região também está repleta de civis, muitos já deslocados várias vezes, sem saber para onde ir e confusos em relação a que local é seguro ou não.

Questionado a respeito do número chocante de mortes de civis, o general Ibrahim defendeu as Forças Armadas israelenses. Ele afirmou que Israel tentou fazer com que civis se retirassem do campo de batalha dando-lhes tempo e dizendo-lhes para partir em panfletos, alto-falantes e chamadas em seus celulares.

“É quase impossível não haver baixas civis em uma operação militar como esta”, afirmou Mulroy. “Seu objetivo é degradar a capacidade militar do Hamas ao ponto que o grupo não represente nenhuma ameaça imediata para Israel.”

Os EUA designaram o Hamas como uma organização terrorista, e autoridades americanas encorajaram os israelenses a moldar sua campanha terrestre segundo a estratégia empregada por Stanley McChrystal ao comandar as forças de operações especiais dos EUA em uma campanha de assassinatos seletivos contra a Al-Qaeda no Iraque.

Aquela campanha, que matou o líder do grupo em 2006, demonstrou para os teoristas militares americanos que o uso de equipes ou comandos pequenos combinado a ataques precisos de drones e aeronaves tripuladas e agir rapidamente sobre novas informações a respeito do inimigo obtidas no campo de batalha podem ser eficazes para desentocar e matar líderes importantes; e assim enfraquecer suas organizações.

O general Ibrahim afirmou que os combates — acima e abaixo do solo —serão duros no sul de Gaza, mas que “nós vamos vencer”. Ele acrescentou, “Nós estamos lutando contra o Hamas, não contra os habitantes de Gaza”.

Autoridades de segurança israelenses continuam tentando determinar de onde veio parte do equipamento do Hamas e como o grupo conseguiu detalhes sensíveis sobre localidades israelenses. Entre os itens encontrados em Israel após os ataques e exibidos à reportagem estavam rádios Motorola instalados em carros do Hamas para contato com comandantes em Gaza, equipamentos similares aos usados nos táxis de Israel.

Há também mapas detalhados de pelo menos um kibutz aparentemente com todos os edifícios identificados. E em um computador encontrado numa picape usada por um comandante do Hamas havia uma planta da base militar ao sul de Tel-Aviv mostrando muitos de seus prédios. Não ficou claro quanto do mapa detalhado da base era disponível publicamente. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE NEW YORK TIMES— Desde os ataques terroristas de 7 de outubro, Israel obteve um conjunto de materiais de inteligência que seus militares têm usado para conhecer a amplitude dos planos de ataque do grupo, suas táticas e capacidades, informações que, afirmam autoridades israelenses, têm ajudado a moldar a guerra em Gaza.

Nos locais atacados em Israel e nas batalhas em Gaza, os militares encontraram itens que detalham localizações de instalações e túneis do Hamas, assim como maneiras que o grupo armado opera no subterrâneo, de acordo com documentos e outros dados fornecidos ao New York Times pelas Forças Armadas israelenses — que também recolheram um laptop que pareceu mostrar que o Hamas pretendeu tomar uma série de locais em 7 de outubro, incluindo uma base militar ao sul de Tel-Aviv.

“Nesta guerra, nós estamos testemunhando algo que não vimos em guerras anteriores: forças terrestres, incluindo pelotões blindados, beneficiando-se de informações de inteligência precisas em tempo real, transmitidas aos soldados diretamente”, afirmou o brigadeiro-general Hisham Ibrahim, comandante dos pelotões blindados. “Informações das unidades de inteligência são transmitidas imediatamente para as forças de combate.”

Tanque israelense opera nas proximidades da Cidade de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times

As Forças Armadas israelenses lançaram um contra-ataque devastador depois que terroristas do Hamas mataram cerca de 1,2 mil pessoas e sequestraram aproximadamente 240 em Israel, segundo as autoridades do país. Em um esforço para eliminar o Hamas, os militares israelenses bombardearam e invadiram a Faixa de Gaza, numa guerra que até aqui matou mais de 15 mil habitantes do enclave, de acordo com as autoridades do ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas.

Em uma conferência de imprensa numa base militar ao norte de Tel-Aviv, as Forças Armadas de Israel exibiram alguns dos materiais encontrados com combatentes mortos em Israel e dentro de Gaza ao longo da guerra, que, segundo os militares israelenses, inclui mapas, panfletos, rádios comunicadores, telefones, câmera de vídeo, walkie-talkies, notebooks e computadores. Os dados estão sendo analisados por uma nova unidade israelense responsável por garantir que as informações reveladas sejam transmitidas rapidamente para os soldados que combatem o Hamas, afirmaram autoridades.

Os militares israelenses permitiram acesso da reportagem a documentos de inteligência cruciais sob a condição de detalhes granulares não serem revelados com a publicação das informações. Os jornalistas tiveram de usar luvas cirúrgicas para manipular os materiais, parte deles cobertos por manchas de sangue seco.

Os materiais analisados pelo Times são consistentes com outros documentos conhecidos e equipamentos encontrados após os ataques de 7 de outubro, informações tornadas públicas pelos militares israelenses e encontradas em vídeos do Hamas. O Times também analisou fotografias de membros do Hamas mortos e seus pertences pessoais, assim como alguns dos mesmos itens exibidos pelos militares na conferência de imprensa.

Soldados israelenses patrulham a Cidade de Gaza, no norte do enclave palestino  Foto: Victor R. Caivano/Associated Press

Alguns dos documentos descreveram extensamente informações sobre táticas e formações militares do Hamas. Um documento analisado pelo Times incluiu o detalhamento de um pelotão, incluindo a idade de seus combatentes: mais da metade dos membros tinha mais que 25 anos, indicando que esse destacamento em particular era composto de membros experientes.

Os militares israelenses também coletaram fotografias e vídeos dos líderes militares do Hamas, informações que podem ser usadas na definição de alvos. Na terça-feira, os militares israelenses divulgaram uma foto de indivíduos que afirmam ser líderes graduados do Hamas no norte de Gaza alimentando-se dentro de um túnel, afirmando que cinco deles tinham sido mortos. Os militares afirmaram que uma unidade de inteligência analisou a foto depois que ela foi apreendida em Gaza, nas proximidades do Hospital Indonésio.

As Brigadas Al Qassam, o braço armado do Hamas, tinham confirmado anteriormente que pelo menos três dos homens naquela foto tinham sido mortos.

Além disso, os militares israelenses afirmaram que apreenderam diários que os atiradores do Hamas carregavam, além de outros itens pessoais.

Com base nessas informações, o general Ibrahim disse que tem feito “pequenos ajustes à estratégia de combate” desde que a guerra começou.

Soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI) observa um drone e armas que Israel aponta que foram achadas no Hospital Al-Shifa, no norte da Faixa de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times

Inteligência

De um acampamento militar improvisado, no sul de Israel, o general Ibrahim, comandante dos pelotões blindados, coordena aspectos do combate com tanques, que ocorre numa área densamente povoada. O general de 46 anos é um dos oficiais de mais alta patente oriundos da comunidade drusa, uma minoria de língua árabe em Israel.

Desde o fim do cessar-fogo, na semana passada, soldados israelenses têm se envolvido em combates pesados no sul de Gaza, próximo à cidade de Khan Younis, e em Jabaliya e Shuja’iyya, bairros residenciais no norte. Os tanques israelenses têm desempenhado um papel crítico nas batalhas. Pelo menos 12 soldados israelenses foram mortos desde que os combates foram retomados.

O general Ibrahim é intensamente focado na proteção de soldados e tanques, além de derrotar o Hamas. Ele disse que tem seis equipes pequenas dentro de Gaza para obter informações de diferentes unidades, o tipo de material revelado ao Times. Ele afirmou que os “boletins de aprendizado” são repassados para as tropas quase diariamente.

O general Ibrahim diz que também tirou lições da guerra da Rússia na Ucrânia, particularmente da maneira que os tanques russos tornaram-se alvos fáceis em certos momentos. Para se adaptar à ameaça dos drones do Hamas, ele afirmou que Israel se apressou em garantir que seus tanques fossem equipados com coberturas sobre as torres de combate.

Soldado israelense limpa um tanque nas proximidades da Faixa de Gaza  Foto: Amir Cohen/Reuters

O general Ibrahim afirmou que as coberturas, apelidadas de “pergolados”, já se provaram eficazes elementos de dissuasão, contando que os drones do Hamas parecem evitar os tanques cobertos porque as proteções já se provaram eficazes contra bombas. O general descreveu os pergolados como uma medida de baixa tecnologia para defesa antidrones, acrescentando que os militares israelenses possuem vantagens de alta tecnologia, incluindo um sistema de defesa conhecido como “Troféu”.

Os materiais recolhidos por Israel sublinham outros desafios para o general Ibrahim e sua equipe. Panfletos do Hamas analisados pelo Times mostram pontos fracos dos tanques israelenses Merkava que operam dentro da Faixa de Gaza, com seus enormes canhões de 120 milímetros, e dos blindados de transporte de tropas de Israel. Os combatentes do Hamas também têm instruções sobre que tipo de explosivos usar contra a blindagem israelense. Ele afirmou que os combatentes do Hamas têm usado principalmente lançadores de granadas propelidas por foguetes em ataques contra veículos blindados.

Os combatentes do Hamas, afirmou o general, se reagruparão depois de sofrer baixas graves e voltarão a lutar em áreas destruídas — aparentemente terreno perdido. Os militares israelenses se adaptaram para evitar os artefatos explosivos improvisados do Hamas. Bombas similares têm sido usadas no Iraque com efeitos letais por milícias que se contrapõem a forças americanas.

Seja recuperando reféns ou matando líderes graduados do Hamas na vasta rede de túneis no subterrâneo de Gaza, agir rapidamente em função de novas informações de inteligência coletadas no campo de batalha é essencial para uma missão bem-sucedida, afirmaram autoridades e ex-autoridades americanas militares e de inteligência.

Túnel do grupo terrorista Hamas descoberto pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) dentro do Hospital Al-Shifa, no norte da Faixa de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times

“Recuperar reféns e perseguir alvos de liderança são eventos muito orientados por inteligência”, afirmou o oficial aposentado da CIA Mick Mulroy, ex-autoridade graduada do Pentágono para Oriente Médio. Idealmente, afirmou Mulroy, unidades de operações especiais altamente treinadas são inseridas com forças convencionais conduzindo operações terrestres ou em prontidão nas imediações para responder rapidamente a informações urgentes e suscetíveis ao tempo.

Aplicativos

Conforme as forças terrestres de Israel avançarem no sul de Gaza, afirmou Mulroy, os soldados provavelmente usarão aplicativos de mensagens criptografadas para alertar um ao outro sobre novas táticas, técnicas e procedimentos que o Hamas estiver adotando. “Lições aprendidas podem ser disseminadas muito rapidamente”, disse.

O general Ibrahim afirmou que os militares israelenses aplicaram principalmente uma estratégia conhecida como armas combinadas: uso de tanques, infantaria e engenharia de combate sob a cobertura de pesados ataques aéreos. “Isso multiplica a força e tem sido muito eficaz em Gaza”, afirmou.

Ainda que a estratégia israelense tenha ajudado a conter as baixas no Exército, milhares de civis têm sido mortos em Gaza. O número crescente de mortes tem feito com que a comunidade internacional intensifique a pressão por um cessar-fogo negociado.

Palestino observa corpos de civis que foram mortos em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, por bombardeios israelenses  Foto: Yousef Masoud/The New York Times

O governo dos Estados Unidos também tem pedido para os israelenses lutarem mais cirurgicamente conforme entram em lugares mais profundos no sul de Gaza, como Khan Younis. Ainda que os militares acreditem que partes da liderança do Hamas se escondam por lá, a região também está repleta de civis, muitos já deslocados várias vezes, sem saber para onde ir e confusos em relação a que local é seguro ou não.

Questionado a respeito do número chocante de mortes de civis, o general Ibrahim defendeu as Forças Armadas israelenses. Ele afirmou que Israel tentou fazer com que civis se retirassem do campo de batalha dando-lhes tempo e dizendo-lhes para partir em panfletos, alto-falantes e chamadas em seus celulares.

“É quase impossível não haver baixas civis em uma operação militar como esta”, afirmou Mulroy. “Seu objetivo é degradar a capacidade militar do Hamas ao ponto que o grupo não represente nenhuma ameaça imediata para Israel.”

Os EUA designaram o Hamas como uma organização terrorista, e autoridades americanas encorajaram os israelenses a moldar sua campanha terrestre segundo a estratégia empregada por Stanley McChrystal ao comandar as forças de operações especiais dos EUA em uma campanha de assassinatos seletivos contra a Al-Qaeda no Iraque.

Aquela campanha, que matou o líder do grupo em 2006, demonstrou para os teoristas militares americanos que o uso de equipes ou comandos pequenos combinado a ataques precisos de drones e aeronaves tripuladas e agir rapidamente sobre novas informações a respeito do inimigo obtidas no campo de batalha podem ser eficazes para desentocar e matar líderes importantes; e assim enfraquecer suas organizações.

O general Ibrahim afirmou que os combates — acima e abaixo do solo —serão duros no sul de Gaza, mas que “nós vamos vencer”. Ele acrescentou, “Nós estamos lutando contra o Hamas, não contra os habitantes de Gaza”.

Autoridades de segurança israelenses continuam tentando determinar de onde veio parte do equipamento do Hamas e como o grupo conseguiu detalhes sensíveis sobre localidades israelenses. Entre os itens encontrados em Israel após os ataques e exibidos à reportagem estavam rádios Motorola instalados em carros do Hamas para contato com comandantes em Gaza, equipamentos similares aos usados nos táxis de Israel.

Há também mapas detalhados de pelo menos um kibutz aparentemente com todos os edifícios identificados. E em um computador encontrado numa picape usada por um comandante do Hamas havia uma planta da base militar ao sul de Tel-Aviv mostrando muitos de seus prédios. Não ficou claro quanto do mapa detalhado da base era disponível publicamente. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE NEW YORK TIMES— Desde os ataques terroristas de 7 de outubro, Israel obteve um conjunto de materiais de inteligência que seus militares têm usado para conhecer a amplitude dos planos de ataque do grupo, suas táticas e capacidades, informações que, afirmam autoridades israelenses, têm ajudado a moldar a guerra em Gaza.

Nos locais atacados em Israel e nas batalhas em Gaza, os militares encontraram itens que detalham localizações de instalações e túneis do Hamas, assim como maneiras que o grupo armado opera no subterrâneo, de acordo com documentos e outros dados fornecidos ao New York Times pelas Forças Armadas israelenses — que também recolheram um laptop que pareceu mostrar que o Hamas pretendeu tomar uma série de locais em 7 de outubro, incluindo uma base militar ao sul de Tel-Aviv.

“Nesta guerra, nós estamos testemunhando algo que não vimos em guerras anteriores: forças terrestres, incluindo pelotões blindados, beneficiando-se de informações de inteligência precisas em tempo real, transmitidas aos soldados diretamente”, afirmou o brigadeiro-general Hisham Ibrahim, comandante dos pelotões blindados. “Informações das unidades de inteligência são transmitidas imediatamente para as forças de combate.”

Tanque israelense opera nas proximidades da Cidade de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times

As Forças Armadas israelenses lançaram um contra-ataque devastador depois que terroristas do Hamas mataram cerca de 1,2 mil pessoas e sequestraram aproximadamente 240 em Israel, segundo as autoridades do país. Em um esforço para eliminar o Hamas, os militares israelenses bombardearam e invadiram a Faixa de Gaza, numa guerra que até aqui matou mais de 15 mil habitantes do enclave, de acordo com as autoridades do ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas.

Em uma conferência de imprensa numa base militar ao norte de Tel-Aviv, as Forças Armadas de Israel exibiram alguns dos materiais encontrados com combatentes mortos em Israel e dentro de Gaza ao longo da guerra, que, segundo os militares israelenses, inclui mapas, panfletos, rádios comunicadores, telefones, câmera de vídeo, walkie-talkies, notebooks e computadores. Os dados estão sendo analisados por uma nova unidade israelense responsável por garantir que as informações reveladas sejam transmitidas rapidamente para os soldados que combatem o Hamas, afirmaram autoridades.

Os militares israelenses permitiram acesso da reportagem a documentos de inteligência cruciais sob a condição de detalhes granulares não serem revelados com a publicação das informações. Os jornalistas tiveram de usar luvas cirúrgicas para manipular os materiais, parte deles cobertos por manchas de sangue seco.

Os materiais analisados pelo Times são consistentes com outros documentos conhecidos e equipamentos encontrados após os ataques de 7 de outubro, informações tornadas públicas pelos militares israelenses e encontradas em vídeos do Hamas. O Times também analisou fotografias de membros do Hamas mortos e seus pertences pessoais, assim como alguns dos mesmos itens exibidos pelos militares na conferência de imprensa.

Soldados israelenses patrulham a Cidade de Gaza, no norte do enclave palestino  Foto: Victor R. Caivano/Associated Press

Alguns dos documentos descreveram extensamente informações sobre táticas e formações militares do Hamas. Um documento analisado pelo Times incluiu o detalhamento de um pelotão, incluindo a idade de seus combatentes: mais da metade dos membros tinha mais que 25 anos, indicando que esse destacamento em particular era composto de membros experientes.

Os militares israelenses também coletaram fotografias e vídeos dos líderes militares do Hamas, informações que podem ser usadas na definição de alvos. Na terça-feira, os militares israelenses divulgaram uma foto de indivíduos que afirmam ser líderes graduados do Hamas no norte de Gaza alimentando-se dentro de um túnel, afirmando que cinco deles tinham sido mortos. Os militares afirmaram que uma unidade de inteligência analisou a foto depois que ela foi apreendida em Gaza, nas proximidades do Hospital Indonésio.

As Brigadas Al Qassam, o braço armado do Hamas, tinham confirmado anteriormente que pelo menos três dos homens naquela foto tinham sido mortos.

Além disso, os militares israelenses afirmaram que apreenderam diários que os atiradores do Hamas carregavam, além de outros itens pessoais.

Com base nessas informações, o general Ibrahim disse que tem feito “pequenos ajustes à estratégia de combate” desde que a guerra começou.

Soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI) observa um drone e armas que Israel aponta que foram achadas no Hospital Al-Shifa, no norte da Faixa de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times

Inteligência

De um acampamento militar improvisado, no sul de Israel, o general Ibrahim, comandante dos pelotões blindados, coordena aspectos do combate com tanques, que ocorre numa área densamente povoada. O general de 46 anos é um dos oficiais de mais alta patente oriundos da comunidade drusa, uma minoria de língua árabe em Israel.

Desde o fim do cessar-fogo, na semana passada, soldados israelenses têm se envolvido em combates pesados no sul de Gaza, próximo à cidade de Khan Younis, e em Jabaliya e Shuja’iyya, bairros residenciais no norte. Os tanques israelenses têm desempenhado um papel crítico nas batalhas. Pelo menos 12 soldados israelenses foram mortos desde que os combates foram retomados.

O general Ibrahim é intensamente focado na proteção de soldados e tanques, além de derrotar o Hamas. Ele disse que tem seis equipes pequenas dentro de Gaza para obter informações de diferentes unidades, o tipo de material revelado ao Times. Ele afirmou que os “boletins de aprendizado” são repassados para as tropas quase diariamente.

O general Ibrahim diz que também tirou lições da guerra da Rússia na Ucrânia, particularmente da maneira que os tanques russos tornaram-se alvos fáceis em certos momentos. Para se adaptar à ameaça dos drones do Hamas, ele afirmou que Israel se apressou em garantir que seus tanques fossem equipados com coberturas sobre as torres de combate.

Soldado israelense limpa um tanque nas proximidades da Faixa de Gaza  Foto: Amir Cohen/Reuters

O general Ibrahim afirmou que as coberturas, apelidadas de “pergolados”, já se provaram eficazes elementos de dissuasão, contando que os drones do Hamas parecem evitar os tanques cobertos porque as proteções já se provaram eficazes contra bombas. O general descreveu os pergolados como uma medida de baixa tecnologia para defesa antidrones, acrescentando que os militares israelenses possuem vantagens de alta tecnologia, incluindo um sistema de defesa conhecido como “Troféu”.

Os materiais recolhidos por Israel sublinham outros desafios para o general Ibrahim e sua equipe. Panfletos do Hamas analisados pelo Times mostram pontos fracos dos tanques israelenses Merkava que operam dentro da Faixa de Gaza, com seus enormes canhões de 120 milímetros, e dos blindados de transporte de tropas de Israel. Os combatentes do Hamas também têm instruções sobre que tipo de explosivos usar contra a blindagem israelense. Ele afirmou que os combatentes do Hamas têm usado principalmente lançadores de granadas propelidas por foguetes em ataques contra veículos blindados.

Os combatentes do Hamas, afirmou o general, se reagruparão depois de sofrer baixas graves e voltarão a lutar em áreas destruídas — aparentemente terreno perdido. Os militares israelenses se adaptaram para evitar os artefatos explosivos improvisados do Hamas. Bombas similares têm sido usadas no Iraque com efeitos letais por milícias que se contrapõem a forças americanas.

Seja recuperando reféns ou matando líderes graduados do Hamas na vasta rede de túneis no subterrâneo de Gaza, agir rapidamente em função de novas informações de inteligência coletadas no campo de batalha é essencial para uma missão bem-sucedida, afirmaram autoridades e ex-autoridades americanas militares e de inteligência.

Túnel do grupo terrorista Hamas descoberto pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) dentro do Hospital Al-Shifa, no norte da Faixa de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times

“Recuperar reféns e perseguir alvos de liderança são eventos muito orientados por inteligência”, afirmou o oficial aposentado da CIA Mick Mulroy, ex-autoridade graduada do Pentágono para Oriente Médio. Idealmente, afirmou Mulroy, unidades de operações especiais altamente treinadas são inseridas com forças convencionais conduzindo operações terrestres ou em prontidão nas imediações para responder rapidamente a informações urgentes e suscetíveis ao tempo.

Aplicativos

Conforme as forças terrestres de Israel avançarem no sul de Gaza, afirmou Mulroy, os soldados provavelmente usarão aplicativos de mensagens criptografadas para alertar um ao outro sobre novas táticas, técnicas e procedimentos que o Hamas estiver adotando. “Lições aprendidas podem ser disseminadas muito rapidamente”, disse.

O general Ibrahim afirmou que os militares israelenses aplicaram principalmente uma estratégia conhecida como armas combinadas: uso de tanques, infantaria e engenharia de combate sob a cobertura de pesados ataques aéreos. “Isso multiplica a força e tem sido muito eficaz em Gaza”, afirmou.

Ainda que a estratégia israelense tenha ajudado a conter as baixas no Exército, milhares de civis têm sido mortos em Gaza. O número crescente de mortes tem feito com que a comunidade internacional intensifique a pressão por um cessar-fogo negociado.

Palestino observa corpos de civis que foram mortos em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, por bombardeios israelenses  Foto: Yousef Masoud/The New York Times

O governo dos Estados Unidos também tem pedido para os israelenses lutarem mais cirurgicamente conforme entram em lugares mais profundos no sul de Gaza, como Khan Younis. Ainda que os militares acreditem que partes da liderança do Hamas se escondam por lá, a região também está repleta de civis, muitos já deslocados várias vezes, sem saber para onde ir e confusos em relação a que local é seguro ou não.

Questionado a respeito do número chocante de mortes de civis, o general Ibrahim defendeu as Forças Armadas israelenses. Ele afirmou que Israel tentou fazer com que civis se retirassem do campo de batalha dando-lhes tempo e dizendo-lhes para partir em panfletos, alto-falantes e chamadas em seus celulares.

“É quase impossível não haver baixas civis em uma operação militar como esta”, afirmou Mulroy. “Seu objetivo é degradar a capacidade militar do Hamas ao ponto que o grupo não represente nenhuma ameaça imediata para Israel.”

Os EUA designaram o Hamas como uma organização terrorista, e autoridades americanas encorajaram os israelenses a moldar sua campanha terrestre segundo a estratégia empregada por Stanley McChrystal ao comandar as forças de operações especiais dos EUA em uma campanha de assassinatos seletivos contra a Al-Qaeda no Iraque.

Aquela campanha, que matou o líder do grupo em 2006, demonstrou para os teoristas militares americanos que o uso de equipes ou comandos pequenos combinado a ataques precisos de drones e aeronaves tripuladas e agir rapidamente sobre novas informações a respeito do inimigo obtidas no campo de batalha podem ser eficazes para desentocar e matar líderes importantes; e assim enfraquecer suas organizações.

O general Ibrahim afirmou que os combates — acima e abaixo do solo —serão duros no sul de Gaza, mas que “nós vamos vencer”. Ele acrescentou, “Nós estamos lutando contra o Hamas, não contra os habitantes de Gaza”.

Autoridades de segurança israelenses continuam tentando determinar de onde veio parte do equipamento do Hamas e como o grupo conseguiu detalhes sensíveis sobre localidades israelenses. Entre os itens encontrados em Israel após os ataques e exibidos à reportagem estavam rádios Motorola instalados em carros do Hamas para contato com comandantes em Gaza, equipamentos similares aos usados nos táxis de Israel.

Há também mapas detalhados de pelo menos um kibutz aparentemente com todos os edifícios identificados. E em um computador encontrado numa picape usada por um comandante do Hamas havia uma planta da base militar ao sul de Tel-Aviv mostrando muitos de seus prédios. Não ficou claro quanto do mapa detalhado da base era disponível publicamente. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE NEW YORK TIMES— Desde os ataques terroristas de 7 de outubro, Israel obteve um conjunto de materiais de inteligência que seus militares têm usado para conhecer a amplitude dos planos de ataque do grupo, suas táticas e capacidades, informações que, afirmam autoridades israelenses, têm ajudado a moldar a guerra em Gaza.

Nos locais atacados em Israel e nas batalhas em Gaza, os militares encontraram itens que detalham localizações de instalações e túneis do Hamas, assim como maneiras que o grupo armado opera no subterrâneo, de acordo com documentos e outros dados fornecidos ao New York Times pelas Forças Armadas israelenses — que também recolheram um laptop que pareceu mostrar que o Hamas pretendeu tomar uma série de locais em 7 de outubro, incluindo uma base militar ao sul de Tel-Aviv.

“Nesta guerra, nós estamos testemunhando algo que não vimos em guerras anteriores: forças terrestres, incluindo pelotões blindados, beneficiando-se de informações de inteligência precisas em tempo real, transmitidas aos soldados diretamente”, afirmou o brigadeiro-general Hisham Ibrahim, comandante dos pelotões blindados. “Informações das unidades de inteligência são transmitidas imediatamente para as forças de combate.”

Tanque israelense opera nas proximidades da Cidade de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times

As Forças Armadas israelenses lançaram um contra-ataque devastador depois que terroristas do Hamas mataram cerca de 1,2 mil pessoas e sequestraram aproximadamente 240 em Israel, segundo as autoridades do país. Em um esforço para eliminar o Hamas, os militares israelenses bombardearam e invadiram a Faixa de Gaza, numa guerra que até aqui matou mais de 15 mil habitantes do enclave, de acordo com as autoridades do ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas.

Em uma conferência de imprensa numa base militar ao norte de Tel-Aviv, as Forças Armadas de Israel exibiram alguns dos materiais encontrados com combatentes mortos em Israel e dentro de Gaza ao longo da guerra, que, segundo os militares israelenses, inclui mapas, panfletos, rádios comunicadores, telefones, câmera de vídeo, walkie-talkies, notebooks e computadores. Os dados estão sendo analisados por uma nova unidade israelense responsável por garantir que as informações reveladas sejam transmitidas rapidamente para os soldados que combatem o Hamas, afirmaram autoridades.

Os militares israelenses permitiram acesso da reportagem a documentos de inteligência cruciais sob a condição de detalhes granulares não serem revelados com a publicação das informações. Os jornalistas tiveram de usar luvas cirúrgicas para manipular os materiais, parte deles cobertos por manchas de sangue seco.

Os materiais analisados pelo Times são consistentes com outros documentos conhecidos e equipamentos encontrados após os ataques de 7 de outubro, informações tornadas públicas pelos militares israelenses e encontradas em vídeos do Hamas. O Times também analisou fotografias de membros do Hamas mortos e seus pertences pessoais, assim como alguns dos mesmos itens exibidos pelos militares na conferência de imprensa.

Soldados israelenses patrulham a Cidade de Gaza, no norte do enclave palestino  Foto: Victor R. Caivano/Associated Press

Alguns dos documentos descreveram extensamente informações sobre táticas e formações militares do Hamas. Um documento analisado pelo Times incluiu o detalhamento de um pelotão, incluindo a idade de seus combatentes: mais da metade dos membros tinha mais que 25 anos, indicando que esse destacamento em particular era composto de membros experientes.

Os militares israelenses também coletaram fotografias e vídeos dos líderes militares do Hamas, informações que podem ser usadas na definição de alvos. Na terça-feira, os militares israelenses divulgaram uma foto de indivíduos que afirmam ser líderes graduados do Hamas no norte de Gaza alimentando-se dentro de um túnel, afirmando que cinco deles tinham sido mortos. Os militares afirmaram que uma unidade de inteligência analisou a foto depois que ela foi apreendida em Gaza, nas proximidades do Hospital Indonésio.

As Brigadas Al Qassam, o braço armado do Hamas, tinham confirmado anteriormente que pelo menos três dos homens naquela foto tinham sido mortos.

Além disso, os militares israelenses afirmaram que apreenderam diários que os atiradores do Hamas carregavam, além de outros itens pessoais.

Com base nessas informações, o general Ibrahim disse que tem feito “pequenos ajustes à estratégia de combate” desde que a guerra começou.

Soldado das Forças de Defesa de Israel (FDI) observa um drone e armas que Israel aponta que foram achadas no Hospital Al-Shifa, no norte da Faixa de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times

Inteligência

De um acampamento militar improvisado, no sul de Israel, o general Ibrahim, comandante dos pelotões blindados, coordena aspectos do combate com tanques, que ocorre numa área densamente povoada. O general de 46 anos é um dos oficiais de mais alta patente oriundos da comunidade drusa, uma minoria de língua árabe em Israel.

Desde o fim do cessar-fogo, na semana passada, soldados israelenses têm se envolvido em combates pesados no sul de Gaza, próximo à cidade de Khan Younis, e em Jabaliya e Shuja’iyya, bairros residenciais no norte. Os tanques israelenses têm desempenhado um papel crítico nas batalhas. Pelo menos 12 soldados israelenses foram mortos desde que os combates foram retomados.

O general Ibrahim é intensamente focado na proteção de soldados e tanques, além de derrotar o Hamas. Ele disse que tem seis equipes pequenas dentro de Gaza para obter informações de diferentes unidades, o tipo de material revelado ao Times. Ele afirmou que os “boletins de aprendizado” são repassados para as tropas quase diariamente.

O general Ibrahim diz que também tirou lições da guerra da Rússia na Ucrânia, particularmente da maneira que os tanques russos tornaram-se alvos fáceis em certos momentos. Para se adaptar à ameaça dos drones do Hamas, ele afirmou que Israel se apressou em garantir que seus tanques fossem equipados com coberturas sobre as torres de combate.

Soldado israelense limpa um tanque nas proximidades da Faixa de Gaza  Foto: Amir Cohen/Reuters

O general Ibrahim afirmou que as coberturas, apelidadas de “pergolados”, já se provaram eficazes elementos de dissuasão, contando que os drones do Hamas parecem evitar os tanques cobertos porque as proteções já se provaram eficazes contra bombas. O general descreveu os pergolados como uma medida de baixa tecnologia para defesa antidrones, acrescentando que os militares israelenses possuem vantagens de alta tecnologia, incluindo um sistema de defesa conhecido como “Troféu”.

Os materiais recolhidos por Israel sublinham outros desafios para o general Ibrahim e sua equipe. Panfletos do Hamas analisados pelo Times mostram pontos fracos dos tanques israelenses Merkava que operam dentro da Faixa de Gaza, com seus enormes canhões de 120 milímetros, e dos blindados de transporte de tropas de Israel. Os combatentes do Hamas também têm instruções sobre que tipo de explosivos usar contra a blindagem israelense. Ele afirmou que os combatentes do Hamas têm usado principalmente lançadores de granadas propelidas por foguetes em ataques contra veículos blindados.

Os combatentes do Hamas, afirmou o general, se reagruparão depois de sofrer baixas graves e voltarão a lutar em áreas destruídas — aparentemente terreno perdido. Os militares israelenses se adaptaram para evitar os artefatos explosivos improvisados do Hamas. Bombas similares têm sido usadas no Iraque com efeitos letais por milícias que se contrapõem a forças americanas.

Seja recuperando reféns ou matando líderes graduados do Hamas na vasta rede de túneis no subterrâneo de Gaza, agir rapidamente em função de novas informações de inteligência coletadas no campo de batalha é essencial para uma missão bem-sucedida, afirmaram autoridades e ex-autoridades americanas militares e de inteligência.

Túnel do grupo terrorista Hamas descoberto pelas Forças de Defesa de Israel (FDI) dentro do Hospital Al-Shifa, no norte da Faixa de Gaza Foto: Daniel Berehulak/The New York Times

“Recuperar reféns e perseguir alvos de liderança são eventos muito orientados por inteligência”, afirmou o oficial aposentado da CIA Mick Mulroy, ex-autoridade graduada do Pentágono para Oriente Médio. Idealmente, afirmou Mulroy, unidades de operações especiais altamente treinadas são inseridas com forças convencionais conduzindo operações terrestres ou em prontidão nas imediações para responder rapidamente a informações urgentes e suscetíveis ao tempo.

Aplicativos

Conforme as forças terrestres de Israel avançarem no sul de Gaza, afirmou Mulroy, os soldados provavelmente usarão aplicativos de mensagens criptografadas para alertar um ao outro sobre novas táticas, técnicas e procedimentos que o Hamas estiver adotando. “Lições aprendidas podem ser disseminadas muito rapidamente”, disse.

O general Ibrahim afirmou que os militares israelenses aplicaram principalmente uma estratégia conhecida como armas combinadas: uso de tanques, infantaria e engenharia de combate sob a cobertura de pesados ataques aéreos. “Isso multiplica a força e tem sido muito eficaz em Gaza”, afirmou.

Ainda que a estratégia israelense tenha ajudado a conter as baixas no Exército, milhares de civis têm sido mortos em Gaza. O número crescente de mortes tem feito com que a comunidade internacional intensifique a pressão por um cessar-fogo negociado.

Palestino observa corpos de civis que foram mortos em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, por bombardeios israelenses  Foto: Yousef Masoud/The New York Times

O governo dos Estados Unidos também tem pedido para os israelenses lutarem mais cirurgicamente conforme entram em lugares mais profundos no sul de Gaza, como Khan Younis. Ainda que os militares acreditem que partes da liderança do Hamas se escondam por lá, a região também está repleta de civis, muitos já deslocados várias vezes, sem saber para onde ir e confusos em relação a que local é seguro ou não.

Questionado a respeito do número chocante de mortes de civis, o general Ibrahim defendeu as Forças Armadas israelenses. Ele afirmou que Israel tentou fazer com que civis se retirassem do campo de batalha dando-lhes tempo e dizendo-lhes para partir em panfletos, alto-falantes e chamadas em seus celulares.

“É quase impossível não haver baixas civis em uma operação militar como esta”, afirmou Mulroy. “Seu objetivo é degradar a capacidade militar do Hamas ao ponto que o grupo não represente nenhuma ameaça imediata para Israel.”

Os EUA designaram o Hamas como uma organização terrorista, e autoridades americanas encorajaram os israelenses a moldar sua campanha terrestre segundo a estratégia empregada por Stanley McChrystal ao comandar as forças de operações especiais dos EUA em uma campanha de assassinatos seletivos contra a Al-Qaeda no Iraque.

Aquela campanha, que matou o líder do grupo em 2006, demonstrou para os teoristas militares americanos que o uso de equipes ou comandos pequenos combinado a ataques precisos de drones e aeronaves tripuladas e agir rapidamente sobre novas informações a respeito do inimigo obtidas no campo de batalha podem ser eficazes para desentocar e matar líderes importantes; e assim enfraquecer suas organizações.

O general Ibrahim afirmou que os combates — acima e abaixo do solo —serão duros no sul de Gaza, mas que “nós vamos vencer”. Ele acrescentou, “Nós estamos lutando contra o Hamas, não contra os habitantes de Gaza”.

Autoridades de segurança israelenses continuam tentando determinar de onde veio parte do equipamento do Hamas e como o grupo conseguiu detalhes sensíveis sobre localidades israelenses. Entre os itens encontrados em Israel após os ataques e exibidos à reportagem estavam rádios Motorola instalados em carros do Hamas para contato com comandantes em Gaza, equipamentos similares aos usados nos táxis de Israel.

Há também mapas detalhados de pelo menos um kibutz aparentemente com todos os edifícios identificados. E em um computador encontrado numa picape usada por um comandante do Hamas havia uma planta da base militar ao sul de Tel-Aviv mostrando muitos de seus prédios. Não ficou claro quanto do mapa detalhado da base era disponível publicamente. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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