Opinião|Como Trump e seus aliados veem um modelo a seguir na Argentina de Javier Milei


Empunhando a motosserra que derruba gastos do governo argentino, o libertário conquistou admiradores no mundo de Trump

Por Ishaan Tharoor

Há um novo ícone na direita americana. Na semana seguinte à vitória eleitoral de Donald Trump, o presidente argentino, Javier Milei, apareceu num evento de gala no resort do presidente eleito em Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida, onde o líder latino-americano foi recebido com o mesmo entusiasmo efusivo que ele próprio propiciou aos trabalhos.

Milei — um showman exuberante, que acedeu à política após estabelecer-se como celebridade da TV no papel de um comentarista desbocado, vociferando sob um penteado extravagante — foi o primeiro líder mundial a se encontrar com Trump pessoalmente depois da eleição de 5 de novembro. O argentino resplandeceu em fotos ao lado de Trump e do bilionário da tecnologia Elon Musk. E dançou agitando os braços ao som da canção disco “YMCA”. Num curto discurso, o economista libertário exaltou a vitória de Trump, afirmando que “as forças do céu (estão) do nosso lado”.

O primeiro mandato de Trump coincidiu com o de Jair Bolsonaro, o incendiário ex-presidente brasileiro de extrema direita. A afinidade ideológica da dupla se ancorava num desprezo por establishments políticos e culturais percebidos como esquerdistas. Ambos prometeram acabar com isso tudo; seus oponentes os consideravam demagogos perigosos que disseminavam polarizações sociais para subverter as democracias de seus países.

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O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de uma coletiva de imprensa ao lado da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, em Buenos Aires, Argentina  Foto: Juan Mabromata/AFP

O panorama político do Hemisfério se transformou ainda mais anteriormente ao segundo mandato de Trump: Bolsonaro, mesmo fora do governo e emaranhado em processos judiciais relativos a supostas tentativas, suas e de seus apoiadores, de reverter sua derrota na eleição de 2022, permanece uma figura influente no Brasil, e seus aliados representam um grande bloco eleitoral. Os republicanos também têm em conta o exemplo do vastamente popular presidente de El Salvador, Nayib Bukele, o homem-forte, o “mano do bitcoin”, que ordenou uma ampla — e altamente popular — repressão à violência de gangues em seu empobrecido país, desafiou a Constituição para exceder seu limite de um único mandato e descreveu a si mesmo jocosamente como o “ditador mais legal” do mundo.

E eles têm também Milei, que emergiu dos extremos da política argentina em modos similares aos bolsonaristas — e empunhando uma motosserra — ascendendo ao poder um ano atrás. Desde que assumiu a presidência, em dezembro, Milei se movimentou rapidamente e radicalmente para cortar o gasto público, eliminar vários ministérios do governo e desregular amplas fatias da economia. Seu entusiasmo conquistou admiradores no mundo de Trump, onde Musk e Vivek Ramaswamy, incumbidos de liderar o dito “Departamento de Eficiência do Governo”— na realidade um painel não governamental de conselheiros — tendem a seguir o exemplo de Milei. Ramaswamy, pressionando por demissões em massa no funcionalismo público federal, tem pedido “cortes em estilo Milei doido de esteroides”, conforme Trump e seus aliados atendem ao seu desejo acalentado há tanto de desmantelar o Estado administrativo.

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O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de um evento em Palm Beach, Flórida, onde se encontrou com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump  Foto: Alex Brandon/AP

As vastas diferenças entre os contextos em cada país não importam. A ascensão de Milei seguiu-se a décadas de disfunções econômicas, ciclos de hiperinflação e governos esclerosados na Argentina. Trump parece ter conseguido convencer um segmento do eleitorado americano de que crises similares existem em seu próprio país, apesar de dados e evidências indicarem o contrário. As animosidades políticas de que compartilham são o que importa: fúrias e ressentimentos profundos contra um status quo supostamente esquerdista, assim como uma visão radical para virar o jogo. Nesse projeto, eles têm o apoio de uma casta de elites financeiras poderosas, incluindo proeminentes aspirantes a oligarcas no Vale do Silício.

Musk, disse Milei a um podcast recentemente, é “um grande lutador pelos ideais de liberdade. Ele está ajudando o mundo de hoje a despertar de uma vez por todas e tomar consciência a respeito do vírus socialista. Isso, por si só, faz dele um herói na história da humanidade”.

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Relações

Essa afinidade poderá ser capaz de moldar as tratativas de Trump no Hemisfério nos próximos anos. “As relações próximas de Trump com esses presidentes e políticos serão ideológicas e pessoais, tornando as políticas da Casa Branca apoios a populistas outsiders e nacionalistas inspirados por ele”, escreveu o especialista em América Latina Christopher Sabatini, do instituto de análise Chatham House. “Na região América Latina e Caribe, marcada profundamente pela ingerência dos Estados Unidos, a intervenção de Washington provavelmente passará a operar a serviço de uma visão personalista e ideologicamente estreita.”

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O próprio histórico de Milei ainda está em debate. Não há dúvida de que seus métodos surtiram um efeito. “A inflação está caindo, assim como ele prometeu, de um pico de 300%; um antigo déficit de orçamento virou superávit; títulos do governo, no passado projetados para se perder em algum calote, estão se recuperando; e a economia, moribunda havia muito, finalmente começa a retomar”, noticiou a Bloomberg News este mês. “Nada mal para um outsider com uma agenda tão radical que houve quem passasse um ano especulando abertamente sobre quantos meses ele duraria até entregar o poder.”

O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de uma reunião da cúpula do G-20, no Rio de Janeiro  Foto: Silvia Izquierdo/AP

Milei, de sua parte, se mostra otimista. “Adiante em 2025 haverá mais do que já fizemos: equilíbrio fiscal estrito, nenhum crescimento monetário e desregulações”, escreveu ele na Economist. “A Argentina padeceu de uma overdose de déficits, impressões de dinheiro e regulações inúteis. Tudo isso tem de parar.”

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Mais da metade da população argentina, porém, encontra-se numa situação de pobreza sufocante, com milhões afetados pelos cortes de Milei. A seguridade social do governo secou, as pensões congelaram, e cozinhas comunitárias foram fechadas. A pobreza no país atingiu o maior índice em duas décadas. “Esse novo programa econômico não está protegendo os pobres”, disse ao Guardian Kirsten Sehnbruch, especialista em América Latina da London School of Economics and Political Science. “A queda é absolutamente horrenda.”

Pesquisas de opinião mostram que o apoio a Milei está se mantendo. Não é claro, contudo, que tipo de dividendo a presidência de Trump poderá render para Milei. Um maior envolvimento econômico dos EUA é improvável. “O nível de exigência para empresas americanas confiarem na Argentina é muito alto”, disse ao Wall Street Journal Benjamin Gedan, diretor do programa para América Latina do Wilson Center. “E uma amizade entre os presidentes da Argentina e dos EUA não é suficiente para influenciar decisões de investimento.”

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, participa de uma reunião com congressistas republicanos, em Washington  Foto: Allison Robbert/AP
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As tarifas generalizadas de Trump contrariam os princípios de livre-mercado defendidos por Milei e quase certamente prejudicarão a combalida economia argentina. Sua amizade em evolução poderá tratar mais de estilos e visões do que de políticas.

“Outros quatro anos de Trump provavelmente aprofundarão divisões internas no Hemisfério Ocidental entre líderes populistas de extrema direita e líderes centristas e esquerdistas”, concluiu Sabatini. “Mas provavelmente não conseguirão avançar com nenhuma força consistente globalmente, dada a visão de mundo rudimentar, transacional e partidária de Trump.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Há um novo ícone na direita americana. Na semana seguinte à vitória eleitoral de Donald Trump, o presidente argentino, Javier Milei, apareceu num evento de gala no resort do presidente eleito em Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida, onde o líder latino-americano foi recebido com o mesmo entusiasmo efusivo que ele próprio propiciou aos trabalhos.

Milei — um showman exuberante, que acedeu à política após estabelecer-se como celebridade da TV no papel de um comentarista desbocado, vociferando sob um penteado extravagante — foi o primeiro líder mundial a se encontrar com Trump pessoalmente depois da eleição de 5 de novembro. O argentino resplandeceu em fotos ao lado de Trump e do bilionário da tecnologia Elon Musk. E dançou agitando os braços ao som da canção disco “YMCA”. Num curto discurso, o economista libertário exaltou a vitória de Trump, afirmando que “as forças do céu (estão) do nosso lado”.

O primeiro mandato de Trump coincidiu com o de Jair Bolsonaro, o incendiário ex-presidente brasileiro de extrema direita. A afinidade ideológica da dupla se ancorava num desprezo por establishments políticos e culturais percebidos como esquerdistas. Ambos prometeram acabar com isso tudo; seus oponentes os consideravam demagogos perigosos que disseminavam polarizações sociais para subverter as democracias de seus países.

O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de uma coletiva de imprensa ao lado da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, em Buenos Aires, Argentina  Foto: Juan Mabromata/AFP

O panorama político do Hemisfério se transformou ainda mais anteriormente ao segundo mandato de Trump: Bolsonaro, mesmo fora do governo e emaranhado em processos judiciais relativos a supostas tentativas, suas e de seus apoiadores, de reverter sua derrota na eleição de 2022, permanece uma figura influente no Brasil, e seus aliados representam um grande bloco eleitoral. Os republicanos também têm em conta o exemplo do vastamente popular presidente de El Salvador, Nayib Bukele, o homem-forte, o “mano do bitcoin”, que ordenou uma ampla — e altamente popular — repressão à violência de gangues em seu empobrecido país, desafiou a Constituição para exceder seu limite de um único mandato e descreveu a si mesmo jocosamente como o “ditador mais legal” do mundo.

E eles têm também Milei, que emergiu dos extremos da política argentina em modos similares aos bolsonaristas — e empunhando uma motosserra — ascendendo ao poder um ano atrás. Desde que assumiu a presidência, em dezembro, Milei se movimentou rapidamente e radicalmente para cortar o gasto público, eliminar vários ministérios do governo e desregular amplas fatias da economia. Seu entusiasmo conquistou admiradores no mundo de Trump, onde Musk e Vivek Ramaswamy, incumbidos de liderar o dito “Departamento de Eficiência do Governo”— na realidade um painel não governamental de conselheiros — tendem a seguir o exemplo de Milei. Ramaswamy, pressionando por demissões em massa no funcionalismo público federal, tem pedido “cortes em estilo Milei doido de esteroides”, conforme Trump e seus aliados atendem ao seu desejo acalentado há tanto de desmantelar o Estado administrativo.

O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de um evento em Palm Beach, Flórida, onde se encontrou com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump  Foto: Alex Brandon/AP

As vastas diferenças entre os contextos em cada país não importam. A ascensão de Milei seguiu-se a décadas de disfunções econômicas, ciclos de hiperinflação e governos esclerosados na Argentina. Trump parece ter conseguido convencer um segmento do eleitorado americano de que crises similares existem em seu próprio país, apesar de dados e evidências indicarem o contrário. As animosidades políticas de que compartilham são o que importa: fúrias e ressentimentos profundos contra um status quo supostamente esquerdista, assim como uma visão radical para virar o jogo. Nesse projeto, eles têm o apoio de uma casta de elites financeiras poderosas, incluindo proeminentes aspirantes a oligarcas no Vale do Silício.

Musk, disse Milei a um podcast recentemente, é “um grande lutador pelos ideais de liberdade. Ele está ajudando o mundo de hoje a despertar de uma vez por todas e tomar consciência a respeito do vírus socialista. Isso, por si só, faz dele um herói na história da humanidade”.

Relações

Essa afinidade poderá ser capaz de moldar as tratativas de Trump no Hemisfério nos próximos anos. “As relações próximas de Trump com esses presidentes e políticos serão ideológicas e pessoais, tornando as políticas da Casa Branca apoios a populistas outsiders e nacionalistas inspirados por ele”, escreveu o especialista em América Latina Christopher Sabatini, do instituto de análise Chatham House. “Na região América Latina e Caribe, marcada profundamente pela ingerência dos Estados Unidos, a intervenção de Washington provavelmente passará a operar a serviço de uma visão personalista e ideologicamente estreita.”

O próprio histórico de Milei ainda está em debate. Não há dúvida de que seus métodos surtiram um efeito. “A inflação está caindo, assim como ele prometeu, de um pico de 300%; um antigo déficit de orçamento virou superávit; títulos do governo, no passado projetados para se perder em algum calote, estão se recuperando; e a economia, moribunda havia muito, finalmente começa a retomar”, noticiou a Bloomberg News este mês. “Nada mal para um outsider com uma agenda tão radical que houve quem passasse um ano especulando abertamente sobre quantos meses ele duraria até entregar o poder.”

O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de uma reunião da cúpula do G-20, no Rio de Janeiro  Foto: Silvia Izquierdo/AP

Milei, de sua parte, se mostra otimista. “Adiante em 2025 haverá mais do que já fizemos: equilíbrio fiscal estrito, nenhum crescimento monetário e desregulações”, escreveu ele na Economist. “A Argentina padeceu de uma overdose de déficits, impressões de dinheiro e regulações inúteis. Tudo isso tem de parar.”

Mais da metade da população argentina, porém, encontra-se numa situação de pobreza sufocante, com milhões afetados pelos cortes de Milei. A seguridade social do governo secou, as pensões congelaram, e cozinhas comunitárias foram fechadas. A pobreza no país atingiu o maior índice em duas décadas. “Esse novo programa econômico não está protegendo os pobres”, disse ao Guardian Kirsten Sehnbruch, especialista em América Latina da London School of Economics and Political Science. “A queda é absolutamente horrenda.”

Pesquisas de opinião mostram que o apoio a Milei está se mantendo. Não é claro, contudo, que tipo de dividendo a presidência de Trump poderá render para Milei. Um maior envolvimento econômico dos EUA é improvável. “O nível de exigência para empresas americanas confiarem na Argentina é muito alto”, disse ao Wall Street Journal Benjamin Gedan, diretor do programa para América Latina do Wilson Center. “E uma amizade entre os presidentes da Argentina e dos EUA não é suficiente para influenciar decisões de investimento.”

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, participa de uma reunião com congressistas republicanos, em Washington  Foto: Allison Robbert/AP

As tarifas generalizadas de Trump contrariam os princípios de livre-mercado defendidos por Milei e quase certamente prejudicarão a combalida economia argentina. Sua amizade em evolução poderá tratar mais de estilos e visões do que de políticas.

“Outros quatro anos de Trump provavelmente aprofundarão divisões internas no Hemisfério Ocidental entre líderes populistas de extrema direita e líderes centristas e esquerdistas”, concluiu Sabatini. “Mas provavelmente não conseguirão avançar com nenhuma força consistente globalmente, dada a visão de mundo rudimentar, transacional e partidária de Trump.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Há um novo ícone na direita americana. Na semana seguinte à vitória eleitoral de Donald Trump, o presidente argentino, Javier Milei, apareceu num evento de gala no resort do presidente eleito em Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida, onde o líder latino-americano foi recebido com o mesmo entusiasmo efusivo que ele próprio propiciou aos trabalhos.

Milei — um showman exuberante, que acedeu à política após estabelecer-se como celebridade da TV no papel de um comentarista desbocado, vociferando sob um penteado extravagante — foi o primeiro líder mundial a se encontrar com Trump pessoalmente depois da eleição de 5 de novembro. O argentino resplandeceu em fotos ao lado de Trump e do bilionário da tecnologia Elon Musk. E dançou agitando os braços ao som da canção disco “YMCA”. Num curto discurso, o economista libertário exaltou a vitória de Trump, afirmando que “as forças do céu (estão) do nosso lado”.

O primeiro mandato de Trump coincidiu com o de Jair Bolsonaro, o incendiário ex-presidente brasileiro de extrema direita. A afinidade ideológica da dupla se ancorava num desprezo por establishments políticos e culturais percebidos como esquerdistas. Ambos prometeram acabar com isso tudo; seus oponentes os consideravam demagogos perigosos que disseminavam polarizações sociais para subverter as democracias de seus países.

O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de uma coletiva de imprensa ao lado da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, em Buenos Aires, Argentina  Foto: Juan Mabromata/AFP

O panorama político do Hemisfério se transformou ainda mais anteriormente ao segundo mandato de Trump: Bolsonaro, mesmo fora do governo e emaranhado em processos judiciais relativos a supostas tentativas, suas e de seus apoiadores, de reverter sua derrota na eleição de 2022, permanece uma figura influente no Brasil, e seus aliados representam um grande bloco eleitoral. Os republicanos também têm em conta o exemplo do vastamente popular presidente de El Salvador, Nayib Bukele, o homem-forte, o “mano do bitcoin”, que ordenou uma ampla — e altamente popular — repressão à violência de gangues em seu empobrecido país, desafiou a Constituição para exceder seu limite de um único mandato e descreveu a si mesmo jocosamente como o “ditador mais legal” do mundo.

E eles têm também Milei, que emergiu dos extremos da política argentina em modos similares aos bolsonaristas — e empunhando uma motosserra — ascendendo ao poder um ano atrás. Desde que assumiu a presidência, em dezembro, Milei se movimentou rapidamente e radicalmente para cortar o gasto público, eliminar vários ministérios do governo e desregular amplas fatias da economia. Seu entusiasmo conquistou admiradores no mundo de Trump, onde Musk e Vivek Ramaswamy, incumbidos de liderar o dito “Departamento de Eficiência do Governo”— na realidade um painel não governamental de conselheiros — tendem a seguir o exemplo de Milei. Ramaswamy, pressionando por demissões em massa no funcionalismo público federal, tem pedido “cortes em estilo Milei doido de esteroides”, conforme Trump e seus aliados atendem ao seu desejo acalentado há tanto de desmantelar o Estado administrativo.

O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de um evento em Palm Beach, Flórida, onde se encontrou com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump  Foto: Alex Brandon/AP

As vastas diferenças entre os contextos em cada país não importam. A ascensão de Milei seguiu-se a décadas de disfunções econômicas, ciclos de hiperinflação e governos esclerosados na Argentina. Trump parece ter conseguido convencer um segmento do eleitorado americano de que crises similares existem em seu próprio país, apesar de dados e evidências indicarem o contrário. As animosidades políticas de que compartilham são o que importa: fúrias e ressentimentos profundos contra um status quo supostamente esquerdista, assim como uma visão radical para virar o jogo. Nesse projeto, eles têm o apoio de uma casta de elites financeiras poderosas, incluindo proeminentes aspirantes a oligarcas no Vale do Silício.

Musk, disse Milei a um podcast recentemente, é “um grande lutador pelos ideais de liberdade. Ele está ajudando o mundo de hoje a despertar de uma vez por todas e tomar consciência a respeito do vírus socialista. Isso, por si só, faz dele um herói na história da humanidade”.

Relações

Essa afinidade poderá ser capaz de moldar as tratativas de Trump no Hemisfério nos próximos anos. “As relações próximas de Trump com esses presidentes e políticos serão ideológicas e pessoais, tornando as políticas da Casa Branca apoios a populistas outsiders e nacionalistas inspirados por ele”, escreveu o especialista em América Latina Christopher Sabatini, do instituto de análise Chatham House. “Na região América Latina e Caribe, marcada profundamente pela ingerência dos Estados Unidos, a intervenção de Washington provavelmente passará a operar a serviço de uma visão personalista e ideologicamente estreita.”

O próprio histórico de Milei ainda está em debate. Não há dúvida de que seus métodos surtiram um efeito. “A inflação está caindo, assim como ele prometeu, de um pico de 300%; um antigo déficit de orçamento virou superávit; títulos do governo, no passado projetados para se perder em algum calote, estão se recuperando; e a economia, moribunda havia muito, finalmente começa a retomar”, noticiou a Bloomberg News este mês. “Nada mal para um outsider com uma agenda tão radical que houve quem passasse um ano especulando abertamente sobre quantos meses ele duraria até entregar o poder.”

O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de uma reunião da cúpula do G-20, no Rio de Janeiro  Foto: Silvia Izquierdo/AP

Milei, de sua parte, se mostra otimista. “Adiante em 2025 haverá mais do que já fizemos: equilíbrio fiscal estrito, nenhum crescimento monetário e desregulações”, escreveu ele na Economist. “A Argentina padeceu de uma overdose de déficits, impressões de dinheiro e regulações inúteis. Tudo isso tem de parar.”

Mais da metade da população argentina, porém, encontra-se numa situação de pobreza sufocante, com milhões afetados pelos cortes de Milei. A seguridade social do governo secou, as pensões congelaram, e cozinhas comunitárias foram fechadas. A pobreza no país atingiu o maior índice em duas décadas. “Esse novo programa econômico não está protegendo os pobres”, disse ao Guardian Kirsten Sehnbruch, especialista em América Latina da London School of Economics and Political Science. “A queda é absolutamente horrenda.”

Pesquisas de opinião mostram que o apoio a Milei está se mantendo. Não é claro, contudo, que tipo de dividendo a presidência de Trump poderá render para Milei. Um maior envolvimento econômico dos EUA é improvável. “O nível de exigência para empresas americanas confiarem na Argentina é muito alto”, disse ao Wall Street Journal Benjamin Gedan, diretor do programa para América Latina do Wilson Center. “E uma amizade entre os presidentes da Argentina e dos EUA não é suficiente para influenciar decisões de investimento.”

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, participa de uma reunião com congressistas republicanos, em Washington  Foto: Allison Robbert/AP

As tarifas generalizadas de Trump contrariam os princípios de livre-mercado defendidos por Milei e quase certamente prejudicarão a combalida economia argentina. Sua amizade em evolução poderá tratar mais de estilos e visões do que de políticas.

“Outros quatro anos de Trump provavelmente aprofundarão divisões internas no Hemisfério Ocidental entre líderes populistas de extrema direita e líderes centristas e esquerdistas”, concluiu Sabatini. “Mas provavelmente não conseguirão avançar com nenhuma força consistente globalmente, dada a visão de mundo rudimentar, transacional e partidária de Trump.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Há um novo ícone na direita americana. Na semana seguinte à vitória eleitoral de Donald Trump, o presidente argentino, Javier Milei, apareceu num evento de gala no resort do presidente eleito em Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida, onde o líder latino-americano foi recebido com o mesmo entusiasmo efusivo que ele próprio propiciou aos trabalhos.

Milei — um showman exuberante, que acedeu à política após estabelecer-se como celebridade da TV no papel de um comentarista desbocado, vociferando sob um penteado extravagante — foi o primeiro líder mundial a se encontrar com Trump pessoalmente depois da eleição de 5 de novembro. O argentino resplandeceu em fotos ao lado de Trump e do bilionário da tecnologia Elon Musk. E dançou agitando os braços ao som da canção disco “YMCA”. Num curto discurso, o economista libertário exaltou a vitória de Trump, afirmando que “as forças do céu (estão) do nosso lado”.

O primeiro mandato de Trump coincidiu com o de Jair Bolsonaro, o incendiário ex-presidente brasileiro de extrema direita. A afinidade ideológica da dupla se ancorava num desprezo por establishments políticos e culturais percebidos como esquerdistas. Ambos prometeram acabar com isso tudo; seus oponentes os consideravam demagogos perigosos que disseminavam polarizações sociais para subverter as democracias de seus países.

O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de uma coletiva de imprensa ao lado da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, em Buenos Aires, Argentina  Foto: Juan Mabromata/AFP

O panorama político do Hemisfério se transformou ainda mais anteriormente ao segundo mandato de Trump: Bolsonaro, mesmo fora do governo e emaranhado em processos judiciais relativos a supostas tentativas, suas e de seus apoiadores, de reverter sua derrota na eleição de 2022, permanece uma figura influente no Brasil, e seus aliados representam um grande bloco eleitoral. Os republicanos também têm em conta o exemplo do vastamente popular presidente de El Salvador, Nayib Bukele, o homem-forte, o “mano do bitcoin”, que ordenou uma ampla — e altamente popular — repressão à violência de gangues em seu empobrecido país, desafiou a Constituição para exceder seu limite de um único mandato e descreveu a si mesmo jocosamente como o “ditador mais legal” do mundo.

E eles têm também Milei, que emergiu dos extremos da política argentina em modos similares aos bolsonaristas — e empunhando uma motosserra — ascendendo ao poder um ano atrás. Desde que assumiu a presidência, em dezembro, Milei se movimentou rapidamente e radicalmente para cortar o gasto público, eliminar vários ministérios do governo e desregular amplas fatias da economia. Seu entusiasmo conquistou admiradores no mundo de Trump, onde Musk e Vivek Ramaswamy, incumbidos de liderar o dito “Departamento de Eficiência do Governo”— na realidade um painel não governamental de conselheiros — tendem a seguir o exemplo de Milei. Ramaswamy, pressionando por demissões em massa no funcionalismo público federal, tem pedido “cortes em estilo Milei doido de esteroides”, conforme Trump e seus aliados atendem ao seu desejo acalentado há tanto de desmantelar o Estado administrativo.

O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de um evento em Palm Beach, Flórida, onde se encontrou com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump  Foto: Alex Brandon/AP

As vastas diferenças entre os contextos em cada país não importam. A ascensão de Milei seguiu-se a décadas de disfunções econômicas, ciclos de hiperinflação e governos esclerosados na Argentina. Trump parece ter conseguido convencer um segmento do eleitorado americano de que crises similares existem em seu próprio país, apesar de dados e evidências indicarem o contrário. As animosidades políticas de que compartilham são o que importa: fúrias e ressentimentos profundos contra um status quo supostamente esquerdista, assim como uma visão radical para virar o jogo. Nesse projeto, eles têm o apoio de uma casta de elites financeiras poderosas, incluindo proeminentes aspirantes a oligarcas no Vale do Silício.

Musk, disse Milei a um podcast recentemente, é “um grande lutador pelos ideais de liberdade. Ele está ajudando o mundo de hoje a despertar de uma vez por todas e tomar consciência a respeito do vírus socialista. Isso, por si só, faz dele um herói na história da humanidade”.

Relações

Essa afinidade poderá ser capaz de moldar as tratativas de Trump no Hemisfério nos próximos anos. “As relações próximas de Trump com esses presidentes e políticos serão ideológicas e pessoais, tornando as políticas da Casa Branca apoios a populistas outsiders e nacionalistas inspirados por ele”, escreveu o especialista em América Latina Christopher Sabatini, do instituto de análise Chatham House. “Na região América Latina e Caribe, marcada profundamente pela ingerência dos Estados Unidos, a intervenção de Washington provavelmente passará a operar a serviço de uma visão personalista e ideologicamente estreita.”

O próprio histórico de Milei ainda está em debate. Não há dúvida de que seus métodos surtiram um efeito. “A inflação está caindo, assim como ele prometeu, de um pico de 300%; um antigo déficit de orçamento virou superávit; títulos do governo, no passado projetados para se perder em algum calote, estão se recuperando; e a economia, moribunda havia muito, finalmente começa a retomar”, noticiou a Bloomberg News este mês. “Nada mal para um outsider com uma agenda tão radical que houve quem passasse um ano especulando abertamente sobre quantos meses ele duraria até entregar o poder.”

O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de uma reunião da cúpula do G-20, no Rio de Janeiro  Foto: Silvia Izquierdo/AP

Milei, de sua parte, se mostra otimista. “Adiante em 2025 haverá mais do que já fizemos: equilíbrio fiscal estrito, nenhum crescimento monetário e desregulações”, escreveu ele na Economist. “A Argentina padeceu de uma overdose de déficits, impressões de dinheiro e regulações inúteis. Tudo isso tem de parar.”

Mais da metade da população argentina, porém, encontra-se numa situação de pobreza sufocante, com milhões afetados pelos cortes de Milei. A seguridade social do governo secou, as pensões congelaram, e cozinhas comunitárias foram fechadas. A pobreza no país atingiu o maior índice em duas décadas. “Esse novo programa econômico não está protegendo os pobres”, disse ao Guardian Kirsten Sehnbruch, especialista em América Latina da London School of Economics and Political Science. “A queda é absolutamente horrenda.”

Pesquisas de opinião mostram que o apoio a Milei está se mantendo. Não é claro, contudo, que tipo de dividendo a presidência de Trump poderá render para Milei. Um maior envolvimento econômico dos EUA é improvável. “O nível de exigência para empresas americanas confiarem na Argentina é muito alto”, disse ao Wall Street Journal Benjamin Gedan, diretor do programa para América Latina do Wilson Center. “E uma amizade entre os presidentes da Argentina e dos EUA não é suficiente para influenciar decisões de investimento.”

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, participa de uma reunião com congressistas republicanos, em Washington  Foto: Allison Robbert/AP

As tarifas generalizadas de Trump contrariam os princípios de livre-mercado defendidos por Milei e quase certamente prejudicarão a combalida economia argentina. Sua amizade em evolução poderá tratar mais de estilos e visões do que de políticas.

“Outros quatro anos de Trump provavelmente aprofundarão divisões internas no Hemisfério Ocidental entre líderes populistas de extrema direita e líderes centristas e esquerdistas”, concluiu Sabatini. “Mas provavelmente não conseguirão avançar com nenhuma força consistente globalmente, dada a visão de mundo rudimentar, transacional e partidária de Trump.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

Há um novo ícone na direita americana. Na semana seguinte à vitória eleitoral de Donald Trump, o presidente argentino, Javier Milei, apareceu num evento de gala no resort do presidente eleito em Mar-a-Lago, em Palm Beach, na Flórida, onde o líder latino-americano foi recebido com o mesmo entusiasmo efusivo que ele próprio propiciou aos trabalhos.

Milei — um showman exuberante, que acedeu à política após estabelecer-se como celebridade da TV no papel de um comentarista desbocado, vociferando sob um penteado extravagante — foi o primeiro líder mundial a se encontrar com Trump pessoalmente depois da eleição de 5 de novembro. O argentino resplandeceu em fotos ao lado de Trump e do bilionário da tecnologia Elon Musk. E dançou agitando os braços ao som da canção disco “YMCA”. Num curto discurso, o economista libertário exaltou a vitória de Trump, afirmando que “as forças do céu (estão) do nosso lado”.

O primeiro mandato de Trump coincidiu com o de Jair Bolsonaro, o incendiário ex-presidente brasileiro de extrema direita. A afinidade ideológica da dupla se ancorava num desprezo por establishments políticos e culturais percebidos como esquerdistas. Ambos prometeram acabar com isso tudo; seus oponentes os consideravam demagogos perigosos que disseminavam polarizações sociais para subverter as democracias de seus países.

O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de uma coletiva de imprensa ao lado da primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, em Buenos Aires, Argentina  Foto: Juan Mabromata/AFP

O panorama político do Hemisfério se transformou ainda mais anteriormente ao segundo mandato de Trump: Bolsonaro, mesmo fora do governo e emaranhado em processos judiciais relativos a supostas tentativas, suas e de seus apoiadores, de reverter sua derrota na eleição de 2022, permanece uma figura influente no Brasil, e seus aliados representam um grande bloco eleitoral. Os republicanos também têm em conta o exemplo do vastamente popular presidente de El Salvador, Nayib Bukele, o homem-forte, o “mano do bitcoin”, que ordenou uma ampla — e altamente popular — repressão à violência de gangues em seu empobrecido país, desafiou a Constituição para exceder seu limite de um único mandato e descreveu a si mesmo jocosamente como o “ditador mais legal” do mundo.

E eles têm também Milei, que emergiu dos extremos da política argentina em modos similares aos bolsonaristas — e empunhando uma motosserra — ascendendo ao poder um ano atrás. Desde que assumiu a presidência, em dezembro, Milei se movimentou rapidamente e radicalmente para cortar o gasto público, eliminar vários ministérios do governo e desregular amplas fatias da economia. Seu entusiasmo conquistou admiradores no mundo de Trump, onde Musk e Vivek Ramaswamy, incumbidos de liderar o dito “Departamento de Eficiência do Governo”— na realidade um painel não governamental de conselheiros — tendem a seguir o exemplo de Milei. Ramaswamy, pressionando por demissões em massa no funcionalismo público federal, tem pedido “cortes em estilo Milei doido de esteroides”, conforme Trump e seus aliados atendem ao seu desejo acalentado há tanto de desmantelar o Estado administrativo.

O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de um evento em Palm Beach, Flórida, onde se encontrou com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump  Foto: Alex Brandon/AP

As vastas diferenças entre os contextos em cada país não importam. A ascensão de Milei seguiu-se a décadas de disfunções econômicas, ciclos de hiperinflação e governos esclerosados na Argentina. Trump parece ter conseguido convencer um segmento do eleitorado americano de que crises similares existem em seu próprio país, apesar de dados e evidências indicarem o contrário. As animosidades políticas de que compartilham são o que importa: fúrias e ressentimentos profundos contra um status quo supostamente esquerdista, assim como uma visão radical para virar o jogo. Nesse projeto, eles têm o apoio de uma casta de elites financeiras poderosas, incluindo proeminentes aspirantes a oligarcas no Vale do Silício.

Musk, disse Milei a um podcast recentemente, é “um grande lutador pelos ideais de liberdade. Ele está ajudando o mundo de hoje a despertar de uma vez por todas e tomar consciência a respeito do vírus socialista. Isso, por si só, faz dele um herói na história da humanidade”.

Relações

Essa afinidade poderá ser capaz de moldar as tratativas de Trump no Hemisfério nos próximos anos. “As relações próximas de Trump com esses presidentes e políticos serão ideológicas e pessoais, tornando as políticas da Casa Branca apoios a populistas outsiders e nacionalistas inspirados por ele”, escreveu o especialista em América Latina Christopher Sabatini, do instituto de análise Chatham House. “Na região América Latina e Caribe, marcada profundamente pela ingerência dos Estados Unidos, a intervenção de Washington provavelmente passará a operar a serviço de uma visão personalista e ideologicamente estreita.”

O próprio histórico de Milei ainda está em debate. Não há dúvida de que seus métodos surtiram um efeito. “A inflação está caindo, assim como ele prometeu, de um pico de 300%; um antigo déficit de orçamento virou superávit; títulos do governo, no passado projetados para se perder em algum calote, estão se recuperando; e a economia, moribunda havia muito, finalmente começa a retomar”, noticiou a Bloomberg News este mês. “Nada mal para um outsider com uma agenda tão radical que houve quem passasse um ano especulando abertamente sobre quantos meses ele duraria até entregar o poder.”

O presidente da Argentina, Javier Milei, participa de uma reunião da cúpula do G-20, no Rio de Janeiro  Foto: Silvia Izquierdo/AP

Milei, de sua parte, se mostra otimista. “Adiante em 2025 haverá mais do que já fizemos: equilíbrio fiscal estrito, nenhum crescimento monetário e desregulações”, escreveu ele na Economist. “A Argentina padeceu de uma overdose de déficits, impressões de dinheiro e regulações inúteis. Tudo isso tem de parar.”

Mais da metade da população argentina, porém, encontra-se numa situação de pobreza sufocante, com milhões afetados pelos cortes de Milei. A seguridade social do governo secou, as pensões congelaram, e cozinhas comunitárias foram fechadas. A pobreza no país atingiu o maior índice em duas décadas. “Esse novo programa econômico não está protegendo os pobres”, disse ao Guardian Kirsten Sehnbruch, especialista em América Latina da London School of Economics and Political Science. “A queda é absolutamente horrenda.”

Pesquisas de opinião mostram que o apoio a Milei está se mantendo. Não é claro, contudo, que tipo de dividendo a presidência de Trump poderá render para Milei. Um maior envolvimento econômico dos EUA é improvável. “O nível de exigência para empresas americanas confiarem na Argentina é muito alto”, disse ao Wall Street Journal Benjamin Gedan, diretor do programa para América Latina do Wilson Center. “E uma amizade entre os presidentes da Argentina e dos EUA não é suficiente para influenciar decisões de investimento.”

O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, participa de uma reunião com congressistas republicanos, em Washington  Foto: Allison Robbert/AP

As tarifas generalizadas de Trump contrariam os princípios de livre-mercado defendidos por Milei e quase certamente prejudicarão a combalida economia argentina. Sua amizade em evolução poderá tratar mais de estilos e visões do que de políticas.

“Outros quatro anos de Trump provavelmente aprofundarão divisões internas no Hemisfério Ocidental entre líderes populistas de extrema direita e líderes centristas e esquerdistas”, concluiu Sabatini. “Mas provavelmente não conseguirão avançar com nenhuma força consistente globalmente, dada a visão de mundo rudimentar, transacional e partidária de Trump.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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