Como um aperto de mão pode complicar os planos de Biden na Arábia Saudita


Biden tem tido dificuldades em seguir a orientação da Casa Branca de não apertar as mãos dos líderes durante a viagem ao Oriente Médio, levantando dúvidas se o fará com Mohammed bin Salman

Por Tyler Pager e Steve Hendrix
Atualização:

THE WASHINGTON POST, JERUSALÉM — O presidente Joe Biden passou a tarde da terça-feira trocando abraços e tapinhas nas costas com membros do Congresso em um piquenique na Casa Branca. Então foi surpreendente quando Jake Sullivan, o conselheiro de segurança nacional de Biden, disse a repórteres no Air Force One, na quarta-feira, que a Casa Branca estava “buscando reduzir o contato e aumentar o uso de máscara” durante a viagem do presidente ao Oriente Médio.

Apesar do número de novos casos de covid-19 estarem aumentando em todos os Estados Unidos nas semanas recentes, Biden não mudou seu comportamento durante essa elevação. Mas a nova política de contato físico limitado tem um desdobramento indiscutível: dá motivo para Biden não apertar a mão de Mohammed bin Salman, o príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, quando ambos se encontrarem no sábado.

A Casa Branca informou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, que Biden não trocaria apertos de mão por causa do coronavírus, segundo noticiou a imprensa em Israel. Biden inicialmente seguiu os novos protocolos ao aterrissar em Israel — substituindo os apertos de mão por toques de punho quando cumprimentou as graduadas autoridades israelenses, incluindo Lapid, que o aguardavam na pista do Aeroporto Ben Gurion.

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O presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, trocam aperto de mãos durante a primeira reunião virtual do grupo "I2U2" com líderes da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, em Jerusalém  Foto: Evelyn Hockstein/Reuters

Então, Biden encontrou-se com o ex-primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, e os políticos sempre animados para trocar apertos de mão e tapinhas nas costas fizeram o que sempre fizeram durante as décadas em que se conhecem, apesar de com frequência discordarem na política: trocaram um vigoroso aperto de mãos — em contato físico-político total.

Naftali Bennett, o mais recente ex-primeiro-ministro, também ganhou um aperto de mão. E posteriormente foi a vez de Benny Gantz, o ministro da Defesa.

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Muito rapidamente, ficou claro que Biden — político famoso pelos abraços — não seria capaz de se ater às novas diretrizes.

Parte dessa calidez decorre de sua profunda familiaridade com o país e seus líderes. Esta viagem marca a 10.ª visita de Biden a Israel.

O presidente dos EUA, Joe Biden é recebido pelo ex-primeiro-ministro israelense e líder da oposição Binyamin Netanyahu com um aperto de mão  Foto: ATEF SAFADI/EPA/EFE
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“Toda chance de retornar a este grande país, onde as raízes ancestrais do povo judeu datam dos tempos bíblicos, é uma bênção”, afirmou o presidente na cerimônia de boas-vindas. “Porque a conexão entre o povo israelense e o povo americano é muito profunda, muito profunda.”

Biden continuou a apertar mãos quando visitou o Yad Vashem, o museu israelense em memória ao Holocausto, do primeiro-ministro e outras autoridades. O presidente também expressou seu carinho a Gita Cycowicz e Rena Quint, duas sobreviventes do Holocausto, inclinando-se para abraçá-las e beijá-las nas bochechas enquanto ambas estavam sentadas.

“Viu só? O presidente me abraçou!”, afirmou Quint depois de se encontrar com Biden. “Ele pediu permissão para me beijar o rosto e ficou segurando minha mão. E tinham nos falado que não devíamos tocar nele.”

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O presidente dos EUA, Joe Biden, se encontra com as sobreviventes do holocausto Gita Cycowicz e Rena Quint com quem trocou abraços Foto: Evelyn Hockstein/Reuters

As autoridades da Casa Branca tiveram dificuldades para delinear os contornos e as razões para as novas diretrizes. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, afirmou que as regras não têm “nenhuma relação com alguma nova política” e desviou de perguntas a respeito do anúncio das autoridades americanas a respeito de apertos de mão em Israel.

“Estamos dizendo que minimizaremos o contato o quanto possível”, disse ela a repórteres. “Mas também há precauções que estamos adotando por recomendação do médico dele. BA. 4 e BA. 5 estão realmente, como podemos ver, aumentando. E queremos garantir que estamos tomando essas precauções para mantê-lo seguro e mantermos todos nós seguros.” Ela se referiu às duas novas subvariantes do coronavírus, que se mostram mais resistentes à imunização.

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Biden não contraiu covid-19 desde que o novo coronavírus emergiu, quase dois anos e meio atrás. Aos 79 anos, o presidente, que foi vacinado e recebeu doses de reforço, ainda é considerado um potencial paciente de alto risco, e as autoridades da Casa Branca continuam a tomar precauções ao interagir com ele. Testes diários para os assessores mais próximos ainda são exigidos, assim como o uso de máscaras N95.

Mas agora que Biden ignorou todas as orientações para evitar contato físico durante sua viagem, resta a dúvida: o presidente vai escolher tocar o punho, apertar a mão ou manter-se distante do príncipe-herdeiro saudita quando se encontrar com ele em Jidá, na Arabia Saudita, como parte de uma reunião mais abrangente.

Autoridades de inteligência dos EUA concluíram que o príncipe-herdeiro, amplamente conhecido por suas iniciais, MBS, ordenou o assassinato, em 2018, do jornalista dissidente Jamal Khashoggi, colunista colaborador do Washington Post.

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Em público, Biden tem tentado se distanciar de qualquer ideia de retorno a qualquer normalidade com o príncipe-herdeiro. “Não vou me encontrar com MBS”, afirmou o presidente em junho.

Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, foi acusado pelo Senado americano como responsável pela morte do jornalista Jamal Khashoggi, morto em 2 de outubro Foto: Luke MacGregor/Bloomberg

A Casa Branca posteriormente confirmou a reunião, afirmando que Biden se encontrará com o príncipe-herdeiro como parte de uma reunião bilateral com o rei Salman da Arábia Saudita e uma ampla equipe de líderes do país.

Privadamente, Biden foi além, expressando aos seus assessores profundas objeções a respeito de se encontrar com MBS. Agora, o presidente terá de decidir como saudar o líder de fato do país que ele prometeu transformar em “pária” e de um governo que ele afirmou fazer “muito pouco por justiça social”.

Em última instância, qualquer esforço da Casa Branca para afastar Biden de contatos físicos — seja para protegê-lo do coronavírus ou evitar uma foto ruim — se provaria algo desafiador. Sullivan, que conhece Biden e sua inclinação ao contato físico há anos, reconheceu que o presidente poderá ter dificuldades para se adaptar às novas diretrizes.

“Estamos numa fase da pandemia neste momento em que devemos aumentar o uso de máscaras e reduzir o contato para minimizar a disseminação”, afirmou ele. “Esta é a abordagem que estamos adotando. Como isso transcorrerá exatamente em cada interação é algo que ainda veremos.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE WASHINGTON POST, JERUSALÉM — O presidente Joe Biden passou a tarde da terça-feira trocando abraços e tapinhas nas costas com membros do Congresso em um piquenique na Casa Branca. Então foi surpreendente quando Jake Sullivan, o conselheiro de segurança nacional de Biden, disse a repórteres no Air Force One, na quarta-feira, que a Casa Branca estava “buscando reduzir o contato e aumentar o uso de máscara” durante a viagem do presidente ao Oriente Médio.

Apesar do número de novos casos de covid-19 estarem aumentando em todos os Estados Unidos nas semanas recentes, Biden não mudou seu comportamento durante essa elevação. Mas a nova política de contato físico limitado tem um desdobramento indiscutível: dá motivo para Biden não apertar a mão de Mohammed bin Salman, o príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, quando ambos se encontrarem no sábado.

A Casa Branca informou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, que Biden não trocaria apertos de mão por causa do coronavírus, segundo noticiou a imprensa em Israel. Biden inicialmente seguiu os novos protocolos ao aterrissar em Israel — substituindo os apertos de mão por toques de punho quando cumprimentou as graduadas autoridades israelenses, incluindo Lapid, que o aguardavam na pista do Aeroporto Ben Gurion.

O presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, trocam aperto de mãos durante a primeira reunião virtual do grupo "I2U2" com líderes da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, em Jerusalém  Foto: Evelyn Hockstein/Reuters

Então, Biden encontrou-se com o ex-primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, e os políticos sempre animados para trocar apertos de mão e tapinhas nas costas fizeram o que sempre fizeram durante as décadas em que se conhecem, apesar de com frequência discordarem na política: trocaram um vigoroso aperto de mãos — em contato físico-político total.

Naftali Bennett, o mais recente ex-primeiro-ministro, também ganhou um aperto de mão. E posteriormente foi a vez de Benny Gantz, o ministro da Defesa.

Muito rapidamente, ficou claro que Biden — político famoso pelos abraços — não seria capaz de se ater às novas diretrizes.

Parte dessa calidez decorre de sua profunda familiaridade com o país e seus líderes. Esta viagem marca a 10.ª visita de Biden a Israel.

O presidente dos EUA, Joe Biden é recebido pelo ex-primeiro-ministro israelense e líder da oposição Binyamin Netanyahu com um aperto de mão  Foto: ATEF SAFADI/EPA/EFE

“Toda chance de retornar a este grande país, onde as raízes ancestrais do povo judeu datam dos tempos bíblicos, é uma bênção”, afirmou o presidente na cerimônia de boas-vindas. “Porque a conexão entre o povo israelense e o povo americano é muito profunda, muito profunda.”

Biden continuou a apertar mãos quando visitou o Yad Vashem, o museu israelense em memória ao Holocausto, do primeiro-ministro e outras autoridades. O presidente também expressou seu carinho a Gita Cycowicz e Rena Quint, duas sobreviventes do Holocausto, inclinando-se para abraçá-las e beijá-las nas bochechas enquanto ambas estavam sentadas.

“Viu só? O presidente me abraçou!”, afirmou Quint depois de se encontrar com Biden. “Ele pediu permissão para me beijar o rosto e ficou segurando minha mão. E tinham nos falado que não devíamos tocar nele.”

O presidente dos EUA, Joe Biden, se encontra com as sobreviventes do holocausto Gita Cycowicz e Rena Quint com quem trocou abraços Foto: Evelyn Hockstein/Reuters

As autoridades da Casa Branca tiveram dificuldades para delinear os contornos e as razões para as novas diretrizes. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, afirmou que as regras não têm “nenhuma relação com alguma nova política” e desviou de perguntas a respeito do anúncio das autoridades americanas a respeito de apertos de mão em Israel.

“Estamos dizendo que minimizaremos o contato o quanto possível”, disse ela a repórteres. “Mas também há precauções que estamos adotando por recomendação do médico dele. BA. 4 e BA. 5 estão realmente, como podemos ver, aumentando. E queremos garantir que estamos tomando essas precauções para mantê-lo seguro e mantermos todos nós seguros.” Ela se referiu às duas novas subvariantes do coronavírus, que se mostram mais resistentes à imunização.

Biden não contraiu covid-19 desde que o novo coronavírus emergiu, quase dois anos e meio atrás. Aos 79 anos, o presidente, que foi vacinado e recebeu doses de reforço, ainda é considerado um potencial paciente de alto risco, e as autoridades da Casa Branca continuam a tomar precauções ao interagir com ele. Testes diários para os assessores mais próximos ainda são exigidos, assim como o uso de máscaras N95.

Mas agora que Biden ignorou todas as orientações para evitar contato físico durante sua viagem, resta a dúvida: o presidente vai escolher tocar o punho, apertar a mão ou manter-se distante do príncipe-herdeiro saudita quando se encontrar com ele em Jidá, na Arabia Saudita, como parte de uma reunião mais abrangente.

Autoridades de inteligência dos EUA concluíram que o príncipe-herdeiro, amplamente conhecido por suas iniciais, MBS, ordenou o assassinato, em 2018, do jornalista dissidente Jamal Khashoggi, colunista colaborador do Washington Post.

Em público, Biden tem tentado se distanciar de qualquer ideia de retorno a qualquer normalidade com o príncipe-herdeiro. “Não vou me encontrar com MBS”, afirmou o presidente em junho.

Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, foi acusado pelo Senado americano como responsável pela morte do jornalista Jamal Khashoggi, morto em 2 de outubro Foto: Luke MacGregor/Bloomberg

A Casa Branca posteriormente confirmou a reunião, afirmando que Biden se encontrará com o príncipe-herdeiro como parte de uma reunião bilateral com o rei Salman da Arábia Saudita e uma ampla equipe de líderes do país.

Privadamente, Biden foi além, expressando aos seus assessores profundas objeções a respeito de se encontrar com MBS. Agora, o presidente terá de decidir como saudar o líder de fato do país que ele prometeu transformar em “pária” e de um governo que ele afirmou fazer “muito pouco por justiça social”.

Em última instância, qualquer esforço da Casa Branca para afastar Biden de contatos físicos — seja para protegê-lo do coronavírus ou evitar uma foto ruim — se provaria algo desafiador. Sullivan, que conhece Biden e sua inclinação ao contato físico há anos, reconheceu que o presidente poderá ter dificuldades para se adaptar às novas diretrizes.

“Estamos numa fase da pandemia neste momento em que devemos aumentar o uso de máscaras e reduzir o contato para minimizar a disseminação”, afirmou ele. “Esta é a abordagem que estamos adotando. Como isso transcorrerá exatamente em cada interação é algo que ainda veremos.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE WASHINGTON POST, JERUSALÉM — O presidente Joe Biden passou a tarde da terça-feira trocando abraços e tapinhas nas costas com membros do Congresso em um piquenique na Casa Branca. Então foi surpreendente quando Jake Sullivan, o conselheiro de segurança nacional de Biden, disse a repórteres no Air Force One, na quarta-feira, que a Casa Branca estava “buscando reduzir o contato e aumentar o uso de máscara” durante a viagem do presidente ao Oriente Médio.

Apesar do número de novos casos de covid-19 estarem aumentando em todos os Estados Unidos nas semanas recentes, Biden não mudou seu comportamento durante essa elevação. Mas a nova política de contato físico limitado tem um desdobramento indiscutível: dá motivo para Biden não apertar a mão de Mohammed bin Salman, o príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, quando ambos se encontrarem no sábado.

A Casa Branca informou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, que Biden não trocaria apertos de mão por causa do coronavírus, segundo noticiou a imprensa em Israel. Biden inicialmente seguiu os novos protocolos ao aterrissar em Israel — substituindo os apertos de mão por toques de punho quando cumprimentou as graduadas autoridades israelenses, incluindo Lapid, que o aguardavam na pista do Aeroporto Ben Gurion.

O presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, trocam aperto de mãos durante a primeira reunião virtual do grupo "I2U2" com líderes da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, em Jerusalém  Foto: Evelyn Hockstein/Reuters

Então, Biden encontrou-se com o ex-primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, e os políticos sempre animados para trocar apertos de mão e tapinhas nas costas fizeram o que sempre fizeram durante as décadas em que se conhecem, apesar de com frequência discordarem na política: trocaram um vigoroso aperto de mãos — em contato físico-político total.

Naftali Bennett, o mais recente ex-primeiro-ministro, também ganhou um aperto de mão. E posteriormente foi a vez de Benny Gantz, o ministro da Defesa.

Muito rapidamente, ficou claro que Biden — político famoso pelos abraços — não seria capaz de se ater às novas diretrizes.

Parte dessa calidez decorre de sua profunda familiaridade com o país e seus líderes. Esta viagem marca a 10.ª visita de Biden a Israel.

O presidente dos EUA, Joe Biden é recebido pelo ex-primeiro-ministro israelense e líder da oposição Binyamin Netanyahu com um aperto de mão  Foto: ATEF SAFADI/EPA/EFE

“Toda chance de retornar a este grande país, onde as raízes ancestrais do povo judeu datam dos tempos bíblicos, é uma bênção”, afirmou o presidente na cerimônia de boas-vindas. “Porque a conexão entre o povo israelense e o povo americano é muito profunda, muito profunda.”

Biden continuou a apertar mãos quando visitou o Yad Vashem, o museu israelense em memória ao Holocausto, do primeiro-ministro e outras autoridades. O presidente também expressou seu carinho a Gita Cycowicz e Rena Quint, duas sobreviventes do Holocausto, inclinando-se para abraçá-las e beijá-las nas bochechas enquanto ambas estavam sentadas.

“Viu só? O presidente me abraçou!”, afirmou Quint depois de se encontrar com Biden. “Ele pediu permissão para me beijar o rosto e ficou segurando minha mão. E tinham nos falado que não devíamos tocar nele.”

O presidente dos EUA, Joe Biden, se encontra com as sobreviventes do holocausto Gita Cycowicz e Rena Quint com quem trocou abraços Foto: Evelyn Hockstein/Reuters

As autoridades da Casa Branca tiveram dificuldades para delinear os contornos e as razões para as novas diretrizes. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, afirmou que as regras não têm “nenhuma relação com alguma nova política” e desviou de perguntas a respeito do anúncio das autoridades americanas a respeito de apertos de mão em Israel.

“Estamos dizendo que minimizaremos o contato o quanto possível”, disse ela a repórteres. “Mas também há precauções que estamos adotando por recomendação do médico dele. BA. 4 e BA. 5 estão realmente, como podemos ver, aumentando. E queremos garantir que estamos tomando essas precauções para mantê-lo seguro e mantermos todos nós seguros.” Ela se referiu às duas novas subvariantes do coronavírus, que se mostram mais resistentes à imunização.

Biden não contraiu covid-19 desde que o novo coronavírus emergiu, quase dois anos e meio atrás. Aos 79 anos, o presidente, que foi vacinado e recebeu doses de reforço, ainda é considerado um potencial paciente de alto risco, e as autoridades da Casa Branca continuam a tomar precauções ao interagir com ele. Testes diários para os assessores mais próximos ainda são exigidos, assim como o uso de máscaras N95.

Mas agora que Biden ignorou todas as orientações para evitar contato físico durante sua viagem, resta a dúvida: o presidente vai escolher tocar o punho, apertar a mão ou manter-se distante do príncipe-herdeiro saudita quando se encontrar com ele em Jidá, na Arabia Saudita, como parte de uma reunião mais abrangente.

Autoridades de inteligência dos EUA concluíram que o príncipe-herdeiro, amplamente conhecido por suas iniciais, MBS, ordenou o assassinato, em 2018, do jornalista dissidente Jamal Khashoggi, colunista colaborador do Washington Post.

Em público, Biden tem tentado se distanciar de qualquer ideia de retorno a qualquer normalidade com o príncipe-herdeiro. “Não vou me encontrar com MBS”, afirmou o presidente em junho.

Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, foi acusado pelo Senado americano como responsável pela morte do jornalista Jamal Khashoggi, morto em 2 de outubro Foto: Luke MacGregor/Bloomberg

A Casa Branca posteriormente confirmou a reunião, afirmando que Biden se encontrará com o príncipe-herdeiro como parte de uma reunião bilateral com o rei Salman da Arábia Saudita e uma ampla equipe de líderes do país.

Privadamente, Biden foi além, expressando aos seus assessores profundas objeções a respeito de se encontrar com MBS. Agora, o presidente terá de decidir como saudar o líder de fato do país que ele prometeu transformar em “pária” e de um governo que ele afirmou fazer “muito pouco por justiça social”.

Em última instância, qualquer esforço da Casa Branca para afastar Biden de contatos físicos — seja para protegê-lo do coronavírus ou evitar uma foto ruim — se provaria algo desafiador. Sullivan, que conhece Biden e sua inclinação ao contato físico há anos, reconheceu que o presidente poderá ter dificuldades para se adaptar às novas diretrizes.

“Estamos numa fase da pandemia neste momento em que devemos aumentar o uso de máscaras e reduzir o contato para minimizar a disseminação”, afirmou ele. “Esta é a abordagem que estamos adotando. Como isso transcorrerá exatamente em cada interação é algo que ainda veremos.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

THE WASHINGTON POST, JERUSALÉM — O presidente Joe Biden passou a tarde da terça-feira trocando abraços e tapinhas nas costas com membros do Congresso em um piquenique na Casa Branca. Então foi surpreendente quando Jake Sullivan, o conselheiro de segurança nacional de Biden, disse a repórteres no Air Force One, na quarta-feira, que a Casa Branca estava “buscando reduzir o contato e aumentar o uso de máscara” durante a viagem do presidente ao Oriente Médio.

Apesar do número de novos casos de covid-19 estarem aumentando em todos os Estados Unidos nas semanas recentes, Biden não mudou seu comportamento durante essa elevação. Mas a nova política de contato físico limitado tem um desdobramento indiscutível: dá motivo para Biden não apertar a mão de Mohammed bin Salman, o príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, quando ambos se encontrarem no sábado.

A Casa Branca informou o gabinete do primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, que Biden não trocaria apertos de mão por causa do coronavírus, segundo noticiou a imprensa em Israel. Biden inicialmente seguiu os novos protocolos ao aterrissar em Israel — substituindo os apertos de mão por toques de punho quando cumprimentou as graduadas autoridades israelenses, incluindo Lapid, que o aguardavam na pista do Aeroporto Ben Gurion.

O presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, trocam aperto de mãos durante a primeira reunião virtual do grupo "I2U2" com líderes da Índia e dos Emirados Árabes Unidos, em Jerusalém  Foto: Evelyn Hockstein/Reuters

Então, Biden encontrou-se com o ex-primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, e os políticos sempre animados para trocar apertos de mão e tapinhas nas costas fizeram o que sempre fizeram durante as décadas em que se conhecem, apesar de com frequência discordarem na política: trocaram um vigoroso aperto de mãos — em contato físico-político total.

Naftali Bennett, o mais recente ex-primeiro-ministro, também ganhou um aperto de mão. E posteriormente foi a vez de Benny Gantz, o ministro da Defesa.

Muito rapidamente, ficou claro que Biden — político famoso pelos abraços — não seria capaz de se ater às novas diretrizes.

Parte dessa calidez decorre de sua profunda familiaridade com o país e seus líderes. Esta viagem marca a 10.ª visita de Biden a Israel.

O presidente dos EUA, Joe Biden é recebido pelo ex-primeiro-ministro israelense e líder da oposição Binyamin Netanyahu com um aperto de mão  Foto: ATEF SAFADI/EPA/EFE

“Toda chance de retornar a este grande país, onde as raízes ancestrais do povo judeu datam dos tempos bíblicos, é uma bênção”, afirmou o presidente na cerimônia de boas-vindas. “Porque a conexão entre o povo israelense e o povo americano é muito profunda, muito profunda.”

Biden continuou a apertar mãos quando visitou o Yad Vashem, o museu israelense em memória ao Holocausto, do primeiro-ministro e outras autoridades. O presidente também expressou seu carinho a Gita Cycowicz e Rena Quint, duas sobreviventes do Holocausto, inclinando-se para abraçá-las e beijá-las nas bochechas enquanto ambas estavam sentadas.

“Viu só? O presidente me abraçou!”, afirmou Quint depois de se encontrar com Biden. “Ele pediu permissão para me beijar o rosto e ficou segurando minha mão. E tinham nos falado que não devíamos tocar nele.”

O presidente dos EUA, Joe Biden, se encontra com as sobreviventes do holocausto Gita Cycowicz e Rena Quint com quem trocou abraços Foto: Evelyn Hockstein/Reuters

As autoridades da Casa Branca tiveram dificuldades para delinear os contornos e as razões para as novas diretrizes. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, afirmou que as regras não têm “nenhuma relação com alguma nova política” e desviou de perguntas a respeito do anúncio das autoridades americanas a respeito de apertos de mão em Israel.

“Estamos dizendo que minimizaremos o contato o quanto possível”, disse ela a repórteres. “Mas também há precauções que estamos adotando por recomendação do médico dele. BA. 4 e BA. 5 estão realmente, como podemos ver, aumentando. E queremos garantir que estamos tomando essas precauções para mantê-lo seguro e mantermos todos nós seguros.” Ela se referiu às duas novas subvariantes do coronavírus, que se mostram mais resistentes à imunização.

Biden não contraiu covid-19 desde que o novo coronavírus emergiu, quase dois anos e meio atrás. Aos 79 anos, o presidente, que foi vacinado e recebeu doses de reforço, ainda é considerado um potencial paciente de alto risco, e as autoridades da Casa Branca continuam a tomar precauções ao interagir com ele. Testes diários para os assessores mais próximos ainda são exigidos, assim como o uso de máscaras N95.

Mas agora que Biden ignorou todas as orientações para evitar contato físico durante sua viagem, resta a dúvida: o presidente vai escolher tocar o punho, apertar a mão ou manter-se distante do príncipe-herdeiro saudita quando se encontrar com ele em Jidá, na Arabia Saudita, como parte de uma reunião mais abrangente.

Autoridades de inteligência dos EUA concluíram que o príncipe-herdeiro, amplamente conhecido por suas iniciais, MBS, ordenou o assassinato, em 2018, do jornalista dissidente Jamal Khashoggi, colunista colaborador do Washington Post.

Em público, Biden tem tentado se distanciar de qualquer ideia de retorno a qualquer normalidade com o príncipe-herdeiro. “Não vou me encontrar com MBS”, afirmou o presidente em junho.

Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, foi acusado pelo Senado americano como responsável pela morte do jornalista Jamal Khashoggi, morto em 2 de outubro Foto: Luke MacGregor/Bloomberg

A Casa Branca posteriormente confirmou a reunião, afirmando que Biden se encontrará com o príncipe-herdeiro como parte de uma reunião bilateral com o rei Salman da Arábia Saudita e uma ampla equipe de líderes do país.

Privadamente, Biden foi além, expressando aos seus assessores profundas objeções a respeito de se encontrar com MBS. Agora, o presidente terá de decidir como saudar o líder de fato do país que ele prometeu transformar em “pária” e de um governo que ele afirmou fazer “muito pouco por justiça social”.

Em última instância, qualquer esforço da Casa Branca para afastar Biden de contatos físicos — seja para protegê-lo do coronavírus ou evitar uma foto ruim — se provaria algo desafiador. Sullivan, que conhece Biden e sua inclinação ao contato físico há anos, reconheceu que o presidente poderá ter dificuldades para se adaptar às novas diretrizes.

“Estamos numa fase da pandemia neste momento em que devemos aumentar o uso de máscaras e reduzir o contato para minimizar a disseminação”, afirmou ele. “Esta é a abordagem que estamos adotando. Como isso transcorrerá exatamente em cada interação é algo que ainda veremos.” / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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