Número de casos de covid-19 aumenta nos EUA em meio a feriado de Ação de Graças


País registra mais de 90 mil casos por dia; Estados do Nordeste e do Meio-Oeste são os mais afetados

Por Mitch Smith
Atualização:

CHICAGO — Um mês atrás, o índice de novos casos de covid-19 nos Estados Unidos caía em ritmo constante. O pior momento do triste pico de infecções, registrado no verão e alimentado pela variante Delta, parecia ter passado. Mas enquanto os americanos viajam, esta semana, para encontrar parentes que não veem há muito tempo e celebrar a Ação de Graças, o índice de novos casos volta a crescer nos EUA, especialmente no Norte do Meio-Oeste e no Nordeste. 

Equipes médicas do governo federal foram enviadas a Minnesota para prestar ajuda em hospitais lotados. Michigan está enfrentando seu maior aumento de casos de covid-19, com o índice diário de novos casos duplicando desde o início de novembro. Mesmo a região da Nova Inglaterra, onde as taxas de vacinação são altas, enfrenta dificuldades — com Vermont, Maine e New Hampshire tentando conter grandes surtos. 

Nacionalmente, o índice de novos casos permanece bem abaixo do registrado no início de setembro, quando houve o pico de infecções do verão, e abaixo dos números do feriado de Ação de Graças do ano passado. Mas as condições estão piorando rapidamente, e este não será o feriado de Ação de Graças pré-pandêmico que os americanos esperavam. Mais de 90 mil novos casos estão sendo registrados diariamente, número comparável ao do início de agosto, e mais de 30 Estados estão registrando elevações em ritmo constante nas infecções. Nos lugares mais atingidos, as hospitalizações já estão aumentando. 

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“Essa coisa não está mais apenas nos atacando com bombas — está nos bombardeando com uma chuva de mísseis”, afirmou o epidemiologista Michael Osterholm, da Universidade de Minnesota. Ele afirmou que o coronavírus tem desafiado repetidamente as previsões e continua a fazê-lo. 

A enfermeira Donna Sutton trata um paciente de covid-19 em um hospital em Alma, Michigan; Estado tem uma das maiores altas nos EUA Foto: Nic Antaya / The New York Times

A nova elevação no número de casos ocorre num momento complicado. Anteriormente ao feriado de Ação de Graças do ano passado, quando as vacinas ainda não estavam disponíveis, autoridades federais e locais pediam firmemente que os americanos evitassem as celebrações de fim de ano. Mas num acentuado contraste este ano, as autoridades de saúde pública, incluindo o médico Anthony Fauci, principal especialista em doenças infecciosas no país, sugerem quase que unanimemente que pessoas vacinadas podem se reunir em relativa segurança. 

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Em entrevistas realizadas por todo o país, americanos afirmaram não ter certeza do que pensar. 

Jess Helle-Morrissey, de 43 anos, terapeuta que vive em Saint Paul, Minnesota, afirmou que decidiu organizar um jantar de Ação de Graças, apesar de os índices de casos em seu Estado estarem entre os mais altos do país. Cerca de 4,2 mil novos casos são registrados diariamente em Minnesota, e o número de hospitalizações está disparando no Estado. 

“Todos usam máscaras diligentemente e não correm riscos à toa”, afirmou ela a respeito de seus convidados. “Aos que virão, sempre digo: venham totalmente vacinados.” 

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Em importantes aspectos, o país está em situação melhor do que estava em relação a elevações anteriores dos números da pandemia. Os médicos aprenderam melhor como tratar os doentes, e especialistas têm esperança de que pílulas antivirais logo sejam aprovadas. Mais crucialmente, muito americanos foram vacinados. A disponibilidade dessas vacinas — incluindo a aprovação recente de doses de reforço para todos os adultos — aumentou a confiança de muitos dos que planejam ir em frente com suas celebrações de fim de ano. 

Mas aproximadamente 50 mil pacientes de covid-19 estão hospitalizados em todo o país, e dezenas de milhões de americanos rejeitaram a vacinação. A trajetória do coronavírus na Europa, onde a Áustria está entrando em lockdown e algumas regiões da Alemanha fecharam mercados natalinos, elevou os temores a respeito da possível magnitude da elevação no número de casos nos EUA. 

“A última coisa que eu quero é o que a Áustria está fazendo”, afirmou a médica Allison Arwady, comissária de saúde pública de Chicago, onde o número de casos começou a aumentar. “Não quero mesmo ter de apelar para isso.” 

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Na Áustria, cerca de 66% da população completou o ciclo vacinal contra o coronavírus. Nos EUA, aproximadamente 59% da população foi totalmente vacinada. 

Mesmo assim, milhões de americanos estão indo em frente com seus planos de fim de ano. Autoridades federais preveem que o número de viagens aéreas no feriado de Ação de Graças se aproximará dos níveis pré-pandêmicos. E muitos dos que viajarão este ano não estarão vacinados, não usarão máscaras e, em sua maioria, não tomarão nenhum tipo de precaução para evitar o coronavírus.

Muitos especialistas afirmaram que a ampla disponibilidade das vacinas, agora autorizadas para todos com mais de 5 anos, assim como de testes rápidos, que podem ser realizados nas residências das pessoas, tornam possível para os vacinados reunirem-se em relativa segurança, mas riscos ainda existem. 

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Arwady afirmou que planeja passar este feriado com parentes e amigos próximos e que todos estarão vacinados, exceto as crianças que ainda não são qualificáveis para vacinação. Ainda que os registro de novos casos no Estado de Illinois tenham aumentado 62% nas duas últimas semanas, ela afirmou querer que pessoas vacinadas se sintam seguras em seguir com sua vida e aproveitar o feriado de Ação de Graças. 

“É possível que a infestação aumente? Claro que é”, afirmou Arwady, sugerindo que adultos não vacinados devem considerar ficar em casa. “Pessoas vacinadas, mesmo sem a dose de reforço, correm risco de acabar no hospital ou morrer? Na verdade, não.”

Osterholm afirmou se preocupar com uma possível elevação no número de casos entre pessoas vacinadas que não tomaram as doses de reforço e a respeito de potenciais mutações futuras do vírus. Mesmo assim, ele também planeja se reunir no feriado com parentes vacinados.

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Muitos outros entrevistados, incluindo em Estados com os índices mais altos de infecção, expressaram exaustão e frustração em virtude de o vírus ainda representar um fator a ser considerado nestes feriados de fim de ano, 20 meses depois de iniciada a pandemia. 

Rebecca Smith, epidemiologista da Universidade de Illinois, afirmou que planeja viajar de carro com os filhos para visitar a família, mas se testará antes e depois da viagem. 

“As pessoas querem voltar à normalidade, e entendemos isso — e sempre há maneiras de fazer isso com segurança”, afirmou ela. 

Ainda assim, Smith afirmou que sua expectativa é de que o surto em Illinois continue a piorar, enquanto o vírus se espalha por Estados do Meio-Oeste e do Nordeste que evitaram amplamente o pior da elevação dos índices de covid-19 no verão. Nas duas últimas semanas, registros de novos casos aumentaram mais de 40% na Pensilvânia, mais de 80% em Massachusetts e 70% em Indiana.

As taxas de infecção também estão persistentemente altas em grande parte do Oeste americano, incluindo no Arizona e Novo México, onde o número de hospitalizações está aumentando, e no Alasca e Wyoming, onde os índices tinham começado a melhorar depois de surtos grandes. Mas a taxa de casos na Califórnia está relativamente baixa, assim como no Sul do país, a região mais severamente atingida no verão. 

Anteriormente ao feriado de Ação de Graças de 2020, o país registrava diariamente 175 mil novos casos de covid-19 e estava na metade do caminho da mais grave intensificação de infecções durante a pandemia. Faltavam semanas ainda até que as vacinas fossem autorizadas, muitas escolas estavam fechadas e testes rápidos e portáteis ainda eram raros. Mas mesmo que cientistas alertassem que a covid-19 dificilmente desapareceria completamente, havia um otimismo generalizado de que as vacinas poderiam tornar o vírus uma preocupação secundária em nossas vidas. 

“Tivemos um fim de ano difícil ano passado”, disse Kirk Burrows, de 26 anos, paramédico de Unity, Maine, afirmando que planeja ficar em casa outra vez no Dia de Ação de Graças. “Acho que este ano será pior.” 

Burrows, que recordou longas horas de viagens de ambulância com pacientes de covid-19 sendo transferidos para hospitais distantes, disse que muita gente baixou a guarda enquanto a pandemia ainda persistia. O Estado do Maine está registrando rotineiramente 700 novos casos por dia, o maior número desde que a pandemia começou, e o índice de hospitalizações tem batido recordes.

“Acho que as pessoas estão fartas”, afirmou Burrows. “Elas tiveram aquele vislumbre de esperança em junho e julho — e foram em frente nessa. Agora, todo mundo se acostumou com isso.” 

O médico James Volk, vice-presidente da Sanford Health, em Fargo, Dakota do Norte, onde as hospitalizações por covid-19 estão persistentemente altas, disse ter tido a sensação de que menos pessoas estão buscando aconselhamento médico a respeito de como agir durante os feriados deste fim de ano. 

“Acho que as pessoas em geral meio que deixaram isso para trás”, disse Volk, afirmando que planeja ficar em casa neste Dia de Ação de Graças por preocupações relativas ao vírus. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

CHICAGO — Um mês atrás, o índice de novos casos de covid-19 nos Estados Unidos caía em ritmo constante. O pior momento do triste pico de infecções, registrado no verão e alimentado pela variante Delta, parecia ter passado. Mas enquanto os americanos viajam, esta semana, para encontrar parentes que não veem há muito tempo e celebrar a Ação de Graças, o índice de novos casos volta a crescer nos EUA, especialmente no Norte do Meio-Oeste e no Nordeste. 

Equipes médicas do governo federal foram enviadas a Minnesota para prestar ajuda em hospitais lotados. Michigan está enfrentando seu maior aumento de casos de covid-19, com o índice diário de novos casos duplicando desde o início de novembro. Mesmo a região da Nova Inglaterra, onde as taxas de vacinação são altas, enfrenta dificuldades — com Vermont, Maine e New Hampshire tentando conter grandes surtos. 

Nacionalmente, o índice de novos casos permanece bem abaixo do registrado no início de setembro, quando houve o pico de infecções do verão, e abaixo dos números do feriado de Ação de Graças do ano passado. Mas as condições estão piorando rapidamente, e este não será o feriado de Ação de Graças pré-pandêmico que os americanos esperavam. Mais de 90 mil novos casos estão sendo registrados diariamente, número comparável ao do início de agosto, e mais de 30 Estados estão registrando elevações em ritmo constante nas infecções. Nos lugares mais atingidos, as hospitalizações já estão aumentando. 

“Essa coisa não está mais apenas nos atacando com bombas — está nos bombardeando com uma chuva de mísseis”, afirmou o epidemiologista Michael Osterholm, da Universidade de Minnesota. Ele afirmou que o coronavírus tem desafiado repetidamente as previsões e continua a fazê-lo. 

A enfermeira Donna Sutton trata um paciente de covid-19 em um hospital em Alma, Michigan; Estado tem uma das maiores altas nos EUA Foto: Nic Antaya / The New York Times

A nova elevação no número de casos ocorre num momento complicado. Anteriormente ao feriado de Ação de Graças do ano passado, quando as vacinas ainda não estavam disponíveis, autoridades federais e locais pediam firmemente que os americanos evitassem as celebrações de fim de ano. Mas num acentuado contraste este ano, as autoridades de saúde pública, incluindo o médico Anthony Fauci, principal especialista em doenças infecciosas no país, sugerem quase que unanimemente que pessoas vacinadas podem se reunir em relativa segurança. 

Em entrevistas realizadas por todo o país, americanos afirmaram não ter certeza do que pensar. 

Jess Helle-Morrissey, de 43 anos, terapeuta que vive em Saint Paul, Minnesota, afirmou que decidiu organizar um jantar de Ação de Graças, apesar de os índices de casos em seu Estado estarem entre os mais altos do país. Cerca de 4,2 mil novos casos são registrados diariamente em Minnesota, e o número de hospitalizações está disparando no Estado. 

“Todos usam máscaras diligentemente e não correm riscos à toa”, afirmou ela a respeito de seus convidados. “Aos que virão, sempre digo: venham totalmente vacinados.” 

Em importantes aspectos, o país está em situação melhor do que estava em relação a elevações anteriores dos números da pandemia. Os médicos aprenderam melhor como tratar os doentes, e especialistas têm esperança de que pílulas antivirais logo sejam aprovadas. Mais crucialmente, muito americanos foram vacinados. A disponibilidade dessas vacinas — incluindo a aprovação recente de doses de reforço para todos os adultos — aumentou a confiança de muitos dos que planejam ir em frente com suas celebrações de fim de ano. 

Mas aproximadamente 50 mil pacientes de covid-19 estão hospitalizados em todo o país, e dezenas de milhões de americanos rejeitaram a vacinação. A trajetória do coronavírus na Europa, onde a Áustria está entrando em lockdown e algumas regiões da Alemanha fecharam mercados natalinos, elevou os temores a respeito da possível magnitude da elevação no número de casos nos EUA. 

“A última coisa que eu quero é o que a Áustria está fazendo”, afirmou a médica Allison Arwady, comissária de saúde pública de Chicago, onde o número de casos começou a aumentar. “Não quero mesmo ter de apelar para isso.” 

Na Áustria, cerca de 66% da população completou o ciclo vacinal contra o coronavírus. Nos EUA, aproximadamente 59% da população foi totalmente vacinada. 

Mesmo assim, milhões de americanos estão indo em frente com seus planos de fim de ano. Autoridades federais preveem que o número de viagens aéreas no feriado de Ação de Graças se aproximará dos níveis pré-pandêmicos. E muitos dos que viajarão este ano não estarão vacinados, não usarão máscaras e, em sua maioria, não tomarão nenhum tipo de precaução para evitar o coronavírus.

Muitos especialistas afirmaram que a ampla disponibilidade das vacinas, agora autorizadas para todos com mais de 5 anos, assim como de testes rápidos, que podem ser realizados nas residências das pessoas, tornam possível para os vacinados reunirem-se em relativa segurança, mas riscos ainda existem. 

Arwady afirmou que planeja passar este feriado com parentes e amigos próximos e que todos estarão vacinados, exceto as crianças que ainda não são qualificáveis para vacinação. Ainda que os registro de novos casos no Estado de Illinois tenham aumentado 62% nas duas últimas semanas, ela afirmou querer que pessoas vacinadas se sintam seguras em seguir com sua vida e aproveitar o feriado de Ação de Graças. 

“É possível que a infestação aumente? Claro que é”, afirmou Arwady, sugerindo que adultos não vacinados devem considerar ficar em casa. “Pessoas vacinadas, mesmo sem a dose de reforço, correm risco de acabar no hospital ou morrer? Na verdade, não.”

Osterholm afirmou se preocupar com uma possível elevação no número de casos entre pessoas vacinadas que não tomaram as doses de reforço e a respeito de potenciais mutações futuras do vírus. Mesmo assim, ele também planeja se reunir no feriado com parentes vacinados.

Muitos outros entrevistados, incluindo em Estados com os índices mais altos de infecção, expressaram exaustão e frustração em virtude de o vírus ainda representar um fator a ser considerado nestes feriados de fim de ano, 20 meses depois de iniciada a pandemia. 

Rebecca Smith, epidemiologista da Universidade de Illinois, afirmou que planeja viajar de carro com os filhos para visitar a família, mas se testará antes e depois da viagem. 

“As pessoas querem voltar à normalidade, e entendemos isso — e sempre há maneiras de fazer isso com segurança”, afirmou ela. 

Ainda assim, Smith afirmou que sua expectativa é de que o surto em Illinois continue a piorar, enquanto o vírus se espalha por Estados do Meio-Oeste e do Nordeste que evitaram amplamente o pior da elevação dos índices de covid-19 no verão. Nas duas últimas semanas, registros de novos casos aumentaram mais de 40% na Pensilvânia, mais de 80% em Massachusetts e 70% em Indiana.

As taxas de infecção também estão persistentemente altas em grande parte do Oeste americano, incluindo no Arizona e Novo México, onde o número de hospitalizações está aumentando, e no Alasca e Wyoming, onde os índices tinham começado a melhorar depois de surtos grandes. Mas a taxa de casos na Califórnia está relativamente baixa, assim como no Sul do país, a região mais severamente atingida no verão. 

Anteriormente ao feriado de Ação de Graças de 2020, o país registrava diariamente 175 mil novos casos de covid-19 e estava na metade do caminho da mais grave intensificação de infecções durante a pandemia. Faltavam semanas ainda até que as vacinas fossem autorizadas, muitas escolas estavam fechadas e testes rápidos e portáteis ainda eram raros. Mas mesmo que cientistas alertassem que a covid-19 dificilmente desapareceria completamente, havia um otimismo generalizado de que as vacinas poderiam tornar o vírus uma preocupação secundária em nossas vidas. 

“Tivemos um fim de ano difícil ano passado”, disse Kirk Burrows, de 26 anos, paramédico de Unity, Maine, afirmando que planeja ficar em casa outra vez no Dia de Ação de Graças. “Acho que este ano será pior.” 

Burrows, que recordou longas horas de viagens de ambulância com pacientes de covid-19 sendo transferidos para hospitais distantes, disse que muita gente baixou a guarda enquanto a pandemia ainda persistia. O Estado do Maine está registrando rotineiramente 700 novos casos por dia, o maior número desde que a pandemia começou, e o índice de hospitalizações tem batido recordes.

“Acho que as pessoas estão fartas”, afirmou Burrows. “Elas tiveram aquele vislumbre de esperança em junho e julho — e foram em frente nessa. Agora, todo mundo se acostumou com isso.” 

O médico James Volk, vice-presidente da Sanford Health, em Fargo, Dakota do Norte, onde as hospitalizações por covid-19 estão persistentemente altas, disse ter tido a sensação de que menos pessoas estão buscando aconselhamento médico a respeito de como agir durante os feriados deste fim de ano. 

“Acho que as pessoas em geral meio que deixaram isso para trás”, disse Volk, afirmando que planeja ficar em casa neste Dia de Ação de Graças por preocupações relativas ao vírus. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

CHICAGO — Um mês atrás, o índice de novos casos de covid-19 nos Estados Unidos caía em ritmo constante. O pior momento do triste pico de infecções, registrado no verão e alimentado pela variante Delta, parecia ter passado. Mas enquanto os americanos viajam, esta semana, para encontrar parentes que não veem há muito tempo e celebrar a Ação de Graças, o índice de novos casos volta a crescer nos EUA, especialmente no Norte do Meio-Oeste e no Nordeste. 

Equipes médicas do governo federal foram enviadas a Minnesota para prestar ajuda em hospitais lotados. Michigan está enfrentando seu maior aumento de casos de covid-19, com o índice diário de novos casos duplicando desde o início de novembro. Mesmo a região da Nova Inglaterra, onde as taxas de vacinação são altas, enfrenta dificuldades — com Vermont, Maine e New Hampshire tentando conter grandes surtos. 

Nacionalmente, o índice de novos casos permanece bem abaixo do registrado no início de setembro, quando houve o pico de infecções do verão, e abaixo dos números do feriado de Ação de Graças do ano passado. Mas as condições estão piorando rapidamente, e este não será o feriado de Ação de Graças pré-pandêmico que os americanos esperavam. Mais de 90 mil novos casos estão sendo registrados diariamente, número comparável ao do início de agosto, e mais de 30 Estados estão registrando elevações em ritmo constante nas infecções. Nos lugares mais atingidos, as hospitalizações já estão aumentando. 

“Essa coisa não está mais apenas nos atacando com bombas — está nos bombardeando com uma chuva de mísseis”, afirmou o epidemiologista Michael Osterholm, da Universidade de Minnesota. Ele afirmou que o coronavírus tem desafiado repetidamente as previsões e continua a fazê-lo. 

A enfermeira Donna Sutton trata um paciente de covid-19 em um hospital em Alma, Michigan; Estado tem uma das maiores altas nos EUA Foto: Nic Antaya / The New York Times

A nova elevação no número de casos ocorre num momento complicado. Anteriormente ao feriado de Ação de Graças do ano passado, quando as vacinas ainda não estavam disponíveis, autoridades federais e locais pediam firmemente que os americanos evitassem as celebrações de fim de ano. Mas num acentuado contraste este ano, as autoridades de saúde pública, incluindo o médico Anthony Fauci, principal especialista em doenças infecciosas no país, sugerem quase que unanimemente que pessoas vacinadas podem se reunir em relativa segurança. 

Em entrevistas realizadas por todo o país, americanos afirmaram não ter certeza do que pensar. 

Jess Helle-Morrissey, de 43 anos, terapeuta que vive em Saint Paul, Minnesota, afirmou que decidiu organizar um jantar de Ação de Graças, apesar de os índices de casos em seu Estado estarem entre os mais altos do país. Cerca de 4,2 mil novos casos são registrados diariamente em Minnesota, e o número de hospitalizações está disparando no Estado. 

“Todos usam máscaras diligentemente e não correm riscos à toa”, afirmou ela a respeito de seus convidados. “Aos que virão, sempre digo: venham totalmente vacinados.” 

Em importantes aspectos, o país está em situação melhor do que estava em relação a elevações anteriores dos números da pandemia. Os médicos aprenderam melhor como tratar os doentes, e especialistas têm esperança de que pílulas antivirais logo sejam aprovadas. Mais crucialmente, muito americanos foram vacinados. A disponibilidade dessas vacinas — incluindo a aprovação recente de doses de reforço para todos os adultos — aumentou a confiança de muitos dos que planejam ir em frente com suas celebrações de fim de ano. 

Mas aproximadamente 50 mil pacientes de covid-19 estão hospitalizados em todo o país, e dezenas de milhões de americanos rejeitaram a vacinação. A trajetória do coronavírus na Europa, onde a Áustria está entrando em lockdown e algumas regiões da Alemanha fecharam mercados natalinos, elevou os temores a respeito da possível magnitude da elevação no número de casos nos EUA. 

“A última coisa que eu quero é o que a Áustria está fazendo”, afirmou a médica Allison Arwady, comissária de saúde pública de Chicago, onde o número de casos começou a aumentar. “Não quero mesmo ter de apelar para isso.” 

Na Áustria, cerca de 66% da população completou o ciclo vacinal contra o coronavírus. Nos EUA, aproximadamente 59% da população foi totalmente vacinada. 

Mesmo assim, milhões de americanos estão indo em frente com seus planos de fim de ano. Autoridades federais preveem que o número de viagens aéreas no feriado de Ação de Graças se aproximará dos níveis pré-pandêmicos. E muitos dos que viajarão este ano não estarão vacinados, não usarão máscaras e, em sua maioria, não tomarão nenhum tipo de precaução para evitar o coronavírus.

Muitos especialistas afirmaram que a ampla disponibilidade das vacinas, agora autorizadas para todos com mais de 5 anos, assim como de testes rápidos, que podem ser realizados nas residências das pessoas, tornam possível para os vacinados reunirem-se em relativa segurança, mas riscos ainda existem. 

Arwady afirmou que planeja passar este feriado com parentes e amigos próximos e que todos estarão vacinados, exceto as crianças que ainda não são qualificáveis para vacinação. Ainda que os registro de novos casos no Estado de Illinois tenham aumentado 62% nas duas últimas semanas, ela afirmou querer que pessoas vacinadas se sintam seguras em seguir com sua vida e aproveitar o feriado de Ação de Graças. 

“É possível que a infestação aumente? Claro que é”, afirmou Arwady, sugerindo que adultos não vacinados devem considerar ficar em casa. “Pessoas vacinadas, mesmo sem a dose de reforço, correm risco de acabar no hospital ou morrer? Na verdade, não.”

Osterholm afirmou se preocupar com uma possível elevação no número de casos entre pessoas vacinadas que não tomaram as doses de reforço e a respeito de potenciais mutações futuras do vírus. Mesmo assim, ele também planeja se reunir no feriado com parentes vacinados.

Muitos outros entrevistados, incluindo em Estados com os índices mais altos de infecção, expressaram exaustão e frustração em virtude de o vírus ainda representar um fator a ser considerado nestes feriados de fim de ano, 20 meses depois de iniciada a pandemia. 

Rebecca Smith, epidemiologista da Universidade de Illinois, afirmou que planeja viajar de carro com os filhos para visitar a família, mas se testará antes e depois da viagem. 

“As pessoas querem voltar à normalidade, e entendemos isso — e sempre há maneiras de fazer isso com segurança”, afirmou ela. 

Ainda assim, Smith afirmou que sua expectativa é de que o surto em Illinois continue a piorar, enquanto o vírus se espalha por Estados do Meio-Oeste e do Nordeste que evitaram amplamente o pior da elevação dos índices de covid-19 no verão. Nas duas últimas semanas, registros de novos casos aumentaram mais de 40% na Pensilvânia, mais de 80% em Massachusetts e 70% em Indiana.

As taxas de infecção também estão persistentemente altas em grande parte do Oeste americano, incluindo no Arizona e Novo México, onde o número de hospitalizações está aumentando, e no Alasca e Wyoming, onde os índices tinham começado a melhorar depois de surtos grandes. Mas a taxa de casos na Califórnia está relativamente baixa, assim como no Sul do país, a região mais severamente atingida no verão. 

Anteriormente ao feriado de Ação de Graças de 2020, o país registrava diariamente 175 mil novos casos de covid-19 e estava na metade do caminho da mais grave intensificação de infecções durante a pandemia. Faltavam semanas ainda até que as vacinas fossem autorizadas, muitas escolas estavam fechadas e testes rápidos e portáteis ainda eram raros. Mas mesmo que cientistas alertassem que a covid-19 dificilmente desapareceria completamente, havia um otimismo generalizado de que as vacinas poderiam tornar o vírus uma preocupação secundária em nossas vidas. 

“Tivemos um fim de ano difícil ano passado”, disse Kirk Burrows, de 26 anos, paramédico de Unity, Maine, afirmando que planeja ficar em casa outra vez no Dia de Ação de Graças. “Acho que este ano será pior.” 

Burrows, que recordou longas horas de viagens de ambulância com pacientes de covid-19 sendo transferidos para hospitais distantes, disse que muita gente baixou a guarda enquanto a pandemia ainda persistia. O Estado do Maine está registrando rotineiramente 700 novos casos por dia, o maior número desde que a pandemia começou, e o índice de hospitalizações tem batido recordes.

“Acho que as pessoas estão fartas”, afirmou Burrows. “Elas tiveram aquele vislumbre de esperança em junho e julho — e foram em frente nessa. Agora, todo mundo se acostumou com isso.” 

O médico James Volk, vice-presidente da Sanford Health, em Fargo, Dakota do Norte, onde as hospitalizações por covid-19 estão persistentemente altas, disse ter tido a sensação de que menos pessoas estão buscando aconselhamento médico a respeito de como agir durante os feriados deste fim de ano. 

“Acho que as pessoas em geral meio que deixaram isso para trás”, disse Volk, afirmando que planeja ficar em casa neste Dia de Ação de Graças por preocupações relativas ao vírus. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

CHICAGO — Um mês atrás, o índice de novos casos de covid-19 nos Estados Unidos caía em ritmo constante. O pior momento do triste pico de infecções, registrado no verão e alimentado pela variante Delta, parecia ter passado. Mas enquanto os americanos viajam, esta semana, para encontrar parentes que não veem há muito tempo e celebrar a Ação de Graças, o índice de novos casos volta a crescer nos EUA, especialmente no Norte do Meio-Oeste e no Nordeste. 

Equipes médicas do governo federal foram enviadas a Minnesota para prestar ajuda em hospitais lotados. Michigan está enfrentando seu maior aumento de casos de covid-19, com o índice diário de novos casos duplicando desde o início de novembro. Mesmo a região da Nova Inglaterra, onde as taxas de vacinação são altas, enfrenta dificuldades — com Vermont, Maine e New Hampshire tentando conter grandes surtos. 

Nacionalmente, o índice de novos casos permanece bem abaixo do registrado no início de setembro, quando houve o pico de infecções do verão, e abaixo dos números do feriado de Ação de Graças do ano passado. Mas as condições estão piorando rapidamente, e este não será o feriado de Ação de Graças pré-pandêmico que os americanos esperavam. Mais de 90 mil novos casos estão sendo registrados diariamente, número comparável ao do início de agosto, e mais de 30 Estados estão registrando elevações em ritmo constante nas infecções. Nos lugares mais atingidos, as hospitalizações já estão aumentando. 

“Essa coisa não está mais apenas nos atacando com bombas — está nos bombardeando com uma chuva de mísseis”, afirmou o epidemiologista Michael Osterholm, da Universidade de Minnesota. Ele afirmou que o coronavírus tem desafiado repetidamente as previsões e continua a fazê-lo. 

A enfermeira Donna Sutton trata um paciente de covid-19 em um hospital em Alma, Michigan; Estado tem uma das maiores altas nos EUA Foto: Nic Antaya / The New York Times

A nova elevação no número de casos ocorre num momento complicado. Anteriormente ao feriado de Ação de Graças do ano passado, quando as vacinas ainda não estavam disponíveis, autoridades federais e locais pediam firmemente que os americanos evitassem as celebrações de fim de ano. Mas num acentuado contraste este ano, as autoridades de saúde pública, incluindo o médico Anthony Fauci, principal especialista em doenças infecciosas no país, sugerem quase que unanimemente que pessoas vacinadas podem se reunir em relativa segurança. 

Em entrevistas realizadas por todo o país, americanos afirmaram não ter certeza do que pensar. 

Jess Helle-Morrissey, de 43 anos, terapeuta que vive em Saint Paul, Minnesota, afirmou que decidiu organizar um jantar de Ação de Graças, apesar de os índices de casos em seu Estado estarem entre os mais altos do país. Cerca de 4,2 mil novos casos são registrados diariamente em Minnesota, e o número de hospitalizações está disparando no Estado. 

“Todos usam máscaras diligentemente e não correm riscos à toa”, afirmou ela a respeito de seus convidados. “Aos que virão, sempre digo: venham totalmente vacinados.” 

Em importantes aspectos, o país está em situação melhor do que estava em relação a elevações anteriores dos números da pandemia. Os médicos aprenderam melhor como tratar os doentes, e especialistas têm esperança de que pílulas antivirais logo sejam aprovadas. Mais crucialmente, muito americanos foram vacinados. A disponibilidade dessas vacinas — incluindo a aprovação recente de doses de reforço para todos os adultos — aumentou a confiança de muitos dos que planejam ir em frente com suas celebrações de fim de ano. 

Mas aproximadamente 50 mil pacientes de covid-19 estão hospitalizados em todo o país, e dezenas de milhões de americanos rejeitaram a vacinação. A trajetória do coronavírus na Europa, onde a Áustria está entrando em lockdown e algumas regiões da Alemanha fecharam mercados natalinos, elevou os temores a respeito da possível magnitude da elevação no número de casos nos EUA. 

“A última coisa que eu quero é o que a Áustria está fazendo”, afirmou a médica Allison Arwady, comissária de saúde pública de Chicago, onde o número de casos começou a aumentar. “Não quero mesmo ter de apelar para isso.” 

Na Áustria, cerca de 66% da população completou o ciclo vacinal contra o coronavírus. Nos EUA, aproximadamente 59% da população foi totalmente vacinada. 

Mesmo assim, milhões de americanos estão indo em frente com seus planos de fim de ano. Autoridades federais preveem que o número de viagens aéreas no feriado de Ação de Graças se aproximará dos níveis pré-pandêmicos. E muitos dos que viajarão este ano não estarão vacinados, não usarão máscaras e, em sua maioria, não tomarão nenhum tipo de precaução para evitar o coronavírus.

Muitos especialistas afirmaram que a ampla disponibilidade das vacinas, agora autorizadas para todos com mais de 5 anos, assim como de testes rápidos, que podem ser realizados nas residências das pessoas, tornam possível para os vacinados reunirem-se em relativa segurança, mas riscos ainda existem. 

Arwady afirmou que planeja passar este feriado com parentes e amigos próximos e que todos estarão vacinados, exceto as crianças que ainda não são qualificáveis para vacinação. Ainda que os registro de novos casos no Estado de Illinois tenham aumentado 62% nas duas últimas semanas, ela afirmou querer que pessoas vacinadas se sintam seguras em seguir com sua vida e aproveitar o feriado de Ação de Graças. 

“É possível que a infestação aumente? Claro que é”, afirmou Arwady, sugerindo que adultos não vacinados devem considerar ficar em casa. “Pessoas vacinadas, mesmo sem a dose de reforço, correm risco de acabar no hospital ou morrer? Na verdade, não.”

Osterholm afirmou se preocupar com uma possível elevação no número de casos entre pessoas vacinadas que não tomaram as doses de reforço e a respeito de potenciais mutações futuras do vírus. Mesmo assim, ele também planeja se reunir no feriado com parentes vacinados.

Muitos outros entrevistados, incluindo em Estados com os índices mais altos de infecção, expressaram exaustão e frustração em virtude de o vírus ainda representar um fator a ser considerado nestes feriados de fim de ano, 20 meses depois de iniciada a pandemia. 

Rebecca Smith, epidemiologista da Universidade de Illinois, afirmou que planeja viajar de carro com os filhos para visitar a família, mas se testará antes e depois da viagem. 

“As pessoas querem voltar à normalidade, e entendemos isso — e sempre há maneiras de fazer isso com segurança”, afirmou ela. 

Ainda assim, Smith afirmou que sua expectativa é de que o surto em Illinois continue a piorar, enquanto o vírus se espalha por Estados do Meio-Oeste e do Nordeste que evitaram amplamente o pior da elevação dos índices de covid-19 no verão. Nas duas últimas semanas, registros de novos casos aumentaram mais de 40% na Pensilvânia, mais de 80% em Massachusetts e 70% em Indiana.

As taxas de infecção também estão persistentemente altas em grande parte do Oeste americano, incluindo no Arizona e Novo México, onde o número de hospitalizações está aumentando, e no Alasca e Wyoming, onde os índices tinham começado a melhorar depois de surtos grandes. Mas a taxa de casos na Califórnia está relativamente baixa, assim como no Sul do país, a região mais severamente atingida no verão. 

Anteriormente ao feriado de Ação de Graças de 2020, o país registrava diariamente 175 mil novos casos de covid-19 e estava na metade do caminho da mais grave intensificação de infecções durante a pandemia. Faltavam semanas ainda até que as vacinas fossem autorizadas, muitas escolas estavam fechadas e testes rápidos e portáteis ainda eram raros. Mas mesmo que cientistas alertassem que a covid-19 dificilmente desapareceria completamente, havia um otimismo generalizado de que as vacinas poderiam tornar o vírus uma preocupação secundária em nossas vidas. 

“Tivemos um fim de ano difícil ano passado”, disse Kirk Burrows, de 26 anos, paramédico de Unity, Maine, afirmando que planeja ficar em casa outra vez no Dia de Ação de Graças. “Acho que este ano será pior.” 

Burrows, que recordou longas horas de viagens de ambulância com pacientes de covid-19 sendo transferidos para hospitais distantes, disse que muita gente baixou a guarda enquanto a pandemia ainda persistia. O Estado do Maine está registrando rotineiramente 700 novos casos por dia, o maior número desde que a pandemia começou, e o índice de hospitalizações tem batido recordes.

“Acho que as pessoas estão fartas”, afirmou Burrows. “Elas tiveram aquele vislumbre de esperança em junho e julho — e foram em frente nessa. Agora, todo mundo se acostumou com isso.” 

O médico James Volk, vice-presidente da Sanford Health, em Fargo, Dakota do Norte, onde as hospitalizações por covid-19 estão persistentemente altas, disse ter tido a sensação de que menos pessoas estão buscando aconselhamento médico a respeito de como agir durante os feriados deste fim de ano. 

“Acho que as pessoas em geral meio que deixaram isso para trás”, disse Volk, afirmando que planeja ficar em casa neste Dia de Ação de Graças por preocupações relativas ao vírus. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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