Coreia do Sul e Japão anunciam acordo sobre escravas sexuais


Chanceleres dos dois países se reuniram nesta segunda-feira em Seul para resolver o maior empecilho em seus laços bilaterais: a reparação em razão das mais de 200 mil mulheres usadas como escravas sexuais pelo Exército japonês antes e durante a 2.ª Guerra

Atualização:

SEUL - Coreia do Sul e Japão fecharam nesta segunda-feira, 28, um histórico acordo sobre o drama das mulheres submetidas à escravidão sexual pelo exército japonês antes e durante a 2.ª Guerra, destravando o maior empecilho em seus laços bilaterais. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, considerou que o acordo inicia uma "nova era" nas relações entre os dois países.

"O Japão e a Coreia do Sul darão boas vindas a uma nova era", disse Abe a repórteres depois de falar por telefone com a presidente sul-coreana, Park Geun-Hye. "Ambos os países vão trabalhar em conjunto", acrescentou Abe.

O chanceler japonês Fumio Kishida (E) cumprimenta o colega sul-coreano Yun Byung-Se após o anuncio do acordo sobre escravas sexuais Foto: REUTERS/Min Kyeong-seok/News1
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A questão da escravidão sexual tem influenciado negativamente as relações entres os dois vizinhos há décadas, o que contraria também Washington, que preferia ver seus aliados na Ásia concentrados em uma resposta conjunta às ambições da China na região.

O Japão aceitou depositar um bilhão de ienes (8,3 milhões de dólares) em indenização às vítimas sul-coreanas ainda vivas. 

"O sistema das 'mulheres conforto' existiu em razão do envolvimento do Exército japonês e o governo japonês é plenamente consciente de sua responsabilidade", declarou nesta segunda o ministro japonês das Relações Exteriores, Fumio Kishida, após as discussões com seu colega sul-coreano Yun Byung-Se. "O acordo será definitivo e irreversível se o Japão assumir suas responsabilidades", declarou o ministro Yun Byung-Se à imprensa.

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O primeiro-ministro japonês também expressou suas "sinceras desculpas e seu pesar" às vítimas, segundo Kishida.

Os chanceleres dos dois paíeses se reuniram nesta segunda em Seul para abordar o tema das "mulheres conforto", um eufemismo utilizado pelos japoneses para se referir à prática do Exército imperial de explorar sexualmente as mulheres.

Desde que chegou ao poder, em fevereiro de 2013, a presidente Park Geun-Hye adotou uma posição intransigente sobre o tema. Recentemente, ela sustentou que essa questão continuava sendo "o maior obstáculo" para que ambos os países pudessem ter relações amistosas. 

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No mês passado Abe e a presidente sul-coreana realizaram uma cúpula bilateral em Seul, na qual decidiram acelerar as negociações para solucionar o assunto.

Dezenas de jornalistas acompanham a reação de ex-escravas sexuais sul-coreanas durante o anuncio de reparações feito pelo chanceler japonês Foto: Hong Ji-won/Yonhap via AP

Os abusos. Segundo vários historiadores, 200.000 mulheres, principalmente coreanas, mas também chinesas, indonésias e de outras nacionalidades, foram submetidas à escravidão sexual pelo  Exército japonês. Na Coreia do Sul restam 46 sobreviventes.

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A posição do Japão, que ocupou a Coreia de 1910 a 1945, era até o momento de considerar que esta questão havia sido resolvida em 1965, em favor do acordo que restabeleceu as relações diplomáticas entre Tóquio e Seul.

O Japão emitiu uma declaração em 1993 expressando suas "sinceras desculpas e arrependimento" às mulheres que sofreram "uma dor imensurável, incurável do ponto de vista físico e psicológico pelos ferimentos depois de terem sido usadas como 'mulheres de conforto'".

Desde que ambos os países normalizaram suas relações, em 1965, o Japão entregou cerca de 800 milhões de dólares em subsídios ou empréstimos a sua antiga colônia. Contudo, esse montante foi financiado por fundos privados e não pelo governo japonês.

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Desta forma, Seul continuou a exigir que o Japão formulasse uma nova declaração para pedir perdão às mulheres escravizadas nos prostíbulos do Exército imperial e que indenizasse as sobreviventes.

O acordo desta segunda-feira prevê que Seul se esforce, em cooperação com as associações de vítimas, a mudar de lugar uma estátua que simboliza o sofrimento das 'mulheres conforto' que está atualmente na frente da embaixada japonesa. Tóquio considera esta obra insultante.

Yun também indicou que o seu país evitará levantar a questão durante as próximas cúpulas internacionais. "Estou muito feliz em anunciar, antes do final deste ano que marca o 50º aniversário da retomada das relações, a conclusão de negociações difíceis", disse ele.

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Para o chanceler Kishida, o acordo não beneficiará apenas seus dois signatários, mas contribuirá de forma mais ampla "para a paz e a estabilidade na região".

De acordo com muitos observadores, a Casa Branca pressionou a presidente Park a aliviar sua posição. E foi graças a suposta pressão dos Estados Unidos que ela concordou no início de novembro a se encontrar com Abe, na primeira cúpula bilateral entre os dois líderes.

Os dois vizinhos também se opõem sobre a soberania de ilhotas isoladas no Mar do Japão, as ilhas Dokdo, de acordo com o nome coreano, e Takeshima pela nomenclatura japonesa. Situadas a meio caminho entre os dois países, as ilhas são controladas pela Coreia do Sul, mas reivindicadas por Tóquio. / AFP e EFE

SEUL - Coreia do Sul e Japão fecharam nesta segunda-feira, 28, um histórico acordo sobre o drama das mulheres submetidas à escravidão sexual pelo exército japonês antes e durante a 2.ª Guerra, destravando o maior empecilho em seus laços bilaterais. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, considerou que o acordo inicia uma "nova era" nas relações entre os dois países.

"O Japão e a Coreia do Sul darão boas vindas a uma nova era", disse Abe a repórteres depois de falar por telefone com a presidente sul-coreana, Park Geun-Hye. "Ambos os países vão trabalhar em conjunto", acrescentou Abe.

O chanceler japonês Fumio Kishida (E) cumprimenta o colega sul-coreano Yun Byung-Se após o anuncio do acordo sobre escravas sexuais Foto: REUTERS/Min Kyeong-seok/News1

A questão da escravidão sexual tem influenciado negativamente as relações entres os dois vizinhos há décadas, o que contraria também Washington, que preferia ver seus aliados na Ásia concentrados em uma resposta conjunta às ambições da China na região.

O Japão aceitou depositar um bilhão de ienes (8,3 milhões de dólares) em indenização às vítimas sul-coreanas ainda vivas. 

"O sistema das 'mulheres conforto' existiu em razão do envolvimento do Exército japonês e o governo japonês é plenamente consciente de sua responsabilidade", declarou nesta segunda o ministro japonês das Relações Exteriores, Fumio Kishida, após as discussões com seu colega sul-coreano Yun Byung-Se. "O acordo será definitivo e irreversível se o Japão assumir suas responsabilidades", declarou o ministro Yun Byung-Se à imprensa.

O primeiro-ministro japonês também expressou suas "sinceras desculpas e seu pesar" às vítimas, segundo Kishida.

Os chanceleres dos dois paíeses se reuniram nesta segunda em Seul para abordar o tema das "mulheres conforto", um eufemismo utilizado pelos japoneses para se referir à prática do Exército imperial de explorar sexualmente as mulheres.

Desde que chegou ao poder, em fevereiro de 2013, a presidente Park Geun-Hye adotou uma posição intransigente sobre o tema. Recentemente, ela sustentou que essa questão continuava sendo "o maior obstáculo" para que ambos os países pudessem ter relações amistosas. 

No mês passado Abe e a presidente sul-coreana realizaram uma cúpula bilateral em Seul, na qual decidiram acelerar as negociações para solucionar o assunto.

Dezenas de jornalistas acompanham a reação de ex-escravas sexuais sul-coreanas durante o anuncio de reparações feito pelo chanceler japonês Foto: Hong Ji-won/Yonhap via AP

Os abusos. Segundo vários historiadores, 200.000 mulheres, principalmente coreanas, mas também chinesas, indonésias e de outras nacionalidades, foram submetidas à escravidão sexual pelo  Exército japonês. Na Coreia do Sul restam 46 sobreviventes.

A posição do Japão, que ocupou a Coreia de 1910 a 1945, era até o momento de considerar que esta questão havia sido resolvida em 1965, em favor do acordo que restabeleceu as relações diplomáticas entre Tóquio e Seul.

O Japão emitiu uma declaração em 1993 expressando suas "sinceras desculpas e arrependimento" às mulheres que sofreram "uma dor imensurável, incurável do ponto de vista físico e psicológico pelos ferimentos depois de terem sido usadas como 'mulheres de conforto'".

Desde que ambos os países normalizaram suas relações, em 1965, o Japão entregou cerca de 800 milhões de dólares em subsídios ou empréstimos a sua antiga colônia. Contudo, esse montante foi financiado por fundos privados e não pelo governo japonês.

Desta forma, Seul continuou a exigir que o Japão formulasse uma nova declaração para pedir perdão às mulheres escravizadas nos prostíbulos do Exército imperial e que indenizasse as sobreviventes.

O acordo desta segunda-feira prevê que Seul se esforce, em cooperação com as associações de vítimas, a mudar de lugar uma estátua que simboliza o sofrimento das 'mulheres conforto' que está atualmente na frente da embaixada japonesa. Tóquio considera esta obra insultante.

Yun também indicou que o seu país evitará levantar a questão durante as próximas cúpulas internacionais. "Estou muito feliz em anunciar, antes do final deste ano que marca o 50º aniversário da retomada das relações, a conclusão de negociações difíceis", disse ele.

Para o chanceler Kishida, o acordo não beneficiará apenas seus dois signatários, mas contribuirá de forma mais ampla "para a paz e a estabilidade na região".

De acordo com muitos observadores, a Casa Branca pressionou a presidente Park a aliviar sua posição. E foi graças a suposta pressão dos Estados Unidos que ela concordou no início de novembro a se encontrar com Abe, na primeira cúpula bilateral entre os dois líderes.

Os dois vizinhos também se opõem sobre a soberania de ilhotas isoladas no Mar do Japão, as ilhas Dokdo, de acordo com o nome coreano, e Takeshima pela nomenclatura japonesa. Situadas a meio caminho entre os dois países, as ilhas são controladas pela Coreia do Sul, mas reivindicadas por Tóquio. / AFP e EFE

SEUL - Coreia do Sul e Japão fecharam nesta segunda-feira, 28, um histórico acordo sobre o drama das mulheres submetidas à escravidão sexual pelo exército japonês antes e durante a 2.ª Guerra, destravando o maior empecilho em seus laços bilaterais. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, considerou que o acordo inicia uma "nova era" nas relações entre os dois países.

"O Japão e a Coreia do Sul darão boas vindas a uma nova era", disse Abe a repórteres depois de falar por telefone com a presidente sul-coreana, Park Geun-Hye. "Ambos os países vão trabalhar em conjunto", acrescentou Abe.

O chanceler japonês Fumio Kishida (E) cumprimenta o colega sul-coreano Yun Byung-Se após o anuncio do acordo sobre escravas sexuais Foto: REUTERS/Min Kyeong-seok/News1

A questão da escravidão sexual tem influenciado negativamente as relações entres os dois vizinhos há décadas, o que contraria também Washington, que preferia ver seus aliados na Ásia concentrados em uma resposta conjunta às ambições da China na região.

O Japão aceitou depositar um bilhão de ienes (8,3 milhões de dólares) em indenização às vítimas sul-coreanas ainda vivas. 

"O sistema das 'mulheres conforto' existiu em razão do envolvimento do Exército japonês e o governo japonês é plenamente consciente de sua responsabilidade", declarou nesta segunda o ministro japonês das Relações Exteriores, Fumio Kishida, após as discussões com seu colega sul-coreano Yun Byung-Se. "O acordo será definitivo e irreversível se o Japão assumir suas responsabilidades", declarou o ministro Yun Byung-Se à imprensa.

O primeiro-ministro japonês também expressou suas "sinceras desculpas e seu pesar" às vítimas, segundo Kishida.

Os chanceleres dos dois paíeses se reuniram nesta segunda em Seul para abordar o tema das "mulheres conforto", um eufemismo utilizado pelos japoneses para se referir à prática do Exército imperial de explorar sexualmente as mulheres.

Desde que chegou ao poder, em fevereiro de 2013, a presidente Park Geun-Hye adotou uma posição intransigente sobre o tema. Recentemente, ela sustentou que essa questão continuava sendo "o maior obstáculo" para que ambos os países pudessem ter relações amistosas. 

No mês passado Abe e a presidente sul-coreana realizaram uma cúpula bilateral em Seul, na qual decidiram acelerar as negociações para solucionar o assunto.

Dezenas de jornalistas acompanham a reação de ex-escravas sexuais sul-coreanas durante o anuncio de reparações feito pelo chanceler japonês Foto: Hong Ji-won/Yonhap via AP

Os abusos. Segundo vários historiadores, 200.000 mulheres, principalmente coreanas, mas também chinesas, indonésias e de outras nacionalidades, foram submetidas à escravidão sexual pelo  Exército japonês. Na Coreia do Sul restam 46 sobreviventes.

A posição do Japão, que ocupou a Coreia de 1910 a 1945, era até o momento de considerar que esta questão havia sido resolvida em 1965, em favor do acordo que restabeleceu as relações diplomáticas entre Tóquio e Seul.

O Japão emitiu uma declaração em 1993 expressando suas "sinceras desculpas e arrependimento" às mulheres que sofreram "uma dor imensurável, incurável do ponto de vista físico e psicológico pelos ferimentos depois de terem sido usadas como 'mulheres de conforto'".

Desde que ambos os países normalizaram suas relações, em 1965, o Japão entregou cerca de 800 milhões de dólares em subsídios ou empréstimos a sua antiga colônia. Contudo, esse montante foi financiado por fundos privados e não pelo governo japonês.

Desta forma, Seul continuou a exigir que o Japão formulasse uma nova declaração para pedir perdão às mulheres escravizadas nos prostíbulos do Exército imperial e que indenizasse as sobreviventes.

O acordo desta segunda-feira prevê que Seul se esforce, em cooperação com as associações de vítimas, a mudar de lugar uma estátua que simboliza o sofrimento das 'mulheres conforto' que está atualmente na frente da embaixada japonesa. Tóquio considera esta obra insultante.

Yun também indicou que o seu país evitará levantar a questão durante as próximas cúpulas internacionais. "Estou muito feliz em anunciar, antes do final deste ano que marca o 50º aniversário da retomada das relações, a conclusão de negociações difíceis", disse ele.

Para o chanceler Kishida, o acordo não beneficiará apenas seus dois signatários, mas contribuirá de forma mais ampla "para a paz e a estabilidade na região".

De acordo com muitos observadores, a Casa Branca pressionou a presidente Park a aliviar sua posição. E foi graças a suposta pressão dos Estados Unidos que ela concordou no início de novembro a se encontrar com Abe, na primeira cúpula bilateral entre os dois líderes.

Os dois vizinhos também se opõem sobre a soberania de ilhotas isoladas no Mar do Japão, as ilhas Dokdo, de acordo com o nome coreano, e Takeshima pela nomenclatura japonesa. Situadas a meio caminho entre os dois países, as ilhas são controladas pela Coreia do Sul, mas reivindicadas por Tóquio. / AFP e EFE

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