Coronavírus faz o Taleban perceber que precisa dos profissionais da saúde vivos, não mortos


Grupo insurgente comunicou que voltará a aceitar equipes da Cruz Vermelha e da Organização Mundial de Saúde em territórios sob seu domínio no Afeganistão

Por Redação
Atualização:

CABUL - Amedrontados com a perspectiva de uma epidemia de coronavírus em partes do Afeganistão sob seu controle, o Taleban assumiu o compromisso de trabalhar com profissionais de saúde em vez de matá-los, coisa da qual já haviam sido acusados no passado.

Delegação Taleban desembarca em Doha, no Catar, para a assinatura do acordo de paz com os Estados Unidos. Foto: AP Photo/Hussein Sayed

No último mês de setembro, o Taleban suspendeu a proibição à Organização Mundial de Saúde (OMS) e à Cruz Vermelha de operarem em território controlado por insurgentes, depois de avisá-las, em abril, de suspeitas quanto às campanhas de vacinação contra a poliomielite realizadas no país.

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Quaisquer que tenham sido as reservas que os militantes mantiveram na erradicação dessa doença incapacitante, eles claramente compreenderam os perigos da pandemia de coronavírus que varre o resto do mundo.

"O Emirado Islâmico, por meio de sua Comissão de Saúde, garante a todas as organizações internacionais de saúde e à OMS sua prontidão para cooperar e coordenar com elas no combate ao coronavírus", disse Suhail Shaheen, porta-voz do Taliban, no Twitter, usando o termo que o grupo usa para se descrever.

Em um relatório de dezembro, a OMS absteve-se de apontar o Taleban ou qualquer outro grupo militante, pois contava o custo humano e social de ataques direcionados à saúde durante o ano de 2019.

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Pelo menos 51 profissionais de saúde, pacientes e funcionários de apoio foram mortos e 142 outros ficaram feridos. Como resultado dos ataques, 192 estabelecimentos de saúde foram fechados, dos quais apenas 34 foram reabertos. O Taleban negou a responsabilidade pelos ataques que as autoridades afegãs atribuíram a seus combatentes.

Atualmente, o Afeganistão tem 22 casos confirmados de coronavírus, com crescentes preocupações sobre o perigo de infecções entre os milhares de afegãos que cruzam a fronteira com o Irã - um dos países mais afetados do mundo.

O sistema de saúde lamentavelmente inadequado do país seria sem dúvida sobrecarregado se o vírus se instalasse. Além disso, após 18 anos de guerra, o governo controla apenas cerca de metade do país. O resto é controlado ou contestado pelos insurgentes, que chegaram a um acordo de paz com os Estados Unidos, mas ainda não iniciaram negociações com o governo.

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As comunidades nas áreas rurais da etnia Pashtun, onde o Taleban domina, podem sofrer com a perda de acesso ao apoio à saúde em suas aldeias como resultado de ações passadas do grupo. O acesso pode ser ainda pior para as mulheres nessas comunidades devido a atitudes conservadoras dos pashtuns em relação ao gênero.

Rahila, uma mulher de 31 anos que vive na província de Takhar, disse que em sua aldeia, em uma área controlada pelo Taleban, havia uma clínica de saúde com apenas médicos do sexo masculino.

"Quando ficamos doentes, não podemos ir ao médico. Nossos maridos trazem remédios para nós", disse Rahila à agência inglesa Reuters, pedindo para não publicar seu nome completo por questões de segurança. "Quem testará as mulheres?"

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Ela acrescentou: “E se uma mulher tiver coronavírus ... todos na nossa aldeia serão afetados. Se a mágica acontecer e ajudar o Taleban, ele poderá impedir o coronavírus em nossa aldeia”.

Zabihullah Mujahid, outro porta-voz do Taleban, disse à Reuters que os combatentes estavam incentivando as pessoas a ouvir os profissionais de saúde e as mensagens transmitidas pelos mulás, e forçariam qualquer um que não estivesse obedecendo.

"Nossos Mujahideen estão ajudando os profissionais de saúde a espalhar as mensagens sobre os perigos do COVID-19 ... entre o público em nossas áreas controladas", disse ele.

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Líderes religiosos também serão consultados sobre se as reuniões nas mesquitas devem ser suspensas se o temor pela saúde se intensificar, acrescentou.

Um comandante do Taleban na província de Helmand, no sul do país, disse que o grupo forneceria os serviços possíveis para as pessoas infectadas, mas acrescentou que eles não tinham instalações adequadas nem pessoal treinado para lidar com uma epidemia.

Juntamente com outros dois comandantes com os quais a Reuters conversou, ele disse que o Taliban tinha clínicas onde combatentes doentes ou feridos eram levados para tratamento. Por outro lado, algumas organizações não-governamentais afegãs estão operando em áreas propensas à insurgência.

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Waheed Omer, assessor do presidente Ashraf Ghani, disse que ainda está vendo relatos do Taleban assediando trabalhadores da saúde em algumas áreas. "Deve ser interrompido imediatamente", ele twittou na quarta-feira./ REUTERS

CABUL - Amedrontados com a perspectiva de uma epidemia de coronavírus em partes do Afeganistão sob seu controle, o Taleban assumiu o compromisso de trabalhar com profissionais de saúde em vez de matá-los, coisa da qual já haviam sido acusados no passado.

Delegação Taleban desembarca em Doha, no Catar, para a assinatura do acordo de paz com os Estados Unidos. Foto: AP Photo/Hussein Sayed

No último mês de setembro, o Taleban suspendeu a proibição à Organização Mundial de Saúde (OMS) e à Cruz Vermelha de operarem em território controlado por insurgentes, depois de avisá-las, em abril, de suspeitas quanto às campanhas de vacinação contra a poliomielite realizadas no país.

Quaisquer que tenham sido as reservas que os militantes mantiveram na erradicação dessa doença incapacitante, eles claramente compreenderam os perigos da pandemia de coronavírus que varre o resto do mundo.

"O Emirado Islâmico, por meio de sua Comissão de Saúde, garante a todas as organizações internacionais de saúde e à OMS sua prontidão para cooperar e coordenar com elas no combate ao coronavírus", disse Suhail Shaheen, porta-voz do Taliban, no Twitter, usando o termo que o grupo usa para se descrever.

Em um relatório de dezembro, a OMS absteve-se de apontar o Taleban ou qualquer outro grupo militante, pois contava o custo humano e social de ataques direcionados à saúde durante o ano de 2019.

Pelo menos 51 profissionais de saúde, pacientes e funcionários de apoio foram mortos e 142 outros ficaram feridos. Como resultado dos ataques, 192 estabelecimentos de saúde foram fechados, dos quais apenas 34 foram reabertos. O Taleban negou a responsabilidade pelos ataques que as autoridades afegãs atribuíram a seus combatentes.

Atualmente, o Afeganistão tem 22 casos confirmados de coronavírus, com crescentes preocupações sobre o perigo de infecções entre os milhares de afegãos que cruzam a fronteira com o Irã - um dos países mais afetados do mundo.

O sistema de saúde lamentavelmente inadequado do país seria sem dúvida sobrecarregado se o vírus se instalasse. Além disso, após 18 anos de guerra, o governo controla apenas cerca de metade do país. O resto é controlado ou contestado pelos insurgentes, que chegaram a um acordo de paz com os Estados Unidos, mas ainda não iniciaram negociações com o governo.

As comunidades nas áreas rurais da etnia Pashtun, onde o Taleban domina, podem sofrer com a perda de acesso ao apoio à saúde em suas aldeias como resultado de ações passadas do grupo. O acesso pode ser ainda pior para as mulheres nessas comunidades devido a atitudes conservadoras dos pashtuns em relação ao gênero.

Rahila, uma mulher de 31 anos que vive na província de Takhar, disse que em sua aldeia, em uma área controlada pelo Taleban, havia uma clínica de saúde com apenas médicos do sexo masculino.

"Quando ficamos doentes, não podemos ir ao médico. Nossos maridos trazem remédios para nós", disse Rahila à agência inglesa Reuters, pedindo para não publicar seu nome completo por questões de segurança. "Quem testará as mulheres?"

Ela acrescentou: “E se uma mulher tiver coronavírus ... todos na nossa aldeia serão afetados. Se a mágica acontecer e ajudar o Taleban, ele poderá impedir o coronavírus em nossa aldeia”.

Zabihullah Mujahid, outro porta-voz do Taleban, disse à Reuters que os combatentes estavam incentivando as pessoas a ouvir os profissionais de saúde e as mensagens transmitidas pelos mulás, e forçariam qualquer um que não estivesse obedecendo.

"Nossos Mujahideen estão ajudando os profissionais de saúde a espalhar as mensagens sobre os perigos do COVID-19 ... entre o público em nossas áreas controladas", disse ele.

Líderes religiosos também serão consultados sobre se as reuniões nas mesquitas devem ser suspensas se o temor pela saúde se intensificar, acrescentou.

Um comandante do Taleban na província de Helmand, no sul do país, disse que o grupo forneceria os serviços possíveis para as pessoas infectadas, mas acrescentou que eles não tinham instalações adequadas nem pessoal treinado para lidar com uma epidemia.

Juntamente com outros dois comandantes com os quais a Reuters conversou, ele disse que o Taliban tinha clínicas onde combatentes doentes ou feridos eram levados para tratamento. Por outro lado, algumas organizações não-governamentais afegãs estão operando em áreas propensas à insurgência.

Waheed Omer, assessor do presidente Ashraf Ghani, disse que ainda está vendo relatos do Taleban assediando trabalhadores da saúde em algumas áreas. "Deve ser interrompido imediatamente", ele twittou na quarta-feira./ REUTERS

CABUL - Amedrontados com a perspectiva de uma epidemia de coronavírus em partes do Afeganistão sob seu controle, o Taleban assumiu o compromisso de trabalhar com profissionais de saúde em vez de matá-los, coisa da qual já haviam sido acusados no passado.

Delegação Taleban desembarca em Doha, no Catar, para a assinatura do acordo de paz com os Estados Unidos. Foto: AP Photo/Hussein Sayed

No último mês de setembro, o Taleban suspendeu a proibição à Organização Mundial de Saúde (OMS) e à Cruz Vermelha de operarem em território controlado por insurgentes, depois de avisá-las, em abril, de suspeitas quanto às campanhas de vacinação contra a poliomielite realizadas no país.

Quaisquer que tenham sido as reservas que os militantes mantiveram na erradicação dessa doença incapacitante, eles claramente compreenderam os perigos da pandemia de coronavírus que varre o resto do mundo.

"O Emirado Islâmico, por meio de sua Comissão de Saúde, garante a todas as organizações internacionais de saúde e à OMS sua prontidão para cooperar e coordenar com elas no combate ao coronavírus", disse Suhail Shaheen, porta-voz do Taliban, no Twitter, usando o termo que o grupo usa para se descrever.

Em um relatório de dezembro, a OMS absteve-se de apontar o Taleban ou qualquer outro grupo militante, pois contava o custo humano e social de ataques direcionados à saúde durante o ano de 2019.

Pelo menos 51 profissionais de saúde, pacientes e funcionários de apoio foram mortos e 142 outros ficaram feridos. Como resultado dos ataques, 192 estabelecimentos de saúde foram fechados, dos quais apenas 34 foram reabertos. O Taleban negou a responsabilidade pelos ataques que as autoridades afegãs atribuíram a seus combatentes.

Atualmente, o Afeganistão tem 22 casos confirmados de coronavírus, com crescentes preocupações sobre o perigo de infecções entre os milhares de afegãos que cruzam a fronteira com o Irã - um dos países mais afetados do mundo.

O sistema de saúde lamentavelmente inadequado do país seria sem dúvida sobrecarregado se o vírus se instalasse. Além disso, após 18 anos de guerra, o governo controla apenas cerca de metade do país. O resto é controlado ou contestado pelos insurgentes, que chegaram a um acordo de paz com os Estados Unidos, mas ainda não iniciaram negociações com o governo.

As comunidades nas áreas rurais da etnia Pashtun, onde o Taleban domina, podem sofrer com a perda de acesso ao apoio à saúde em suas aldeias como resultado de ações passadas do grupo. O acesso pode ser ainda pior para as mulheres nessas comunidades devido a atitudes conservadoras dos pashtuns em relação ao gênero.

Rahila, uma mulher de 31 anos que vive na província de Takhar, disse que em sua aldeia, em uma área controlada pelo Taleban, havia uma clínica de saúde com apenas médicos do sexo masculino.

"Quando ficamos doentes, não podemos ir ao médico. Nossos maridos trazem remédios para nós", disse Rahila à agência inglesa Reuters, pedindo para não publicar seu nome completo por questões de segurança. "Quem testará as mulheres?"

Ela acrescentou: “E se uma mulher tiver coronavírus ... todos na nossa aldeia serão afetados. Se a mágica acontecer e ajudar o Taleban, ele poderá impedir o coronavírus em nossa aldeia”.

Zabihullah Mujahid, outro porta-voz do Taleban, disse à Reuters que os combatentes estavam incentivando as pessoas a ouvir os profissionais de saúde e as mensagens transmitidas pelos mulás, e forçariam qualquer um que não estivesse obedecendo.

"Nossos Mujahideen estão ajudando os profissionais de saúde a espalhar as mensagens sobre os perigos do COVID-19 ... entre o público em nossas áreas controladas", disse ele.

Líderes religiosos também serão consultados sobre se as reuniões nas mesquitas devem ser suspensas se o temor pela saúde se intensificar, acrescentou.

Um comandante do Taleban na província de Helmand, no sul do país, disse que o grupo forneceria os serviços possíveis para as pessoas infectadas, mas acrescentou que eles não tinham instalações adequadas nem pessoal treinado para lidar com uma epidemia.

Juntamente com outros dois comandantes com os quais a Reuters conversou, ele disse que o Taliban tinha clínicas onde combatentes doentes ou feridos eram levados para tratamento. Por outro lado, algumas organizações não-governamentais afegãs estão operando em áreas propensas à insurgência.

Waheed Omer, assessor do presidente Ashraf Ghani, disse que ainda está vendo relatos do Taleban assediando trabalhadores da saúde em algumas áreas. "Deve ser interrompido imediatamente", ele twittou na quarta-feira./ REUTERS

CABUL - Amedrontados com a perspectiva de uma epidemia de coronavírus em partes do Afeganistão sob seu controle, o Taleban assumiu o compromisso de trabalhar com profissionais de saúde em vez de matá-los, coisa da qual já haviam sido acusados no passado.

Delegação Taleban desembarca em Doha, no Catar, para a assinatura do acordo de paz com os Estados Unidos. Foto: AP Photo/Hussein Sayed

No último mês de setembro, o Taleban suspendeu a proibição à Organização Mundial de Saúde (OMS) e à Cruz Vermelha de operarem em território controlado por insurgentes, depois de avisá-las, em abril, de suspeitas quanto às campanhas de vacinação contra a poliomielite realizadas no país.

Quaisquer que tenham sido as reservas que os militantes mantiveram na erradicação dessa doença incapacitante, eles claramente compreenderam os perigos da pandemia de coronavírus que varre o resto do mundo.

"O Emirado Islâmico, por meio de sua Comissão de Saúde, garante a todas as organizações internacionais de saúde e à OMS sua prontidão para cooperar e coordenar com elas no combate ao coronavírus", disse Suhail Shaheen, porta-voz do Taliban, no Twitter, usando o termo que o grupo usa para se descrever.

Em um relatório de dezembro, a OMS absteve-se de apontar o Taleban ou qualquer outro grupo militante, pois contava o custo humano e social de ataques direcionados à saúde durante o ano de 2019.

Pelo menos 51 profissionais de saúde, pacientes e funcionários de apoio foram mortos e 142 outros ficaram feridos. Como resultado dos ataques, 192 estabelecimentos de saúde foram fechados, dos quais apenas 34 foram reabertos. O Taleban negou a responsabilidade pelos ataques que as autoridades afegãs atribuíram a seus combatentes.

Atualmente, o Afeganistão tem 22 casos confirmados de coronavírus, com crescentes preocupações sobre o perigo de infecções entre os milhares de afegãos que cruzam a fronteira com o Irã - um dos países mais afetados do mundo.

O sistema de saúde lamentavelmente inadequado do país seria sem dúvida sobrecarregado se o vírus se instalasse. Além disso, após 18 anos de guerra, o governo controla apenas cerca de metade do país. O resto é controlado ou contestado pelos insurgentes, que chegaram a um acordo de paz com os Estados Unidos, mas ainda não iniciaram negociações com o governo.

As comunidades nas áreas rurais da etnia Pashtun, onde o Taleban domina, podem sofrer com a perda de acesso ao apoio à saúde em suas aldeias como resultado de ações passadas do grupo. O acesso pode ser ainda pior para as mulheres nessas comunidades devido a atitudes conservadoras dos pashtuns em relação ao gênero.

Rahila, uma mulher de 31 anos que vive na província de Takhar, disse que em sua aldeia, em uma área controlada pelo Taleban, havia uma clínica de saúde com apenas médicos do sexo masculino.

"Quando ficamos doentes, não podemos ir ao médico. Nossos maridos trazem remédios para nós", disse Rahila à agência inglesa Reuters, pedindo para não publicar seu nome completo por questões de segurança. "Quem testará as mulheres?"

Ela acrescentou: “E se uma mulher tiver coronavírus ... todos na nossa aldeia serão afetados. Se a mágica acontecer e ajudar o Taleban, ele poderá impedir o coronavírus em nossa aldeia”.

Zabihullah Mujahid, outro porta-voz do Taleban, disse à Reuters que os combatentes estavam incentivando as pessoas a ouvir os profissionais de saúde e as mensagens transmitidas pelos mulás, e forçariam qualquer um que não estivesse obedecendo.

"Nossos Mujahideen estão ajudando os profissionais de saúde a espalhar as mensagens sobre os perigos do COVID-19 ... entre o público em nossas áreas controladas", disse ele.

Líderes religiosos também serão consultados sobre se as reuniões nas mesquitas devem ser suspensas se o temor pela saúde se intensificar, acrescentou.

Um comandante do Taleban na província de Helmand, no sul do país, disse que o grupo forneceria os serviços possíveis para as pessoas infectadas, mas acrescentou que eles não tinham instalações adequadas nem pessoal treinado para lidar com uma epidemia.

Juntamente com outros dois comandantes com os quais a Reuters conversou, ele disse que o Taliban tinha clínicas onde combatentes doentes ou feridos eram levados para tratamento. Por outro lado, algumas organizações não-governamentais afegãs estão operando em áreas propensas à insurgência.

Waheed Omer, assessor do presidente Ashraf Ghani, disse que ainda está vendo relatos do Taleban assediando trabalhadores da saúde em algumas áreas. "Deve ser interrompido imediatamente", ele twittou na quarta-feira./ REUTERS

CABUL - Amedrontados com a perspectiva de uma epidemia de coronavírus em partes do Afeganistão sob seu controle, o Taleban assumiu o compromisso de trabalhar com profissionais de saúde em vez de matá-los, coisa da qual já haviam sido acusados no passado.

Delegação Taleban desembarca em Doha, no Catar, para a assinatura do acordo de paz com os Estados Unidos. Foto: AP Photo/Hussein Sayed

No último mês de setembro, o Taleban suspendeu a proibição à Organização Mundial de Saúde (OMS) e à Cruz Vermelha de operarem em território controlado por insurgentes, depois de avisá-las, em abril, de suspeitas quanto às campanhas de vacinação contra a poliomielite realizadas no país.

Quaisquer que tenham sido as reservas que os militantes mantiveram na erradicação dessa doença incapacitante, eles claramente compreenderam os perigos da pandemia de coronavírus que varre o resto do mundo.

"O Emirado Islâmico, por meio de sua Comissão de Saúde, garante a todas as organizações internacionais de saúde e à OMS sua prontidão para cooperar e coordenar com elas no combate ao coronavírus", disse Suhail Shaheen, porta-voz do Taliban, no Twitter, usando o termo que o grupo usa para se descrever.

Em um relatório de dezembro, a OMS absteve-se de apontar o Taleban ou qualquer outro grupo militante, pois contava o custo humano e social de ataques direcionados à saúde durante o ano de 2019.

Pelo menos 51 profissionais de saúde, pacientes e funcionários de apoio foram mortos e 142 outros ficaram feridos. Como resultado dos ataques, 192 estabelecimentos de saúde foram fechados, dos quais apenas 34 foram reabertos. O Taleban negou a responsabilidade pelos ataques que as autoridades afegãs atribuíram a seus combatentes.

Atualmente, o Afeganistão tem 22 casos confirmados de coronavírus, com crescentes preocupações sobre o perigo de infecções entre os milhares de afegãos que cruzam a fronteira com o Irã - um dos países mais afetados do mundo.

O sistema de saúde lamentavelmente inadequado do país seria sem dúvida sobrecarregado se o vírus se instalasse. Além disso, após 18 anos de guerra, o governo controla apenas cerca de metade do país. O resto é controlado ou contestado pelos insurgentes, que chegaram a um acordo de paz com os Estados Unidos, mas ainda não iniciaram negociações com o governo.

As comunidades nas áreas rurais da etnia Pashtun, onde o Taleban domina, podem sofrer com a perda de acesso ao apoio à saúde em suas aldeias como resultado de ações passadas do grupo. O acesso pode ser ainda pior para as mulheres nessas comunidades devido a atitudes conservadoras dos pashtuns em relação ao gênero.

Rahila, uma mulher de 31 anos que vive na província de Takhar, disse que em sua aldeia, em uma área controlada pelo Taleban, havia uma clínica de saúde com apenas médicos do sexo masculino.

"Quando ficamos doentes, não podemos ir ao médico. Nossos maridos trazem remédios para nós", disse Rahila à agência inglesa Reuters, pedindo para não publicar seu nome completo por questões de segurança. "Quem testará as mulheres?"

Ela acrescentou: “E se uma mulher tiver coronavírus ... todos na nossa aldeia serão afetados. Se a mágica acontecer e ajudar o Taleban, ele poderá impedir o coronavírus em nossa aldeia”.

Zabihullah Mujahid, outro porta-voz do Taleban, disse à Reuters que os combatentes estavam incentivando as pessoas a ouvir os profissionais de saúde e as mensagens transmitidas pelos mulás, e forçariam qualquer um que não estivesse obedecendo.

"Nossos Mujahideen estão ajudando os profissionais de saúde a espalhar as mensagens sobre os perigos do COVID-19 ... entre o público em nossas áreas controladas", disse ele.

Líderes religiosos também serão consultados sobre se as reuniões nas mesquitas devem ser suspensas se o temor pela saúde se intensificar, acrescentou.

Um comandante do Taleban na província de Helmand, no sul do país, disse que o grupo forneceria os serviços possíveis para as pessoas infectadas, mas acrescentou que eles não tinham instalações adequadas nem pessoal treinado para lidar com uma epidemia.

Juntamente com outros dois comandantes com os quais a Reuters conversou, ele disse que o Taliban tinha clínicas onde combatentes doentes ou feridos eram levados para tratamento. Por outro lado, algumas organizações não-governamentais afegãs estão operando em áreas propensas à insurgência.

Waheed Omer, assessor do presidente Ashraf Ghani, disse que ainda está vendo relatos do Taleban assediando trabalhadores da saúde em algumas áreas. "Deve ser interrompido imediatamente", ele twittou na quarta-feira./ REUTERS

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