A decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de reconhecer a independência das regiões separatistas ucranianas de Donetsk e Luhansk, é uma medida que muitos temem como o estopim de uma intervenção militar russa contra a Ucrânia. A questão é problemática porque o território das duas províncias é maior do que a área efetivamente controlada pelos rebeldes. Assim, os separatistas podem requerer auxílio russo para expulsar dali forças do Exército ucraniano, abrindo caminho para uma invasão de tropas do Kremlin.
O conflito na região começou em 2014, quando rebeldes pró-Rússia tomaram prédios governamentais em Donetsk e Luhansk. Desde então, uma guerra de trincheiras ocorre na região. Ao menos de 13 mil pessoas já morreram.
Desde novembro, Putin reúne mais de 100 mil homens na fronteira com essas duas regiões, e tem pressionado a Ucrânia a não entrar na Otan, com a justificativa de que esse movimento prejudicaria a segurança da Rússia.
Nas últimas semanas, os rebeldes têm denunciado uma série de ataques de artilharia na região. Enquanto os separatistas culpam o governo ucraniano, aliados de Kiev, os Estados Unidos e a Otan, acusam a Rússia de tramar uma operação de “bandeira falsa” com esses ataques, para justificar a invasão.
Embora o governo russo tenha negado isso, Putin tem um longo histórico de acusações contra ele por usar tais operações. Antes do Conselho de Segurança russo se reunir nesta segunda, a TV estatal russa Rússia 24 exibiu vídeos dos líderes de Donetsk e Luhansk, Denis Pushilin e Leonid Pasechnik, respectivamente, pedindo o reconhecimento de suas regiões como Estados independentes a Putin.
"Em nome de todos os povos da República Popular de Donetsk (RPD), pedimos que reconheça a República Popular de Donetsk como um Estado independente, democrático, social e de Direito", disse Denis Pushilin, líder dos separatistas da região.
"Estimado Vladimir Vladimirovich [segundo nome de Putin], com o fim de impedir a morte massiva dos habitantes da república, peço que reconheça a soberania e a independência da República Popular de Luhansk", disse Leonid Pasechnik, pedindo também que o líder russo estude a possibilidade de firmar um tratado de cooperação de amizade entre Rússia e a RPL. / NYT e AP