MOSCOU - O governo da Rússia acusou nesta quinta-feira, 3, os Estados Unidos de agravar a crise na Ucrânia com o envio de 3 mil militares para a Alemanha, Polônia e Romênia. Segundo o Kremlin, a decisão é um ato de ameaça às fronteiras russas.
“Os americanos estão incendiando a tensões no continente europeu”, disse o porta-voz do Kremlin Dimitri Peskov. “Isso mostra que as preocupações russas são justificadas e compreensíveis.”
As tropas enviadas por Biden tem como objetivo garantir a defesa robusta do território de países-membros da Otan, segundo o governo americano. Apesar disso, o Departamento de Estado deu indícios de que esse movimento pode ser revertido caso a tensão na região diminua.
“Essa movimentação não é permanente, mas sim uma resposta ao estado atual da segurança no Leste Europeu, provocada pelo comportamento agressivo da Federação Russa”, disse o porta-voz do Departamento de Estado Ned Price.
Em meio ao acirramento das tensões, diversos líderes europeus conversaram nos últimos dias com o líder russo, Vladimir Putin, em uma tentativa de dar mais espaço para a diplomacia na crise.
O presidente francês Emmanuel Macron deve conversar com Putin ainda hoje, no quarto telefonema entre ambos nesta semana. Putin disse na terça-feira ainda estar disposto a uma saída diplomática para a crise, mas acusa os americanos e europeus de não atenderem as reivindicações russas sobre sua segurança na fronteira.
Na quinta-feira, o ministro da Defesa da Rússia, Sergei K. Shoigu, chegou a Belarus antes dos exercícios militares conjuntos planejados para este mês. entre os dois países.Moscou concentrou uma grande quantidade de tropas e equipamentos em Belarus – que faz fronteira com a Ucrânia e fica a pouco mais de 160 quilômetros da capital ucraniana, Kiev – para o que diz serem exercícios de rotina. Mas as autoridades americanas descreveram o acúmulo como muito maior do que o que foi visto em exercícios anteriores.
Putin deve embarcar amanhã para a China, onde se reunirá com o líder chinês, Xi Jinping, horas antes do início dos Jogos Olímpicos de Inverno em Pequim. A viagem é uma demonstração calculada do aprofundamento dos laços políticos e econômicos dos países, que representam um desafio crescente aos esforços das nações ocidentais para pressionar a Rússia.
Pequim expressou apoio às queixas de Putin contra os Estados Unidos e a Otan, e juntou-se à Rússia nesta semana para tentar bloquear ações contra a Ucrânia no Conselho de Segurança das Nações Unidas./ NYT