Crise no Equador terá um longo caminho pela frente; leia a análise


Um consenso inicial deu poder ao presidente Noboa, mas as consequências de um longo conflito são imprevisíveis

Por Sebastián Hurtado*

QUITO - As imagens chocaram o mundo: membros de gangues invadindo um estúdio de televisão, policiais sendo sequestrados, estudantes universitários correndo por sua segurança. Talvez desde os dias de Pablo Escobar, um país latino-americano não via um ataque tão audacioso aos símbolos centrais do poder.

Agora, o presidente Daniel Noboa enfrenta a difícil, mas não impossível, tarefa de restaurar o Estado de Direito. A rápida declaração de Noboa de um estado de “conflito armado interno” na terça-feira, 9, designando gangues como grupos terroristas, contrastou com respostas mais indulgentes de governos anteriores. As forças armadas do Equador receberão um aumento de recursos, embora estejam enfrentando adversários formidáveis e financeiramente poderosos.

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Houve algumas notícias encorajadoras. Em um país normalmente polarizado, surgiu um raro consenso político em apoio à postura firme de Noboa. Endossos vieram de diversos grupos políticos e da sociedade civil, incluindo o ex-presidente Rafael Correa e o líder indígena Leonidas Iza. Esse consenso proporciona a Noboa uma oportunidade política para reformas de segurança agressivas e outras medidas, incluindo seus planos de realizar um referendo sobre a extradição e o confisco de bens de criminosos.

Membros das Forças de Elite do Exército patrulham as ruas de Carapungo, um bairro popular no norte de Quito, em 11 de janeiro de 2024. Foto: STR / AFP

Mas os problemas não começaram ontem. A produção global de cocaína mais que dobrou na última década, de acordo com dados das Nações Unidas. O Equador, especialmente a cidade portuária de Guayaquil, onde grande parte da violência de terça-feira ocorreu, tornou-se um importante ponto de transbordo para a cocaína produzida nos vizinhos Colômbia e Peru. A taxa de homicídios do nosso país disparou quase 500% e agora é uma das mais altas da América Latina. A campanha presidencial do ano passado foi abalada pelo assassinato de um candidato que desafiou publicamente os cartéis cada vez mais poderosos.

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A facilidade com que criminosos de alto perfil recentemente escaparam da prisão destaca uma profunda infiltração criminosa nas instituições estatais, especialmente em prisões que funcionam como quartéis-generais criminosos de fato. Esses acontecimentos provocaram um clima de medo sem precedentes, interrompendo gravemente os negócios e a vida cotidiana, e levando muitas empresas multinacionais a realocar seus funcionários estrangeiros.

Soldados vigiam o lado de fora da prisão Zonal 8 depois que o presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou estado de emergência de 60, em Guayaquil, Equador, em 11 de janeiro de 2024.  Foto: Henry Romero / REUTERS

Noboa, um líder de centro-direita de 36 anos que assumiu o cargo em novembro, enfrenta uma janela política limitada para agir. Ele pode tentar seguir alguns aspectos das polêmicas políticas de segurança do presidente salvadorenho Nayib Bukele e realizar uma grande operação de prisão de suspeitos de gangues. Os grupos criminosos podem intensificar o conflito com consequências imprevisíveis, potencialmente desestabilizando o governo. Por outro lado, sucessos rápidos na área de segurança podem fortalecer a administração de Noboa, levando a uma vitória no referendo e aumentando suas perspectivas de reeleição em 2025.

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*Hurtado é fundador e presidente da PRóFITAS, uma consultoria líder em riscos políticos sediada em Quito.

QUITO - As imagens chocaram o mundo: membros de gangues invadindo um estúdio de televisão, policiais sendo sequestrados, estudantes universitários correndo por sua segurança. Talvez desde os dias de Pablo Escobar, um país latino-americano não via um ataque tão audacioso aos símbolos centrais do poder.

Agora, o presidente Daniel Noboa enfrenta a difícil, mas não impossível, tarefa de restaurar o Estado de Direito. A rápida declaração de Noboa de um estado de “conflito armado interno” na terça-feira, 9, designando gangues como grupos terroristas, contrastou com respostas mais indulgentes de governos anteriores. As forças armadas do Equador receberão um aumento de recursos, embora estejam enfrentando adversários formidáveis e financeiramente poderosos.

Houve algumas notícias encorajadoras. Em um país normalmente polarizado, surgiu um raro consenso político em apoio à postura firme de Noboa. Endossos vieram de diversos grupos políticos e da sociedade civil, incluindo o ex-presidente Rafael Correa e o líder indígena Leonidas Iza. Esse consenso proporciona a Noboa uma oportunidade política para reformas de segurança agressivas e outras medidas, incluindo seus planos de realizar um referendo sobre a extradição e o confisco de bens de criminosos.

Membros das Forças de Elite do Exército patrulham as ruas de Carapungo, um bairro popular no norte de Quito, em 11 de janeiro de 2024. Foto: STR / AFP

Mas os problemas não começaram ontem. A produção global de cocaína mais que dobrou na última década, de acordo com dados das Nações Unidas. O Equador, especialmente a cidade portuária de Guayaquil, onde grande parte da violência de terça-feira ocorreu, tornou-se um importante ponto de transbordo para a cocaína produzida nos vizinhos Colômbia e Peru. A taxa de homicídios do nosso país disparou quase 500% e agora é uma das mais altas da América Latina. A campanha presidencial do ano passado foi abalada pelo assassinato de um candidato que desafiou publicamente os cartéis cada vez mais poderosos.

A facilidade com que criminosos de alto perfil recentemente escaparam da prisão destaca uma profunda infiltração criminosa nas instituições estatais, especialmente em prisões que funcionam como quartéis-generais criminosos de fato. Esses acontecimentos provocaram um clima de medo sem precedentes, interrompendo gravemente os negócios e a vida cotidiana, e levando muitas empresas multinacionais a realocar seus funcionários estrangeiros.

Soldados vigiam o lado de fora da prisão Zonal 8 depois que o presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou estado de emergência de 60, em Guayaquil, Equador, em 11 de janeiro de 2024.  Foto: Henry Romero / REUTERS

Noboa, um líder de centro-direita de 36 anos que assumiu o cargo em novembro, enfrenta uma janela política limitada para agir. Ele pode tentar seguir alguns aspectos das polêmicas políticas de segurança do presidente salvadorenho Nayib Bukele e realizar uma grande operação de prisão de suspeitos de gangues. Os grupos criminosos podem intensificar o conflito com consequências imprevisíveis, potencialmente desestabilizando o governo. Por outro lado, sucessos rápidos na área de segurança podem fortalecer a administração de Noboa, levando a uma vitória no referendo e aumentando suas perspectivas de reeleição em 2025.

*Hurtado é fundador e presidente da PRóFITAS, uma consultoria líder em riscos políticos sediada em Quito.

QUITO - As imagens chocaram o mundo: membros de gangues invadindo um estúdio de televisão, policiais sendo sequestrados, estudantes universitários correndo por sua segurança. Talvez desde os dias de Pablo Escobar, um país latino-americano não via um ataque tão audacioso aos símbolos centrais do poder.

Agora, o presidente Daniel Noboa enfrenta a difícil, mas não impossível, tarefa de restaurar o Estado de Direito. A rápida declaração de Noboa de um estado de “conflito armado interno” na terça-feira, 9, designando gangues como grupos terroristas, contrastou com respostas mais indulgentes de governos anteriores. As forças armadas do Equador receberão um aumento de recursos, embora estejam enfrentando adversários formidáveis e financeiramente poderosos.

Houve algumas notícias encorajadoras. Em um país normalmente polarizado, surgiu um raro consenso político em apoio à postura firme de Noboa. Endossos vieram de diversos grupos políticos e da sociedade civil, incluindo o ex-presidente Rafael Correa e o líder indígena Leonidas Iza. Esse consenso proporciona a Noboa uma oportunidade política para reformas de segurança agressivas e outras medidas, incluindo seus planos de realizar um referendo sobre a extradição e o confisco de bens de criminosos.

Membros das Forças de Elite do Exército patrulham as ruas de Carapungo, um bairro popular no norte de Quito, em 11 de janeiro de 2024. Foto: STR / AFP

Mas os problemas não começaram ontem. A produção global de cocaína mais que dobrou na última década, de acordo com dados das Nações Unidas. O Equador, especialmente a cidade portuária de Guayaquil, onde grande parte da violência de terça-feira ocorreu, tornou-se um importante ponto de transbordo para a cocaína produzida nos vizinhos Colômbia e Peru. A taxa de homicídios do nosso país disparou quase 500% e agora é uma das mais altas da América Latina. A campanha presidencial do ano passado foi abalada pelo assassinato de um candidato que desafiou publicamente os cartéis cada vez mais poderosos.

A facilidade com que criminosos de alto perfil recentemente escaparam da prisão destaca uma profunda infiltração criminosa nas instituições estatais, especialmente em prisões que funcionam como quartéis-generais criminosos de fato. Esses acontecimentos provocaram um clima de medo sem precedentes, interrompendo gravemente os negócios e a vida cotidiana, e levando muitas empresas multinacionais a realocar seus funcionários estrangeiros.

Soldados vigiam o lado de fora da prisão Zonal 8 depois que o presidente do Equador, Daniel Noboa, declarou estado de emergência de 60, em Guayaquil, Equador, em 11 de janeiro de 2024.  Foto: Henry Romero / REUTERS

Noboa, um líder de centro-direita de 36 anos que assumiu o cargo em novembro, enfrenta uma janela política limitada para agir. Ele pode tentar seguir alguns aspectos das polêmicas políticas de segurança do presidente salvadorenho Nayib Bukele e realizar uma grande operação de prisão de suspeitos de gangues. Os grupos criminosos podem intensificar o conflito com consequências imprevisíveis, potencialmente desestabilizando o governo. Por outro lado, sucessos rápidos na área de segurança podem fortalecer a administração de Noboa, levando a uma vitória no referendo e aumentando suas perspectivas de reeleição em 2025.

*Hurtado é fundador e presidente da PRóFITAS, uma consultoria líder em riscos políticos sediada em Quito.

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