Crítico a acordo com FMI, filho de Cristina renuncia à liderança governista no Congresso argentino


Deputado federal Máximo Kirchner, filho da vice-presidente, deixou posição em repúdio ao recente acordo assinado pelo governo de Alberto Fernández para renegociação da dívida com o FMI 

Por Redação

BUENOS AIRES - O deputado federal Máximo Kirchner, filho da vice-presidente e ex-presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner, renunciou nesta segunda-feira, 31, à liderança do bloco governista no Congresso em desacordo com o recente pacto assinado pelo governo de Alberto Fernández com o Fundo Monetário Internacional (FMI ) pela dívida de US$ 44,5 bilhões contraída em 2018. 

A renúncia de Máximo é um sério revés para o presidente, que estava confiante de que, desde o início de um entendimento com o FMI, poderia acalmar as tempestades que ameaçavam a economia argentina diante do risco de calote. 

Pelo contrário, as fissuras internas no partido no poder entre uma ala mais moderada que apoia Fernández e a corrente de centro-esquerda liderada por Cristina (presidente entre 2007 e 2015) estão agora expostas novamente. Para entrar em vigor, o acordo com o FMI precisa ser aprovado pelo Congresso. Com a renúncia de Máximo, não está claro agora se o partido no poder conseguirá reunir os votos necessários para a aprovação. 

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O deputado Máximo Kirchner (C) com outros deputados no Congresso argentino, em março de 2020 Foto: Marcos Brindicci/AP

Máximo, filho mais velho da ex-presidente Cristina e do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), disse que tomou a decisão de deixar a liderança do bloco governista Frente de Todos - apesar de manter sua cadeira no Parlamento - por "não compartilhar a estratégia utilizada e muito menos os resultados obtidos na negociação" com o FMI, de acordo com a carta de renúncia tornada pública. 

Segundo o documento, Máximo Kirchner não concorda com a forma como o Ministério da Economia, liderado por Martín Guzmán, negociou com a agência para refinanciar o empréstimo de US$ 44,5 bilhões concedido em 2018 durante o governo do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019). 

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Ele acrescentou que sua decisão libera o presidente Fernández para "eleger alguém que acredite nesse programa do Fundo Monetário Internacional, não apenas imediatamente, mas também olhando além de 10 de dezembro de 2023", quando seu mandato termina. 

"Máximo me disse que se sentia melhor voltando ao plenário entre os deputados, podendo expressar melhor sua opinião. Disse a ele que não achava necessário. Ele me disse que havia discutido isso com Cristina e que (ela) não concordou (com sua renúncia)", revelou o presidente Fernández em entrevista à rede C5N. "Amanhã (terça-feira) decidiremos quem será seu substituto."

A vice-presidente, que tem sido muito crítica com as ações do FMI, ainda não comentou o princípio do acordo alcançado pelo governo do qual faz parte. O governo argentino anunciou na sexta-feira um princípio de acordo com a agência para refinanciar os vencimentos dos próximos dois anos do empréstimo.

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O crédito original era superior a US$ 55 bilhões, o maior da história do FMI, mas foram sacados US$ 44,5 bilhões, dos quais a maioria foi usada para pagar dívidas e controlar o mercado de câmbio. O acordo exigiria que a Argentina reduzisse seu déficit a zero até 2025 e fizesse grandes cortes nos subsídios à energia que o governo faz para manter as taxas baixas.

O presidente Fernández definiu essa dívida "como uma corda no pescoço, uma espada de Dâmocles", mas considerou que o calote levaria o país a um cenário de caos. Ele ressaltou que o acordo alcançado não implicará um ajuste que afete, entre outros, os subsídios aos setores mais desprotegidos - a pobreza ultrapassa 40% da população. 

No entanto, o FMI auditará a cada três meses o andamento do acordo, o que para alguns setores do partido no poder implica em interferência na política econômica adotada pelo governo. "Alguns podem se perguntar qual opção eu ofereço. Em princípio, chame as coisas pelo nome: não fale sobre uma negociação difícil quando não foi, muito menos fale sobre 'benefícios'", disse Máximo. 

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Esse episódio remonta à crise interna que eclodiu no governo após a derrota do partido no poder nas eleições de meio de mandato em 2021. 

A vice-presidente criticou a política econômica e o mau desempenho de alguns ministros em carta pública, o que causou uma mudança de gabinete. O presidente Fernández admitiu que o acordo com o FMI é fonte de discrepâncias com a vice-presidente. "Mas há um momento em que tenho de tomar uma decisão e a tomei. Estou convencido de que é o melhor acordo que poderia ser alcançado com o Fundo."/AP, EFE e REUTERS 

BUENOS AIRES - O deputado federal Máximo Kirchner, filho da vice-presidente e ex-presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner, renunciou nesta segunda-feira, 31, à liderança do bloco governista no Congresso em desacordo com o recente pacto assinado pelo governo de Alberto Fernández com o Fundo Monetário Internacional (FMI ) pela dívida de US$ 44,5 bilhões contraída em 2018. 

A renúncia de Máximo é um sério revés para o presidente, que estava confiante de que, desde o início de um entendimento com o FMI, poderia acalmar as tempestades que ameaçavam a economia argentina diante do risco de calote. 

Pelo contrário, as fissuras internas no partido no poder entre uma ala mais moderada que apoia Fernández e a corrente de centro-esquerda liderada por Cristina (presidente entre 2007 e 2015) estão agora expostas novamente. Para entrar em vigor, o acordo com o FMI precisa ser aprovado pelo Congresso. Com a renúncia de Máximo, não está claro agora se o partido no poder conseguirá reunir os votos necessários para a aprovação. 

O deputado Máximo Kirchner (C) com outros deputados no Congresso argentino, em março de 2020 Foto: Marcos Brindicci/AP

Máximo, filho mais velho da ex-presidente Cristina e do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), disse que tomou a decisão de deixar a liderança do bloco governista Frente de Todos - apesar de manter sua cadeira no Parlamento - por "não compartilhar a estratégia utilizada e muito menos os resultados obtidos na negociação" com o FMI, de acordo com a carta de renúncia tornada pública. 

Segundo o documento, Máximo Kirchner não concorda com a forma como o Ministério da Economia, liderado por Martín Guzmán, negociou com a agência para refinanciar o empréstimo de US$ 44,5 bilhões concedido em 2018 durante o governo do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019). 

Ele acrescentou que sua decisão libera o presidente Fernández para "eleger alguém que acredite nesse programa do Fundo Monetário Internacional, não apenas imediatamente, mas também olhando além de 10 de dezembro de 2023", quando seu mandato termina. 

"Máximo me disse que se sentia melhor voltando ao plenário entre os deputados, podendo expressar melhor sua opinião. Disse a ele que não achava necessário. Ele me disse que havia discutido isso com Cristina e que (ela) não concordou (com sua renúncia)", revelou o presidente Fernández em entrevista à rede C5N. "Amanhã (terça-feira) decidiremos quem será seu substituto."

A vice-presidente, que tem sido muito crítica com as ações do FMI, ainda não comentou o princípio do acordo alcançado pelo governo do qual faz parte. O governo argentino anunciou na sexta-feira um princípio de acordo com a agência para refinanciar os vencimentos dos próximos dois anos do empréstimo.

O crédito original era superior a US$ 55 bilhões, o maior da história do FMI, mas foram sacados US$ 44,5 bilhões, dos quais a maioria foi usada para pagar dívidas e controlar o mercado de câmbio. O acordo exigiria que a Argentina reduzisse seu déficit a zero até 2025 e fizesse grandes cortes nos subsídios à energia que o governo faz para manter as taxas baixas.

O presidente Fernández definiu essa dívida "como uma corda no pescoço, uma espada de Dâmocles", mas considerou que o calote levaria o país a um cenário de caos. Ele ressaltou que o acordo alcançado não implicará um ajuste que afete, entre outros, os subsídios aos setores mais desprotegidos - a pobreza ultrapassa 40% da população. 

No entanto, o FMI auditará a cada três meses o andamento do acordo, o que para alguns setores do partido no poder implica em interferência na política econômica adotada pelo governo. "Alguns podem se perguntar qual opção eu ofereço. Em princípio, chame as coisas pelo nome: não fale sobre uma negociação difícil quando não foi, muito menos fale sobre 'benefícios'", disse Máximo. 

Esse episódio remonta à crise interna que eclodiu no governo após a derrota do partido no poder nas eleições de meio de mandato em 2021. 

A vice-presidente criticou a política econômica e o mau desempenho de alguns ministros em carta pública, o que causou uma mudança de gabinete. O presidente Fernández admitiu que o acordo com o FMI é fonte de discrepâncias com a vice-presidente. "Mas há um momento em que tenho de tomar uma decisão e a tomei. Estou convencido de que é o melhor acordo que poderia ser alcançado com o Fundo."/AP, EFE e REUTERS 

BUENOS AIRES - O deputado federal Máximo Kirchner, filho da vice-presidente e ex-presidente argentina Cristina Fernández de Kirchner, renunciou nesta segunda-feira, 31, à liderança do bloco governista no Congresso em desacordo com o recente pacto assinado pelo governo de Alberto Fernández com o Fundo Monetário Internacional (FMI ) pela dívida de US$ 44,5 bilhões contraída em 2018. 

A renúncia de Máximo é um sério revés para o presidente, que estava confiante de que, desde o início de um entendimento com o FMI, poderia acalmar as tempestades que ameaçavam a economia argentina diante do risco de calote. 

Pelo contrário, as fissuras internas no partido no poder entre uma ala mais moderada que apoia Fernández e a corrente de centro-esquerda liderada por Cristina (presidente entre 2007 e 2015) estão agora expostas novamente. Para entrar em vigor, o acordo com o FMI precisa ser aprovado pelo Congresso. Com a renúncia de Máximo, não está claro agora se o partido no poder conseguirá reunir os votos necessários para a aprovação. 

O deputado Máximo Kirchner (C) com outros deputados no Congresso argentino, em março de 2020 Foto: Marcos Brindicci/AP

Máximo, filho mais velho da ex-presidente Cristina e do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), disse que tomou a decisão de deixar a liderança do bloco governista Frente de Todos - apesar de manter sua cadeira no Parlamento - por "não compartilhar a estratégia utilizada e muito menos os resultados obtidos na negociação" com o FMI, de acordo com a carta de renúncia tornada pública. 

Segundo o documento, Máximo Kirchner não concorda com a forma como o Ministério da Economia, liderado por Martín Guzmán, negociou com a agência para refinanciar o empréstimo de US$ 44,5 bilhões concedido em 2018 durante o governo do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019). 

Ele acrescentou que sua decisão libera o presidente Fernández para "eleger alguém que acredite nesse programa do Fundo Monetário Internacional, não apenas imediatamente, mas também olhando além de 10 de dezembro de 2023", quando seu mandato termina. 

"Máximo me disse que se sentia melhor voltando ao plenário entre os deputados, podendo expressar melhor sua opinião. Disse a ele que não achava necessário. Ele me disse que havia discutido isso com Cristina e que (ela) não concordou (com sua renúncia)", revelou o presidente Fernández em entrevista à rede C5N. "Amanhã (terça-feira) decidiremos quem será seu substituto."

A vice-presidente, que tem sido muito crítica com as ações do FMI, ainda não comentou o princípio do acordo alcançado pelo governo do qual faz parte. O governo argentino anunciou na sexta-feira um princípio de acordo com a agência para refinanciar os vencimentos dos próximos dois anos do empréstimo.

O crédito original era superior a US$ 55 bilhões, o maior da história do FMI, mas foram sacados US$ 44,5 bilhões, dos quais a maioria foi usada para pagar dívidas e controlar o mercado de câmbio. O acordo exigiria que a Argentina reduzisse seu déficit a zero até 2025 e fizesse grandes cortes nos subsídios à energia que o governo faz para manter as taxas baixas.

O presidente Fernández definiu essa dívida "como uma corda no pescoço, uma espada de Dâmocles", mas considerou que o calote levaria o país a um cenário de caos. Ele ressaltou que o acordo alcançado não implicará um ajuste que afete, entre outros, os subsídios aos setores mais desprotegidos - a pobreza ultrapassa 40% da população. 

No entanto, o FMI auditará a cada três meses o andamento do acordo, o que para alguns setores do partido no poder implica em interferência na política econômica adotada pelo governo. "Alguns podem se perguntar qual opção eu ofereço. Em princípio, chame as coisas pelo nome: não fale sobre uma negociação difícil quando não foi, muito menos fale sobre 'benefícios'", disse Máximo. 

Esse episódio remonta à crise interna que eclodiu no governo após a derrota do partido no poder nas eleições de meio de mandato em 2021. 

A vice-presidente criticou a política econômica e o mau desempenho de alguns ministros em carta pública, o que causou uma mudança de gabinete. O presidente Fernández admitiu que o acordo com o FMI é fonte de discrepâncias com a vice-presidente. "Mas há um momento em que tenho de tomar uma decisão e a tomei. Estou convencido de que é o melhor acordo que poderia ser alcançado com o Fundo."/AP, EFE e REUTERS 

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