Cubanos iniciam processo de transição da presidência de Raúl


Perda da Venezuela como principal parceira comercial e paralisação no setor agrícola deverão agravar crise em Cuba

Por Guilherme Russo

Os cubanos foram às urnas neste domingo, 11, dar início ao processo político que resultará na saída de Raúl Castro da presidência, em uma votação na qual os eleitores meramente ratificam os nomes aprovados pelo Partido Comunista. Os deputados “eleitos”, por sua vez, indicarão em 19 de abril o novo presidente, conforme a vontade do irmão de Fidel. 

'A revolução continua igual, sem compromissos com ninguém em absoluto, somente com o povo', diz cartaz em Havana Foto: REUTERS/Enrique de la Osa

A perspectiva, segundo analistas, é que o próximo presidente de Cuba enfrente uma crise econômica crescente no país, em razão da paralisação nas reformas nos setores privado e agrícola – além da perda da Venezuela como sua principal financiadora.  De acordo com o economista cubano Carmelo Mesa-Lago, professor de economia e estudos latino-americanos da Universidade de Pittsburgh, no ano passado, o governo venezuelano deixou de ser o maior parceiro comercial de Havana, posto que passou a ser ocupado pelos chineses.

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+ Raúl deixará poder com avanço no setor privado, mas reformas paradas

“O problema disso é que quando alguém analisa toda a série de comércio da China com Cuba, não vê um aumento muito considerável de comércio entre os países nos últimos anos”, afirmou Mesa-Lago ao Estado, explicando que foi uma diminuição dos gastos de Caracas – que enfrenta uma severa crise econômica – e não um aumento do comércio com Pequim que ocasionou o rearranjo.

Para o economista cubano Pavel Vidal, que trabalhou sete anos na direção de política monetária do Banco Central de Cuba e foi pesquisador do Centro de Estudos da Economia Cubana, em Havana, “o maior desafio do novo governo será que, imediatamente, terá de administrar uma crise econômica e financeira que ainda não toca fundo, mas pode se agravar ainda mais, produto do que parece ser uma queda irreversível, ao menos no curto prazo, dos vínculos comerciais com a Venezuela”.

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“Exceto pela abertura ao capital estrangeiro, as principais reformas empreendidas em Cuba estão hoje congeladas ou mais lentas. Por exemplo, o governo parece ter ficado sem ideias novas para impulsionar o setor agrícola, no qual se concentraram partes importantes das reformas e onde parece haver as maiores potencialidades para substituir importações e avançar no fornecimento de alimentos”, explicou Vidal. 

Ao votar em Santa Clara, o primeiro-vice-presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, provável sucessor de Raúl, admitiu a paralisação na “atualização do modelo”. “É um processo mais complexo do que pensamos a princípio e, por isso, não pudemos avançar.” / COM AP

Os cubanos foram às urnas neste domingo, 11, dar início ao processo político que resultará na saída de Raúl Castro da presidência, em uma votação na qual os eleitores meramente ratificam os nomes aprovados pelo Partido Comunista. Os deputados “eleitos”, por sua vez, indicarão em 19 de abril o novo presidente, conforme a vontade do irmão de Fidel. 

'A revolução continua igual, sem compromissos com ninguém em absoluto, somente com o povo', diz cartaz em Havana Foto: REUTERS/Enrique de la Osa

A perspectiva, segundo analistas, é que o próximo presidente de Cuba enfrente uma crise econômica crescente no país, em razão da paralisação nas reformas nos setores privado e agrícola – além da perda da Venezuela como sua principal financiadora.  De acordo com o economista cubano Carmelo Mesa-Lago, professor de economia e estudos latino-americanos da Universidade de Pittsburgh, no ano passado, o governo venezuelano deixou de ser o maior parceiro comercial de Havana, posto que passou a ser ocupado pelos chineses.

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“O problema disso é que quando alguém analisa toda a série de comércio da China com Cuba, não vê um aumento muito considerável de comércio entre os países nos últimos anos”, afirmou Mesa-Lago ao Estado, explicando que foi uma diminuição dos gastos de Caracas – que enfrenta uma severa crise econômica – e não um aumento do comércio com Pequim que ocasionou o rearranjo.

Para o economista cubano Pavel Vidal, que trabalhou sete anos na direção de política monetária do Banco Central de Cuba e foi pesquisador do Centro de Estudos da Economia Cubana, em Havana, “o maior desafio do novo governo será que, imediatamente, terá de administrar uma crise econômica e financeira que ainda não toca fundo, mas pode se agravar ainda mais, produto do que parece ser uma queda irreversível, ao menos no curto prazo, dos vínculos comerciais com a Venezuela”.

“Exceto pela abertura ao capital estrangeiro, as principais reformas empreendidas em Cuba estão hoje congeladas ou mais lentas. Por exemplo, o governo parece ter ficado sem ideias novas para impulsionar o setor agrícola, no qual se concentraram partes importantes das reformas e onde parece haver as maiores potencialidades para substituir importações e avançar no fornecimento de alimentos”, explicou Vidal. 

Ao votar em Santa Clara, o primeiro-vice-presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, provável sucessor de Raúl, admitiu a paralisação na “atualização do modelo”. “É um processo mais complexo do que pensamos a princípio e, por isso, não pudemos avançar.” / COM AP

Os cubanos foram às urnas neste domingo, 11, dar início ao processo político que resultará na saída de Raúl Castro da presidência, em uma votação na qual os eleitores meramente ratificam os nomes aprovados pelo Partido Comunista. Os deputados “eleitos”, por sua vez, indicarão em 19 de abril o novo presidente, conforme a vontade do irmão de Fidel. 

'A revolução continua igual, sem compromissos com ninguém em absoluto, somente com o povo', diz cartaz em Havana Foto: REUTERS/Enrique de la Osa

A perspectiva, segundo analistas, é que o próximo presidente de Cuba enfrente uma crise econômica crescente no país, em razão da paralisação nas reformas nos setores privado e agrícola – além da perda da Venezuela como sua principal financiadora.  De acordo com o economista cubano Carmelo Mesa-Lago, professor de economia e estudos latino-americanos da Universidade de Pittsburgh, no ano passado, o governo venezuelano deixou de ser o maior parceiro comercial de Havana, posto que passou a ser ocupado pelos chineses.

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“O problema disso é que quando alguém analisa toda a série de comércio da China com Cuba, não vê um aumento muito considerável de comércio entre os países nos últimos anos”, afirmou Mesa-Lago ao Estado, explicando que foi uma diminuição dos gastos de Caracas – que enfrenta uma severa crise econômica – e não um aumento do comércio com Pequim que ocasionou o rearranjo.

Para o economista cubano Pavel Vidal, que trabalhou sete anos na direção de política monetária do Banco Central de Cuba e foi pesquisador do Centro de Estudos da Economia Cubana, em Havana, “o maior desafio do novo governo será que, imediatamente, terá de administrar uma crise econômica e financeira que ainda não toca fundo, mas pode se agravar ainda mais, produto do que parece ser uma queda irreversível, ao menos no curto prazo, dos vínculos comerciais com a Venezuela”.

“Exceto pela abertura ao capital estrangeiro, as principais reformas empreendidas em Cuba estão hoje congeladas ou mais lentas. Por exemplo, o governo parece ter ficado sem ideias novas para impulsionar o setor agrícola, no qual se concentraram partes importantes das reformas e onde parece haver as maiores potencialidades para substituir importações e avançar no fornecimento de alimentos”, explicou Vidal. 

Ao votar em Santa Clara, o primeiro-vice-presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, provável sucessor de Raúl, admitiu a paralisação na “atualização do modelo”. “É um processo mais complexo do que pensamos a princípio e, por isso, não pudemos avançar.” / COM AP

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