Os rivais nucleares Índia e Paquistão não chegaram a um acordo, nesta segunda-feira, sobre sua disputa de meio século quanto à região da Caxemira, durante a primeira reunião de cúpula em dois anos, informaram autoridades locais. O presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, e o primeiro-ministro da Índia, Atal Bihari Vajpayee, reuniram-se por cerca de uma hora, quando se aproximava a meia-noite local, numa tentativa final de salvar o encontro de três dias. Mas após um "impasse" nas negociações, Musharraf e sua delegação partiram na direção do aeroporto de Agra e voltaram para o Paquistão, disse o secretário paquistanês da Informação, Anwar Mahmood. "Não chegamos a nenhuma acordo", disse. De acordo com ele, Musharraf aproveitou o encontro apenas para se despedir de Vajpayee. "Amanhã haverá uma entrevista coletiva em Islamabad." A porta-voz do governo indiano, Nirupama Rao, disse aos jornalistas: "Estou desapontada em comunicar a todos vocês que, apesar do início de um processo e de uma jornada, não conseguimos chegar à divulgação de uma declaração conjunta." Ashfaq Ahmed Gondal, porta-voz do governo paquistanês, disse à agência de notícias Press Trust of India que a culpa é do governo indiano. "O presidente Pervez Musharraf esperou por uma resposta indiana para assinar o acordo. Como não houve retorno, o presidente decidiu partir", declarou Gondal. Autoridades indianas comentaram que as negociações fracassaram por causa da sensível questão do terrorismo além da fronteira. A Índia pede há muito tempo que Islamabad retire seu apoio a militantes islâmicos estabelecidos no Paquistão para combater os soldados indianos ao longo da disputada fronteira da Caxemira. "É realmente triste que após tanto esforço para a retomada de um compromisso, os dois lados não tenham conseguido superar suas divergências", disse Kanti Bajpai, professor de desarmamento da Universidade Jawaharlal Nehru, em Nova Délhi.