‘Cápsula do tempo’: carro DeLorean de 1981 é encontrado praticamente intacto dentro de celeiro


Veículo, que ficou intocado por anos e estava coberto de poeira, estava com as mesmas peças originais de quando saiu da linha de produção

Por Jonathan Edwards

O DeLorean DMC-12 de 1981, escondido em um celeiro no sul do Wisconsin, nunca desapareceu no ar, nunca incendiou um estacionamento com rastros de pneus em chamas e nunca reapareceu do nada coberto de gelo. Fazia anos, se não décadas, desde que o carro, famoso no clássico de 1985 “De Volta para o Futuro”, atingiu qualquer coisa próxima de 141 km/h. Mesmo assim, enquanto os pneus originais do carro futurista se esvaziavam, um exército de ratos se movimentava e aninhava dentro dele, e o odômetro permanecia firme em 1.572 km, o DeLorean se tornava, de certa forma, uma máquina do tempo.

“Ele estava literalmente afundando na terra deste celeiro de chão de cascalho, intocado por anos”, disse Michael McElhattan, proprietário da DeLorean Midwest, uma oficina automotiva em Crystal Lake, Illinois, que trabalha exclusivamente com DeLoreans. McElhattan, 46, soube desse DeLorean em particular no final do mês passado, quando um homem chamado Mark, do Novo México, ligou para a oficina para dizer que tinha um DeLorean à venda.

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DeLorean foi encontrado praticamente intacto dentro de um celeiro Foto: Kevin Thomas/DeLorean Nation

A princípio, McElhattan não deu muita importância, sem interesse em dirigir pelo menos 17 horas para verificar o que poderia ser um fracasso. Mas então Mark revelou que estava contatando McElhattan em nome de seu tio, Dick, o proprietário original do carro, que o mantinha guardado em seu celeiro no sul do Wisconsin, cerca de 100 quilômetros ao norte da oficina de McElhattan. E então veio o gancho que realmente prendeu o interesse de McElhattan: o carro tinha 1.572 quilômetros rodados. McElhattan, que prestou serviços para quase 1.300 DeLoreans nos 17 anos em que trabalha com eles, sabia que teria que ir verificar.

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Em 3 de outubro, ele dirigiu seu SUV e reboque para se encontrar com Kevin Thomas, com quem administra um canal no YouTube chamado “DeLorean Nation”, antes de seguir para a propriedade de Dick em Dousman, Wisconsin. No caminho, ele começou a filmar para um vídeo de 30 minutos que postaria três dias depois no canal do YouTube.

“Sempre é legal ver outro que volta à luz que estava perdido para a comunidade”, disse ele sobre os DeLoreans. “Animado para ver o que encontramos aqui.” McElhattan e Thomas conheceram Dick, que os direcionou para o celeiro e o DeLorean dentro dele. O exterior estava coberto de poeira, o interior de fezes de rato. Tirando isso, o carro estava em condições surpreendentemente boas para ter mais de 42 anos e era “extremamente original”, com as mesmas peças que tinha quando saiu da linha de produção em Belfast em abril de 1981. Ao olhar o número de identificação do veículo, McElhattan descobriu que era o 571º DeLorean dos 9.080 que seriam feitos no total.

Carro encontrado, com apenas 1572 km rodados, ainda estava com as peças originais  Foto: Michael McElhattan
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“Isso literalmente é uma cápsula do tempo”, disse McElhattan. O DeLorean não sofreu alguns dos problemas que McElhattan havia visto em centenas de outros carros ao longo dos anos. Não tinha sido muito dirigido, então nunca teve peças substituídas. Ficou guardado em um celeiro, protegido do sol que pode causar danos irreversíveis em um ano, rachando painéis e instrumentação, forçando os proprietários a substituí-los por peças que são boas, mas não originais. “A exposição ao sol é um grande vilão para a parte estética”, disse ele.

McElhattan disse que Dick contou a ele que era o proprietário registrado original, depois que uma concessionária de carros de Milwaukee manteve o veículo não registrado de 1981 a 1991, algo que ele confirmou com um recibo de venda. Dick disse que o comprou naquela época porque gostou do visual dele, e de vez em quando, ele apreciava o carro não o dirigindo, mas apenas indo ao celeiro para admirar sua elegante e aerodinâmica carroceria de aço inoxidável, lembrou-se McElhattan.

Depois de alguns anos, ele se perguntou por que o tinha comprado em primeiro lugar. E assim, por décadas, o DeLorean ficou principalmente no celeiro, cedendo à gravidade, a uma camada de poeira cada vez mais espessa e a uma longa linhagem de ratos. McElhattan estimou que o carro não tinha sido dirigido havia pelo menos 15 anos.

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Enquanto isso, o DeLorean, principalmente por causa da trilogia de De Volta para o Futuro feita entre 1985 e 1990, gravou um sulco cada vez mais profundo na imaginação coletiva dos americanos. Isso só se acelerou nos últimos anos à medida que programas de TV como “Stranger Things” alimentaram uma onda de nostalgia dos anos 1980. Poucas coisas gritam anos 1980 mais do que De Volta para o Futuro com hoverboards, refrigerantes Tab, tocadores de cassete portáteis e um carro que parecia vir do futuro, mas na realidade era produto de uma empresa que faliu em 1982.

A DeLorean Motor Company produziu seu homônimo por apenas três anos-modelo, de 1981 a 1983, antes de declarar falência. Mas, como a montadora planejava produzir 25 mil carros por ano e havia abastecido seus depósitos de acordo, as peças estão disponíveis até hoje, disse McElhattan, acrescentando que ele obtém peças antigas para 70% dos consertos de DeLorean, recorre a reproduções para 20% e compra peças usadas para os 10% restantes.

Réplica do DeLorean que aparece no filme "De Volta Para o Futuro" na Rio Innovation Week, evento que aconteceu no Rio de Janeiro, dia 5 de outubro de 2023  Foto: CARL DE SOUZA / AFP
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McElhattan comprou o carro de Dick, embora tenha se recusado a dizer quanto pagou. Ele e Thomas precisam garantir que o motor funcione e depois contratar um detalhista profissional para limpar o carro. Depois disso, eles avaliarão quais peças precisam, as obterão e reformarão o carro. McElhattan estimou que levará pelo menos seis meses e talvez mais se tiver que voltar sua atenção para os DeLoreans de seus clientes.

Uma vez que ele reforma o carro, McElhattan disse que não tem certeza do que fará com ele. Inicialmente, pretendia vender o carro por mais de US$ 100 mil, mas com sua história e toda a atenção que está recebendo, o DeLorean ao qual ele se refere com carinho como “a descoberta no celeiro” está “adquirindo sua própria personalidade”. “Estou começando a criar um apego emocional por ele”, disse ele.

McElhattan reiterou que, embora a baixa quilometragem tenha ajudado o carro a se destacar, foi a combinação de fatores que o torna especial, sendo seu estado inalterado o principal entre eles. Tudo ou quase tudo era original, até o filtro de óleo azul. Embora os pneus tenham murchado e sucumbido à decomposição, ainda tinham quase a mesma quantidade de sulcos que tinham quando percorreram a pista de testes na Irlanda há mais de quatro décadas./WP

O DeLorean DMC-12 de 1981, escondido em um celeiro no sul do Wisconsin, nunca desapareceu no ar, nunca incendiou um estacionamento com rastros de pneus em chamas e nunca reapareceu do nada coberto de gelo. Fazia anos, se não décadas, desde que o carro, famoso no clássico de 1985 “De Volta para o Futuro”, atingiu qualquer coisa próxima de 141 km/h. Mesmo assim, enquanto os pneus originais do carro futurista se esvaziavam, um exército de ratos se movimentava e aninhava dentro dele, e o odômetro permanecia firme em 1.572 km, o DeLorean se tornava, de certa forma, uma máquina do tempo.

“Ele estava literalmente afundando na terra deste celeiro de chão de cascalho, intocado por anos”, disse Michael McElhattan, proprietário da DeLorean Midwest, uma oficina automotiva em Crystal Lake, Illinois, que trabalha exclusivamente com DeLoreans. McElhattan, 46, soube desse DeLorean em particular no final do mês passado, quando um homem chamado Mark, do Novo México, ligou para a oficina para dizer que tinha um DeLorean à venda.

DeLorean foi encontrado praticamente intacto dentro de um celeiro Foto: Kevin Thomas/DeLorean Nation

A princípio, McElhattan não deu muita importância, sem interesse em dirigir pelo menos 17 horas para verificar o que poderia ser um fracasso. Mas então Mark revelou que estava contatando McElhattan em nome de seu tio, Dick, o proprietário original do carro, que o mantinha guardado em seu celeiro no sul do Wisconsin, cerca de 100 quilômetros ao norte da oficina de McElhattan. E então veio o gancho que realmente prendeu o interesse de McElhattan: o carro tinha 1.572 quilômetros rodados. McElhattan, que prestou serviços para quase 1.300 DeLoreans nos 17 anos em que trabalha com eles, sabia que teria que ir verificar.

Em 3 de outubro, ele dirigiu seu SUV e reboque para se encontrar com Kevin Thomas, com quem administra um canal no YouTube chamado “DeLorean Nation”, antes de seguir para a propriedade de Dick em Dousman, Wisconsin. No caminho, ele começou a filmar para um vídeo de 30 minutos que postaria três dias depois no canal do YouTube.

“Sempre é legal ver outro que volta à luz que estava perdido para a comunidade”, disse ele sobre os DeLoreans. “Animado para ver o que encontramos aqui.” McElhattan e Thomas conheceram Dick, que os direcionou para o celeiro e o DeLorean dentro dele. O exterior estava coberto de poeira, o interior de fezes de rato. Tirando isso, o carro estava em condições surpreendentemente boas para ter mais de 42 anos e era “extremamente original”, com as mesmas peças que tinha quando saiu da linha de produção em Belfast em abril de 1981. Ao olhar o número de identificação do veículo, McElhattan descobriu que era o 571º DeLorean dos 9.080 que seriam feitos no total.

Carro encontrado, com apenas 1572 km rodados, ainda estava com as peças originais  Foto: Michael McElhattan

“Isso literalmente é uma cápsula do tempo”, disse McElhattan. O DeLorean não sofreu alguns dos problemas que McElhattan havia visto em centenas de outros carros ao longo dos anos. Não tinha sido muito dirigido, então nunca teve peças substituídas. Ficou guardado em um celeiro, protegido do sol que pode causar danos irreversíveis em um ano, rachando painéis e instrumentação, forçando os proprietários a substituí-los por peças que são boas, mas não originais. “A exposição ao sol é um grande vilão para a parte estética”, disse ele.

McElhattan disse que Dick contou a ele que era o proprietário registrado original, depois que uma concessionária de carros de Milwaukee manteve o veículo não registrado de 1981 a 1991, algo que ele confirmou com um recibo de venda. Dick disse que o comprou naquela época porque gostou do visual dele, e de vez em quando, ele apreciava o carro não o dirigindo, mas apenas indo ao celeiro para admirar sua elegante e aerodinâmica carroceria de aço inoxidável, lembrou-se McElhattan.

Depois de alguns anos, ele se perguntou por que o tinha comprado em primeiro lugar. E assim, por décadas, o DeLorean ficou principalmente no celeiro, cedendo à gravidade, a uma camada de poeira cada vez mais espessa e a uma longa linhagem de ratos. McElhattan estimou que o carro não tinha sido dirigido havia pelo menos 15 anos.

Enquanto isso, o DeLorean, principalmente por causa da trilogia de De Volta para o Futuro feita entre 1985 e 1990, gravou um sulco cada vez mais profundo na imaginação coletiva dos americanos. Isso só se acelerou nos últimos anos à medida que programas de TV como “Stranger Things” alimentaram uma onda de nostalgia dos anos 1980. Poucas coisas gritam anos 1980 mais do que De Volta para o Futuro com hoverboards, refrigerantes Tab, tocadores de cassete portáteis e um carro que parecia vir do futuro, mas na realidade era produto de uma empresa que faliu em 1982.

A DeLorean Motor Company produziu seu homônimo por apenas três anos-modelo, de 1981 a 1983, antes de declarar falência. Mas, como a montadora planejava produzir 25 mil carros por ano e havia abastecido seus depósitos de acordo, as peças estão disponíveis até hoje, disse McElhattan, acrescentando que ele obtém peças antigas para 70% dos consertos de DeLorean, recorre a reproduções para 20% e compra peças usadas para os 10% restantes.

Réplica do DeLorean que aparece no filme "De Volta Para o Futuro" na Rio Innovation Week, evento que aconteceu no Rio de Janeiro, dia 5 de outubro de 2023  Foto: CARL DE SOUZA / AFP

McElhattan comprou o carro de Dick, embora tenha se recusado a dizer quanto pagou. Ele e Thomas precisam garantir que o motor funcione e depois contratar um detalhista profissional para limpar o carro. Depois disso, eles avaliarão quais peças precisam, as obterão e reformarão o carro. McElhattan estimou que levará pelo menos seis meses e talvez mais se tiver que voltar sua atenção para os DeLoreans de seus clientes.

Uma vez que ele reforma o carro, McElhattan disse que não tem certeza do que fará com ele. Inicialmente, pretendia vender o carro por mais de US$ 100 mil, mas com sua história e toda a atenção que está recebendo, o DeLorean ao qual ele se refere com carinho como “a descoberta no celeiro” está “adquirindo sua própria personalidade”. “Estou começando a criar um apego emocional por ele”, disse ele.

McElhattan reiterou que, embora a baixa quilometragem tenha ajudado o carro a se destacar, foi a combinação de fatores que o torna especial, sendo seu estado inalterado o principal entre eles. Tudo ou quase tudo era original, até o filtro de óleo azul. Embora os pneus tenham murchado e sucumbido à decomposição, ainda tinham quase a mesma quantidade de sulcos que tinham quando percorreram a pista de testes na Irlanda há mais de quatro décadas./WP

O DeLorean DMC-12 de 1981, escondido em um celeiro no sul do Wisconsin, nunca desapareceu no ar, nunca incendiou um estacionamento com rastros de pneus em chamas e nunca reapareceu do nada coberto de gelo. Fazia anos, se não décadas, desde que o carro, famoso no clássico de 1985 “De Volta para o Futuro”, atingiu qualquer coisa próxima de 141 km/h. Mesmo assim, enquanto os pneus originais do carro futurista se esvaziavam, um exército de ratos se movimentava e aninhava dentro dele, e o odômetro permanecia firme em 1.572 km, o DeLorean se tornava, de certa forma, uma máquina do tempo.

“Ele estava literalmente afundando na terra deste celeiro de chão de cascalho, intocado por anos”, disse Michael McElhattan, proprietário da DeLorean Midwest, uma oficina automotiva em Crystal Lake, Illinois, que trabalha exclusivamente com DeLoreans. McElhattan, 46, soube desse DeLorean em particular no final do mês passado, quando um homem chamado Mark, do Novo México, ligou para a oficina para dizer que tinha um DeLorean à venda.

DeLorean foi encontrado praticamente intacto dentro de um celeiro Foto: Kevin Thomas/DeLorean Nation

A princípio, McElhattan não deu muita importância, sem interesse em dirigir pelo menos 17 horas para verificar o que poderia ser um fracasso. Mas então Mark revelou que estava contatando McElhattan em nome de seu tio, Dick, o proprietário original do carro, que o mantinha guardado em seu celeiro no sul do Wisconsin, cerca de 100 quilômetros ao norte da oficina de McElhattan. E então veio o gancho que realmente prendeu o interesse de McElhattan: o carro tinha 1.572 quilômetros rodados. McElhattan, que prestou serviços para quase 1.300 DeLoreans nos 17 anos em que trabalha com eles, sabia que teria que ir verificar.

Em 3 de outubro, ele dirigiu seu SUV e reboque para se encontrar com Kevin Thomas, com quem administra um canal no YouTube chamado “DeLorean Nation”, antes de seguir para a propriedade de Dick em Dousman, Wisconsin. No caminho, ele começou a filmar para um vídeo de 30 minutos que postaria três dias depois no canal do YouTube.

“Sempre é legal ver outro que volta à luz que estava perdido para a comunidade”, disse ele sobre os DeLoreans. “Animado para ver o que encontramos aqui.” McElhattan e Thomas conheceram Dick, que os direcionou para o celeiro e o DeLorean dentro dele. O exterior estava coberto de poeira, o interior de fezes de rato. Tirando isso, o carro estava em condições surpreendentemente boas para ter mais de 42 anos e era “extremamente original”, com as mesmas peças que tinha quando saiu da linha de produção em Belfast em abril de 1981. Ao olhar o número de identificação do veículo, McElhattan descobriu que era o 571º DeLorean dos 9.080 que seriam feitos no total.

Carro encontrado, com apenas 1572 km rodados, ainda estava com as peças originais  Foto: Michael McElhattan

“Isso literalmente é uma cápsula do tempo”, disse McElhattan. O DeLorean não sofreu alguns dos problemas que McElhattan havia visto em centenas de outros carros ao longo dos anos. Não tinha sido muito dirigido, então nunca teve peças substituídas. Ficou guardado em um celeiro, protegido do sol que pode causar danos irreversíveis em um ano, rachando painéis e instrumentação, forçando os proprietários a substituí-los por peças que são boas, mas não originais. “A exposição ao sol é um grande vilão para a parte estética”, disse ele.

McElhattan disse que Dick contou a ele que era o proprietário registrado original, depois que uma concessionária de carros de Milwaukee manteve o veículo não registrado de 1981 a 1991, algo que ele confirmou com um recibo de venda. Dick disse que o comprou naquela época porque gostou do visual dele, e de vez em quando, ele apreciava o carro não o dirigindo, mas apenas indo ao celeiro para admirar sua elegante e aerodinâmica carroceria de aço inoxidável, lembrou-se McElhattan.

Depois de alguns anos, ele se perguntou por que o tinha comprado em primeiro lugar. E assim, por décadas, o DeLorean ficou principalmente no celeiro, cedendo à gravidade, a uma camada de poeira cada vez mais espessa e a uma longa linhagem de ratos. McElhattan estimou que o carro não tinha sido dirigido havia pelo menos 15 anos.

Enquanto isso, o DeLorean, principalmente por causa da trilogia de De Volta para o Futuro feita entre 1985 e 1990, gravou um sulco cada vez mais profundo na imaginação coletiva dos americanos. Isso só se acelerou nos últimos anos à medida que programas de TV como “Stranger Things” alimentaram uma onda de nostalgia dos anos 1980. Poucas coisas gritam anos 1980 mais do que De Volta para o Futuro com hoverboards, refrigerantes Tab, tocadores de cassete portáteis e um carro que parecia vir do futuro, mas na realidade era produto de uma empresa que faliu em 1982.

A DeLorean Motor Company produziu seu homônimo por apenas três anos-modelo, de 1981 a 1983, antes de declarar falência. Mas, como a montadora planejava produzir 25 mil carros por ano e havia abastecido seus depósitos de acordo, as peças estão disponíveis até hoje, disse McElhattan, acrescentando que ele obtém peças antigas para 70% dos consertos de DeLorean, recorre a reproduções para 20% e compra peças usadas para os 10% restantes.

Réplica do DeLorean que aparece no filme "De Volta Para o Futuro" na Rio Innovation Week, evento que aconteceu no Rio de Janeiro, dia 5 de outubro de 2023  Foto: CARL DE SOUZA / AFP

McElhattan comprou o carro de Dick, embora tenha se recusado a dizer quanto pagou. Ele e Thomas precisam garantir que o motor funcione e depois contratar um detalhista profissional para limpar o carro. Depois disso, eles avaliarão quais peças precisam, as obterão e reformarão o carro. McElhattan estimou que levará pelo menos seis meses e talvez mais se tiver que voltar sua atenção para os DeLoreans de seus clientes.

Uma vez que ele reforma o carro, McElhattan disse que não tem certeza do que fará com ele. Inicialmente, pretendia vender o carro por mais de US$ 100 mil, mas com sua história e toda a atenção que está recebendo, o DeLorean ao qual ele se refere com carinho como “a descoberta no celeiro” está “adquirindo sua própria personalidade”. “Estou começando a criar um apego emocional por ele”, disse ele.

McElhattan reiterou que, embora a baixa quilometragem tenha ajudado o carro a se destacar, foi a combinação de fatores que o torna especial, sendo seu estado inalterado o principal entre eles. Tudo ou quase tudo era original, até o filtro de óleo azul. Embora os pneus tenham murchado e sucumbido à decomposição, ainda tinham quase a mesma quantidade de sulcos que tinham quando percorreram a pista de testes na Irlanda há mais de quatro décadas./WP

O DeLorean DMC-12 de 1981, escondido em um celeiro no sul do Wisconsin, nunca desapareceu no ar, nunca incendiou um estacionamento com rastros de pneus em chamas e nunca reapareceu do nada coberto de gelo. Fazia anos, se não décadas, desde que o carro, famoso no clássico de 1985 “De Volta para o Futuro”, atingiu qualquer coisa próxima de 141 km/h. Mesmo assim, enquanto os pneus originais do carro futurista se esvaziavam, um exército de ratos se movimentava e aninhava dentro dele, e o odômetro permanecia firme em 1.572 km, o DeLorean se tornava, de certa forma, uma máquina do tempo.

“Ele estava literalmente afundando na terra deste celeiro de chão de cascalho, intocado por anos”, disse Michael McElhattan, proprietário da DeLorean Midwest, uma oficina automotiva em Crystal Lake, Illinois, que trabalha exclusivamente com DeLoreans. McElhattan, 46, soube desse DeLorean em particular no final do mês passado, quando um homem chamado Mark, do Novo México, ligou para a oficina para dizer que tinha um DeLorean à venda.

DeLorean foi encontrado praticamente intacto dentro de um celeiro Foto: Kevin Thomas/DeLorean Nation

A princípio, McElhattan não deu muita importância, sem interesse em dirigir pelo menos 17 horas para verificar o que poderia ser um fracasso. Mas então Mark revelou que estava contatando McElhattan em nome de seu tio, Dick, o proprietário original do carro, que o mantinha guardado em seu celeiro no sul do Wisconsin, cerca de 100 quilômetros ao norte da oficina de McElhattan. E então veio o gancho que realmente prendeu o interesse de McElhattan: o carro tinha 1.572 quilômetros rodados. McElhattan, que prestou serviços para quase 1.300 DeLoreans nos 17 anos em que trabalha com eles, sabia que teria que ir verificar.

Em 3 de outubro, ele dirigiu seu SUV e reboque para se encontrar com Kevin Thomas, com quem administra um canal no YouTube chamado “DeLorean Nation”, antes de seguir para a propriedade de Dick em Dousman, Wisconsin. No caminho, ele começou a filmar para um vídeo de 30 minutos que postaria três dias depois no canal do YouTube.

“Sempre é legal ver outro que volta à luz que estava perdido para a comunidade”, disse ele sobre os DeLoreans. “Animado para ver o que encontramos aqui.” McElhattan e Thomas conheceram Dick, que os direcionou para o celeiro e o DeLorean dentro dele. O exterior estava coberto de poeira, o interior de fezes de rato. Tirando isso, o carro estava em condições surpreendentemente boas para ter mais de 42 anos e era “extremamente original”, com as mesmas peças que tinha quando saiu da linha de produção em Belfast em abril de 1981. Ao olhar o número de identificação do veículo, McElhattan descobriu que era o 571º DeLorean dos 9.080 que seriam feitos no total.

Carro encontrado, com apenas 1572 km rodados, ainda estava com as peças originais  Foto: Michael McElhattan

“Isso literalmente é uma cápsula do tempo”, disse McElhattan. O DeLorean não sofreu alguns dos problemas que McElhattan havia visto em centenas de outros carros ao longo dos anos. Não tinha sido muito dirigido, então nunca teve peças substituídas. Ficou guardado em um celeiro, protegido do sol que pode causar danos irreversíveis em um ano, rachando painéis e instrumentação, forçando os proprietários a substituí-los por peças que são boas, mas não originais. “A exposição ao sol é um grande vilão para a parte estética”, disse ele.

McElhattan disse que Dick contou a ele que era o proprietário registrado original, depois que uma concessionária de carros de Milwaukee manteve o veículo não registrado de 1981 a 1991, algo que ele confirmou com um recibo de venda. Dick disse que o comprou naquela época porque gostou do visual dele, e de vez em quando, ele apreciava o carro não o dirigindo, mas apenas indo ao celeiro para admirar sua elegante e aerodinâmica carroceria de aço inoxidável, lembrou-se McElhattan.

Depois de alguns anos, ele se perguntou por que o tinha comprado em primeiro lugar. E assim, por décadas, o DeLorean ficou principalmente no celeiro, cedendo à gravidade, a uma camada de poeira cada vez mais espessa e a uma longa linhagem de ratos. McElhattan estimou que o carro não tinha sido dirigido havia pelo menos 15 anos.

Enquanto isso, o DeLorean, principalmente por causa da trilogia de De Volta para o Futuro feita entre 1985 e 1990, gravou um sulco cada vez mais profundo na imaginação coletiva dos americanos. Isso só se acelerou nos últimos anos à medida que programas de TV como “Stranger Things” alimentaram uma onda de nostalgia dos anos 1980. Poucas coisas gritam anos 1980 mais do que De Volta para o Futuro com hoverboards, refrigerantes Tab, tocadores de cassete portáteis e um carro que parecia vir do futuro, mas na realidade era produto de uma empresa que faliu em 1982.

A DeLorean Motor Company produziu seu homônimo por apenas três anos-modelo, de 1981 a 1983, antes de declarar falência. Mas, como a montadora planejava produzir 25 mil carros por ano e havia abastecido seus depósitos de acordo, as peças estão disponíveis até hoje, disse McElhattan, acrescentando que ele obtém peças antigas para 70% dos consertos de DeLorean, recorre a reproduções para 20% e compra peças usadas para os 10% restantes.

Réplica do DeLorean que aparece no filme "De Volta Para o Futuro" na Rio Innovation Week, evento que aconteceu no Rio de Janeiro, dia 5 de outubro de 2023  Foto: CARL DE SOUZA / AFP

McElhattan comprou o carro de Dick, embora tenha se recusado a dizer quanto pagou. Ele e Thomas precisam garantir que o motor funcione e depois contratar um detalhista profissional para limpar o carro. Depois disso, eles avaliarão quais peças precisam, as obterão e reformarão o carro. McElhattan estimou que levará pelo menos seis meses e talvez mais se tiver que voltar sua atenção para os DeLoreans de seus clientes.

Uma vez que ele reforma o carro, McElhattan disse que não tem certeza do que fará com ele. Inicialmente, pretendia vender o carro por mais de US$ 100 mil, mas com sua história e toda a atenção que está recebendo, o DeLorean ao qual ele se refere com carinho como “a descoberta no celeiro” está “adquirindo sua própria personalidade”. “Estou começando a criar um apego emocional por ele”, disse ele.

McElhattan reiterou que, embora a baixa quilometragem tenha ajudado o carro a se destacar, foi a combinação de fatores que o torna especial, sendo seu estado inalterado o principal entre eles. Tudo ou quase tudo era original, até o filtro de óleo azul. Embora os pneus tenham murchado e sucumbido à decomposição, ainda tinham quase a mesma quantidade de sulcos que tinham quando percorreram a pista de testes na Irlanda há mais de quatro décadas./WP

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