Departamento de Justiça diz que Trump não devolveu todos os documentos retirados da Casa Branca


Alto funcionário do departamento teria falado com advogados do ex-presidente, mas não está claro quais medidas podem ser tomadas para recuperar qualquer material

Por Michael S. Schmidt, Maggie Haberman e Katie Benner

Um alto funcionário do Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou aos advogados do ex-presidente Donald Trump nas últimas semanas que o departamento acreditava que ele não havia devolvido todos os documentos que retirou da Casa Branca ao fim do mandato, afirmaram duas pessoas informadas sobre o assunto.

O contato do funcionário, Jay I. Bratt, que lidera as operações de contrainteligência do departamento, é a indicação mais concreta até agora de que os investigadores continuam céticos de que Trump tenha cooperado totalmente em seus esforços para recuperar documentos que o ex-presidente deveria ter repassado aos Arquivos Nacionais ao final do seu mandato.

Não está claro quais medidas o Departamento de Justiça pode tomar para recuperar qualquer material que acredita que Trump ainda mantém. E não se sabe se o departamento reuniu novas evidências de que Trump reteve material do governo mesmo após a operação de busca em Mar-a-Lago, na Flórida - e de 18 meses de esforços anteriores do governo federal para convencer o ex-presidente a devolver o que havia subtraído ao deixar o cargo. O Departamento de Justiça se recusou a comentar.

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Donald Trump durante comício em Wilmington; Departamento de Justiça dos EUA suspeita que ex-presidente ainda esteja retendo documentos classificados.  Foto: Chris Seward/ AP

O contato do departamento provocou uma rixa entre os advogados de Trump sobre como responder, com um grupo aconselhando uma abordagem cooperativa que incluiria trazer uma firma externa para realizar uma busca adicional de documentos, e outro aconselhando o ex-presidente a manter uma abordagem mais combativa. De acordo com pessoas informadas sobre o caso, o segundo grupo venceu.

Motivo das suspeitas

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O governo encontrou mais de 300 documentos confidenciais em meio ao material que estava guardado em Mar-a-Lago, incluindo alguns marcados como contendo as informações mais sensíveis que passariam pela mesa do presidente.

Mas o Departamento de Justiça já havia sinalizado dúvidas de que Trump havia entregado tudo em sua posse. Logo após a busca em agosto, foi revelado que investigadores federais encontraram dezenas de pastas vazias em Mar-a-Lago, marcadas como contendo informações confidenciais. A descoberta levantou mais questões sobre se o Departamento de Justiça realmente recuperou todos os materiais classificados que podem ter sido retirados da Casa Branca.

As pastas vazias foram encontradas durante a busca em Mar-a-Lago, juntamente com outras 40 pastas vazias que diziam conter documentos confidenciais que deveriam ser devolvidos “ao secretário de Estado-maior/assessor militar”, segundo o processo judicial. Os agentes encontraram as pastas vazias junto com sete documentos marcados como “ultrassecretos” no escritório de Trump. Os investigadores também encontraram mais 11 marcados como “ultrassecretos” em um depósito.

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O departamento também sinalizou em documentos judiciais que continua tentando determinar se mais materiais do governo permanecem desaparecidos. Em um processo judicial em setembro, o Departamento de Justiça reclamou que a decisão de uma juíza de impedir as autoridades de terem acesso aos documentos apreendidos na busca – posteriormente revertida parcialmente por um tribunal federal de apelações – limitaria sua capacidade de determinar se os documentos estavam faltando.

A liminar, disse o departamento no recurso, “parece impedir que o FBI e o DOJ (sigla em inglês para Departamento de Justiça) revisem mais os registros para discernir quaisquer padrões nos tipos de registros que foram retidos, o que poderia levar à identificação de outros registros ainda ausentes”.

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O departamento acrescentou que a liminar “proibiria o governo de usar qualquer aspecto do conteúdo dos registros apreendidos para apoiar o uso do processo obrigatório para localizar quaisquer registros adicionais”.

Entre os crimes potenciais que o departamento citou ao buscar o mandado de busca para Mar-a-Lago estava a “obstrução de justiça”.

Embate entre advogados

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Funcionários do Departamento de Justiça e representantes legais de Trump tiveram várias discussões nas últimas semanas. Após a ligação de Bratt, que liderou a investigação do Departamento de Justiça sobre o manuseio dos documentos pelo ex-presidente, Trump inicialmente concordou em seguir o conselho de um de seus advogados, Christopher M. Kise, que sugeriu a contratação de um empresa forense para procurar documentos adicionais, de acordo com as pessoas informadas sobre o assunto.

Mas outros advogados do círculo de Trump - que defendem uma postura mais contraditória ao lidar com o Departamento de Justiça - discordaram da abordagem de Kise. Eles convenceram Trump a desistir da ideia e o encorajaram a manter uma postura agressiva em relação às autoridades, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.

Christopher M. Kise, advogado de Donald Trump, chega a tribunal em Nova York. Foto: Sarah Yenesel/ EFE - 20/09/2022
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Não está claro em qual propriedade Kise pretendia que o grupo externo realizasse buscas. Além de Mar-a-Lago, Trump frequentemente passa tempo em seu clube em Bedminster, em New Jersey, e em um escritório em Manhattan.

O desacordo entre os advogados sobre como responder ao Departamento de Justiça ajudou a criar uma fissura na equipe jurídica e teria levado a uma diminuição do papel de Kise na equipe jurídica de Trump nas últimas semanas - o advogado não respondeu a vários pedidos de comentários.

Taylor Budowich, porta-voz de Trump, criticou o Departamento de Justiça. “O armado Departamento de Justiça e o politizado FBI estão gastando milhões e milhões de dólares de impostos americanos para perpetuar caça às bruxas atrás de caça às bruxas”, disse ele.

Estratégias

A relutância de Trump em cooperar até agora coloca o departamento na difícil posição de ter que decidir entre uma série de escolhas difíceis, incluindo desistir de tentar obter os documentos, emitir uma intimação para eles, obter outro mandado de busca ou pressionar para que Trump ateste sob juramento que entregou todos os materiais em sua posse.

Bob Litt, um advogado de segurança nacional de longa data, disse que o Departamento de Justiça tem várias opções além de realizar outro mandado de busca. Uma delas seria apresentar uma moção na disputa judicial em andamento sobre os documentos, buscando a devolução deles ou uma declaração sob juramento de Trump de que ele devolveu todos os documentos. Ao fazer isso, disse Litt, o departamento poderia encurralar Trump.

Como o departamento procede, disse ele, provavelmente seria influenciado pelo fato de acreditarem que os documentos em questão são altamente confidenciais.

“Eles podem dizer ao tribunal que, em vez de buscar um mandado de busca e apreensão, estão levando a questão ao tribunal”, disse Litt. “O objetivo é fazer com que Trump seja ‘gravado’ porque ele tem um histórico de dizer coisas fora do tribunal pelas quais ele não será contabilizado”.

Um alto funcionário do Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou aos advogados do ex-presidente Donald Trump nas últimas semanas que o departamento acreditava que ele não havia devolvido todos os documentos que retirou da Casa Branca ao fim do mandato, afirmaram duas pessoas informadas sobre o assunto.

O contato do funcionário, Jay I. Bratt, que lidera as operações de contrainteligência do departamento, é a indicação mais concreta até agora de que os investigadores continuam céticos de que Trump tenha cooperado totalmente em seus esforços para recuperar documentos que o ex-presidente deveria ter repassado aos Arquivos Nacionais ao final do seu mandato.

Não está claro quais medidas o Departamento de Justiça pode tomar para recuperar qualquer material que acredita que Trump ainda mantém. E não se sabe se o departamento reuniu novas evidências de que Trump reteve material do governo mesmo após a operação de busca em Mar-a-Lago, na Flórida - e de 18 meses de esforços anteriores do governo federal para convencer o ex-presidente a devolver o que havia subtraído ao deixar o cargo. O Departamento de Justiça se recusou a comentar.

Donald Trump durante comício em Wilmington; Departamento de Justiça dos EUA suspeita que ex-presidente ainda esteja retendo documentos classificados.  Foto: Chris Seward/ AP

O contato do departamento provocou uma rixa entre os advogados de Trump sobre como responder, com um grupo aconselhando uma abordagem cooperativa que incluiria trazer uma firma externa para realizar uma busca adicional de documentos, e outro aconselhando o ex-presidente a manter uma abordagem mais combativa. De acordo com pessoas informadas sobre o caso, o segundo grupo venceu.

Motivo das suspeitas

O governo encontrou mais de 300 documentos confidenciais em meio ao material que estava guardado em Mar-a-Lago, incluindo alguns marcados como contendo as informações mais sensíveis que passariam pela mesa do presidente.

Mas o Departamento de Justiça já havia sinalizado dúvidas de que Trump havia entregado tudo em sua posse. Logo após a busca em agosto, foi revelado que investigadores federais encontraram dezenas de pastas vazias em Mar-a-Lago, marcadas como contendo informações confidenciais. A descoberta levantou mais questões sobre se o Departamento de Justiça realmente recuperou todos os materiais classificados que podem ter sido retirados da Casa Branca.

As pastas vazias foram encontradas durante a busca em Mar-a-Lago, juntamente com outras 40 pastas vazias que diziam conter documentos confidenciais que deveriam ser devolvidos “ao secretário de Estado-maior/assessor militar”, segundo o processo judicial. Os agentes encontraram as pastas vazias junto com sete documentos marcados como “ultrassecretos” no escritório de Trump. Os investigadores também encontraram mais 11 marcados como “ultrassecretos” em um depósito.

O departamento também sinalizou em documentos judiciais que continua tentando determinar se mais materiais do governo permanecem desaparecidos. Em um processo judicial em setembro, o Departamento de Justiça reclamou que a decisão de uma juíza de impedir as autoridades de terem acesso aos documentos apreendidos na busca – posteriormente revertida parcialmente por um tribunal federal de apelações – limitaria sua capacidade de determinar se os documentos estavam faltando.

A liminar, disse o departamento no recurso, “parece impedir que o FBI e o DOJ (sigla em inglês para Departamento de Justiça) revisem mais os registros para discernir quaisquer padrões nos tipos de registros que foram retidos, o que poderia levar à identificação de outros registros ainda ausentes”.

O departamento acrescentou que a liminar “proibiria o governo de usar qualquer aspecto do conteúdo dos registros apreendidos para apoiar o uso do processo obrigatório para localizar quaisquer registros adicionais”.

Entre os crimes potenciais que o departamento citou ao buscar o mandado de busca para Mar-a-Lago estava a “obstrução de justiça”.

Embate entre advogados

Funcionários do Departamento de Justiça e representantes legais de Trump tiveram várias discussões nas últimas semanas. Após a ligação de Bratt, que liderou a investigação do Departamento de Justiça sobre o manuseio dos documentos pelo ex-presidente, Trump inicialmente concordou em seguir o conselho de um de seus advogados, Christopher M. Kise, que sugeriu a contratação de um empresa forense para procurar documentos adicionais, de acordo com as pessoas informadas sobre o assunto.

Mas outros advogados do círculo de Trump - que defendem uma postura mais contraditória ao lidar com o Departamento de Justiça - discordaram da abordagem de Kise. Eles convenceram Trump a desistir da ideia e o encorajaram a manter uma postura agressiva em relação às autoridades, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.

Christopher M. Kise, advogado de Donald Trump, chega a tribunal em Nova York. Foto: Sarah Yenesel/ EFE - 20/09/2022

Não está claro em qual propriedade Kise pretendia que o grupo externo realizasse buscas. Além de Mar-a-Lago, Trump frequentemente passa tempo em seu clube em Bedminster, em New Jersey, e em um escritório em Manhattan.

O desacordo entre os advogados sobre como responder ao Departamento de Justiça ajudou a criar uma fissura na equipe jurídica e teria levado a uma diminuição do papel de Kise na equipe jurídica de Trump nas últimas semanas - o advogado não respondeu a vários pedidos de comentários.

Taylor Budowich, porta-voz de Trump, criticou o Departamento de Justiça. “O armado Departamento de Justiça e o politizado FBI estão gastando milhões e milhões de dólares de impostos americanos para perpetuar caça às bruxas atrás de caça às bruxas”, disse ele.

Estratégias

A relutância de Trump em cooperar até agora coloca o departamento na difícil posição de ter que decidir entre uma série de escolhas difíceis, incluindo desistir de tentar obter os documentos, emitir uma intimação para eles, obter outro mandado de busca ou pressionar para que Trump ateste sob juramento que entregou todos os materiais em sua posse.

Bob Litt, um advogado de segurança nacional de longa data, disse que o Departamento de Justiça tem várias opções além de realizar outro mandado de busca. Uma delas seria apresentar uma moção na disputa judicial em andamento sobre os documentos, buscando a devolução deles ou uma declaração sob juramento de Trump de que ele devolveu todos os documentos. Ao fazer isso, disse Litt, o departamento poderia encurralar Trump.

Como o departamento procede, disse ele, provavelmente seria influenciado pelo fato de acreditarem que os documentos em questão são altamente confidenciais.

“Eles podem dizer ao tribunal que, em vez de buscar um mandado de busca e apreensão, estão levando a questão ao tribunal”, disse Litt. “O objetivo é fazer com que Trump seja ‘gravado’ porque ele tem um histórico de dizer coisas fora do tribunal pelas quais ele não será contabilizado”.

Um alto funcionário do Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou aos advogados do ex-presidente Donald Trump nas últimas semanas que o departamento acreditava que ele não havia devolvido todos os documentos que retirou da Casa Branca ao fim do mandato, afirmaram duas pessoas informadas sobre o assunto.

O contato do funcionário, Jay I. Bratt, que lidera as operações de contrainteligência do departamento, é a indicação mais concreta até agora de que os investigadores continuam céticos de que Trump tenha cooperado totalmente em seus esforços para recuperar documentos que o ex-presidente deveria ter repassado aos Arquivos Nacionais ao final do seu mandato.

Não está claro quais medidas o Departamento de Justiça pode tomar para recuperar qualquer material que acredita que Trump ainda mantém. E não se sabe se o departamento reuniu novas evidências de que Trump reteve material do governo mesmo após a operação de busca em Mar-a-Lago, na Flórida - e de 18 meses de esforços anteriores do governo federal para convencer o ex-presidente a devolver o que havia subtraído ao deixar o cargo. O Departamento de Justiça se recusou a comentar.

Donald Trump durante comício em Wilmington; Departamento de Justiça dos EUA suspeita que ex-presidente ainda esteja retendo documentos classificados.  Foto: Chris Seward/ AP

O contato do departamento provocou uma rixa entre os advogados de Trump sobre como responder, com um grupo aconselhando uma abordagem cooperativa que incluiria trazer uma firma externa para realizar uma busca adicional de documentos, e outro aconselhando o ex-presidente a manter uma abordagem mais combativa. De acordo com pessoas informadas sobre o caso, o segundo grupo venceu.

Motivo das suspeitas

O governo encontrou mais de 300 documentos confidenciais em meio ao material que estava guardado em Mar-a-Lago, incluindo alguns marcados como contendo as informações mais sensíveis que passariam pela mesa do presidente.

Mas o Departamento de Justiça já havia sinalizado dúvidas de que Trump havia entregado tudo em sua posse. Logo após a busca em agosto, foi revelado que investigadores federais encontraram dezenas de pastas vazias em Mar-a-Lago, marcadas como contendo informações confidenciais. A descoberta levantou mais questões sobre se o Departamento de Justiça realmente recuperou todos os materiais classificados que podem ter sido retirados da Casa Branca.

As pastas vazias foram encontradas durante a busca em Mar-a-Lago, juntamente com outras 40 pastas vazias que diziam conter documentos confidenciais que deveriam ser devolvidos “ao secretário de Estado-maior/assessor militar”, segundo o processo judicial. Os agentes encontraram as pastas vazias junto com sete documentos marcados como “ultrassecretos” no escritório de Trump. Os investigadores também encontraram mais 11 marcados como “ultrassecretos” em um depósito.

O departamento também sinalizou em documentos judiciais que continua tentando determinar se mais materiais do governo permanecem desaparecidos. Em um processo judicial em setembro, o Departamento de Justiça reclamou que a decisão de uma juíza de impedir as autoridades de terem acesso aos documentos apreendidos na busca – posteriormente revertida parcialmente por um tribunal federal de apelações – limitaria sua capacidade de determinar se os documentos estavam faltando.

A liminar, disse o departamento no recurso, “parece impedir que o FBI e o DOJ (sigla em inglês para Departamento de Justiça) revisem mais os registros para discernir quaisquer padrões nos tipos de registros que foram retidos, o que poderia levar à identificação de outros registros ainda ausentes”.

O departamento acrescentou que a liminar “proibiria o governo de usar qualquer aspecto do conteúdo dos registros apreendidos para apoiar o uso do processo obrigatório para localizar quaisquer registros adicionais”.

Entre os crimes potenciais que o departamento citou ao buscar o mandado de busca para Mar-a-Lago estava a “obstrução de justiça”.

Embate entre advogados

Funcionários do Departamento de Justiça e representantes legais de Trump tiveram várias discussões nas últimas semanas. Após a ligação de Bratt, que liderou a investigação do Departamento de Justiça sobre o manuseio dos documentos pelo ex-presidente, Trump inicialmente concordou em seguir o conselho de um de seus advogados, Christopher M. Kise, que sugeriu a contratação de um empresa forense para procurar documentos adicionais, de acordo com as pessoas informadas sobre o assunto.

Mas outros advogados do círculo de Trump - que defendem uma postura mais contraditória ao lidar com o Departamento de Justiça - discordaram da abordagem de Kise. Eles convenceram Trump a desistir da ideia e o encorajaram a manter uma postura agressiva em relação às autoridades, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.

Christopher M. Kise, advogado de Donald Trump, chega a tribunal em Nova York. Foto: Sarah Yenesel/ EFE - 20/09/2022

Não está claro em qual propriedade Kise pretendia que o grupo externo realizasse buscas. Além de Mar-a-Lago, Trump frequentemente passa tempo em seu clube em Bedminster, em New Jersey, e em um escritório em Manhattan.

O desacordo entre os advogados sobre como responder ao Departamento de Justiça ajudou a criar uma fissura na equipe jurídica e teria levado a uma diminuição do papel de Kise na equipe jurídica de Trump nas últimas semanas - o advogado não respondeu a vários pedidos de comentários.

Taylor Budowich, porta-voz de Trump, criticou o Departamento de Justiça. “O armado Departamento de Justiça e o politizado FBI estão gastando milhões e milhões de dólares de impostos americanos para perpetuar caça às bruxas atrás de caça às bruxas”, disse ele.

Estratégias

A relutância de Trump em cooperar até agora coloca o departamento na difícil posição de ter que decidir entre uma série de escolhas difíceis, incluindo desistir de tentar obter os documentos, emitir uma intimação para eles, obter outro mandado de busca ou pressionar para que Trump ateste sob juramento que entregou todos os materiais em sua posse.

Bob Litt, um advogado de segurança nacional de longa data, disse que o Departamento de Justiça tem várias opções além de realizar outro mandado de busca. Uma delas seria apresentar uma moção na disputa judicial em andamento sobre os documentos, buscando a devolução deles ou uma declaração sob juramento de Trump de que ele devolveu todos os documentos. Ao fazer isso, disse Litt, o departamento poderia encurralar Trump.

Como o departamento procede, disse ele, provavelmente seria influenciado pelo fato de acreditarem que os documentos em questão são altamente confidenciais.

“Eles podem dizer ao tribunal que, em vez de buscar um mandado de busca e apreensão, estão levando a questão ao tribunal”, disse Litt. “O objetivo é fazer com que Trump seja ‘gravado’ porque ele tem um histórico de dizer coisas fora do tribunal pelas quais ele não será contabilizado”.

Um alto funcionário do Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou aos advogados do ex-presidente Donald Trump nas últimas semanas que o departamento acreditava que ele não havia devolvido todos os documentos que retirou da Casa Branca ao fim do mandato, afirmaram duas pessoas informadas sobre o assunto.

O contato do funcionário, Jay I. Bratt, que lidera as operações de contrainteligência do departamento, é a indicação mais concreta até agora de que os investigadores continuam céticos de que Trump tenha cooperado totalmente em seus esforços para recuperar documentos que o ex-presidente deveria ter repassado aos Arquivos Nacionais ao final do seu mandato.

Não está claro quais medidas o Departamento de Justiça pode tomar para recuperar qualquer material que acredita que Trump ainda mantém. E não se sabe se o departamento reuniu novas evidências de que Trump reteve material do governo mesmo após a operação de busca em Mar-a-Lago, na Flórida - e de 18 meses de esforços anteriores do governo federal para convencer o ex-presidente a devolver o que havia subtraído ao deixar o cargo. O Departamento de Justiça se recusou a comentar.

Donald Trump durante comício em Wilmington; Departamento de Justiça dos EUA suspeita que ex-presidente ainda esteja retendo documentos classificados.  Foto: Chris Seward/ AP

O contato do departamento provocou uma rixa entre os advogados de Trump sobre como responder, com um grupo aconselhando uma abordagem cooperativa que incluiria trazer uma firma externa para realizar uma busca adicional de documentos, e outro aconselhando o ex-presidente a manter uma abordagem mais combativa. De acordo com pessoas informadas sobre o caso, o segundo grupo venceu.

Motivo das suspeitas

O governo encontrou mais de 300 documentos confidenciais em meio ao material que estava guardado em Mar-a-Lago, incluindo alguns marcados como contendo as informações mais sensíveis que passariam pela mesa do presidente.

Mas o Departamento de Justiça já havia sinalizado dúvidas de que Trump havia entregado tudo em sua posse. Logo após a busca em agosto, foi revelado que investigadores federais encontraram dezenas de pastas vazias em Mar-a-Lago, marcadas como contendo informações confidenciais. A descoberta levantou mais questões sobre se o Departamento de Justiça realmente recuperou todos os materiais classificados que podem ter sido retirados da Casa Branca.

As pastas vazias foram encontradas durante a busca em Mar-a-Lago, juntamente com outras 40 pastas vazias que diziam conter documentos confidenciais que deveriam ser devolvidos “ao secretário de Estado-maior/assessor militar”, segundo o processo judicial. Os agentes encontraram as pastas vazias junto com sete documentos marcados como “ultrassecretos” no escritório de Trump. Os investigadores também encontraram mais 11 marcados como “ultrassecretos” em um depósito.

O departamento também sinalizou em documentos judiciais que continua tentando determinar se mais materiais do governo permanecem desaparecidos. Em um processo judicial em setembro, o Departamento de Justiça reclamou que a decisão de uma juíza de impedir as autoridades de terem acesso aos documentos apreendidos na busca – posteriormente revertida parcialmente por um tribunal federal de apelações – limitaria sua capacidade de determinar se os documentos estavam faltando.

A liminar, disse o departamento no recurso, “parece impedir que o FBI e o DOJ (sigla em inglês para Departamento de Justiça) revisem mais os registros para discernir quaisquer padrões nos tipos de registros que foram retidos, o que poderia levar à identificação de outros registros ainda ausentes”.

O departamento acrescentou que a liminar “proibiria o governo de usar qualquer aspecto do conteúdo dos registros apreendidos para apoiar o uso do processo obrigatório para localizar quaisquer registros adicionais”.

Entre os crimes potenciais que o departamento citou ao buscar o mandado de busca para Mar-a-Lago estava a “obstrução de justiça”.

Embate entre advogados

Funcionários do Departamento de Justiça e representantes legais de Trump tiveram várias discussões nas últimas semanas. Após a ligação de Bratt, que liderou a investigação do Departamento de Justiça sobre o manuseio dos documentos pelo ex-presidente, Trump inicialmente concordou em seguir o conselho de um de seus advogados, Christopher M. Kise, que sugeriu a contratação de um empresa forense para procurar documentos adicionais, de acordo com as pessoas informadas sobre o assunto.

Mas outros advogados do círculo de Trump - que defendem uma postura mais contraditória ao lidar com o Departamento de Justiça - discordaram da abordagem de Kise. Eles convenceram Trump a desistir da ideia e o encorajaram a manter uma postura agressiva em relação às autoridades, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.

Christopher M. Kise, advogado de Donald Trump, chega a tribunal em Nova York. Foto: Sarah Yenesel/ EFE - 20/09/2022

Não está claro em qual propriedade Kise pretendia que o grupo externo realizasse buscas. Além de Mar-a-Lago, Trump frequentemente passa tempo em seu clube em Bedminster, em New Jersey, e em um escritório em Manhattan.

O desacordo entre os advogados sobre como responder ao Departamento de Justiça ajudou a criar uma fissura na equipe jurídica e teria levado a uma diminuição do papel de Kise na equipe jurídica de Trump nas últimas semanas - o advogado não respondeu a vários pedidos de comentários.

Taylor Budowich, porta-voz de Trump, criticou o Departamento de Justiça. “O armado Departamento de Justiça e o politizado FBI estão gastando milhões e milhões de dólares de impostos americanos para perpetuar caça às bruxas atrás de caça às bruxas”, disse ele.

Estratégias

A relutância de Trump em cooperar até agora coloca o departamento na difícil posição de ter que decidir entre uma série de escolhas difíceis, incluindo desistir de tentar obter os documentos, emitir uma intimação para eles, obter outro mandado de busca ou pressionar para que Trump ateste sob juramento que entregou todos os materiais em sua posse.

Bob Litt, um advogado de segurança nacional de longa data, disse que o Departamento de Justiça tem várias opções além de realizar outro mandado de busca. Uma delas seria apresentar uma moção na disputa judicial em andamento sobre os documentos, buscando a devolução deles ou uma declaração sob juramento de Trump de que ele devolveu todos os documentos. Ao fazer isso, disse Litt, o departamento poderia encurralar Trump.

Como o departamento procede, disse ele, provavelmente seria influenciado pelo fato de acreditarem que os documentos em questão são altamente confidenciais.

“Eles podem dizer ao tribunal que, em vez de buscar um mandado de busca e apreensão, estão levando a questão ao tribunal”, disse Litt. “O objetivo é fazer com que Trump seja ‘gravado’ porque ele tem um histórico de dizer coisas fora do tribunal pelas quais ele não será contabilizado”.

Um alto funcionário do Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou aos advogados do ex-presidente Donald Trump nas últimas semanas que o departamento acreditava que ele não havia devolvido todos os documentos que retirou da Casa Branca ao fim do mandato, afirmaram duas pessoas informadas sobre o assunto.

O contato do funcionário, Jay I. Bratt, que lidera as operações de contrainteligência do departamento, é a indicação mais concreta até agora de que os investigadores continuam céticos de que Trump tenha cooperado totalmente em seus esforços para recuperar documentos que o ex-presidente deveria ter repassado aos Arquivos Nacionais ao final do seu mandato.

Não está claro quais medidas o Departamento de Justiça pode tomar para recuperar qualquer material que acredita que Trump ainda mantém. E não se sabe se o departamento reuniu novas evidências de que Trump reteve material do governo mesmo após a operação de busca em Mar-a-Lago, na Flórida - e de 18 meses de esforços anteriores do governo federal para convencer o ex-presidente a devolver o que havia subtraído ao deixar o cargo. O Departamento de Justiça se recusou a comentar.

Donald Trump durante comício em Wilmington; Departamento de Justiça dos EUA suspeita que ex-presidente ainda esteja retendo documentos classificados.  Foto: Chris Seward/ AP

O contato do departamento provocou uma rixa entre os advogados de Trump sobre como responder, com um grupo aconselhando uma abordagem cooperativa que incluiria trazer uma firma externa para realizar uma busca adicional de documentos, e outro aconselhando o ex-presidente a manter uma abordagem mais combativa. De acordo com pessoas informadas sobre o caso, o segundo grupo venceu.

Motivo das suspeitas

O governo encontrou mais de 300 documentos confidenciais em meio ao material que estava guardado em Mar-a-Lago, incluindo alguns marcados como contendo as informações mais sensíveis que passariam pela mesa do presidente.

Mas o Departamento de Justiça já havia sinalizado dúvidas de que Trump havia entregado tudo em sua posse. Logo após a busca em agosto, foi revelado que investigadores federais encontraram dezenas de pastas vazias em Mar-a-Lago, marcadas como contendo informações confidenciais. A descoberta levantou mais questões sobre se o Departamento de Justiça realmente recuperou todos os materiais classificados que podem ter sido retirados da Casa Branca.

As pastas vazias foram encontradas durante a busca em Mar-a-Lago, juntamente com outras 40 pastas vazias que diziam conter documentos confidenciais que deveriam ser devolvidos “ao secretário de Estado-maior/assessor militar”, segundo o processo judicial. Os agentes encontraram as pastas vazias junto com sete documentos marcados como “ultrassecretos” no escritório de Trump. Os investigadores também encontraram mais 11 marcados como “ultrassecretos” em um depósito.

O departamento também sinalizou em documentos judiciais que continua tentando determinar se mais materiais do governo permanecem desaparecidos. Em um processo judicial em setembro, o Departamento de Justiça reclamou que a decisão de uma juíza de impedir as autoridades de terem acesso aos documentos apreendidos na busca – posteriormente revertida parcialmente por um tribunal federal de apelações – limitaria sua capacidade de determinar se os documentos estavam faltando.

A liminar, disse o departamento no recurso, “parece impedir que o FBI e o DOJ (sigla em inglês para Departamento de Justiça) revisem mais os registros para discernir quaisquer padrões nos tipos de registros que foram retidos, o que poderia levar à identificação de outros registros ainda ausentes”.

O departamento acrescentou que a liminar “proibiria o governo de usar qualquer aspecto do conteúdo dos registros apreendidos para apoiar o uso do processo obrigatório para localizar quaisquer registros adicionais”.

Entre os crimes potenciais que o departamento citou ao buscar o mandado de busca para Mar-a-Lago estava a “obstrução de justiça”.

Embate entre advogados

Funcionários do Departamento de Justiça e representantes legais de Trump tiveram várias discussões nas últimas semanas. Após a ligação de Bratt, que liderou a investigação do Departamento de Justiça sobre o manuseio dos documentos pelo ex-presidente, Trump inicialmente concordou em seguir o conselho de um de seus advogados, Christopher M. Kise, que sugeriu a contratação de um empresa forense para procurar documentos adicionais, de acordo com as pessoas informadas sobre o assunto.

Mas outros advogados do círculo de Trump - que defendem uma postura mais contraditória ao lidar com o Departamento de Justiça - discordaram da abordagem de Kise. Eles convenceram Trump a desistir da ideia e o encorajaram a manter uma postura agressiva em relação às autoridades, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.

Christopher M. Kise, advogado de Donald Trump, chega a tribunal em Nova York. Foto: Sarah Yenesel/ EFE - 20/09/2022

Não está claro em qual propriedade Kise pretendia que o grupo externo realizasse buscas. Além de Mar-a-Lago, Trump frequentemente passa tempo em seu clube em Bedminster, em New Jersey, e em um escritório em Manhattan.

O desacordo entre os advogados sobre como responder ao Departamento de Justiça ajudou a criar uma fissura na equipe jurídica e teria levado a uma diminuição do papel de Kise na equipe jurídica de Trump nas últimas semanas - o advogado não respondeu a vários pedidos de comentários.

Taylor Budowich, porta-voz de Trump, criticou o Departamento de Justiça. “O armado Departamento de Justiça e o politizado FBI estão gastando milhões e milhões de dólares de impostos americanos para perpetuar caça às bruxas atrás de caça às bruxas”, disse ele.

Estratégias

A relutância de Trump em cooperar até agora coloca o departamento na difícil posição de ter que decidir entre uma série de escolhas difíceis, incluindo desistir de tentar obter os documentos, emitir uma intimação para eles, obter outro mandado de busca ou pressionar para que Trump ateste sob juramento que entregou todos os materiais em sua posse.

Bob Litt, um advogado de segurança nacional de longa data, disse que o Departamento de Justiça tem várias opções além de realizar outro mandado de busca. Uma delas seria apresentar uma moção na disputa judicial em andamento sobre os documentos, buscando a devolução deles ou uma declaração sob juramento de Trump de que ele devolveu todos os documentos. Ao fazer isso, disse Litt, o departamento poderia encurralar Trump.

Como o departamento procede, disse ele, provavelmente seria influenciado pelo fato de acreditarem que os documentos em questão são altamente confidenciais.

“Eles podem dizer ao tribunal que, em vez de buscar um mandado de busca e apreensão, estão levando a questão ao tribunal”, disse Litt. “O objetivo é fazer com que Trump seja ‘gravado’ porque ele tem um histórico de dizer coisas fora do tribunal pelas quais ele não será contabilizado”.

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