LONDRES – Em seu primeiro discurso como monarca britânico, o rei Charles III homenageou a mãe, a rainha Elizabeth II, que morreu na quinta-feira, aos 96 anos. Em discurso gravado de 9 minutos, ele se inspirou no juramento feito por ela de dedicar toda sua vida a serviço do Reino Unido. Na chegada ao Palácio de Buckingham, ele surpreendeu ao cumprimentar os súditos por 10 minutos.
“A decisão de descer do carro e conversar com a multidão que estava ali foi um gesto generoso e de certa forma inesperado. Não é incomum para a realeza fazer essas ‘paradas’, mas nestas circunstâncias não era esperado. Foi uma surpresa agradável”, disse a historiadora na Universidade de Winchester, especializada em monarquias, Elena Woodacre.
Ela explica que o perfil de Charles, quando ainda era príncipe, era de alguém com personalidade mais forte, que expressava as próprias opiniões. Mas ele foi sendo preparado e aconselhado a mudar, pensando no momento de assumir o trono. Agora, é necessário esperar alguns meses para entender qual será o perfil do novo rei.
No sábado, 10, será a cerimônia de proclamação de Charles III. Nesta sexta, 9, em seu discurso, ele carinhosamente se referiu a Elizabeth como “querida mamãe”, elogiou a rainha-consorte, Camilla Parker Bowles, e os filhos William e Harry. “Como a rainha fez com devoção inabalável, agora eu prometo solenemente, durante o resto dos dias que Deus me conceder, manter os princípios constitucionais que residem no coração de nossa nação”, disse o rei.
A frase é uma referência ao discurso da rainha, então herdeira do trono, em 1947, na África do Sul, quando ela disse em seu aniversário de 21 anos: “Declaro que minha vida, seja longa ou breve, será devotada a seu serviço e ao serviço da grande família imperial a que todos pertencemos”.
Nesta sexta-feira, 5, Charles concluiu sua fala emocionado. “Onde que vocês vivam no Reino Unido, ou nos reinos e territórios pelo mundo, e quaisquer sejam sua origem ou crenças, eu buscarei servi-los com lealdade, respeito e amor.”
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Liz Truss
Perto dali, na Catedral de São Paulo, a nova premiê, Liz Truss, e 2 mil pessoas participaram de cerimônia em memória da rainha. O evento comoveu quem esteve dentro, mas quem também não conseguiu entrar. Para o diretor financeiro David Edgar, de 64 anos, o sentimento era de tristeza. “Ainda não consegui processar. Desde criança, conheço ela como a rainha da Inglaterra.” Alice Swan descreveu a cerimônia como “comovente”. “Especialmente no fim, quando cantamos God Save The King (hino britânico)”, disse.
O contador Stephen Burgess, de 53 anos, não conseguiu entrar e acompanhou o discurso do rei pelo celular, diante da catedral. “Foi muito poderoso”, disse. O casal Peter e Joana James, também do lado de fora, prestou homenagens à rainha. “É importante estarmos juntos neste momento”, afirmou Peter. /COM FERNANDA SIMAS