BUENOS AIRES - Uma deputada opositora da Argentina apresentou na segunda-feira uma denúncia contra a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015) e seus filhos, Máximo e Florencia, por supostos delitos de enriquecimento ilícito e falsificação ideológica.
O juiz Claudio Bonadio será o encarregado de investigar a denúncia penal apresentada pela deputada de centro-esquerda Margarita Stolbizer na Justiça Federal pela "manipulação e possível adulteração de documentos públicos relacionados com a empresa Los Sauces", formada em 2006 pelo ex-presidente Néstor Kirchner, Cristina e Máximo Kirchner, segundo afirma o texto da denúncia.
O titular do Juizado Criminal e Correcional já assumiu a causa sobre as supostas irregularidades na Hotesur, empresa gerente do luxuoso hotel Alto Calafate, na província de Santa Cruz, a partir de uma denúncia apresentada em 2014 por Margarita.
A deputada do partido Geração para um Encontro Nacional (GENE) alegou que Cristina cometeu supostas irregularidades, como o registro de um domicílio fictício para a empresa, a ausência de declaração de imóveis perante os organismos tributários e a falsificação de documentos relacionados com a compra e venda de propriedades.
Além disso, comentou que a Los Sauces passou a não realizar operações em 2007 e 2008, e iniciou investimentos em imóveis que superam 9 milhões de pesos argentinos (R$ 2,16 milhões) em 2009 e 10 milhões de pesos (R$ 2,40 milhões) em 2012.
"É impossível que uma empresa que não tem movimentos de repente apareça comprando tantos imóveis milionários", afirmou Margarita antes de apontar "vínculos" entre a empresa dos Kirchner e as de Cristóbal López e Lázaro Báez, investigados atualmente por corrupção.
A deputada assegurou que os lucros recebidos por Néstor Kirchner e os obtidos por Cristina e seus filhos após a morte do ex-presidente em 2010 foram possíveis graças aos aluguéis que ambos empresários pagavam pelas propriedades de Los Sauces.
Para ela, a suspeita é que os aluguéis "na realidade podiam ser subornos ou retornos aos Kirchner por negócios que entregaram a Báez e López durante estes 12 anos" de mandato.
Segundo Margarita, todos estes fatos "poderiam constituir ilícitos penais passíveis de reprovação em particular por afetar a administração pública e a fé pública" e, por esse motivo, considera necessário "ordenar uma investigação" de suas responsabilidades. /EFE