PORTO PRÍNCIPE - Protestos violentos irromperam no Haiti nesta terça-feira, 29, enquanto candidatos derrotados rejeitaram os resultados preliminares da eleição presidencial, que indicam que o exportador de bananas Jovenel Moise será o próximo presidente.
Moise, que concorreu pelo partido do ex-presidente Michel Martelly, ganhou com 55,67 % dos votos na eleição ocorrida no dia 20, disse na segunda-feira a comissão eleitoral. O resultado evita um segundo turno no ano que vem.
A polícia usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes na vizinhança de La Saline, reduto do Famni Lavalas, o partido de esquerda do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide. O partido chamou os resultados de “golpe eleitoral”.
Uma testemunha da agência Reuters disse ter ouvido o barulho de tiros na cidade. A embaixada dos Estados Unidos também divulgou relatos sobre manifestações, tiros e queima de pneus no centro de Porto Príncipe e em Malpasse, uma cidade perto da fronteira com a República Dominicana.
Um porta-voz da polícia nacional do Haiti declarou que os policiais estavam reagindo aos protestos em La Saline, mas não poderia confirmar se os protestos em Malpasse haviam ocorrido.
“Nós saudamos aqueles que votaram em mim e aqueles que não votaram em mim”, afirmou Moise. “Nós vamos usar as pessoas, o sol, a terra e a água para desenvolver o país.”
Na região mais nobre de Petionville, moradores dançaram e celebraram o resultado.
População luta por comida e água no Haiti
Jude Célestin, um engenheiro mecânico que comandou a empresa de construção do governo, ficou em segundo. Ele recebeu um pouco menos do que um quinto dos votos.
Moise Jean-Charles, um senador de esquerda, teve 11 %, enquanto Maryse Narcisse, concorrendo pelo partido Famni Lavalas, ficou com cerca de 9 %, de acordo com os resultados preliminares.
Contudo, o comparecimento às urnas foi baixo, e 10 % das folhas para contabilizar votos foram descartadas em razão de irregularidades. Num país de 10 milhões de habitantes, Jovenel Moise recebeu apenas 600 mil votos. / REUTERS