Yitzhak Rabin, então comandante das Forças Armadas de Israel, descreveu a chegada de seus soldados aoMuro das Lamentações como o episódiomais emocionante da Guerra dos Seis Dias, em 1967. "Nunca houve e nunca haverá um momento como esse", disse. As preces dos judeus, segundo ele, poderiam ser ouvidas de novo, após 19 anos.
Desde então, o Muro das Lamentações entrou na lista de razões para palestinos e israelenses se estranharem. Por isso, a visita de segunda-feira, 1º, de Jair Bolsonaro, acompanhado do chefe de governo de Israel, teve peso religioso, mas também político. Ao todo, a comitiva esteve por menos de duas horas no local, enfrentou chuva, frio e até granizo.
Bolsonaro atrasou sua chegada para esperar o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, que concedia uma coletiva de imprensa em seu gabinete -- ele está na reta final de campanha eleitoral e diariamente troca farpas com a oposição.
Os dois chegaram juntos. As duas comitivas se esconderam da chuva debaixo de uma tenda montada pelo cerimonial do governo israelense. Quando saiu para rezar e depositar uma mensagem na parede -- "Deus, olhe pelo Brasil", segundo Bolsonaro --, não ficou mais do que dez minutos do lado de fora. Sempre ao seu lado, Netanyahu buscava as câmeras e tentava virar o brasileiro para que os fotógrafos tivessem um melhor ângulo.
Os jornalistas acompanharam a cerca de 20 metros, em um palco improvisado. Como sempre as mulheres, à direita, separadas dos homens por uma mureta e com a visão prejudicada. Para elas, foi designado um praticado alguns centímetros mais alto, o que não fazia muita diferença. Lá do alto, com seus 40 e poucos anos, Dorit mostrava quem manda. A chefe de imprensa de Netanyahu subia na cadeira e gesticulava, comandando aos gritos a equipe de seguranças do premiê -- todos homens.
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Rompendo uma tradição diplomática, o presidente Jair Bolsonaro visitou o Muro das Lamentações, em Jerusalém, ao lado do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Durante décadas, líderes estrangeiros se abstiveram de visitar o local ao lado de líderes de Israel.
Na parte final da visita, as duas comitivas entraram em uma sinagoga construída recentemente nos subterrâneos do Muro das Lamentações. Bolsonaro ouviu as explicações de Netanyahu e dos rabinos sobre as tradições judaicas -- embora parecesse um pouco desatento. Depois que o presidente assinou o livro de visitantes, ministros e congressistas aproveitaram para tirar uma última selfie, e a comitiva voltou ao hotel King David.
A visita de Bolsonaro a Israel
Bolsonaro embarcou para Israel no último sábado, 30, com o objetivo de estreitar as relações entre o país e o Brasil. Lá, o presidente se deparou com um protesto do Greenpeace contra o desmatamento na Amazônia, em frente ao hotel no qual está hospedado. Ele também condecorou a brigada militar israelense que ajudou no resgate às vítimas de Brumadinho e prometeu decidir sobre uma embaixada brasileira no país até 2022.
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O presidente Jair Bolsonaro, em visita a Israel, anunciou, neste domingo, a abertura de um escritório comercial em Jerusalém, além da assinatura de seis acordos de cooperação. O primeiro-ministro de israelense disse que espera que esse “seja o primeiro passo para a abertura de uma embaixada brasileira em Jerusalém".
No domingo, 31, o presidente e a delegação brasileira encerraram o dia com um jantar regado a peixe, filé e vinhos. Bolsonaro deve ficar no país até a próxima quarta-feira, 3, quando embarca para Las Palmas e, de lá, volta para Brasília.