Dez anos após a tragédia em Fukushima, indústria nuclear do Japão continua estagnada


Governo ainda espera revitalizar o setor, tanto para reduzir a dependência de energia importada, quanto para ajudar a alcançar a meta de neutralidade de carbono até 2050

Por Redação

TÓQUIO - Dez anos após o desastre de Fukushima, a indústria nuclear do Japão continua incapacitada, com a maioria dos reatores do país parados ou a caminho da desativação.

O governo ainda espera revitalizar o setor, tanto para reduzir a dependência de energia importada, quanto para ajudar a alcançar a meta de neutralidade de carbono até 2050.

Qual é a situação em Fukushima Daiichi?

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Cerca de 5 mil pessoas ainda trabalham diariamente na usina nuclear de Fukushima Daiichi, onde quatro reatores foram severamente danificados em 11 de março de 2011 pelo tsunami desencadeado por um poderoso terremoto.

Emaranhados de sucata de metal ainda podem ser vistos espalhados em partes do local, inclusive em cima do reator 1, cujo telhado explodiu durante o acidente. Ao todo, três reatores derreteram no desastre e, mesmo uma década depois, contadores Geiger apitam sem parar por todo o local. 

O tsunami de 2011 matou cerca de 18 mil pessoas e inundou a usina nuclear de Fukushima, o que provocou o colapso de seus reatores Foto: Damir Sagolj / Reuters
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Até agora, os arredores dos reatores foram liberados, novos diques de concreto foram construídos e tubos de combustível intactos foram removidos com guindastes gigantes. A parte mais difícil, porém, está por vir: extrair quase 900 toneladas de combustível derretido misturado com outros detritos altamente radioativos.

O desenvolvimento no Reino Unido de um braço robótico especial para a operação foi atrasado pela pandemia, adiando o início do processo de extração em um ano, até 2022. Mas isso é apenas um detalhe em um processo de desativação que deve levar de 30 a 40 anos, na melhor das hipóteses.

Um poderoso terremoto de magnitude 7,3 que atingiu a região durante a noite em 13 de fevereiro não provocou um tsunami nem causou grandes danos, inclusive na usina de Fukushima.

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No entanto, isso provocou a queda dos níveis de água de resfriamento em vários reatores, mas a Tepco disse que o efeito foi limitado porque a água fica em um sistema fechado que não infiltra o ambiente ao redor.

A água subterrânea das montanhas do entorno que vaza para o subsolo abaixo dos reatores e se torna radioativa já foi um grande problema, que foi mitigado por uma "parede de gelo" com 30 metros de profundidade e 1,5 km de comprimento, concluída em 2018.

Mas a chuva e a água de outros lugares usadas para resfriamento continuam sendo um problema, com cerca de 140 metros cúbicos de água radioativa gerados por dia em 2020.

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A água contaminada é filtrada para remover a maioria dos nucleídeos radioativos, exceto o trítio. Por enquanto, ela é mantida em centenas de tanques azuis, cinza e bege no local, mas o espaço está acabando.

Até o verão de 2022, não haverá mais armazenamento disponível e o governo deve aprovar um controverso plano para liberar gradualmente a água tratada no mar.

Qual é o papel do setor nuclear hoje?

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Todos os reatores do Japão foram paralisados após o acidente e as regulamentações de segurança nuclear foram significativamente reforçadas. Apenas nove reatores estão em operação atualmente, em comparação com 54 antes de março de 2011, e 24 estão prontos para serem desativados.

A energia nuclear foi responsável por apenas 6,2% da geração de eletricidade no Japão em 2019, uma fração dos 30% anteriores ao desastre, de acordo com números oficiais.

A meta atual do governo, que está sendo revisada, é que a energia nuclear corresponda a 20 a 22% da geração de eletricidade até 2030, um percentual considerado impossível por muitos especialistas.

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Por que insistir em um setor polêmico?

A maioria dos japoneses continua se opondo à energia nuclear após o trauma do desastre de Fukushima, e dezenas de ações judiciais foram movidas por comunidades próximas às usinas na tentativa de impedir que elas voltem à ativa.

Outros obstáculos incluem os custos astronômicos de implementar novas medidas de segurança nuclear, assim como o preço no longo prazo da desativação e manutenção de usinas operacionais e paralisadas.

No início de 2020, a agência de notícias japonesa Kyodo calculou esses custos para todos os reatores do país em 13,460 trilhões de ienes (US$ 129 bilhões). O valor, porém, não inclui o custo de desativação de Fukushima Daiichi e o trabalho de descontaminação na região.

Seis anos depois, usina nuclear de Fukushima ainda causa preocupação para o mundo Foto: Kyodo/Reuters

"O futuro da energia nuclear é muito sombrio", afirmou esta semana Takeo Kikkawa, especialista em energia e professor da Universidade Internacional do Japão.

Sem planos para usinas novas ou de substituição, "a energia nuclear no Japão vai diminuir e desaparecer gradualmente", previu.

E algumas empresas japonesas do setor parecem concordar, aumentando o investimento em energia renovável à medida que o Japão busca cumprir suas metas de carbono neutro.

Em junho do ano passado, a Tepco anunciou que investiria 2 trilhões de ienes (US$ 18 bilhões) ao longo de dez anos para aumentar sua capacidade de energia verde. A Toshiba e a Hitachi abandonaram nos últimos anos projetos de energia nuclear no Reino Unido./AFP

TÓQUIO - Dez anos após o desastre de Fukushima, a indústria nuclear do Japão continua incapacitada, com a maioria dos reatores do país parados ou a caminho da desativação.

O governo ainda espera revitalizar o setor, tanto para reduzir a dependência de energia importada, quanto para ajudar a alcançar a meta de neutralidade de carbono até 2050.

Qual é a situação em Fukushima Daiichi?

Cerca de 5 mil pessoas ainda trabalham diariamente na usina nuclear de Fukushima Daiichi, onde quatro reatores foram severamente danificados em 11 de março de 2011 pelo tsunami desencadeado por um poderoso terremoto.

Emaranhados de sucata de metal ainda podem ser vistos espalhados em partes do local, inclusive em cima do reator 1, cujo telhado explodiu durante o acidente. Ao todo, três reatores derreteram no desastre e, mesmo uma década depois, contadores Geiger apitam sem parar por todo o local. 

O tsunami de 2011 matou cerca de 18 mil pessoas e inundou a usina nuclear de Fukushima, o que provocou o colapso de seus reatores Foto: Damir Sagolj / Reuters

Até agora, os arredores dos reatores foram liberados, novos diques de concreto foram construídos e tubos de combustível intactos foram removidos com guindastes gigantes. A parte mais difícil, porém, está por vir: extrair quase 900 toneladas de combustível derretido misturado com outros detritos altamente radioativos.

O desenvolvimento no Reino Unido de um braço robótico especial para a operação foi atrasado pela pandemia, adiando o início do processo de extração em um ano, até 2022. Mas isso é apenas um detalhe em um processo de desativação que deve levar de 30 a 40 anos, na melhor das hipóteses.

Um poderoso terremoto de magnitude 7,3 que atingiu a região durante a noite em 13 de fevereiro não provocou um tsunami nem causou grandes danos, inclusive na usina de Fukushima.

No entanto, isso provocou a queda dos níveis de água de resfriamento em vários reatores, mas a Tepco disse que o efeito foi limitado porque a água fica em um sistema fechado que não infiltra o ambiente ao redor.

A água subterrânea das montanhas do entorno que vaza para o subsolo abaixo dos reatores e se torna radioativa já foi um grande problema, que foi mitigado por uma "parede de gelo" com 30 metros de profundidade e 1,5 km de comprimento, concluída em 2018.

Mas a chuva e a água de outros lugares usadas para resfriamento continuam sendo um problema, com cerca de 140 metros cúbicos de água radioativa gerados por dia em 2020.

A água contaminada é filtrada para remover a maioria dos nucleídeos radioativos, exceto o trítio. Por enquanto, ela é mantida em centenas de tanques azuis, cinza e bege no local, mas o espaço está acabando.

Até o verão de 2022, não haverá mais armazenamento disponível e o governo deve aprovar um controverso plano para liberar gradualmente a água tratada no mar.

Qual é o papel do setor nuclear hoje?

Todos os reatores do Japão foram paralisados após o acidente e as regulamentações de segurança nuclear foram significativamente reforçadas. Apenas nove reatores estão em operação atualmente, em comparação com 54 antes de março de 2011, e 24 estão prontos para serem desativados.

A energia nuclear foi responsável por apenas 6,2% da geração de eletricidade no Japão em 2019, uma fração dos 30% anteriores ao desastre, de acordo com números oficiais.

A meta atual do governo, que está sendo revisada, é que a energia nuclear corresponda a 20 a 22% da geração de eletricidade até 2030, um percentual considerado impossível por muitos especialistas.

Por que insistir em um setor polêmico?

A maioria dos japoneses continua se opondo à energia nuclear após o trauma do desastre de Fukushima, e dezenas de ações judiciais foram movidas por comunidades próximas às usinas na tentativa de impedir que elas voltem à ativa.

Outros obstáculos incluem os custos astronômicos de implementar novas medidas de segurança nuclear, assim como o preço no longo prazo da desativação e manutenção de usinas operacionais e paralisadas.

No início de 2020, a agência de notícias japonesa Kyodo calculou esses custos para todos os reatores do país em 13,460 trilhões de ienes (US$ 129 bilhões). O valor, porém, não inclui o custo de desativação de Fukushima Daiichi e o trabalho de descontaminação na região.

Seis anos depois, usina nuclear de Fukushima ainda causa preocupação para o mundo Foto: Kyodo/Reuters

"O futuro da energia nuclear é muito sombrio", afirmou esta semana Takeo Kikkawa, especialista em energia e professor da Universidade Internacional do Japão.

Sem planos para usinas novas ou de substituição, "a energia nuclear no Japão vai diminuir e desaparecer gradualmente", previu.

E algumas empresas japonesas do setor parecem concordar, aumentando o investimento em energia renovável à medida que o Japão busca cumprir suas metas de carbono neutro.

Em junho do ano passado, a Tepco anunciou que investiria 2 trilhões de ienes (US$ 18 bilhões) ao longo de dez anos para aumentar sua capacidade de energia verde. A Toshiba e a Hitachi abandonaram nos últimos anos projetos de energia nuclear no Reino Unido./AFP

TÓQUIO - Dez anos após o desastre de Fukushima, a indústria nuclear do Japão continua incapacitada, com a maioria dos reatores do país parados ou a caminho da desativação.

O governo ainda espera revitalizar o setor, tanto para reduzir a dependência de energia importada, quanto para ajudar a alcançar a meta de neutralidade de carbono até 2050.

Qual é a situação em Fukushima Daiichi?

Cerca de 5 mil pessoas ainda trabalham diariamente na usina nuclear de Fukushima Daiichi, onde quatro reatores foram severamente danificados em 11 de março de 2011 pelo tsunami desencadeado por um poderoso terremoto.

Emaranhados de sucata de metal ainda podem ser vistos espalhados em partes do local, inclusive em cima do reator 1, cujo telhado explodiu durante o acidente. Ao todo, três reatores derreteram no desastre e, mesmo uma década depois, contadores Geiger apitam sem parar por todo o local. 

O tsunami de 2011 matou cerca de 18 mil pessoas e inundou a usina nuclear de Fukushima, o que provocou o colapso de seus reatores Foto: Damir Sagolj / Reuters

Até agora, os arredores dos reatores foram liberados, novos diques de concreto foram construídos e tubos de combustível intactos foram removidos com guindastes gigantes. A parte mais difícil, porém, está por vir: extrair quase 900 toneladas de combustível derretido misturado com outros detritos altamente radioativos.

O desenvolvimento no Reino Unido de um braço robótico especial para a operação foi atrasado pela pandemia, adiando o início do processo de extração em um ano, até 2022. Mas isso é apenas um detalhe em um processo de desativação que deve levar de 30 a 40 anos, na melhor das hipóteses.

Um poderoso terremoto de magnitude 7,3 que atingiu a região durante a noite em 13 de fevereiro não provocou um tsunami nem causou grandes danos, inclusive na usina de Fukushima.

No entanto, isso provocou a queda dos níveis de água de resfriamento em vários reatores, mas a Tepco disse que o efeito foi limitado porque a água fica em um sistema fechado que não infiltra o ambiente ao redor.

A água subterrânea das montanhas do entorno que vaza para o subsolo abaixo dos reatores e se torna radioativa já foi um grande problema, que foi mitigado por uma "parede de gelo" com 30 metros de profundidade e 1,5 km de comprimento, concluída em 2018.

Mas a chuva e a água de outros lugares usadas para resfriamento continuam sendo um problema, com cerca de 140 metros cúbicos de água radioativa gerados por dia em 2020.

A água contaminada é filtrada para remover a maioria dos nucleídeos radioativos, exceto o trítio. Por enquanto, ela é mantida em centenas de tanques azuis, cinza e bege no local, mas o espaço está acabando.

Até o verão de 2022, não haverá mais armazenamento disponível e o governo deve aprovar um controverso plano para liberar gradualmente a água tratada no mar.

Qual é o papel do setor nuclear hoje?

Todos os reatores do Japão foram paralisados após o acidente e as regulamentações de segurança nuclear foram significativamente reforçadas. Apenas nove reatores estão em operação atualmente, em comparação com 54 antes de março de 2011, e 24 estão prontos para serem desativados.

A energia nuclear foi responsável por apenas 6,2% da geração de eletricidade no Japão em 2019, uma fração dos 30% anteriores ao desastre, de acordo com números oficiais.

A meta atual do governo, que está sendo revisada, é que a energia nuclear corresponda a 20 a 22% da geração de eletricidade até 2030, um percentual considerado impossível por muitos especialistas.

Por que insistir em um setor polêmico?

A maioria dos japoneses continua se opondo à energia nuclear após o trauma do desastre de Fukushima, e dezenas de ações judiciais foram movidas por comunidades próximas às usinas na tentativa de impedir que elas voltem à ativa.

Outros obstáculos incluem os custos astronômicos de implementar novas medidas de segurança nuclear, assim como o preço no longo prazo da desativação e manutenção de usinas operacionais e paralisadas.

No início de 2020, a agência de notícias japonesa Kyodo calculou esses custos para todos os reatores do país em 13,460 trilhões de ienes (US$ 129 bilhões). O valor, porém, não inclui o custo de desativação de Fukushima Daiichi e o trabalho de descontaminação na região.

Seis anos depois, usina nuclear de Fukushima ainda causa preocupação para o mundo Foto: Kyodo/Reuters

"O futuro da energia nuclear é muito sombrio", afirmou esta semana Takeo Kikkawa, especialista em energia e professor da Universidade Internacional do Japão.

Sem planos para usinas novas ou de substituição, "a energia nuclear no Japão vai diminuir e desaparecer gradualmente", previu.

E algumas empresas japonesas do setor parecem concordar, aumentando o investimento em energia renovável à medida que o Japão busca cumprir suas metas de carbono neutro.

Em junho do ano passado, a Tepco anunciou que investiria 2 trilhões de ienes (US$ 18 bilhões) ao longo de dez anos para aumentar sua capacidade de energia verde. A Toshiba e a Hitachi abandonaram nos últimos anos projetos de energia nuclear no Reino Unido./AFP

TÓQUIO - Dez anos após o desastre de Fukushima, a indústria nuclear do Japão continua incapacitada, com a maioria dos reatores do país parados ou a caminho da desativação.

O governo ainda espera revitalizar o setor, tanto para reduzir a dependência de energia importada, quanto para ajudar a alcançar a meta de neutralidade de carbono até 2050.

Qual é a situação em Fukushima Daiichi?

Cerca de 5 mil pessoas ainda trabalham diariamente na usina nuclear de Fukushima Daiichi, onde quatro reatores foram severamente danificados em 11 de março de 2011 pelo tsunami desencadeado por um poderoso terremoto.

Emaranhados de sucata de metal ainda podem ser vistos espalhados em partes do local, inclusive em cima do reator 1, cujo telhado explodiu durante o acidente. Ao todo, três reatores derreteram no desastre e, mesmo uma década depois, contadores Geiger apitam sem parar por todo o local. 

O tsunami de 2011 matou cerca de 18 mil pessoas e inundou a usina nuclear de Fukushima, o que provocou o colapso de seus reatores Foto: Damir Sagolj / Reuters

Até agora, os arredores dos reatores foram liberados, novos diques de concreto foram construídos e tubos de combustível intactos foram removidos com guindastes gigantes. A parte mais difícil, porém, está por vir: extrair quase 900 toneladas de combustível derretido misturado com outros detritos altamente radioativos.

O desenvolvimento no Reino Unido de um braço robótico especial para a operação foi atrasado pela pandemia, adiando o início do processo de extração em um ano, até 2022. Mas isso é apenas um detalhe em um processo de desativação que deve levar de 30 a 40 anos, na melhor das hipóteses.

Um poderoso terremoto de magnitude 7,3 que atingiu a região durante a noite em 13 de fevereiro não provocou um tsunami nem causou grandes danos, inclusive na usina de Fukushima.

No entanto, isso provocou a queda dos níveis de água de resfriamento em vários reatores, mas a Tepco disse que o efeito foi limitado porque a água fica em um sistema fechado que não infiltra o ambiente ao redor.

A água subterrânea das montanhas do entorno que vaza para o subsolo abaixo dos reatores e se torna radioativa já foi um grande problema, que foi mitigado por uma "parede de gelo" com 30 metros de profundidade e 1,5 km de comprimento, concluída em 2018.

Mas a chuva e a água de outros lugares usadas para resfriamento continuam sendo um problema, com cerca de 140 metros cúbicos de água radioativa gerados por dia em 2020.

A água contaminada é filtrada para remover a maioria dos nucleídeos radioativos, exceto o trítio. Por enquanto, ela é mantida em centenas de tanques azuis, cinza e bege no local, mas o espaço está acabando.

Até o verão de 2022, não haverá mais armazenamento disponível e o governo deve aprovar um controverso plano para liberar gradualmente a água tratada no mar.

Qual é o papel do setor nuclear hoje?

Todos os reatores do Japão foram paralisados após o acidente e as regulamentações de segurança nuclear foram significativamente reforçadas. Apenas nove reatores estão em operação atualmente, em comparação com 54 antes de março de 2011, e 24 estão prontos para serem desativados.

A energia nuclear foi responsável por apenas 6,2% da geração de eletricidade no Japão em 2019, uma fração dos 30% anteriores ao desastre, de acordo com números oficiais.

A meta atual do governo, que está sendo revisada, é que a energia nuclear corresponda a 20 a 22% da geração de eletricidade até 2030, um percentual considerado impossível por muitos especialistas.

Por que insistir em um setor polêmico?

A maioria dos japoneses continua se opondo à energia nuclear após o trauma do desastre de Fukushima, e dezenas de ações judiciais foram movidas por comunidades próximas às usinas na tentativa de impedir que elas voltem à ativa.

Outros obstáculos incluem os custos astronômicos de implementar novas medidas de segurança nuclear, assim como o preço no longo prazo da desativação e manutenção de usinas operacionais e paralisadas.

No início de 2020, a agência de notícias japonesa Kyodo calculou esses custos para todos os reatores do país em 13,460 trilhões de ienes (US$ 129 bilhões). O valor, porém, não inclui o custo de desativação de Fukushima Daiichi e o trabalho de descontaminação na região.

Seis anos depois, usina nuclear de Fukushima ainda causa preocupação para o mundo Foto: Kyodo/Reuters

"O futuro da energia nuclear é muito sombrio", afirmou esta semana Takeo Kikkawa, especialista em energia e professor da Universidade Internacional do Japão.

Sem planos para usinas novas ou de substituição, "a energia nuclear no Japão vai diminuir e desaparecer gradualmente", previu.

E algumas empresas japonesas do setor parecem concordar, aumentando o investimento em energia renovável à medida que o Japão busca cumprir suas metas de carbono neutro.

Em junho do ano passado, a Tepco anunciou que investiria 2 trilhões de ienes (US$ 18 bilhões) ao longo de dez anos para aumentar sua capacidade de energia verde. A Toshiba e a Hitachi abandonaram nos últimos anos projetos de energia nuclear no Reino Unido./AFP

TÓQUIO - Dez anos após o desastre de Fukushima, a indústria nuclear do Japão continua incapacitada, com a maioria dos reatores do país parados ou a caminho da desativação.

O governo ainda espera revitalizar o setor, tanto para reduzir a dependência de energia importada, quanto para ajudar a alcançar a meta de neutralidade de carbono até 2050.

Qual é a situação em Fukushima Daiichi?

Cerca de 5 mil pessoas ainda trabalham diariamente na usina nuclear de Fukushima Daiichi, onde quatro reatores foram severamente danificados em 11 de março de 2011 pelo tsunami desencadeado por um poderoso terremoto.

Emaranhados de sucata de metal ainda podem ser vistos espalhados em partes do local, inclusive em cima do reator 1, cujo telhado explodiu durante o acidente. Ao todo, três reatores derreteram no desastre e, mesmo uma década depois, contadores Geiger apitam sem parar por todo o local. 

O tsunami de 2011 matou cerca de 18 mil pessoas e inundou a usina nuclear de Fukushima, o que provocou o colapso de seus reatores Foto: Damir Sagolj / Reuters

Até agora, os arredores dos reatores foram liberados, novos diques de concreto foram construídos e tubos de combustível intactos foram removidos com guindastes gigantes. A parte mais difícil, porém, está por vir: extrair quase 900 toneladas de combustível derretido misturado com outros detritos altamente radioativos.

O desenvolvimento no Reino Unido de um braço robótico especial para a operação foi atrasado pela pandemia, adiando o início do processo de extração em um ano, até 2022. Mas isso é apenas um detalhe em um processo de desativação que deve levar de 30 a 40 anos, na melhor das hipóteses.

Um poderoso terremoto de magnitude 7,3 que atingiu a região durante a noite em 13 de fevereiro não provocou um tsunami nem causou grandes danos, inclusive na usina de Fukushima.

No entanto, isso provocou a queda dos níveis de água de resfriamento em vários reatores, mas a Tepco disse que o efeito foi limitado porque a água fica em um sistema fechado que não infiltra o ambiente ao redor.

A água subterrânea das montanhas do entorno que vaza para o subsolo abaixo dos reatores e se torna radioativa já foi um grande problema, que foi mitigado por uma "parede de gelo" com 30 metros de profundidade e 1,5 km de comprimento, concluída em 2018.

Mas a chuva e a água de outros lugares usadas para resfriamento continuam sendo um problema, com cerca de 140 metros cúbicos de água radioativa gerados por dia em 2020.

A água contaminada é filtrada para remover a maioria dos nucleídeos radioativos, exceto o trítio. Por enquanto, ela é mantida em centenas de tanques azuis, cinza e bege no local, mas o espaço está acabando.

Até o verão de 2022, não haverá mais armazenamento disponível e o governo deve aprovar um controverso plano para liberar gradualmente a água tratada no mar.

Qual é o papel do setor nuclear hoje?

Todos os reatores do Japão foram paralisados após o acidente e as regulamentações de segurança nuclear foram significativamente reforçadas. Apenas nove reatores estão em operação atualmente, em comparação com 54 antes de março de 2011, e 24 estão prontos para serem desativados.

A energia nuclear foi responsável por apenas 6,2% da geração de eletricidade no Japão em 2019, uma fração dos 30% anteriores ao desastre, de acordo com números oficiais.

A meta atual do governo, que está sendo revisada, é que a energia nuclear corresponda a 20 a 22% da geração de eletricidade até 2030, um percentual considerado impossível por muitos especialistas.

Por que insistir em um setor polêmico?

A maioria dos japoneses continua se opondo à energia nuclear após o trauma do desastre de Fukushima, e dezenas de ações judiciais foram movidas por comunidades próximas às usinas na tentativa de impedir que elas voltem à ativa.

Outros obstáculos incluem os custos astronômicos de implementar novas medidas de segurança nuclear, assim como o preço no longo prazo da desativação e manutenção de usinas operacionais e paralisadas.

No início de 2020, a agência de notícias japonesa Kyodo calculou esses custos para todos os reatores do país em 13,460 trilhões de ienes (US$ 129 bilhões). O valor, porém, não inclui o custo de desativação de Fukushima Daiichi e o trabalho de descontaminação na região.

Seis anos depois, usina nuclear de Fukushima ainda causa preocupação para o mundo Foto: Kyodo/Reuters

"O futuro da energia nuclear é muito sombrio", afirmou esta semana Takeo Kikkawa, especialista em energia e professor da Universidade Internacional do Japão.

Sem planos para usinas novas ou de substituição, "a energia nuclear no Japão vai diminuir e desaparecer gradualmente", previu.

E algumas empresas japonesas do setor parecem concordar, aumentando o investimento em energia renovável à medida que o Japão busca cumprir suas metas de carbono neutro.

Em junho do ano passado, a Tepco anunciou que investiria 2 trilhões de ienes (US$ 18 bilhões) ao longo de dez anos para aumentar sua capacidade de energia verde. A Toshiba e a Hitachi abandonaram nos últimos anos projetos de energia nuclear no Reino Unido./AFP

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