‘Esse cara vai mesmo em frente com isso’, disse um resignado Biden ao saber de invasão da Ucrânia


Dias que antecederam ataque russo foram agitados na Casa Branca; evento pode definir presidência do democrata

Por Michael D. Shear, Zolan Kanno-Youngs e Katie Rogers

WASHINGTON - Ron Klain, o chefe de gabinete da Casa Branca, deu um discurso motivacional na manhã de 18 de fevereiro, na reunião diária entre os mais graduados conselheiros do presidente: os próximos dez dias, disse ele, serão os mais determinantes da presidência de Joe Biden. 

Comandantes militares e chefes de inteligência do presidente Biden tinham dito a ele que a invasão russa era inevitável. Klain, veterano em Washington e um dos conselheiros mais próximos de Biden, também os recordou de algo que todos já sabiam: a iminente guerra terrestre na Europa coincidiria com um dos momentos mais decisivos para a presidência de Biden. 

Todos os presidentes são afrontados com episódios que escapam de seu controle, forçados a reagir ao mundo em volta deles com mais frequência do que são capazes de concebê-lo. Ao perceber, diante do discurso de Putin em 21 de fevereiro que a guerra era inevitável, o presidente se resignou. “Esse cara vai mesmo em frente com isso”, afirmou Biden, incrédulo, a um de seus mais graduados conselheiros. Este relato tem como base entrevistas com uma dúzia de autoridades e ex-autoridades do governo. A maioria concordou em descrever as deliberações internas sob condição de anonimato. 

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, participa de evento do Mês da História Negra na Casa Branca, em Washington Foto: Patrick Smeanksy/AP

Antes da tormenta

Uma mensagem que Biden quis reforçar para seu Conselho de Segurança Nacional na Sala de Crise da Casa Branca na manhã do domingo, 20, foi que os EUA permaneciam “em compasso com seus aliados e parceiros”, conforme colocou posteriormente o secretário de Estado, Antony Blinken.

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Esse desejo estava no cerne da resposta americana, que Biden havia definido com Blinken, Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente, e outros conselheiros. Os resultados logo ficariam claros, e a equipe de Biden aguardou nações europeias emitirem sanções antes de seguir a toada. 

A diplomacia, incluindo um telefonema de 15 minutos entre Biden e o presidente francês, Emmanuel Macron, não fora capaz de acalmar o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, que vinha se frustrando cada vez mais com os alertas de Biden sobre uma invasão. Quando retornava da Conferência de Segurança e Munique, no domingo, a vice-presidente, Kamala Harris, conversou com Biden do avião, o Air Force Two.

Ela havia repetido a Zelenski que os EUA acreditavam que a invasão russa era iminente, disse ela a Biden. E Harris havia garantido ao presidente ucraniano que o governo americano estava pronto para impor punições econômicas juntamente com seus aliados europeus. 

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Na segunda-feira, Biden assistiu ao furioso discurso de Putin, no qual o presidente russo reafirmou seus descontentamentos. O líder do Kremlin alertou que, se a Ucrânia não recuasse, seria responsável pela “possibilidade da continuação do derramamento de sangue”.

Biden, estudioso de conflitos internacionais e diplomacia, teve duas reações, de acordo com fontes que conversaram com ele sobre o discurso. 

A fala de Putin expressou uma nefasta confirmação das informações levantadas pelos comandantes militares e chefes de inteligência de Biden, que havia semanas acreditavam que o presidente russo provavelmente levaria adiante suas ameaças contra a Ucrânia. Nesse sentido, a marcha russa a caminho da guerra na Europa não foi nenhuma surpresa. Mas ainda assim Biden ficou chocado, conforme afirmou a um de seus mais graduados conselheiros, enquanto ambos discutiam o discurso de Putin no Salão Oval. 

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Invasão

Na tarde da quarta-feira, a situação na Ucrânia era preocupante. Biden, no Salão Oval até mais tarde do que o normal, recebeu telefonemas do general Mark Milley, comandante do Estado-Maior Conjunto dos EUA, e Lloyd Austin III, o secretário de Defesa. Tropas russas moviam-se de maneiras não vistas anteriormente, mesmo poucas horas antes. 

No Pentágono, autoridades disseram a repórteres acreditar que uma invasão em escala total à Ucrânia poderia começar até as 18h, e alguns graduados comandantes eram vistos checando as horas em seus relógios com frequência. 

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Biden passou o restante da noite preparando-se para uma nova guerra na Europa na Sala do Tratado, o ornado recinto no segundo andar da ala residencial da Casa Branca de onde o ex-presidente William McKinley acompanhou a assinatura do tratado de paz que pôs fim à Guerra Hispano-Americana, em 1898. A notícia da invasão à Ucrânia chegou às 22h, no horário da Costa Leste dos EUA. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

WASHINGTON - Ron Klain, o chefe de gabinete da Casa Branca, deu um discurso motivacional na manhã de 18 de fevereiro, na reunião diária entre os mais graduados conselheiros do presidente: os próximos dez dias, disse ele, serão os mais determinantes da presidência de Joe Biden. 

Comandantes militares e chefes de inteligência do presidente Biden tinham dito a ele que a invasão russa era inevitável. Klain, veterano em Washington e um dos conselheiros mais próximos de Biden, também os recordou de algo que todos já sabiam: a iminente guerra terrestre na Europa coincidiria com um dos momentos mais decisivos para a presidência de Biden. 

Todos os presidentes são afrontados com episódios que escapam de seu controle, forçados a reagir ao mundo em volta deles com mais frequência do que são capazes de concebê-lo. Ao perceber, diante do discurso de Putin em 21 de fevereiro que a guerra era inevitável, o presidente se resignou. “Esse cara vai mesmo em frente com isso”, afirmou Biden, incrédulo, a um de seus mais graduados conselheiros. Este relato tem como base entrevistas com uma dúzia de autoridades e ex-autoridades do governo. A maioria concordou em descrever as deliberações internas sob condição de anonimato. 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, participa de evento do Mês da História Negra na Casa Branca, em Washington Foto: Patrick Smeanksy/AP

Antes da tormenta

Uma mensagem que Biden quis reforçar para seu Conselho de Segurança Nacional na Sala de Crise da Casa Branca na manhã do domingo, 20, foi que os EUA permaneciam “em compasso com seus aliados e parceiros”, conforme colocou posteriormente o secretário de Estado, Antony Blinken.

Esse desejo estava no cerne da resposta americana, que Biden havia definido com Blinken, Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente, e outros conselheiros. Os resultados logo ficariam claros, e a equipe de Biden aguardou nações europeias emitirem sanções antes de seguir a toada. 

A diplomacia, incluindo um telefonema de 15 minutos entre Biden e o presidente francês, Emmanuel Macron, não fora capaz de acalmar o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, que vinha se frustrando cada vez mais com os alertas de Biden sobre uma invasão. Quando retornava da Conferência de Segurança e Munique, no domingo, a vice-presidente, Kamala Harris, conversou com Biden do avião, o Air Force Two.

Ela havia repetido a Zelenski que os EUA acreditavam que a invasão russa era iminente, disse ela a Biden. E Harris havia garantido ao presidente ucraniano que o governo americano estava pronto para impor punições econômicas juntamente com seus aliados europeus. 

Na segunda-feira, Biden assistiu ao furioso discurso de Putin, no qual o presidente russo reafirmou seus descontentamentos. O líder do Kremlin alertou que, se a Ucrânia não recuasse, seria responsável pela “possibilidade da continuação do derramamento de sangue”.

Biden, estudioso de conflitos internacionais e diplomacia, teve duas reações, de acordo com fontes que conversaram com ele sobre o discurso. 

A fala de Putin expressou uma nefasta confirmação das informações levantadas pelos comandantes militares e chefes de inteligência de Biden, que havia semanas acreditavam que o presidente russo provavelmente levaria adiante suas ameaças contra a Ucrânia. Nesse sentido, a marcha russa a caminho da guerra na Europa não foi nenhuma surpresa. Mas ainda assim Biden ficou chocado, conforme afirmou a um de seus mais graduados conselheiros, enquanto ambos discutiam o discurso de Putin no Salão Oval. 

Invasão

Na tarde da quarta-feira, a situação na Ucrânia era preocupante. Biden, no Salão Oval até mais tarde do que o normal, recebeu telefonemas do general Mark Milley, comandante do Estado-Maior Conjunto dos EUA, e Lloyd Austin III, o secretário de Defesa. Tropas russas moviam-se de maneiras não vistas anteriormente, mesmo poucas horas antes. 

No Pentágono, autoridades disseram a repórteres acreditar que uma invasão em escala total à Ucrânia poderia começar até as 18h, e alguns graduados comandantes eram vistos checando as horas em seus relógios com frequência. 

Biden passou o restante da noite preparando-se para uma nova guerra na Europa na Sala do Tratado, o ornado recinto no segundo andar da ala residencial da Casa Branca de onde o ex-presidente William McKinley acompanhou a assinatura do tratado de paz que pôs fim à Guerra Hispano-Americana, em 1898. A notícia da invasão à Ucrânia chegou às 22h, no horário da Costa Leste dos EUA. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

WASHINGTON - Ron Klain, o chefe de gabinete da Casa Branca, deu um discurso motivacional na manhã de 18 de fevereiro, na reunião diária entre os mais graduados conselheiros do presidente: os próximos dez dias, disse ele, serão os mais determinantes da presidência de Joe Biden. 

Comandantes militares e chefes de inteligência do presidente Biden tinham dito a ele que a invasão russa era inevitável. Klain, veterano em Washington e um dos conselheiros mais próximos de Biden, também os recordou de algo que todos já sabiam: a iminente guerra terrestre na Europa coincidiria com um dos momentos mais decisivos para a presidência de Biden. 

Todos os presidentes são afrontados com episódios que escapam de seu controle, forçados a reagir ao mundo em volta deles com mais frequência do que são capazes de concebê-lo. Ao perceber, diante do discurso de Putin em 21 de fevereiro que a guerra era inevitável, o presidente se resignou. “Esse cara vai mesmo em frente com isso”, afirmou Biden, incrédulo, a um de seus mais graduados conselheiros. Este relato tem como base entrevistas com uma dúzia de autoridades e ex-autoridades do governo. A maioria concordou em descrever as deliberações internas sob condição de anonimato. 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, participa de evento do Mês da História Negra na Casa Branca, em Washington Foto: Patrick Smeanksy/AP

Antes da tormenta

Uma mensagem que Biden quis reforçar para seu Conselho de Segurança Nacional na Sala de Crise da Casa Branca na manhã do domingo, 20, foi que os EUA permaneciam “em compasso com seus aliados e parceiros”, conforme colocou posteriormente o secretário de Estado, Antony Blinken.

Esse desejo estava no cerne da resposta americana, que Biden havia definido com Blinken, Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente, e outros conselheiros. Os resultados logo ficariam claros, e a equipe de Biden aguardou nações europeias emitirem sanções antes de seguir a toada. 

A diplomacia, incluindo um telefonema de 15 minutos entre Biden e o presidente francês, Emmanuel Macron, não fora capaz de acalmar o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, que vinha se frustrando cada vez mais com os alertas de Biden sobre uma invasão. Quando retornava da Conferência de Segurança e Munique, no domingo, a vice-presidente, Kamala Harris, conversou com Biden do avião, o Air Force Two.

Ela havia repetido a Zelenski que os EUA acreditavam que a invasão russa era iminente, disse ela a Biden. E Harris havia garantido ao presidente ucraniano que o governo americano estava pronto para impor punições econômicas juntamente com seus aliados europeus. 

Na segunda-feira, Biden assistiu ao furioso discurso de Putin, no qual o presidente russo reafirmou seus descontentamentos. O líder do Kremlin alertou que, se a Ucrânia não recuasse, seria responsável pela “possibilidade da continuação do derramamento de sangue”.

Biden, estudioso de conflitos internacionais e diplomacia, teve duas reações, de acordo com fontes que conversaram com ele sobre o discurso. 

A fala de Putin expressou uma nefasta confirmação das informações levantadas pelos comandantes militares e chefes de inteligência de Biden, que havia semanas acreditavam que o presidente russo provavelmente levaria adiante suas ameaças contra a Ucrânia. Nesse sentido, a marcha russa a caminho da guerra na Europa não foi nenhuma surpresa. Mas ainda assim Biden ficou chocado, conforme afirmou a um de seus mais graduados conselheiros, enquanto ambos discutiam o discurso de Putin no Salão Oval. 

Invasão

Na tarde da quarta-feira, a situação na Ucrânia era preocupante. Biden, no Salão Oval até mais tarde do que o normal, recebeu telefonemas do general Mark Milley, comandante do Estado-Maior Conjunto dos EUA, e Lloyd Austin III, o secretário de Defesa. Tropas russas moviam-se de maneiras não vistas anteriormente, mesmo poucas horas antes. 

No Pentágono, autoridades disseram a repórteres acreditar que uma invasão em escala total à Ucrânia poderia começar até as 18h, e alguns graduados comandantes eram vistos checando as horas em seus relógios com frequência. 

Biden passou o restante da noite preparando-se para uma nova guerra na Europa na Sala do Tratado, o ornado recinto no segundo andar da ala residencial da Casa Branca de onde o ex-presidente William McKinley acompanhou a assinatura do tratado de paz que pôs fim à Guerra Hispano-Americana, em 1898. A notícia da invasão à Ucrânia chegou às 22h, no horário da Costa Leste dos EUA. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

WASHINGTON - Ron Klain, o chefe de gabinete da Casa Branca, deu um discurso motivacional na manhã de 18 de fevereiro, na reunião diária entre os mais graduados conselheiros do presidente: os próximos dez dias, disse ele, serão os mais determinantes da presidência de Joe Biden. 

Comandantes militares e chefes de inteligência do presidente Biden tinham dito a ele que a invasão russa era inevitável. Klain, veterano em Washington e um dos conselheiros mais próximos de Biden, também os recordou de algo que todos já sabiam: a iminente guerra terrestre na Europa coincidiria com um dos momentos mais decisivos para a presidência de Biden. 

Todos os presidentes são afrontados com episódios que escapam de seu controle, forçados a reagir ao mundo em volta deles com mais frequência do que são capazes de concebê-lo. Ao perceber, diante do discurso de Putin em 21 de fevereiro que a guerra era inevitável, o presidente se resignou. “Esse cara vai mesmo em frente com isso”, afirmou Biden, incrédulo, a um de seus mais graduados conselheiros. Este relato tem como base entrevistas com uma dúzia de autoridades e ex-autoridades do governo. A maioria concordou em descrever as deliberações internas sob condição de anonimato. 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, participa de evento do Mês da História Negra na Casa Branca, em Washington Foto: Patrick Smeanksy/AP

Antes da tormenta

Uma mensagem que Biden quis reforçar para seu Conselho de Segurança Nacional na Sala de Crise da Casa Branca na manhã do domingo, 20, foi que os EUA permaneciam “em compasso com seus aliados e parceiros”, conforme colocou posteriormente o secretário de Estado, Antony Blinken.

Esse desejo estava no cerne da resposta americana, que Biden havia definido com Blinken, Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente, e outros conselheiros. Os resultados logo ficariam claros, e a equipe de Biden aguardou nações europeias emitirem sanções antes de seguir a toada. 

A diplomacia, incluindo um telefonema de 15 minutos entre Biden e o presidente francês, Emmanuel Macron, não fora capaz de acalmar o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, que vinha se frustrando cada vez mais com os alertas de Biden sobre uma invasão. Quando retornava da Conferência de Segurança e Munique, no domingo, a vice-presidente, Kamala Harris, conversou com Biden do avião, o Air Force Two.

Ela havia repetido a Zelenski que os EUA acreditavam que a invasão russa era iminente, disse ela a Biden. E Harris havia garantido ao presidente ucraniano que o governo americano estava pronto para impor punições econômicas juntamente com seus aliados europeus. 

Na segunda-feira, Biden assistiu ao furioso discurso de Putin, no qual o presidente russo reafirmou seus descontentamentos. O líder do Kremlin alertou que, se a Ucrânia não recuasse, seria responsável pela “possibilidade da continuação do derramamento de sangue”.

Biden, estudioso de conflitos internacionais e diplomacia, teve duas reações, de acordo com fontes que conversaram com ele sobre o discurso. 

A fala de Putin expressou uma nefasta confirmação das informações levantadas pelos comandantes militares e chefes de inteligência de Biden, que havia semanas acreditavam que o presidente russo provavelmente levaria adiante suas ameaças contra a Ucrânia. Nesse sentido, a marcha russa a caminho da guerra na Europa não foi nenhuma surpresa. Mas ainda assim Biden ficou chocado, conforme afirmou a um de seus mais graduados conselheiros, enquanto ambos discutiam o discurso de Putin no Salão Oval. 

Invasão

Na tarde da quarta-feira, a situação na Ucrânia era preocupante. Biden, no Salão Oval até mais tarde do que o normal, recebeu telefonemas do general Mark Milley, comandante do Estado-Maior Conjunto dos EUA, e Lloyd Austin III, o secretário de Defesa. Tropas russas moviam-se de maneiras não vistas anteriormente, mesmo poucas horas antes. 

No Pentágono, autoridades disseram a repórteres acreditar que uma invasão em escala total à Ucrânia poderia começar até as 18h, e alguns graduados comandantes eram vistos checando as horas em seus relógios com frequência. 

Biden passou o restante da noite preparando-se para uma nova guerra na Europa na Sala do Tratado, o ornado recinto no segundo andar da ala residencial da Casa Branca de onde o ex-presidente William McKinley acompanhou a assinatura do tratado de paz que pôs fim à Guerra Hispano-Americana, em 1898. A notícia da invasão à Ucrânia chegou às 22h, no horário da Costa Leste dos EUA. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

WASHINGTON - Ron Klain, o chefe de gabinete da Casa Branca, deu um discurso motivacional na manhã de 18 de fevereiro, na reunião diária entre os mais graduados conselheiros do presidente: os próximos dez dias, disse ele, serão os mais determinantes da presidência de Joe Biden. 

Comandantes militares e chefes de inteligência do presidente Biden tinham dito a ele que a invasão russa era inevitável. Klain, veterano em Washington e um dos conselheiros mais próximos de Biden, também os recordou de algo que todos já sabiam: a iminente guerra terrestre na Europa coincidiria com um dos momentos mais decisivos para a presidência de Biden. 

Todos os presidentes são afrontados com episódios que escapam de seu controle, forçados a reagir ao mundo em volta deles com mais frequência do que são capazes de concebê-lo. Ao perceber, diante do discurso de Putin em 21 de fevereiro que a guerra era inevitável, o presidente se resignou. “Esse cara vai mesmo em frente com isso”, afirmou Biden, incrédulo, a um de seus mais graduados conselheiros. Este relato tem como base entrevistas com uma dúzia de autoridades e ex-autoridades do governo. A maioria concordou em descrever as deliberações internas sob condição de anonimato. 

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, participa de evento do Mês da História Negra na Casa Branca, em Washington Foto: Patrick Smeanksy/AP

Antes da tormenta

Uma mensagem que Biden quis reforçar para seu Conselho de Segurança Nacional na Sala de Crise da Casa Branca na manhã do domingo, 20, foi que os EUA permaneciam “em compasso com seus aliados e parceiros”, conforme colocou posteriormente o secretário de Estado, Antony Blinken.

Esse desejo estava no cerne da resposta americana, que Biden havia definido com Blinken, Jake Sullivan, conselheiro de segurança nacional do presidente, e outros conselheiros. Os resultados logo ficariam claros, e a equipe de Biden aguardou nações europeias emitirem sanções antes de seguir a toada. 

A diplomacia, incluindo um telefonema de 15 minutos entre Biden e o presidente francês, Emmanuel Macron, não fora capaz de acalmar o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, que vinha se frustrando cada vez mais com os alertas de Biden sobre uma invasão. Quando retornava da Conferência de Segurança e Munique, no domingo, a vice-presidente, Kamala Harris, conversou com Biden do avião, o Air Force Two.

Ela havia repetido a Zelenski que os EUA acreditavam que a invasão russa era iminente, disse ela a Biden. E Harris havia garantido ao presidente ucraniano que o governo americano estava pronto para impor punições econômicas juntamente com seus aliados europeus. 

Na segunda-feira, Biden assistiu ao furioso discurso de Putin, no qual o presidente russo reafirmou seus descontentamentos. O líder do Kremlin alertou que, se a Ucrânia não recuasse, seria responsável pela “possibilidade da continuação do derramamento de sangue”.

Biden, estudioso de conflitos internacionais e diplomacia, teve duas reações, de acordo com fontes que conversaram com ele sobre o discurso. 

A fala de Putin expressou uma nefasta confirmação das informações levantadas pelos comandantes militares e chefes de inteligência de Biden, que havia semanas acreditavam que o presidente russo provavelmente levaria adiante suas ameaças contra a Ucrânia. Nesse sentido, a marcha russa a caminho da guerra na Europa não foi nenhuma surpresa. Mas ainda assim Biden ficou chocado, conforme afirmou a um de seus mais graduados conselheiros, enquanto ambos discutiam o discurso de Putin no Salão Oval. 

Invasão

Na tarde da quarta-feira, a situação na Ucrânia era preocupante. Biden, no Salão Oval até mais tarde do que o normal, recebeu telefonemas do general Mark Milley, comandante do Estado-Maior Conjunto dos EUA, e Lloyd Austin III, o secretário de Defesa. Tropas russas moviam-se de maneiras não vistas anteriormente, mesmo poucas horas antes. 

No Pentágono, autoridades disseram a repórteres acreditar que uma invasão em escala total à Ucrânia poderia começar até as 18h, e alguns graduados comandantes eram vistos checando as horas em seus relógios com frequência. 

Biden passou o restante da noite preparando-se para uma nova guerra na Europa na Sala do Tratado, o ornado recinto no segundo andar da ala residencial da Casa Branca de onde o ex-presidente William McKinley acompanhou a assinatura do tratado de paz que pôs fim à Guerra Hispano-Americana, em 1898. A notícia da invasão à Ucrânia chegou às 22h, no horário da Costa Leste dos EUA. /TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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