GUAYAQUIL - Dez pessoas morreram e outras três ficaram feridas em um ataque armado ocorrido na noite deste sábado, 29, na cidade costeira de Guayaquil, no Equador, informou neste domingo, 30, o Ministério Público Gabinete do General. A polícia ainda investiga os autores do ataque e encontrou armas no local do crime. A hipótese é de disputa territorial do narcotráfico.
Em sua conta no Twitter, o Ministério Público informou que abriu uma investigação preliminar “pelo assassinato de 10 pessoas, após um ataque armado, ocorrido na noite deste sábado nas ruas Gómez Rendón e 14, a sudoeste de Guayaquil”. Acrescentou que, com o apoio da Polícia, levantou diversas provas no local, como uma arma de fogo (tipo espingarda) e outra calibre 9 milímetros, entre outras provas.
“Estão sendo realizadas operações para localizar os supostos autores do ataque, sem que haja detidos”, informou a Promotoria.
Com base em depoimentos de testemunhas, o general William Villarroel, chefe da Zona Policial número 8 da província de Guayas, indicou em entrevista coletiva que uma caminhonete chegou ao local do ataque com vários desconhecidos, “com armas longas”, que dispararam nas pessoas, deixando dez mortos.
Entre os mortos, dois tinham passagem por posse de arma não autorizada e um por ocultação de arma furtada; outro registrou seis prisões por roubo, e outro uma prisão pelo mesmo crime, enquanto investigam se outro dos mortos tem passagem por tráfico de drogas em 2015.
Embora o Ministério Público tenha mencionado inicialmente dois feridos, Villarroel especificou que houve três feridos, incluindo uma menina de 5 anos, que terá que passar por uma cirurgia devido a ferimentos por estilhaços.
“Acreditamos que foi uma luta de grupos criminosos organizados, uma luta pelo território, para se apropriar das diferentes atividades ilegais”, disse, acrescentando que presumem que os membros do grupo criminoso que investigam estão envolvidos no tráfico de drogas, ameaças e roubo de veículos.
Este é o segundo ato violento na costa equatoriana neste mês, depois do ocorrido em 11 de abril, quando um grupo armado abriu fogo contra pescadores que faziam seu trabalho habitual em um porto de Esmeraldas, deixando nove mortos.
Para entender
Onda de violência
O governo do conservador presidente Guillermo Lasso começou a considerar como terrorismo as últimas ações perpetradas pelo crime organizado, como o massacre de Esmeraldas. Segundo as autoridades, esse ataque teria sido causado por um confronto entre quadrilhas criminosas pelo controle do local e em retaliação à decisão dos pescadores de aceitar a extorsão da quadrilha rival para lhes dar segurança em troca de dinheiro.
Da mesma forma, na quinta-feira passada houve uma emboscada a um transporte militar por homens armados, onde morreram duas pessoas, entre elas um oficial da Marinha do Equador, supostamente como resultado das operações antidrogas realizadas no terminal portuário de Posorja.
Essas ações se concentram principalmente nas áreas costeiras do país, onde o Equador ganhou peso nas rotas internacionais do narcotráfico para transportar grandes quantidades de cocaína para a América do Norte e Europa a partir de seus portos, especialmente Guayaquil.
A onda de violência desencadeou profunda preocupação entre a população, que nos últimos dois anos viu proliferar notícias de assassinatos que ecoam diariamente na mídia e que, segundo analistas, parecem ter extrapolado o controle das forças de segurança.
Terrorismo como ameaça
Na sexta-feira passada, o ministro da Defesa do Equador, Luis Lara, garantiu que as Forças Armadas fortaleceram suas operações depois que o Conselho de Estado e Segurança Pública (Cosepe) declarou o terrorismo uma ameaça ao país e recomendou o uso de armas letais contra o crime organizado.
Lara explicou que as operações militares têm sido intensificadas “nas áreas mais conflituosas do território nacional para combater e erradicar grupos criminosos e seus aliados que cometem ataques terroristas e massacres, cumprindo os protocolos e regulamentos do direito internacional e as disposições legais vigentes”.
“Podem ter certeza que nas ações contra atos terroristas não hesitaremos em colocar em prática toda a capacidade, experiência e profissionalismo de nossos soldados. É hora de dizer basta aos criminosos e seus aliados”, disse Lara.
Ele considerou que o objetivo destes grupos criminosos “não é apenas manter os seus negócios escusos, mas minar os alicerces da democracia e do Estado de direito, com a cumplicidade de interesses políticos e econômicos”.
Da mesma forma, o ministro enfatizou que as ações do crime organizado, consideradas como terrorismo pelo governo equatoriano, “incluem não apenas aqueles que os promovem, mas também aqueles que os executam e seus cúmplices que se encarregam de protegê-los e lavar seu dinheiro ou dando assistência logística”./EFE