Diplomata russo na ONU se diz envergonhado com guerra na Ucrânia e renuncia


A carta é uma das críticas mais contundentes à guerra vindas de dentro do governo russo; dissidentes podem ser punidos pela lei russa que proíbe ‘desinformação’ sobre o que chama de ‘operação especial na Ucrânia’

Por Emily Rauhala
Atualização:

THE WASHINGTON POST - Um diplomata da missão da Rússia nas Nações Unidas em Genebra renunciou por causa da guerra na Ucrânia, escrevendo que nunca se sentiu “tão envergonhado” de seu país, em uma rara repreensão pública à guerra de dentro do governo russo.

Em uma carta distribuída a colegas em Genebra e postada em uma conta do LinkedIn em seu nome, bem como no Facebook, Boris Bondarev, conselheiro da Missão Permanente da Federação Russa nas Nações Unidas, disse que deixou o serviço civil nesta segunda-feira, 23.

“Durante vinte anos de minha carreira diplomática, vi diferentes reviravoltas em nossa política externa, mas nunca tive tanta vergonha do meu país como em 24 de fevereiro deste ano”, escreveu ele, referindo-se à data em que a invasão foi lançada.

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“A guerra agressiva desencadeada por Putin contra a Ucrânia, e de fato contra todo o mundo ocidental, não é apenas um crime contra o povo ucraniano, mas também, talvez, o crime mais grave contra o povo da Rússia, com uma letra Z em negrito cruzando todas as esperanças e perspectivas de uma sociedade próspera e livre em nosso país”.

Imagem do passaporte do diplomata russo Boris Bondarev, um veterano da missão russa nas Nações Unidas Foto: Boris Bondarev via AP

A carta é uma das críticas mais contundentes à guerra – e de seus arquitetos – vindas de dentro do governo russo. O presidente russo, Vladimir Putin, deixou claro que a dissidência não será tolerada, dizendo em março que o povo russo pode distinguir entre “verdadeiros patriotas” de “escória e traidores”.

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Anatoly Chubais, representante especial de Putin para o desenvolvimento sustentável, renunciou e deixou a Rússia em março, mas não comentou publicamente suas razões para sair.

Autoridades russas ainda não comentaram o caso. Mas os críticos da guerra podem enfrentar punições sob leis que tornam crime espalhar “informações falsas” sobre os militares russos, inclusive chamando a guerra de guerra, em vez de “operação especial” – o termo preferido de Putin.

Contatado por telefone pela Associated Press na segunda-feira, Bondarev confirmou que havia entregado sua renúncia em uma carta endereçada ao embaixador Gennady Gatilov. Ele disse à AP que não tinha planos de deixar Genebra.

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Bondarev mirou diretamente a classe dominante da Rússia. “Aqueles que conceberam esta guerra querem apenas uma coisa – permanecer no poder para sempre, viver em palácios pomposos e de mau gosto, navegar em iates comparáveis em tonelagem e custo a toda a Marinha russa, desfrutando de poder ilimitado e total impunidade”, escreveu ele.

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Zelensky se prepara para discursar na segunda-feira diante das elites políticas e econômicas mundiais reunidas em Davos, em uma contraofensiva diplomática

“Para conseguir isso, eles estão dispostos a sacrificar quantas vidas forem necessárias”, continuou a carta. “Milhares de russos e ucranianos já morreram só por isso.”

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Um diretório online da ONU em Genebra lista Bondarev como conselheiro na missão da Federação Russa. O perfil do LinkedIn diz que ele é especialista em controle de armas, desarmamento e não proliferação e sugere que ele está no cargo atual desde 2019.

A seção final de sua carta menciona o ministério onde ele trabalhou, incluindo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, que ele aponta como um exemplo da degradação da diplomacia russa.

Lavrov, escreveu ele, “passou de um intelectual profissional e educado, que muitos meus colegas tinham em tão alta estima, para uma pessoa que constantemente transmite declarações conflitantes e ameaça o mundo (isto é, a Rússia também) com armas nucleares!”

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O ministério de hoje “não é sobre diplomacia”, mas “belicismo, mentiras e ódio”.

A renúncia pública de Bondarev levou a pedidos para que outras autoridades russas seguissem o exemplo.

“Boris Bondarev é um herói”, disse Hillel Neuer, diretor executivo da UN Watch, uma organização não-governamental com sede em Genebra, que circulou uma cópia da carta do diplomata russo no Twitter. “Agora estamos pedindo a todos os outros diplomatas russos nas Nações Unidas – e em todo o mundo – que sigam seu exemplo moral e renuncie.”

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“Esta é uma carta inacreditável de um importante diplomata russo denunciando Putin em termos inequívocos”, twittou Bill Browder, fundador do Hermitage Capital e um crítico proeminente do presidente Vladimir Putin.

“Esta é a linguagem que todos os oficiais e oligarcas russos devem usar se tiverem alguma chance de serem tratados com gentileza pelo Ocidente”.

A carta de Bondarev terminou com um adeus ao ministério – e um aceno ao seu estado bastante precário.

“O Ministério se tornou minha casa e minha família. Mas simplesmente não posso mais compartilhar essa ignomínia sangrenta, tola e absolutamente desnecessária”, escreveu ele, acrescentando: “Ofertas de emprego são bem-vindas…”

THE WASHINGTON POST - Um diplomata da missão da Rússia nas Nações Unidas em Genebra renunciou por causa da guerra na Ucrânia, escrevendo que nunca se sentiu “tão envergonhado” de seu país, em uma rara repreensão pública à guerra de dentro do governo russo.

Em uma carta distribuída a colegas em Genebra e postada em uma conta do LinkedIn em seu nome, bem como no Facebook, Boris Bondarev, conselheiro da Missão Permanente da Federação Russa nas Nações Unidas, disse que deixou o serviço civil nesta segunda-feira, 23.

“Durante vinte anos de minha carreira diplomática, vi diferentes reviravoltas em nossa política externa, mas nunca tive tanta vergonha do meu país como em 24 de fevereiro deste ano”, escreveu ele, referindo-se à data em que a invasão foi lançada.

“A guerra agressiva desencadeada por Putin contra a Ucrânia, e de fato contra todo o mundo ocidental, não é apenas um crime contra o povo ucraniano, mas também, talvez, o crime mais grave contra o povo da Rússia, com uma letra Z em negrito cruzando todas as esperanças e perspectivas de uma sociedade próspera e livre em nosso país”.

Imagem do passaporte do diplomata russo Boris Bondarev, um veterano da missão russa nas Nações Unidas Foto: Boris Bondarev via AP

A carta é uma das críticas mais contundentes à guerra – e de seus arquitetos – vindas de dentro do governo russo. O presidente russo, Vladimir Putin, deixou claro que a dissidência não será tolerada, dizendo em março que o povo russo pode distinguir entre “verdadeiros patriotas” de “escória e traidores”.

Anatoly Chubais, representante especial de Putin para o desenvolvimento sustentável, renunciou e deixou a Rússia em março, mas não comentou publicamente suas razões para sair.

Autoridades russas ainda não comentaram o caso. Mas os críticos da guerra podem enfrentar punições sob leis que tornam crime espalhar “informações falsas” sobre os militares russos, inclusive chamando a guerra de guerra, em vez de “operação especial” – o termo preferido de Putin.

Contatado por telefone pela Associated Press na segunda-feira, Bondarev confirmou que havia entregado sua renúncia em uma carta endereçada ao embaixador Gennady Gatilov. Ele disse à AP que não tinha planos de deixar Genebra.

Bondarev mirou diretamente a classe dominante da Rússia. “Aqueles que conceberam esta guerra querem apenas uma coisa – permanecer no poder para sempre, viver em palácios pomposos e de mau gosto, navegar em iates comparáveis em tonelagem e custo a toda a Marinha russa, desfrutando de poder ilimitado e total impunidade”, escreveu ele.

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“Para conseguir isso, eles estão dispostos a sacrificar quantas vidas forem necessárias”, continuou a carta. “Milhares de russos e ucranianos já morreram só por isso.”

Um diretório online da ONU em Genebra lista Bondarev como conselheiro na missão da Federação Russa. O perfil do LinkedIn diz que ele é especialista em controle de armas, desarmamento e não proliferação e sugere que ele está no cargo atual desde 2019.

A seção final de sua carta menciona o ministério onde ele trabalhou, incluindo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, que ele aponta como um exemplo da degradação da diplomacia russa.

Lavrov, escreveu ele, “passou de um intelectual profissional e educado, que muitos meus colegas tinham em tão alta estima, para uma pessoa que constantemente transmite declarações conflitantes e ameaça o mundo (isto é, a Rússia também) com armas nucleares!”

O ministério de hoje “não é sobre diplomacia”, mas “belicismo, mentiras e ódio”.

A renúncia pública de Bondarev levou a pedidos para que outras autoridades russas seguissem o exemplo.

“Boris Bondarev é um herói”, disse Hillel Neuer, diretor executivo da UN Watch, uma organização não-governamental com sede em Genebra, que circulou uma cópia da carta do diplomata russo no Twitter. “Agora estamos pedindo a todos os outros diplomatas russos nas Nações Unidas – e em todo o mundo – que sigam seu exemplo moral e renuncie.”

“Esta é uma carta inacreditável de um importante diplomata russo denunciando Putin em termos inequívocos”, twittou Bill Browder, fundador do Hermitage Capital e um crítico proeminente do presidente Vladimir Putin.

“Esta é a linguagem que todos os oficiais e oligarcas russos devem usar se tiverem alguma chance de serem tratados com gentileza pelo Ocidente”.

A carta de Bondarev terminou com um adeus ao ministério – e um aceno ao seu estado bastante precário.

“O Ministério se tornou minha casa e minha família. Mas simplesmente não posso mais compartilhar essa ignomínia sangrenta, tola e absolutamente desnecessária”, escreveu ele, acrescentando: “Ofertas de emprego são bem-vindas…”

THE WASHINGTON POST - Um diplomata da missão da Rússia nas Nações Unidas em Genebra renunciou por causa da guerra na Ucrânia, escrevendo que nunca se sentiu “tão envergonhado” de seu país, em uma rara repreensão pública à guerra de dentro do governo russo.

Em uma carta distribuída a colegas em Genebra e postada em uma conta do LinkedIn em seu nome, bem como no Facebook, Boris Bondarev, conselheiro da Missão Permanente da Federação Russa nas Nações Unidas, disse que deixou o serviço civil nesta segunda-feira, 23.

“Durante vinte anos de minha carreira diplomática, vi diferentes reviravoltas em nossa política externa, mas nunca tive tanta vergonha do meu país como em 24 de fevereiro deste ano”, escreveu ele, referindo-se à data em que a invasão foi lançada.

“A guerra agressiva desencadeada por Putin contra a Ucrânia, e de fato contra todo o mundo ocidental, não é apenas um crime contra o povo ucraniano, mas também, talvez, o crime mais grave contra o povo da Rússia, com uma letra Z em negrito cruzando todas as esperanças e perspectivas de uma sociedade próspera e livre em nosso país”.

Imagem do passaporte do diplomata russo Boris Bondarev, um veterano da missão russa nas Nações Unidas Foto: Boris Bondarev via AP

A carta é uma das críticas mais contundentes à guerra – e de seus arquitetos – vindas de dentro do governo russo. O presidente russo, Vladimir Putin, deixou claro que a dissidência não será tolerada, dizendo em março que o povo russo pode distinguir entre “verdadeiros patriotas” de “escória e traidores”.

Anatoly Chubais, representante especial de Putin para o desenvolvimento sustentável, renunciou e deixou a Rússia em março, mas não comentou publicamente suas razões para sair.

Autoridades russas ainda não comentaram o caso. Mas os críticos da guerra podem enfrentar punições sob leis que tornam crime espalhar “informações falsas” sobre os militares russos, inclusive chamando a guerra de guerra, em vez de “operação especial” – o termo preferido de Putin.

Contatado por telefone pela Associated Press na segunda-feira, Bondarev confirmou que havia entregado sua renúncia em uma carta endereçada ao embaixador Gennady Gatilov. Ele disse à AP que não tinha planos de deixar Genebra.

Bondarev mirou diretamente a classe dominante da Rússia. “Aqueles que conceberam esta guerra querem apenas uma coisa – permanecer no poder para sempre, viver em palácios pomposos e de mau gosto, navegar em iates comparáveis em tonelagem e custo a toda a Marinha russa, desfrutando de poder ilimitado e total impunidade”, escreveu ele.

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“Para conseguir isso, eles estão dispostos a sacrificar quantas vidas forem necessárias”, continuou a carta. “Milhares de russos e ucranianos já morreram só por isso.”

Um diretório online da ONU em Genebra lista Bondarev como conselheiro na missão da Federação Russa. O perfil do LinkedIn diz que ele é especialista em controle de armas, desarmamento e não proliferação e sugere que ele está no cargo atual desde 2019.

A seção final de sua carta menciona o ministério onde ele trabalhou, incluindo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, que ele aponta como um exemplo da degradação da diplomacia russa.

Lavrov, escreveu ele, “passou de um intelectual profissional e educado, que muitos meus colegas tinham em tão alta estima, para uma pessoa que constantemente transmite declarações conflitantes e ameaça o mundo (isto é, a Rússia também) com armas nucleares!”

O ministério de hoje “não é sobre diplomacia”, mas “belicismo, mentiras e ódio”.

A renúncia pública de Bondarev levou a pedidos para que outras autoridades russas seguissem o exemplo.

“Boris Bondarev é um herói”, disse Hillel Neuer, diretor executivo da UN Watch, uma organização não-governamental com sede em Genebra, que circulou uma cópia da carta do diplomata russo no Twitter. “Agora estamos pedindo a todos os outros diplomatas russos nas Nações Unidas – e em todo o mundo – que sigam seu exemplo moral e renuncie.”

“Esta é uma carta inacreditável de um importante diplomata russo denunciando Putin em termos inequívocos”, twittou Bill Browder, fundador do Hermitage Capital e um crítico proeminente do presidente Vladimir Putin.

“Esta é a linguagem que todos os oficiais e oligarcas russos devem usar se tiverem alguma chance de serem tratados com gentileza pelo Ocidente”.

A carta de Bondarev terminou com um adeus ao ministério – e um aceno ao seu estado bastante precário.

“O Ministério se tornou minha casa e minha família. Mas simplesmente não posso mais compartilhar essa ignomínia sangrenta, tola e absolutamente desnecessária”, escreveu ele, acrescentando: “Ofertas de emprego são bem-vindas…”

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Em uma carta distribuída a colegas em Genebra e postada em uma conta do LinkedIn em seu nome, bem como no Facebook, Boris Bondarev, conselheiro da Missão Permanente da Federação Russa nas Nações Unidas, disse que deixou o serviço civil nesta segunda-feira, 23.

“Durante vinte anos de minha carreira diplomática, vi diferentes reviravoltas em nossa política externa, mas nunca tive tanta vergonha do meu país como em 24 de fevereiro deste ano”, escreveu ele, referindo-se à data em que a invasão foi lançada.

“A guerra agressiva desencadeada por Putin contra a Ucrânia, e de fato contra todo o mundo ocidental, não é apenas um crime contra o povo ucraniano, mas também, talvez, o crime mais grave contra o povo da Rússia, com uma letra Z em negrito cruzando todas as esperanças e perspectivas de uma sociedade próspera e livre em nosso país”.

Imagem do passaporte do diplomata russo Boris Bondarev, um veterano da missão russa nas Nações Unidas Foto: Boris Bondarev via AP

A carta é uma das críticas mais contundentes à guerra – e de seus arquitetos – vindas de dentro do governo russo. O presidente russo, Vladimir Putin, deixou claro que a dissidência não será tolerada, dizendo em março que o povo russo pode distinguir entre “verdadeiros patriotas” de “escória e traidores”.

Anatoly Chubais, representante especial de Putin para o desenvolvimento sustentável, renunciou e deixou a Rússia em março, mas não comentou publicamente suas razões para sair.

Autoridades russas ainda não comentaram o caso. Mas os críticos da guerra podem enfrentar punições sob leis que tornam crime espalhar “informações falsas” sobre os militares russos, inclusive chamando a guerra de guerra, em vez de “operação especial” – o termo preferido de Putin.

Contatado por telefone pela Associated Press na segunda-feira, Bondarev confirmou que havia entregado sua renúncia em uma carta endereçada ao embaixador Gennady Gatilov. Ele disse à AP que não tinha planos de deixar Genebra.

Bondarev mirou diretamente a classe dominante da Rússia. “Aqueles que conceberam esta guerra querem apenas uma coisa – permanecer no poder para sempre, viver em palácios pomposos e de mau gosto, navegar em iates comparáveis em tonelagem e custo a toda a Marinha russa, desfrutando de poder ilimitado e total impunidade”, escreveu ele.

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Zelensky se prepara para discursar na segunda-feira diante das elites políticas e econômicas mundiais reunidas em Davos, em uma contraofensiva diplomática

“Para conseguir isso, eles estão dispostos a sacrificar quantas vidas forem necessárias”, continuou a carta. “Milhares de russos e ucranianos já morreram só por isso.”

Um diretório online da ONU em Genebra lista Bondarev como conselheiro na missão da Federação Russa. O perfil do LinkedIn diz que ele é especialista em controle de armas, desarmamento e não proliferação e sugere que ele está no cargo atual desde 2019.

A seção final de sua carta menciona o ministério onde ele trabalhou, incluindo o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, que ele aponta como um exemplo da degradação da diplomacia russa.

Lavrov, escreveu ele, “passou de um intelectual profissional e educado, que muitos meus colegas tinham em tão alta estima, para uma pessoa que constantemente transmite declarações conflitantes e ameaça o mundo (isto é, a Rússia também) com armas nucleares!”

O ministério de hoje “não é sobre diplomacia”, mas “belicismo, mentiras e ódio”.

A renúncia pública de Bondarev levou a pedidos para que outras autoridades russas seguissem o exemplo.

“Boris Bondarev é um herói”, disse Hillel Neuer, diretor executivo da UN Watch, uma organização não-governamental com sede em Genebra, que circulou uma cópia da carta do diplomata russo no Twitter. “Agora estamos pedindo a todos os outros diplomatas russos nas Nações Unidas – e em todo o mundo – que sigam seu exemplo moral e renuncie.”

“Esta é uma carta inacreditável de um importante diplomata russo denunciando Putin em termos inequívocos”, twittou Bill Browder, fundador do Hermitage Capital e um crítico proeminente do presidente Vladimir Putin.

“Esta é a linguagem que todos os oficiais e oligarcas russos devem usar se tiverem alguma chance de serem tratados com gentileza pelo Ocidente”.

A carta de Bondarev terminou com um adeus ao ministério – e um aceno ao seu estado bastante precário.

“O Ministério se tornou minha casa e minha família. Mas simplesmente não posso mais compartilhar essa ignomínia sangrenta, tola e absolutamente desnecessária”, escreveu ele, acrescentando: “Ofertas de emprego são bem-vindas…”

THE WASHINGTON POST - Um diplomata da missão da Rússia nas Nações Unidas em Genebra renunciou por causa da guerra na Ucrânia, escrevendo que nunca se sentiu “tão envergonhado” de seu país, em uma rara repreensão pública à guerra de dentro do governo russo.

Em uma carta distribuída a colegas em Genebra e postada em uma conta do LinkedIn em seu nome, bem como no Facebook, Boris Bondarev, conselheiro da Missão Permanente da Federação Russa nas Nações Unidas, disse que deixou o serviço civil nesta segunda-feira, 23.

“Durante vinte anos de minha carreira diplomática, vi diferentes reviravoltas em nossa política externa, mas nunca tive tanta vergonha do meu país como em 24 de fevereiro deste ano”, escreveu ele, referindo-se à data em que a invasão foi lançada.

“A guerra agressiva desencadeada por Putin contra a Ucrânia, e de fato contra todo o mundo ocidental, não é apenas um crime contra o povo ucraniano, mas também, talvez, o crime mais grave contra o povo da Rússia, com uma letra Z em negrito cruzando todas as esperanças e perspectivas de uma sociedade próspera e livre em nosso país”.

Imagem do passaporte do diplomata russo Boris Bondarev, um veterano da missão russa nas Nações Unidas Foto: Boris Bondarev via AP

A carta é uma das críticas mais contundentes à guerra – e de seus arquitetos – vindas de dentro do governo russo. O presidente russo, Vladimir Putin, deixou claro que a dissidência não será tolerada, dizendo em março que o povo russo pode distinguir entre “verdadeiros patriotas” de “escória e traidores”.

Anatoly Chubais, representante especial de Putin para o desenvolvimento sustentável, renunciou e deixou a Rússia em março, mas não comentou publicamente suas razões para sair.

Autoridades russas ainda não comentaram o caso. Mas os críticos da guerra podem enfrentar punições sob leis que tornam crime espalhar “informações falsas” sobre os militares russos, inclusive chamando a guerra de guerra, em vez de “operação especial” – o termo preferido de Putin.

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“Para conseguir isso, eles estão dispostos a sacrificar quantas vidas forem necessárias”, continuou a carta. “Milhares de russos e ucranianos já morreram só por isso.”

Um diretório online da ONU em Genebra lista Bondarev como conselheiro na missão da Federação Russa. O perfil do LinkedIn diz que ele é especialista em controle de armas, desarmamento e não proliferação e sugere que ele está no cargo atual desde 2019.

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Lavrov, escreveu ele, “passou de um intelectual profissional e educado, que muitos meus colegas tinham em tão alta estima, para uma pessoa que constantemente transmite declarações conflitantes e ameaça o mundo (isto é, a Rússia também) com armas nucleares!”

O ministério de hoje “não é sobre diplomacia”, mas “belicismo, mentiras e ódio”.

A renúncia pública de Bondarev levou a pedidos para que outras autoridades russas seguissem o exemplo.

“Boris Bondarev é um herói”, disse Hillel Neuer, diretor executivo da UN Watch, uma organização não-governamental com sede em Genebra, que circulou uma cópia da carta do diplomata russo no Twitter. “Agora estamos pedindo a todos os outros diplomatas russos nas Nações Unidas – e em todo o mundo – que sigam seu exemplo moral e renuncie.”

“Esta é uma carta inacreditável de um importante diplomata russo denunciando Putin em termos inequívocos”, twittou Bill Browder, fundador do Hermitage Capital e um crítico proeminente do presidente Vladimir Putin.

“Esta é a linguagem que todos os oficiais e oligarcas russos devem usar se tiverem alguma chance de serem tratados com gentileza pelo Ocidente”.

A carta de Bondarev terminou com um adeus ao ministério – e um aceno ao seu estado bastante precário.

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