CARACAS - O diretor do diário venezuelano, Diário de Caroni, David Natera, foi condenado nesta sexta-feira, 11, a 4 anos de prisão por difamação, após ter publicado, em 2013, denúncias de corrupção envolvendo a mineradora estatal CVG Ferrominera Orinoco. Entidades de classe e que monitoram a liberdade de imprensa, como o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) e a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) criticaram a medida.
"A condenação tem o claro objetivo de intimidar o jornalismo", disse o diretor de liberdade de imprensa da SIP, Claudio Paolillo.O CPJ ressaltou que a condenação terá impacto na prática do jornalismo investigativo na Venezuela.
Natera recorreu da condenação na primeira instância e terá de se apresentar de 30 em 30 dias à Justiça. Ele não poderá deixar o país.
Mais cedo, o diário El Carabobeño informou que deixará de circular a partir do dia 17, após 82 anos de publicação, em razão da falta de papel, informou ontem o próprio veículo, que afirma que a fábrica estatal não vende o material à empresa há um ano.
“El Carabobeño, em seu formato impresso, se despedirá a partir do dia 17 de março. A razão é única: não há papel. A empresa socialista que monopoliza a venda desse material vital para a circulação dos veículos de comunicação, o Complejo Editorial Alfredo Maneiro, não nos vende a matéria-prima há um ano”, afirmou a corporação em comunicado.
De acordo com o jornal, sediado na cidade de Valencia, o governo nega ao veículo desde 2013 a aquisição de divisas para “concretizar a importação de papel, processo que a empresa desenvolvia há 40 anos”.
Na Venezuela, rege desde 2003 um controle estatal de câmbio que impede a livre compra e venda de divisas, administradas de maneira exclusiva pelo governo. / AFP