O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi novamente multado nesta segunda-feira, 6, no valor de US$ 1 mil (cerca de R$ 5 mil), por violar mais uma vez a ordem que o proíbe de insultar testemunhas, o júri e funcionários do tribunal, em meio ao julgamento em que ele é acusado de comprar o silêncio da atriz pornô Stormy Daniels. A multa foi aplicada pelo juiz Juan Merchan, que está à frente do caso. Ele também ameaçou prender o ex-presidente caso as violações continuem.
O juiz Merchan já havia aplicado uma multa de US$ 9 mil (R$ 45,6 mil) no último dia 30 de abril, por nove violações da ordem judicial que proíbe Trump de fazer referência a qualquer coisa relacionada com o julgamento nas suas redes sociais.
Na decisão desta segunda-feira, o juiz advertiu que, por ser a décima vez que o tribunal considera Trump culpado de desobedecer às suas ordens, “parece claro que as multas não serão suficientes para dissuadir o acusado de violar as ordens legais”. “Por mais que eu não queira impor uma pena de prisão, quero que compreenda que farei isso”, disse o juiz Merchan ao primeiro ex-presidente na história dos EUA a sentar no banco dos réus.
Desta vez, Trump foi multado por ter criticado em uma entrevista a velocidade (uma semana) com a qual se escolheu o júri e sua suposta composição em uma cidade majoritariamente democrata.
“No fim do dia, tenho um trabalho a fazer e parte desse trabalho é manter a dignidade do sistema de justiça”, disse o magistrado, qualificando as críticas de Trump como um “ataque direto ao Estado de direito.”
O juiz reconheceu que prender Trump por desacato seria uma decisão importante e um desafio logístico. Como ex-presidente, Trump recebe proteção do Serviço Secreto dos Estados Unidos 24 horas por dia.
“A última coisa que quero é te prender”, disse Merchan, que também mostrou preocupação em relação às pessoas que teriam que executar uma possível ordem de prisão contra Trump.
Trump, republicano de 77 anos, é acusado de 34 falsificações de documentos comerciais para reembolsar o seu então advogado pessoal Michael Cohen com o pagamento de US$ 130 mil (R$ 659,7 mil) para comprar o silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels poucos dias antes das eleições de 2016, vencidas por ele contra a democrata Hillary Clinton.
‘Crise’
Os promotores logo chamaram Jeffrey McConney, um executivo da Trump Organization que explicou aos jurados sobre os reembolsos a Cohen pelo dinheiro pago a Daniels por seu silêncio.
Espera-se que Daniels, 45, e Cohen, 57, testemunhem em algum momento durante o julgamento que ocorre no Tribunal Superior de Manhattan.
Hope Hicks, antiga assessora de Trump, falou na semana passada sobre a “crise” que atingiu a campanha presidencial de 2016, depois do surgimento de uma gravação na qual Trump se gabava de que alguém famoso como ele ‘poderia se permitir qualquer coisa para conquistar as mulheres’, inclusive tocar em suas genitálias.
Hicks reconheceu que estava “um pouco atordoada” por aquela gravação. “Todos estávamos de acordo de que a gravação era prejudicial, era uma crise”, disse Hicks, que foi uma peça-chave nas etapas finais da bem-sucedida campanha presidencial de Trump em 2016, quando supostamente os pagamentos a Daniels foram realizados.
De acordo com os promotores, o pânico em relação à gravação desencadeou um esforço da campanha de Trump para silenciar Daniels, que ameaçou tornar público um suposto caso extraconjugal que ela teria tido em 2006 com o empresário, o que ele sempre negou.
O pagamento em si não é um crime. Mas Trump é acusado de disfarçá-lo como gastos legais para seu advogado.
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Em plena campanha eleitoral, Trump se considera vítima de uma “caça às bruxas” e de uma conspiração legal dos democratas, liderados pelo atual presidente Joe Biden, para impedi-lo de fazer o tão sonhado retorno à Casa Branca.
Além do caso de Nova York, Trump foi acusado em Washington e na Geórgia de conspirar para anular os resultados da eleição de 2020, vencida por Biden, e de levar para sua casa na Flórida documentos ultrassecretos que poderiam comprometer a segurança do Estado ao terminar seu mandato na presidência em 2021. / AFP