A presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, se reuniu com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, durante uma visita surpresa a Kiev, de acordo com relatórios oficiais divulgados neste domingo, 1. Pelosi, a segunda na linha de sucessão à presidência depois da vice-presidente, foi a legisladora americana mais graduada a visitar a Ucrânia desde a invasão pela Rússia, há mais de dois meses.
Ela se reuniu por cerca de três horas com o presidente Zelenski, quando prometeu um amplo apoio econômico, militar e humanitário ao governo da Ucrânia, dizendo que os Estados Unidos permanecerão com seu aliado até que a Rússia seja derrotada.
“Nosso compromisso é estar lá para você até que a luta termine”, Pelosi é vista dizendo a Zelenski em um vídeo da reunião divulgado por seu escritório. “Estamos na fronteira da liberdade e sua luta é uma luta de todos. Obrigado por sua luta pela liberdade.”
“Obrigado aos Estados Unidos por ajudar a proteger a soberania e a integridade territorial de nosso Estado”, escreveu em sua conta oficial no Twitter. Em um vídeo, Zelenski é visto ladeado por guardas armados, recebendo Pelosi e uma delegação do Congresso nos portões presidenciais de Kiev e, posteriormente, em uma reunião com os americanos.
“Os Estados Unidos são líderes em apoiar fortemente a Ucrânia na luta contra a agressão russa”, continuou o presidente ucraniano. Em um comunicado, a delegação dos EUA disse que visitou Kiev “para enviar uma mensagem inequívoca e retumbante ao mundo: os Estados Unidos estão com a Ucrânia”.
“Apoio adicional dos EUA está a caminho”, sublinharam os legisladores dos EUA, que garantiram que “eles transformarão a forte demanda de financiamento do presidente Joe Biden em um pacote legislativo”. Zelenski saudou os “sinais muito importantes” dados pelos Estados Unidos e Biden, incluindo um programa para a Ucrânia, semelhante ao criado durante a Segunda Guerra Mundial, para fornecer material de guerra aos países amigos sem intervir diretamente no conflito.
A viagem aconteceu dois dias depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, pediu ao Congresso US$ 33 bilhões para reforçar a luta da Ucrânia contra a Rússia, mais que o dobro da medida inicial de ajuda de US$ 13,6 bilhões que agora está quase esgotada. A medida visa sinalizar ao presidente russo, Vladimir Putin, que o armamento dos EUA e outras formas de assistência não estão desaparecendo.
“Estes são importantes passos recentes no apoio militar e financeiro à Ucrânia... estamos gratos por isso”, disse Zelenski. Esta visita ocorre uma semana depois que o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, e o secretário de Defesa Lloyd Austin viajaram para Kiev. Pelosi foi acompanhada pelos congressistas Jim McGovern, Gregory Meeks, Adam Schiff, Barbara Lee, Bill Keating e Jason Crow.
Seu navegador não suporta esse video.
Antonio Guterres pediu que a Rússia coopere com investigação de possíveis crimes de guerra.
Durante a reunião, ambos os funcionários anunciaram o retorno progressivo da presença diplomática dos EUA na Ucrânia e uma ajuda direta e indireta adicional de mais de 700 milhões de dólares.
Pelosi disse a repórteres na Polônia no domingo que a delegação estava orgulhosa de transmitir a Zelenski “a mensagem de unidade do Congresso dos Estados Unidos, uma mensagem de apreço do povo americano por sua liderança e admiração pelo povo da Ucrânia por sua coragem.” Ela deve se encontrar com o presidente polonês Andrzej Duda, aliado da Otan, na segunda-feira em Varsóvia.
A Polônia recebeu mais de 3 milhões de refugiados da Ucrânia desde que a Rússia lançou sua guerra em 24 de fevereiro. “Estamos ansiosos para agradecer aos nossos aliados poloneses por sua dedicação e esforços humanitários”, disse Pelosi.
A viagem da delegação a Kiev não foi divulgada até que o grupo estivesse em segurança fora da Ucrânia. Nem foram dados detalhes sobre como eles chegaram à capital e voltaram.
Os membros da delegação do Congresso foram unânimes em elogiar as defesas da Ucrânia, em pintar a batalha do bem contra o mal e em assegurar o apoio militar, humanitário e econômico dos EUA a longo prazo.
Dezenas de legisladores dos EUA estão viajando para a região para testemunhar em primeira mão o preço da guerra e reforçar as tropas americanas na região de forma mais ampla.
Embora todos na delegação de Pelosi fossem democratas, o Congresso dos EUA demonstrou uma rara e, até agora, duradoura determinação bipartidária de apoiar a Ucrânia em sua batalha contra a Rússia. Pelosi classificou a guerra como um conflito entre democracia e autocracia.
A visita da delegação seguiu a de vários funcionários da União Europeia e chefes de estado europeus que foram mostrar solidariedade a Zelenski, começando com a visita surpresa de 15 de março dos líderes da República Checa, Polônia e Eslovênia, membros da Otan.
Mais recentemente, o secretário-geral da ONU, António Guterres, encontrou-se com Zelenski em Kiev na quinta-feira, mesmo dia que um ataque com mísseis caiu sobre a capital apenas uma hora após a coletiva de imprensa conjunta. Um bombardeio que o prefeito de Kiev disse ter sido Putin dando seu “dedo médio” a Guterres e Zelenski chamou de tentativa de “humilhar a ONU”.
Zelenski já pediu mais de uma vez uma visita de próprio presidente dos Estados Unidos, uma ideia que até o momento a Casa Branca descarta por “questões de segurança”./AFP, AP e NYT