‘É preciso convencer a China de que o Brasil pode entrar no Conselho de Segurança’, diz Lula


Presidente diz que acerto vai ‘possibilitar a entrada de vários países no Brics’ e que sem compromisso bloco pode virar ‘torre de babel’

Por Felipe Frazão
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta terça-feira, dia 22, que o Brasil quer como contrapartida à expansão do Brics que a China apoie a candidatura brasileira ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. A Rússia, também integrante do conselho, já declarou ser a favor da postulação do Brasil. Lula afirmou que há sim possibilidade de ampliação, mas reiterou a necessidade de normas e procedimentos. E disse que será necessário convencer os chineses.

“O Brasil reivindica que vários países possam entrar no Conselho de Segurança como membros permanentes. O Brics tem cinco países e só dois são membros. É preciso a gente convencer a China e a Rússia que Brasil, África do Sul e a Índia possam entrar no Conselho de Segurança. Esse é um debate que vamos discutir. Para a gente possibilitar a entrada de vários países (no Brics) temos que limitar a uma certa coisa que todo mundo concorde. Se não tiver um certo grau de compromisso dos países que entram no Brics vira uma torre de babel. Estamos construindo isso”, disse o presidente.

Lula disse ser a favor da adesão de vários países e que o bloco vai precisar se adaptar a conviver com mais divergências. Segundo ele, a ampliação não visa à formação de um polo antagônico aos Estados Unidos ou ao G7.

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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa em uma reunião ministerial em Brasília  Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

“Sou favorável à entrada de vários países”, disse Lula, em seu programa “Conversa com o Presidente”, ancorado de Johannesburgo. Foi a primeira manifestação pública do petista na África do Sul. “As pessoas começaram a perceber que o Brics não é qualquer coisa não.”

O presidente disse esperar que sejam tomadas decisões logo mais no diálogo reservado com os presidentes Xi Jinping (China), Cyril Ramaphosa (África do Sul), Vladimir Putin (Rússia) e com o primeiro-ministro Narendra Modi (Índia). “Acho que vão sair grandes decisões não para serem implantadas amanhã, mas para serem cumpridas no próximo período”, disse Lula.

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O presidente citou nominalmente a Argentina como país parceiro que gostaria de ver no Brics e afirmou que o Brasil deve planejar seu futuro de reindustrialização de olho no vizinho, além de poder socorrer a economia em crise do país, com escassez de dólares, por meio da moeda nacional chinesa, o yuan. O presidente também elogiou a adesão da Indonésia.

Big Five

Os dois países estão entre os Big Five, os cinco candidatos favoritos, lista que inclui Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes.

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O petista afirmou que o banco criado pelo bloco – Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) –tem de agir diferente de outras instituições financeiras, como o Fundo Monetário Internacional. Segundo ele, o fortalecimento do banco tem como objetivo criar uma instituição “mais forte que o FMI” e que empreste dinheiro sem “sufocar” nem “atrofiar” as finanças dos países. Além dos cinco fundadores, o NDB está em expansão e já tem quatro membros recém-admitidos, Bangladesh, Egito, Emirados Árabes e Uruguai.

Assim como opôs o NDB ao FMI, Lula comparou o Brics ao G7, embora alegue que o grupo do Sul Global não vem sendo robustecido com objetivo de rivalizar com nenhum outro. Lula voltou a dizer que os países do Brics têm estatura para criar uma moeda própria de comércio exterior e reduzir a dependência do dólar norte-americano.

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“Não queremos ser contraponto ao G7, ao G20, aos Estados Unidos. A gente quer se organizar. Queremos criar uma coisa que nunca existiu. O Sul Global, nós sempre formos tratados com a parte pobre do planeta, como se não existíssemos e fossemos países de segunda categoria”, afirmou Lula.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pregara o não antagonismo do Brics, Mas há um ruído nos argumentos e até mesmo na delegação brasileira. O ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de Lula, disse que o Brics é uma nova força e que o interesse de 23 países em integra-lo mostra que o mundo não pode mais ser “ditado pelo G7″.

“O Brics não significa tirar nada de ninguém”, insistiu Lula. “O Brics tem essa simbologia. Não é a simbologia da rivalidade, mas de criar um organismo novo, forte, que tenha muita gente e muitos recursos.”¬

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Apesar disso, Lula classificou o G7 como “clube dos ricos” e “clube fechado” e, em comparação, afirmou que o Brics tem de ser aberto e diferente.

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, concede a Ordem da África do Sul ao presidente da China, Xi Jinping, no Union Buildings, antes do discurso de abertura da cúpula do Brics Foto: Alet Pretorius / Reuters

África

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¬Lula também fez acenos à pauta comum nas nações africanas. Elogiou o potencial futuro econômico do continente e disse que há muito por fazer em infraestrutura e que os “empresários vão se voltar à África em algum momento”. O petista sugeriu que investidores devem procurar gerar empregos nos países africanos, um dos principais flagelos dos países.

Lula disse que o tema principal a ser discutido nos fóruns mundiais é a desigualdade, uma marca da África, e fez coro ainda na reclamação da distribuição de vacinas durante a pandemia da covid-19. Os presidentes africanos dizem que seus países foram negligenciados na distribuição de imunizantes produzidos por empresas de países desenvolvidos.

Lula disse ainda os países africanos estão hoje “pior do que antes da colonização”, no que diz respeito à segurança alimentar, dependentes de importações europeias, além de muito endividados. Lula pregou a troca da dívida pública por investimentos para que os países “saiam da encalacrada”.

“É preciso que o mundo rico compreenda a necessidade de a gente garantir aos países mais pobres as oportunidades que não tiveram”, disse Lula.

ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta terça-feira, dia 22, que o Brasil quer como contrapartida à expansão do Brics que a China apoie a candidatura brasileira ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. A Rússia, também integrante do conselho, já declarou ser a favor da postulação do Brasil. Lula afirmou que há sim possibilidade de ampliação, mas reiterou a necessidade de normas e procedimentos. E disse que será necessário convencer os chineses.

“O Brasil reivindica que vários países possam entrar no Conselho de Segurança como membros permanentes. O Brics tem cinco países e só dois são membros. É preciso a gente convencer a China e a Rússia que Brasil, África do Sul e a Índia possam entrar no Conselho de Segurança. Esse é um debate que vamos discutir. Para a gente possibilitar a entrada de vários países (no Brics) temos que limitar a uma certa coisa que todo mundo concorde. Se não tiver um certo grau de compromisso dos países que entram no Brics vira uma torre de babel. Estamos construindo isso”, disse o presidente.

Lula disse ser a favor da adesão de vários países e que o bloco vai precisar se adaptar a conviver com mais divergências. Segundo ele, a ampliação não visa à formação de um polo antagônico aos Estados Unidos ou ao G7.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa em uma reunião ministerial em Brasília  Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

“Sou favorável à entrada de vários países”, disse Lula, em seu programa “Conversa com o Presidente”, ancorado de Johannesburgo. Foi a primeira manifestação pública do petista na África do Sul. “As pessoas começaram a perceber que o Brics não é qualquer coisa não.”

O presidente disse esperar que sejam tomadas decisões logo mais no diálogo reservado com os presidentes Xi Jinping (China), Cyril Ramaphosa (África do Sul), Vladimir Putin (Rússia) e com o primeiro-ministro Narendra Modi (Índia). “Acho que vão sair grandes decisões não para serem implantadas amanhã, mas para serem cumpridas no próximo período”, disse Lula.

O presidente citou nominalmente a Argentina como país parceiro que gostaria de ver no Brics e afirmou que o Brasil deve planejar seu futuro de reindustrialização de olho no vizinho, além de poder socorrer a economia em crise do país, com escassez de dólares, por meio da moeda nacional chinesa, o yuan. O presidente também elogiou a adesão da Indonésia.

Big Five

Os dois países estão entre os Big Five, os cinco candidatos favoritos, lista que inclui Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes.

O petista afirmou que o banco criado pelo bloco – Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) –tem de agir diferente de outras instituições financeiras, como o Fundo Monetário Internacional. Segundo ele, o fortalecimento do banco tem como objetivo criar uma instituição “mais forte que o FMI” e que empreste dinheiro sem “sufocar” nem “atrofiar” as finanças dos países. Além dos cinco fundadores, o NDB está em expansão e já tem quatro membros recém-admitidos, Bangladesh, Egito, Emirados Árabes e Uruguai.

Assim como opôs o NDB ao FMI, Lula comparou o Brics ao G7, embora alegue que o grupo do Sul Global não vem sendo robustecido com objetivo de rivalizar com nenhum outro. Lula voltou a dizer que os países do Brics têm estatura para criar uma moeda própria de comércio exterior e reduzir a dependência do dólar norte-americano.

“Não queremos ser contraponto ao G7, ao G20, aos Estados Unidos. A gente quer se organizar. Queremos criar uma coisa que nunca existiu. O Sul Global, nós sempre formos tratados com a parte pobre do planeta, como se não existíssemos e fossemos países de segunda categoria”, afirmou Lula.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pregara o não antagonismo do Brics, Mas há um ruído nos argumentos e até mesmo na delegação brasileira. O ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de Lula, disse que o Brics é uma nova força e que o interesse de 23 países em integra-lo mostra que o mundo não pode mais ser “ditado pelo G7″.

“O Brics não significa tirar nada de ninguém”, insistiu Lula. “O Brics tem essa simbologia. Não é a simbologia da rivalidade, mas de criar um organismo novo, forte, que tenha muita gente e muitos recursos.”¬

Apesar disso, Lula classificou o G7 como “clube dos ricos” e “clube fechado” e, em comparação, afirmou que o Brics tem de ser aberto e diferente.

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, concede a Ordem da África do Sul ao presidente da China, Xi Jinping, no Union Buildings, antes do discurso de abertura da cúpula do Brics Foto: Alet Pretorius / Reuters

África

¬Lula também fez acenos à pauta comum nas nações africanas. Elogiou o potencial futuro econômico do continente e disse que há muito por fazer em infraestrutura e que os “empresários vão se voltar à África em algum momento”. O petista sugeriu que investidores devem procurar gerar empregos nos países africanos, um dos principais flagelos dos países.

Lula disse que o tema principal a ser discutido nos fóruns mundiais é a desigualdade, uma marca da África, e fez coro ainda na reclamação da distribuição de vacinas durante a pandemia da covid-19. Os presidentes africanos dizem que seus países foram negligenciados na distribuição de imunizantes produzidos por empresas de países desenvolvidos.

Lula disse ainda os países africanos estão hoje “pior do que antes da colonização”, no que diz respeito à segurança alimentar, dependentes de importações europeias, além de muito endividados. Lula pregou a troca da dívida pública por investimentos para que os países “saiam da encalacrada”.

“É preciso que o mundo rico compreenda a necessidade de a gente garantir aos países mais pobres as oportunidades que não tiveram”, disse Lula.

ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta terça-feira, dia 22, que o Brasil quer como contrapartida à expansão do Brics que a China apoie a candidatura brasileira ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. A Rússia, também integrante do conselho, já declarou ser a favor da postulação do Brasil. Lula afirmou que há sim possibilidade de ampliação, mas reiterou a necessidade de normas e procedimentos. E disse que será necessário convencer os chineses.

“O Brasil reivindica que vários países possam entrar no Conselho de Segurança como membros permanentes. O Brics tem cinco países e só dois são membros. É preciso a gente convencer a China e a Rússia que Brasil, África do Sul e a Índia possam entrar no Conselho de Segurança. Esse é um debate que vamos discutir. Para a gente possibilitar a entrada de vários países (no Brics) temos que limitar a uma certa coisa que todo mundo concorde. Se não tiver um certo grau de compromisso dos países que entram no Brics vira uma torre de babel. Estamos construindo isso”, disse o presidente.

Lula disse ser a favor da adesão de vários países e que o bloco vai precisar se adaptar a conviver com mais divergências. Segundo ele, a ampliação não visa à formação de um polo antagônico aos Estados Unidos ou ao G7.

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, discursa em uma reunião ministerial em Brasília  Foto: Ueslei Marcelino / Reuters

“Sou favorável à entrada de vários países”, disse Lula, em seu programa “Conversa com o Presidente”, ancorado de Johannesburgo. Foi a primeira manifestação pública do petista na África do Sul. “As pessoas começaram a perceber que o Brics não é qualquer coisa não.”

O presidente disse esperar que sejam tomadas decisões logo mais no diálogo reservado com os presidentes Xi Jinping (China), Cyril Ramaphosa (África do Sul), Vladimir Putin (Rússia) e com o primeiro-ministro Narendra Modi (Índia). “Acho que vão sair grandes decisões não para serem implantadas amanhã, mas para serem cumpridas no próximo período”, disse Lula.

O presidente citou nominalmente a Argentina como país parceiro que gostaria de ver no Brics e afirmou que o Brasil deve planejar seu futuro de reindustrialização de olho no vizinho, além de poder socorrer a economia em crise do país, com escassez de dólares, por meio da moeda nacional chinesa, o yuan. O presidente também elogiou a adesão da Indonésia.

Big Five

Os dois países estão entre os Big Five, os cinco candidatos favoritos, lista que inclui Arábia Saudita, Egito e Emirados Árabes.

O petista afirmou que o banco criado pelo bloco – Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) –tem de agir diferente de outras instituições financeiras, como o Fundo Monetário Internacional. Segundo ele, o fortalecimento do banco tem como objetivo criar uma instituição “mais forte que o FMI” e que empreste dinheiro sem “sufocar” nem “atrofiar” as finanças dos países. Além dos cinco fundadores, o NDB está em expansão e já tem quatro membros recém-admitidos, Bangladesh, Egito, Emirados Árabes e Uruguai.

Assim como opôs o NDB ao FMI, Lula comparou o Brics ao G7, embora alegue que o grupo do Sul Global não vem sendo robustecido com objetivo de rivalizar com nenhum outro. Lula voltou a dizer que os países do Brics têm estatura para criar uma moeda própria de comércio exterior e reduzir a dependência do dólar norte-americano.

“Não queremos ser contraponto ao G7, ao G20, aos Estados Unidos. A gente quer se organizar. Queremos criar uma coisa que nunca existiu. O Sul Global, nós sempre formos tratados com a parte pobre do planeta, como se não existíssemos e fossemos países de segunda categoria”, afirmou Lula.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pregara o não antagonismo do Brics, Mas há um ruído nos argumentos e até mesmo na delegação brasileira. O ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de Lula, disse que o Brics é uma nova força e que o interesse de 23 países em integra-lo mostra que o mundo não pode mais ser “ditado pelo G7″.

“O Brics não significa tirar nada de ninguém”, insistiu Lula. “O Brics tem essa simbologia. Não é a simbologia da rivalidade, mas de criar um organismo novo, forte, que tenha muita gente e muitos recursos.”¬

Apesar disso, Lula classificou o G7 como “clube dos ricos” e “clube fechado” e, em comparação, afirmou que o Brics tem de ser aberto e diferente.

O presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, concede a Ordem da África do Sul ao presidente da China, Xi Jinping, no Union Buildings, antes do discurso de abertura da cúpula do Brics Foto: Alet Pretorius / Reuters

África

¬Lula também fez acenos à pauta comum nas nações africanas. Elogiou o potencial futuro econômico do continente e disse que há muito por fazer em infraestrutura e que os “empresários vão se voltar à África em algum momento”. O petista sugeriu que investidores devem procurar gerar empregos nos países africanos, um dos principais flagelos dos países.

Lula disse que o tema principal a ser discutido nos fóruns mundiais é a desigualdade, uma marca da África, e fez coro ainda na reclamação da distribuição de vacinas durante a pandemia da covid-19. Os presidentes africanos dizem que seus países foram negligenciados na distribuição de imunizantes produzidos por empresas de países desenvolvidos.

Lula disse ainda os países africanos estão hoje “pior do que antes da colonização”, no que diz respeito à segurança alimentar, dependentes de importações europeias, além de muito endividados. Lula pregou a troca da dívida pública por investimentos para que os países “saiam da encalacrada”.

“É preciso que o mundo rico compreenda a necessidade de a gente garantir aos países mais pobres as oportunidades que não tiveram”, disse Lula.

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