Nas cruciais eleições de meio de mandato dos Estados Unidos, nesta terça-feira, 6, os democratas mantêm sua vantagem na batalha pela Câmara dos Deputados, mas os republicanos podem ser impulsionados pelas avaliações cada vez mais positivas da economia e pelo foco inflexível do presidente Donald Trump em temas como imigração e segurança nas fronteiras.
Pesquisas realizadas pelo jornal Washington Post-ABC News indicam que os eleitores preferem os candidatos democratas frente aos republicanos por uma porcentagem de 50% a 43%. Houve um ligeiro declínio em relação ao mês passado, quando os democratas lideravam por uma margem de 11 pontos, e uma queda ainda maior em comparação com agosto, quando desfrutavam de 14 pontos porcentuais.
Entretanto, não existe uma maneira de traduzir esses dados nacionais para a disputa distrito por distrito, que no final vai decidir quem controlará a Câmara em janeiro. Os democratas precisam ganhar 23 assentos para conseguir retomar o controle da Câmara. Pesquisas sobre disputas individuais, públicas e privadas, realizadas pelos próprios candidatos, mostram muitas disputas ainda dentro da margem de erro.
Todas as eleições de meio de mandato constituem um referendo sobre o presidente no cargo, e Trump fez questão de transformar esta eleição ainda mais em uma avaliação do seu mandato. Em comícios, fez questão de ressaltar que os eleitores deveriam votar como se ele mesmo estivesse disputando a eleição.
Mas as eleições também costumam refletir as opiniões dos eleitores no tocante à economia, e a de terça-feira será um teste da tensão existente entre as percepções sobre o presidente e sobre a economia. Raramente foi tão grande a defasagem entre a visão da economia e a de um presidente como se verifica este ano.
O índice de aprovação de Trump entre os adultos está em 40%, mantendo-se nessa faixa desde uma pesquisa realizada no início de outubro e ligeiramente maior do que os 36% de agosto. Os que o desaprovam representam 53%.
A pesquisa realizada pelo Post-ABC News registra as opiniões mais otimistas sobre a economia em quase duas décadas, com 65% de todos os americanos qualificando a situação econômica como boa ou excelente, e 34% oferecendo uma avaliação negativa. A última vez que o otimismo chegou a nível tão alto foi em janeiro de 2001.
Entre os eleitores registrados, 71% afirmam que a economia está boa ou ótima, um aumento em relação aos 60% em agosto. Os que avaliam positivamente a economia respaldam os candidatos republicanos para a Câmara numa proporção de 54% a 40%, um índice mais alto em comparação com a margem de 49% a 42% em agosto.
Similarmente, mais de oito em cada 10 adultos afirmam estar numa situação financeira igual à que estavam antes de Trump se tornar presidente. Apenas para 13% a situação financeira não vai tão bem. Esse índice de 13% é também o mais baixo em 18 anos; a última vez que se registrou um índice tão baixo foi no último ano do governo de Bill Clinton, quando um boom no setor de tecnologia impulsionou a economia.
Os candidatos republicanos têm procurado dar ênfase à economia em suas campanhas, mas às vezes são suplantados pela retórica presidencial e os duros ataques dos democratas na questão da assistência médica, o que os coloca na defensiva.
O presidente utilizou as semanas finais de campanha para martelar o assunto da imigração. Alertou para as ameaças ao país de uma caravana de centro-americanos que está no sul do México e se dirige para o norte e, em resposta,ordenou a mobilização de tropas federais.
O foco do presidente na imigração parece ter intensificado a importância do assunto na cabeça dos eleitores do seu partido. Desde uma pesquisa feita há três semanas pelo Post-ABC News, o índice de republicanos afirmando que a imigração “é um dos assuntos mais importantes” no seu voto, cresceu de 14% para 21%. No campo democrata, a proporção de eleitores que consideram a imigração a questão principal caiu de 23% para 11%. Quando foi perguntado aos eleitores no geral em qual partido eles confiam mais para lidar com a questão da imigração, os democratas ficaram à frente dos republicanos por 49% a 39%.
Os que classificam a imigração como um tema dos mais importantes nesta eleição preferem os republicanos frente aos democratas por 12 pontos percentuais. Para os que afirmam que a segurança das fronteiras é uma das principais preocupações, os republicanos batem os democratas por 42 pontos.
Esses grupos que respaldam os republicanos na questão imigratóriaabrangem homens brancos sem grau universitário, eleitores com mais de 65 anos de idade e aqueles que vivem em áreas rurais – todos elementos básicos da coalizão que elegeu o presidente há dois anos. É esse grupo que pode decidir ir às urnas na terça-feira para manter os republicanos na Câmara. / Tradução Terezinha Martino
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