Economist: Eleição na Espanha traz um raro bom resultado para a social-democracia europeia


Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) venceu a eleição com 123 assentos no Parlamento, com 2 milhões de votos e 38 deputados a mais que na última eleição, em 2016

Por The Economist

Em maio, quando apresentou a moção de desconfiança que o levou ao poder, Pedro Sánchez rejeitou os pedidos por uma eleição imediata. Com menos de um quarto das cadeiras no Parlamento espanhol, ele governou por dez meses por meio de uma mistura de gestos significativos – particularmente um grande aumento no salário mínimo – e atos simbólicos, como o início do processo de transferência dos restos mortais do ditador Francisco Franco para um local menos proeminente. 

Sua recompensa veio no domingo, 28, quando seu Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) venceu a eleição e obteve 123 assentos no Parlamento, com 2 milhões de votos e 38 deputados a mais que na última eleição, em 2016. No entanto, trata-se de um resultado que ficou aquém da maioria absoluta. Assim, os socialistas terão de buscar aliados para construir uma coalizão no Parlamento de 350 congresistas. Ao menos em tese, Sánchez poderá construí-la ou com apoio da esquerda ou da centro-direita. 

Sánchez celebra o resultado da votação na Espanha com seus apoiadores; agora, terá de decidir entre governo minoritário ou formar coalizão Foto: EFE/Javier López
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A eleição aumentou a fragmentação política do que foi um dia um sistema bipartidário na Espanha. Antes dominante na política espanhola, o Partido Popular (PP) perdeu mais da metade de seus assentos no Parlamento. O Ciudadanos, partido liberal que migrou para o centro do espectro político, ficou a 220 mil votos do PP. A extrema direita entrou no Parlamento pela primeira vez desde 1982, liderada pelo novo partido ultranacionalista Vox, que elegeu 24 deputados. Com 10,3% dos votos, no entanto, a legenda ficou aquém de muitos prognósticos feitos durante a camanha. 

O espectro da extrema direita, de fato, provavelmente ajudou Sánchez a mobilizar o eleitorado de esquerda. A participação de 76%, num dia quente de primavera, também ajudou os separatistas catalães, que fizeram 22 assentos no Parlamento – um ganho de seis na comparação com a eleição de 2016.

“Mandamos uma mensagem à Europa e ao mundo que você pode derrotar o autoritarism”, disse Sánchez a uma multidão que celebrava na sede do PSOE em Madri. Agora ele tem diante de si duas grandes tarefas: cumprir a promessa de uma sociedade mais justa em meio a uma lenta recuperação econômica e tentar debelar o movimento separatista catalão. Primeiro, ele precisa reunir uma maioria no Congresso. “A partir de nossas ideias à esquerda, estenderemos nossa mão a todas as forças políticas que respeitam a Constituição”, disse. 

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Primeiro-ministro socialista celebra vitória em Madri Foto: Bernat Armangue/AP

Uma das opções, talvez a mais provável, é uma aliança com o Podemos, partido mais à esquerda que o PSOE que elegeu 42 deputados (de 71 em 2016), com os nacionalistas bascos moderados e partidos pequenos regionais. Pablo Iglesias, líder do Podemos, tem sido pressionado para formar uma coalizão formal – a primeira de esquerda na era pós-Franco. Uma aliança nesses termos emularia o bem-sucedido governo de esquerda em Portugal. Mas uma coalizão dessa natureza seria possível apenas com a abstenção de separatistas catalães em grandes votações, o que pode ser complicado.

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A oposição dos catalanistas foi o que desencadeou a derrota de Sánchez na aprovação do Orçamento deste ano e, no limite, levou à antecipação das eleições. Além disso, o Podemos é favorável a um referendo sobre a independência da Catalunha. O PSOE é contra, mas defende o diálogo com os separatistas. 

Uma opção mais forte, mas politicamente mais difícil, seria uma coalizão com o Ciudadanos. Albert Rivera, líder do partido, descartou essa possibilidade explicitamente durante a campanha e voltou a fazê-lo na noite da eleição, dizendo que ele pretende liderar a oposição. Rivera defende uma posição mais rígida comseparatismo catalão, em vez do diálogo defendido por Sáncgez. Ele também pretende tirar o PP da liderança do bloco de centro-direita. 

Mesmo os militantes socialistas não veem de maneira positiva essa possível aliança. No comício da vitória, muitos gritaram “Com Rivera não!” enquanto Sánchez discursava. O setor privado e muitos moderados pedem que ambos os lideres reconsiderem suas posições, mas o primeiro-ministro dificilmente deve anunciar qualquer decisão antes das eleições regionais e europeias no dia 26 de maio. 

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Com a entrada do Vox e com os separatistas catalães mais fortes, o novo Congresso deve ser mais conflituoso e explosivo, em um momento no qual a Espanha precisa da moderação e da concórdia prometida por Sánchez. A eleição também deixou a direita espanhola com uma difícil tarefa de reconstrução. A não ser que o PP melhore seu desempenho nas eleições regionais, seu novo líder, Pablo Casado, deve perder o cargo, depois de escolher radicalizar seu discurso à direita em vez de combater o Vox. 

Para os socialistas, o que quer que aconteça daqui em diante, a vitória de ontem, a primeira de ontem, foi um triunfo pessoal para Sánchez, que perdeu a liderança da legenda entre 2016 e 2017. Por ora, os dias de maiorias absolutas na Espanha acabaram. Mas o primeiro-ministro espanhol deu um raro bom resultado para a social-democracia europeia. / TRADUÇÃO DE LUIZ RAATZ

Em maio, quando apresentou a moção de desconfiança que o levou ao poder, Pedro Sánchez rejeitou os pedidos por uma eleição imediata. Com menos de um quarto das cadeiras no Parlamento espanhol, ele governou por dez meses por meio de uma mistura de gestos significativos – particularmente um grande aumento no salário mínimo – e atos simbólicos, como o início do processo de transferência dos restos mortais do ditador Francisco Franco para um local menos proeminente. 

Sua recompensa veio no domingo, 28, quando seu Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) venceu a eleição e obteve 123 assentos no Parlamento, com 2 milhões de votos e 38 deputados a mais que na última eleição, em 2016. No entanto, trata-se de um resultado que ficou aquém da maioria absoluta. Assim, os socialistas terão de buscar aliados para construir uma coalizão no Parlamento de 350 congresistas. Ao menos em tese, Sánchez poderá construí-la ou com apoio da esquerda ou da centro-direita. 

Sánchez celebra o resultado da votação na Espanha com seus apoiadores; agora, terá de decidir entre governo minoritário ou formar coalizão Foto: EFE/Javier López

A eleição aumentou a fragmentação política do que foi um dia um sistema bipartidário na Espanha. Antes dominante na política espanhola, o Partido Popular (PP) perdeu mais da metade de seus assentos no Parlamento. O Ciudadanos, partido liberal que migrou para o centro do espectro político, ficou a 220 mil votos do PP. A extrema direita entrou no Parlamento pela primeira vez desde 1982, liderada pelo novo partido ultranacionalista Vox, que elegeu 24 deputados. Com 10,3% dos votos, no entanto, a legenda ficou aquém de muitos prognósticos feitos durante a camanha. 

O espectro da extrema direita, de fato, provavelmente ajudou Sánchez a mobilizar o eleitorado de esquerda. A participação de 76%, num dia quente de primavera, também ajudou os separatistas catalães, que fizeram 22 assentos no Parlamento – um ganho de seis na comparação com a eleição de 2016.

“Mandamos uma mensagem à Europa e ao mundo que você pode derrotar o autoritarism”, disse Sánchez a uma multidão que celebrava na sede do PSOE em Madri. Agora ele tem diante de si duas grandes tarefas: cumprir a promessa de uma sociedade mais justa em meio a uma lenta recuperação econômica e tentar debelar o movimento separatista catalão. Primeiro, ele precisa reunir uma maioria no Congresso. “A partir de nossas ideias à esquerda, estenderemos nossa mão a todas as forças políticas que respeitam a Constituição”, disse. 

Primeiro-ministro socialista celebra vitória em Madri Foto: Bernat Armangue/AP

Uma das opções, talvez a mais provável, é uma aliança com o Podemos, partido mais à esquerda que o PSOE que elegeu 42 deputados (de 71 em 2016), com os nacionalistas bascos moderados e partidos pequenos regionais. Pablo Iglesias, líder do Podemos, tem sido pressionado para formar uma coalizão formal – a primeira de esquerda na era pós-Franco. Uma aliança nesses termos emularia o bem-sucedido governo de esquerda em Portugal. Mas uma coalizão dessa natureza seria possível apenas com a abstenção de separatistas catalães em grandes votações, o que pode ser complicado.

A oposição dos catalanistas foi o que desencadeou a derrota de Sánchez na aprovação do Orçamento deste ano e, no limite, levou à antecipação das eleições. Além disso, o Podemos é favorável a um referendo sobre a independência da Catalunha. O PSOE é contra, mas defende o diálogo com os separatistas. 

Uma opção mais forte, mas politicamente mais difícil, seria uma coalizão com o Ciudadanos. Albert Rivera, líder do partido, descartou essa possibilidade explicitamente durante a campanha e voltou a fazê-lo na noite da eleição, dizendo que ele pretende liderar a oposição. Rivera defende uma posição mais rígida comseparatismo catalão, em vez do diálogo defendido por Sáncgez. Ele também pretende tirar o PP da liderança do bloco de centro-direita. 

Mesmo os militantes socialistas não veem de maneira positiva essa possível aliança. No comício da vitória, muitos gritaram “Com Rivera não!” enquanto Sánchez discursava. O setor privado e muitos moderados pedem que ambos os lideres reconsiderem suas posições, mas o primeiro-ministro dificilmente deve anunciar qualquer decisão antes das eleições regionais e europeias no dia 26 de maio. 

Com a entrada do Vox e com os separatistas catalães mais fortes, o novo Congresso deve ser mais conflituoso e explosivo, em um momento no qual a Espanha precisa da moderação e da concórdia prometida por Sánchez. A eleição também deixou a direita espanhola com uma difícil tarefa de reconstrução. A não ser que o PP melhore seu desempenho nas eleições regionais, seu novo líder, Pablo Casado, deve perder o cargo, depois de escolher radicalizar seu discurso à direita em vez de combater o Vox. 

Para os socialistas, o que quer que aconteça daqui em diante, a vitória de ontem, a primeira de ontem, foi um triunfo pessoal para Sánchez, que perdeu a liderança da legenda entre 2016 e 2017. Por ora, os dias de maiorias absolutas na Espanha acabaram. Mas o primeiro-ministro espanhol deu um raro bom resultado para a social-democracia europeia. / TRADUÇÃO DE LUIZ RAATZ

Em maio, quando apresentou a moção de desconfiança que o levou ao poder, Pedro Sánchez rejeitou os pedidos por uma eleição imediata. Com menos de um quarto das cadeiras no Parlamento espanhol, ele governou por dez meses por meio de uma mistura de gestos significativos – particularmente um grande aumento no salário mínimo – e atos simbólicos, como o início do processo de transferência dos restos mortais do ditador Francisco Franco para um local menos proeminente. 

Sua recompensa veio no domingo, 28, quando seu Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) venceu a eleição e obteve 123 assentos no Parlamento, com 2 milhões de votos e 38 deputados a mais que na última eleição, em 2016. No entanto, trata-se de um resultado que ficou aquém da maioria absoluta. Assim, os socialistas terão de buscar aliados para construir uma coalizão no Parlamento de 350 congresistas. Ao menos em tese, Sánchez poderá construí-la ou com apoio da esquerda ou da centro-direita. 

Sánchez celebra o resultado da votação na Espanha com seus apoiadores; agora, terá de decidir entre governo minoritário ou formar coalizão Foto: EFE/Javier López

A eleição aumentou a fragmentação política do que foi um dia um sistema bipartidário na Espanha. Antes dominante na política espanhola, o Partido Popular (PP) perdeu mais da metade de seus assentos no Parlamento. O Ciudadanos, partido liberal que migrou para o centro do espectro político, ficou a 220 mil votos do PP. A extrema direita entrou no Parlamento pela primeira vez desde 1982, liderada pelo novo partido ultranacionalista Vox, que elegeu 24 deputados. Com 10,3% dos votos, no entanto, a legenda ficou aquém de muitos prognósticos feitos durante a camanha. 

O espectro da extrema direita, de fato, provavelmente ajudou Sánchez a mobilizar o eleitorado de esquerda. A participação de 76%, num dia quente de primavera, também ajudou os separatistas catalães, que fizeram 22 assentos no Parlamento – um ganho de seis na comparação com a eleição de 2016.

“Mandamos uma mensagem à Europa e ao mundo que você pode derrotar o autoritarism”, disse Sánchez a uma multidão que celebrava na sede do PSOE em Madri. Agora ele tem diante de si duas grandes tarefas: cumprir a promessa de uma sociedade mais justa em meio a uma lenta recuperação econômica e tentar debelar o movimento separatista catalão. Primeiro, ele precisa reunir uma maioria no Congresso. “A partir de nossas ideias à esquerda, estenderemos nossa mão a todas as forças políticas que respeitam a Constituição”, disse. 

Primeiro-ministro socialista celebra vitória em Madri Foto: Bernat Armangue/AP

Uma das opções, talvez a mais provável, é uma aliança com o Podemos, partido mais à esquerda que o PSOE que elegeu 42 deputados (de 71 em 2016), com os nacionalistas bascos moderados e partidos pequenos regionais. Pablo Iglesias, líder do Podemos, tem sido pressionado para formar uma coalizão formal – a primeira de esquerda na era pós-Franco. Uma aliança nesses termos emularia o bem-sucedido governo de esquerda em Portugal. Mas uma coalizão dessa natureza seria possível apenas com a abstenção de separatistas catalães em grandes votações, o que pode ser complicado.

A oposição dos catalanistas foi o que desencadeou a derrota de Sánchez na aprovação do Orçamento deste ano e, no limite, levou à antecipação das eleições. Além disso, o Podemos é favorável a um referendo sobre a independência da Catalunha. O PSOE é contra, mas defende o diálogo com os separatistas. 

Uma opção mais forte, mas politicamente mais difícil, seria uma coalizão com o Ciudadanos. Albert Rivera, líder do partido, descartou essa possibilidade explicitamente durante a campanha e voltou a fazê-lo na noite da eleição, dizendo que ele pretende liderar a oposição. Rivera defende uma posição mais rígida comseparatismo catalão, em vez do diálogo defendido por Sáncgez. Ele também pretende tirar o PP da liderança do bloco de centro-direita. 

Mesmo os militantes socialistas não veem de maneira positiva essa possível aliança. No comício da vitória, muitos gritaram “Com Rivera não!” enquanto Sánchez discursava. O setor privado e muitos moderados pedem que ambos os lideres reconsiderem suas posições, mas o primeiro-ministro dificilmente deve anunciar qualquer decisão antes das eleições regionais e europeias no dia 26 de maio. 

Com a entrada do Vox e com os separatistas catalães mais fortes, o novo Congresso deve ser mais conflituoso e explosivo, em um momento no qual a Espanha precisa da moderação e da concórdia prometida por Sánchez. A eleição também deixou a direita espanhola com uma difícil tarefa de reconstrução. A não ser que o PP melhore seu desempenho nas eleições regionais, seu novo líder, Pablo Casado, deve perder o cargo, depois de escolher radicalizar seu discurso à direita em vez de combater o Vox. 

Para os socialistas, o que quer que aconteça daqui em diante, a vitória de ontem, a primeira de ontem, foi um triunfo pessoal para Sánchez, que perdeu a liderança da legenda entre 2016 e 2017. Por ora, os dias de maiorias absolutas na Espanha acabaram. Mas o primeiro-ministro espanhol deu um raro bom resultado para a social-democracia europeia. / TRADUÇÃO DE LUIZ RAATZ

Em maio, quando apresentou a moção de desconfiança que o levou ao poder, Pedro Sánchez rejeitou os pedidos por uma eleição imediata. Com menos de um quarto das cadeiras no Parlamento espanhol, ele governou por dez meses por meio de uma mistura de gestos significativos – particularmente um grande aumento no salário mínimo – e atos simbólicos, como o início do processo de transferência dos restos mortais do ditador Francisco Franco para um local menos proeminente. 

Sua recompensa veio no domingo, 28, quando seu Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) venceu a eleição e obteve 123 assentos no Parlamento, com 2 milhões de votos e 38 deputados a mais que na última eleição, em 2016. No entanto, trata-se de um resultado que ficou aquém da maioria absoluta. Assim, os socialistas terão de buscar aliados para construir uma coalizão no Parlamento de 350 congresistas. Ao menos em tese, Sánchez poderá construí-la ou com apoio da esquerda ou da centro-direita. 

Sánchez celebra o resultado da votação na Espanha com seus apoiadores; agora, terá de decidir entre governo minoritário ou formar coalizão Foto: EFE/Javier López

A eleição aumentou a fragmentação política do que foi um dia um sistema bipartidário na Espanha. Antes dominante na política espanhola, o Partido Popular (PP) perdeu mais da metade de seus assentos no Parlamento. O Ciudadanos, partido liberal que migrou para o centro do espectro político, ficou a 220 mil votos do PP. A extrema direita entrou no Parlamento pela primeira vez desde 1982, liderada pelo novo partido ultranacionalista Vox, que elegeu 24 deputados. Com 10,3% dos votos, no entanto, a legenda ficou aquém de muitos prognósticos feitos durante a camanha. 

O espectro da extrema direita, de fato, provavelmente ajudou Sánchez a mobilizar o eleitorado de esquerda. A participação de 76%, num dia quente de primavera, também ajudou os separatistas catalães, que fizeram 22 assentos no Parlamento – um ganho de seis na comparação com a eleição de 2016.

“Mandamos uma mensagem à Europa e ao mundo que você pode derrotar o autoritarism”, disse Sánchez a uma multidão que celebrava na sede do PSOE em Madri. Agora ele tem diante de si duas grandes tarefas: cumprir a promessa de uma sociedade mais justa em meio a uma lenta recuperação econômica e tentar debelar o movimento separatista catalão. Primeiro, ele precisa reunir uma maioria no Congresso. “A partir de nossas ideias à esquerda, estenderemos nossa mão a todas as forças políticas que respeitam a Constituição”, disse. 

Primeiro-ministro socialista celebra vitória em Madri Foto: Bernat Armangue/AP

Uma das opções, talvez a mais provável, é uma aliança com o Podemos, partido mais à esquerda que o PSOE que elegeu 42 deputados (de 71 em 2016), com os nacionalistas bascos moderados e partidos pequenos regionais. Pablo Iglesias, líder do Podemos, tem sido pressionado para formar uma coalizão formal – a primeira de esquerda na era pós-Franco. Uma aliança nesses termos emularia o bem-sucedido governo de esquerda em Portugal. Mas uma coalizão dessa natureza seria possível apenas com a abstenção de separatistas catalães em grandes votações, o que pode ser complicado.

A oposição dos catalanistas foi o que desencadeou a derrota de Sánchez na aprovação do Orçamento deste ano e, no limite, levou à antecipação das eleições. Além disso, o Podemos é favorável a um referendo sobre a independência da Catalunha. O PSOE é contra, mas defende o diálogo com os separatistas. 

Uma opção mais forte, mas politicamente mais difícil, seria uma coalizão com o Ciudadanos. Albert Rivera, líder do partido, descartou essa possibilidade explicitamente durante a campanha e voltou a fazê-lo na noite da eleição, dizendo que ele pretende liderar a oposição. Rivera defende uma posição mais rígida comseparatismo catalão, em vez do diálogo defendido por Sáncgez. Ele também pretende tirar o PP da liderança do bloco de centro-direita. 

Mesmo os militantes socialistas não veem de maneira positiva essa possível aliança. No comício da vitória, muitos gritaram “Com Rivera não!” enquanto Sánchez discursava. O setor privado e muitos moderados pedem que ambos os lideres reconsiderem suas posições, mas o primeiro-ministro dificilmente deve anunciar qualquer decisão antes das eleições regionais e europeias no dia 26 de maio. 

Com a entrada do Vox e com os separatistas catalães mais fortes, o novo Congresso deve ser mais conflituoso e explosivo, em um momento no qual a Espanha precisa da moderação e da concórdia prometida por Sánchez. A eleição também deixou a direita espanhola com uma difícil tarefa de reconstrução. A não ser que o PP melhore seu desempenho nas eleições regionais, seu novo líder, Pablo Casado, deve perder o cargo, depois de escolher radicalizar seu discurso à direita em vez de combater o Vox. 

Para os socialistas, o que quer que aconteça daqui em diante, a vitória de ontem, a primeira de ontem, foi um triunfo pessoal para Sánchez, que perdeu a liderança da legenda entre 2016 e 2017. Por ora, os dias de maiorias absolutas na Espanha acabaram. Mas o primeiro-ministro espanhol deu um raro bom resultado para a social-democracia europeia. / TRADUÇÃO DE LUIZ RAATZ

Em maio, quando apresentou a moção de desconfiança que o levou ao poder, Pedro Sánchez rejeitou os pedidos por uma eleição imediata. Com menos de um quarto das cadeiras no Parlamento espanhol, ele governou por dez meses por meio de uma mistura de gestos significativos – particularmente um grande aumento no salário mínimo – e atos simbólicos, como o início do processo de transferência dos restos mortais do ditador Francisco Franco para um local menos proeminente. 

Sua recompensa veio no domingo, 28, quando seu Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) venceu a eleição e obteve 123 assentos no Parlamento, com 2 milhões de votos e 38 deputados a mais que na última eleição, em 2016. No entanto, trata-se de um resultado que ficou aquém da maioria absoluta. Assim, os socialistas terão de buscar aliados para construir uma coalizão no Parlamento de 350 congresistas. Ao menos em tese, Sánchez poderá construí-la ou com apoio da esquerda ou da centro-direita. 

Sánchez celebra o resultado da votação na Espanha com seus apoiadores; agora, terá de decidir entre governo minoritário ou formar coalizão Foto: EFE/Javier López

A eleição aumentou a fragmentação política do que foi um dia um sistema bipartidário na Espanha. Antes dominante na política espanhola, o Partido Popular (PP) perdeu mais da metade de seus assentos no Parlamento. O Ciudadanos, partido liberal que migrou para o centro do espectro político, ficou a 220 mil votos do PP. A extrema direita entrou no Parlamento pela primeira vez desde 1982, liderada pelo novo partido ultranacionalista Vox, que elegeu 24 deputados. Com 10,3% dos votos, no entanto, a legenda ficou aquém de muitos prognósticos feitos durante a camanha. 

O espectro da extrema direita, de fato, provavelmente ajudou Sánchez a mobilizar o eleitorado de esquerda. A participação de 76%, num dia quente de primavera, também ajudou os separatistas catalães, que fizeram 22 assentos no Parlamento – um ganho de seis na comparação com a eleição de 2016.

“Mandamos uma mensagem à Europa e ao mundo que você pode derrotar o autoritarism”, disse Sánchez a uma multidão que celebrava na sede do PSOE em Madri. Agora ele tem diante de si duas grandes tarefas: cumprir a promessa de uma sociedade mais justa em meio a uma lenta recuperação econômica e tentar debelar o movimento separatista catalão. Primeiro, ele precisa reunir uma maioria no Congresso. “A partir de nossas ideias à esquerda, estenderemos nossa mão a todas as forças políticas que respeitam a Constituição”, disse. 

Primeiro-ministro socialista celebra vitória em Madri Foto: Bernat Armangue/AP

Uma das opções, talvez a mais provável, é uma aliança com o Podemos, partido mais à esquerda que o PSOE que elegeu 42 deputados (de 71 em 2016), com os nacionalistas bascos moderados e partidos pequenos regionais. Pablo Iglesias, líder do Podemos, tem sido pressionado para formar uma coalizão formal – a primeira de esquerda na era pós-Franco. Uma aliança nesses termos emularia o bem-sucedido governo de esquerda em Portugal. Mas uma coalizão dessa natureza seria possível apenas com a abstenção de separatistas catalães em grandes votações, o que pode ser complicado.

A oposição dos catalanistas foi o que desencadeou a derrota de Sánchez na aprovação do Orçamento deste ano e, no limite, levou à antecipação das eleições. Além disso, o Podemos é favorável a um referendo sobre a independência da Catalunha. O PSOE é contra, mas defende o diálogo com os separatistas. 

Uma opção mais forte, mas politicamente mais difícil, seria uma coalizão com o Ciudadanos. Albert Rivera, líder do partido, descartou essa possibilidade explicitamente durante a campanha e voltou a fazê-lo na noite da eleição, dizendo que ele pretende liderar a oposição. Rivera defende uma posição mais rígida comseparatismo catalão, em vez do diálogo defendido por Sáncgez. Ele também pretende tirar o PP da liderança do bloco de centro-direita. 

Mesmo os militantes socialistas não veem de maneira positiva essa possível aliança. No comício da vitória, muitos gritaram “Com Rivera não!” enquanto Sánchez discursava. O setor privado e muitos moderados pedem que ambos os lideres reconsiderem suas posições, mas o primeiro-ministro dificilmente deve anunciar qualquer decisão antes das eleições regionais e europeias no dia 26 de maio. 

Com a entrada do Vox e com os separatistas catalães mais fortes, o novo Congresso deve ser mais conflituoso e explosivo, em um momento no qual a Espanha precisa da moderação e da concórdia prometida por Sánchez. A eleição também deixou a direita espanhola com uma difícil tarefa de reconstrução. A não ser que o PP melhore seu desempenho nas eleições regionais, seu novo líder, Pablo Casado, deve perder o cargo, depois de escolher radicalizar seu discurso à direita em vez de combater o Vox. 

Para os socialistas, o que quer que aconteça daqui em diante, a vitória de ontem, a primeira de ontem, foi um triunfo pessoal para Sánchez, que perdeu a liderança da legenda entre 2016 e 2017. Por ora, os dias de maiorias absolutas na Espanha acabaram. Mas o primeiro-ministro espanhol deu um raro bom resultado para a social-democracia europeia. / TRADUÇÃO DE LUIZ RAATZ

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