CIDADE DO MÉXICO - O traficante mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán, prestes a ser extraditado aos EUA, está disposto a negociar com o serviço de vídeo por streaming Netflix e a rede americana em espanhol Univisión uma série sobre sua vida, informou na quinta-feira um de seus advogados.
Segundo o representante legal, se Guzmán não der sua autorização, ele poderá processar as empresas em tribunais americanos.
"O senhor (Guzmán) não morreu, não é um personagem de domínio público, ele está vivo, ele tem que autorizar (...). Poderíamos processá-los porque não têm autorização para uma série ou um filme", declarou à Rádio Formula Andrés Granados, um dos advogados do traficante.
Na terça-feira, o canal Univisión transmitiu no Youtube o trailer da série, mas com poucas pistas sobre a trama: apenas uma animação em preto e branco, com toques em vermelho, que evolui do líder da Revolução Mexicana, Emiliano Zapata, ao rosto pintado de sangue de Guzmán.
"Ele (Guzmán) já nos disse que se eles já têm o projeto, para não perdê-lo e não nos desgastarmos a princípio com uma ação, podemos negociar com eles, mas até agora não se aproximaram, (podemos) negociar um preço para dar-lhes autorização, caso usem seu nome", acrescentou o advogado.
Na negociação também seria revisto o conteúdo da série, pois poderia afetar a defesa do poderoso narcotraficante, que tem 25 dias para apelar do aval da chancelaria para a extradição de Guzmán aos EUA, depois que dois juízes emitiram uma opinião favorável ao tratado de extradição entre os países vizinhos.
Guzmán "é extraditável e aí podem tirar algo sobre a sua vida que, na verdade, pode afetá-lo em assuntos legais, na defesa", acrescentou Granados.
Ele é demandado por um tribunal do Texas por homicídios, narcotráfico, crime organizado, porte de armas e lavagem de dinheiro, enquanto na Califórnia é acusado de importar e distribuir cocaína.
Por anos, foi o narcotraficante mais procurado do mundo. Em 1994, foi capturado na Guatemala e entregue à Justiça mexicana, mas em janeiro de 2001, fugiu de uma prisão de segurança máxima.
Em 2014, foi recapturado, mas em julho voltou a protagonizar uma fuga espetacular de outra prisão, através de um túnel quilométrico.
Em janeiro, voltou para a prisão e o governo mexicano, que inicialmente resistia a extraditá-lo, anunciou sua intenção de entregá-lo à Justiça americana. /AFP